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Giacinto Scelsi ANDRE R. SIQUETRA 1X XV 2 28 2) 47 69 73 75 79 83 101 105 108 110 Sumario Prefacio Prefazione Apresentacdo Introducao Giacinto Scelsi: compositor contemporineo Discursos SOBRE 0 COMPOSITOR MéTODOS DE ANALISE Tnmprovisagao IMPROVISAGAO E PetroRMANCE MUSICAL IMPROVISAGAO COMO GERADORA DA OBRA EM SCELST InpROvISAGAO £ GENESE CRIATIVA Orientalismo OnientALtsMo ESTILO MUSICAL © Onuente riccionat (O oIENTALISMO DE SCELST 2 Prefacio . Sh Traduca de Letizia Zink A fama de Giacinto Scelsi difundiu-se nos Ultimos anos de maneira vertiginosa. Durante muito tempo foi conhecido somente num circulo restrito, uma espécie de clube exotérico. Apés a morte, seu nome foi lembrado, mas por causa de um episédio banal: alguém que tinha transcrito suas improvisagdes afirmou que aquela miisica era de sua autoria. Estranhamente, porém, nenhum desses autores “verdadeiros” conseguiu criar miisica de Scelsi sem Scelsi. Em seguida, houve um interesse crescente de executores ¢ pesquisadores, especialmente nos Estados Unidos, ¢, finalmente, chegou o filme Shutter sland, de Martin Scorsese, cuja coluna sonora aparecem Uaxuetum ¢ Quattro i su una sola nota. Aparentemente, 0 caminho do star system abriu-se para compositor mais reservado do século XX. Como se explica essa reviravolta do destino, da invisibilidade &s luzes << Hollywood? Explica-se, antes de mais nada, considerando a posigéo deste -ompositor no panorama de sua época. Scelsi nasceu fururista © morreu agarrado a sabedorias antiquissimas, =o oséculo que o acolheu, Durante a sua existéncia, 2 miisica europeia culta —svessou fases contraditérias. Ele passou por todas elas, com excegio de uma. Quando o serilismo passou de ums para quatro dimensées, Scelsi, como um pu de uma dimensio jd o tinha extenuado, deixando-Ihe uma neurose crénica, ungue assombrado, refugou ances mesmo de saltar 0 obsticulo. A série Para ele, compor era um softimento, Nio continuow por aquela estrada. Dreferiu cala-se. Nio foi um caso Lado, A miisica serial produziu ~ permicam- ‘me a expressio ~ uma série. A misia serial floresceu na loucura histérica da ‘finisAustriae, era o retrato deste pas espalhava suas alucinacées contagiosas. Expresava uma vontade de dominagio sobre 0 homem e sobre a matéria sonora baseada numa 1 qualquer principio como se fosse uma ordem indiscutivel, com coeréncia ic irracionalmente extrema, dsposta aaderir absoluta, até as Gltimas consequéncias: 0 instinco de morte de destruigio que aquela culeura traz em si desde ances de Teutoburgo. Trata-se, enfim, a da Urpflanze gocthiana, aplicada a tudo: desde o eéleulo das aposemtadorias até os quartetos de cordas, desde a criagio das vacas & porcentagem de cobre no bronze dos lampides das ruas de Viena Mas a vida humana no é somente racionalidade. & umn fato empitico, da ideia metafi € aquilo que & Heranga animal, cérebro de macaco ¢ de cobra, pau torto, sensorialidade plasmada pelo sol e pelo vento. A misica € parte desta complexidade. Contém elementos de ligica e coeréncia, mas no se esgora eles Fazer isso signifiaria mutili-la, Toda mutilagio é sofrimento ¢ produz mais softimento, Scelsi sofreu como poucos, mas deu um basta Seu siléneio eoincidiu com o apogeu de Darmstadt, mas nem por iss foi tum gesto regressivo. Ao contro, antecipava desenvolvimentos posteriore, incluindo alguns em que se enveredaram os préprios protagonistas de Darmstadt: pense-se na virada orientaista do Stockhausen de Mantra. E cambém em Gérard Grisey, nos compositores acusmaticos, nos minimalistas americanos © até mesmo nos indigenistas latino-americanos, & procura de antigos encantamentos sonotos perdidos: o iliimo Chiver. de Timbuco, © Ginastera de Cantata para América mdgica Se, por volta de 1954, Scelsi podia parecer (nio sei para quem) “superado”, em 1974 estava & frente de todos. Eu tive a oportunidade de ouvi-lo pela primeira vez, em 1974, em Roma, no auditério Santa Cecilia, com 0 conjunto Nuove Forme Sonore tocando junto com Michiko Hirayama, ¢ ainda lembro a iluminacéo que recebi naquela noite. Quando pensamos em Scelsi que abandona o maldito cinone germanocéntrico, o percebem interlocutor, um ponto de refer jazz — ou por aquilo que, em dit marca-o, desde os exérdios de J que nao precisa livrar-se da pr Naquele tempo, muitos falava sabiam o que era: cle, sim, sabi em Asolo. Seja como for, quai sobre évolution du rhytme, fazia Como ja observei em out Scelsi uma marea paradoxal, m do éxtase ¢ a recusa da imané: porque improvisava, mas isso € &0 contrério daquela do jazz recusa da transcendéncia. Ent abordagem adotada pelos imp nos anos 1970. Sé para citar ut entrevista, falou da busca do “e: totalmente no planejadas em Mais uma vez, Scelsi pula um repente, est a frente do grupo. Com certeza, 0 fascinio pe manifestagio de algo inefavel um profeta da aspirago & tote extravagincias parecem atuais. um companheiro de estrada, um interesse precoce e prolongado pelo deas, as vezes, foi considerado jazz — ‘mo uma figura realmente moderna, teias de aranha da velha Europa. ow presumiam fazer jazz, mas no [mente porque vivia em Paris ¢ nao pésito de Duke Ellington, escrevia 08 sensatos. > amor juvenil pelo jazz deixou em o siléncio, quando abracou a busca 3s veres, ele foi relacionado ao jazz A pratica da improvisagao de Scelsi cano, que, possivelmente, & trance, io é absolutamente 0 contratio da s radicais norte-europeus aflorados ‘onista Giinther Christman, numa 0” que ele almejava em suas criagoes no baterista Detlef Schénenberg. ‘Stica — desta ver, 0 bebop — e, de opeu ea visio de toda miisica como a tempos ¢ lugares fazem de Scelsi ca do século XXI. Até mesmo suas sua casa romana como 0 centro do mundo e, de certa forma, ela 0 ra. svsav sso em virtude dos meridianos e dos paralelos. Era sua mente que se colocava no centro do mundo. Seu contato In: Giacinto Sceli wel centenario delle nascita. Ati det 005. Pale, 16 gernaio 2006, « cura di Daniela M. larcello Piras, “Giacinto Scels e le culture nere! smegnt internacionali. Roma, 9-10 dicembre sora. Roma, Aracne 2008, p. 169-176, XI material com os continentes sem sair de casa 6 vorna, por assim dizer, um precursor da internet ou, pelo menos, da incerconexio das mentesprofeizada por Marshall McLuhan em Undertanding Media. A certa altura, entre 0s composivores europeus, a busca exasperada da cstrutura converteu-se em seu polo ciléico oposto, a enuopia mais amor. Ni havia icios de sna codificado para ser owvido acima do ruido: haviasomente ruido, Da mesma forma que seis séeulos antes, na época da Ars subiiior de Antonio Zacara da Teramo, as artojadas intengbes criadora originéias “contemporinea” tornou-se to ficil quant transformaram-se no deménio do caos. Alguém comegou a perguntar por que pagar em troca de entropia com tanta miisica boa para aprecia A recusa do desprazer gratuito, as veres puro gesto provocatério, talvex senha ajudado a descobrir a busca de Scelsi por uma musicalidade profunda, pré-consciente, Ela fer dele um miisico “de vanguarda’, capaz de apelar para o instinto de Home sapiens enquanco animal musical, como o tencilhio ‘ou a baleia: sinal de uma reconciliagio terapéutica com a nossa realidade psiquica profunda, com aquela parte de nés que no & racional, mas existe ¢ deve ser accita, Por ironia do destino, o jovem Scelsi que crticava Respighi transformou- se num velho sibio que pensava mais ou menos como Respichi dada a prior, est na criagio, O compositor deve apenas sintonizar-se com ela ¢agarr-la como uma borboleta, quer ela esteja numa parttura requintada ou no canto das lavadeiras, no burburinho de uma fonte ou nos harménicos de tum gongo tibetano, num raga ou num blues (0 trabalho que ainda restafizer sobre Scelsi € imenso, Muita miisca ainda nfo € conhecida, muitos dados precisam ser reconstruidos. O teressado talvee preferisse que continudssemos a nio saber nada a seu respeit, que fosse suficiente sua afirmagio de que nasceu na Mesopotimia. CCompreendo seu deseo, mas fazer 0 qué? Também Massimo Bontempelli rnvejava a capacidade de Domenico Scarlatti para apagar qualquer marca de vida pessoal. Mas nés estudiosos fazemos 0 nosso trabalho, esperando que sea para o bem de todos. xi Este estudo de André R. Siqueira cumpre esta fungio de mancira primorosa. Oferece uma sintese clara completa dos dados que se encontram ‘nos tabalhos sobre Seelsi publicados até 2006, incluindo obras recentes em lingua italiana, publicadas com o apoio decisivo da Fondazione Inabella Sci. (© autor, porém, nfo é apenas muico atualizado sobre dadas factuais. Oferece também uma contribuicio perspicaze original para a compreensio da obra de Scelsi, especialmente nas piginas sobre improvisagio e sobre “orientalis”, rica de reflexes densa evivas (© que Siqueira excreve sobre « improvisgio € particularmente ineressante porquc contribui pars desenhar um mapa sobre ese assunto Lemos com frequéncia enstios em que © assunto é abordado como se cxistisse uma tnica “coisa” chamada improvisagéo, sempre igual a si mesma, ‘mutivele, por isso mesmo, nfo analisivel.Essas bobagens, geralmente, sioa consequéncia do ecaso conhecimento dos studios europeus em matéia de priticas improvisator inguinha no é por acaso que um conterrineo de rena sobre isso ideias mais claras do que eles. Este € mais um indicio de que Seels, deslocando as coordenadas cogrifcas de seu agir musical, esti obrigando quem o estuda a eferuar um deslocamento andlogo. Mais uma razdo para demonstrar-Ihe nossa gratido. Em Siqueira, a reflexio sobre o orientalismo também se apresenta mais precisa e especifica do que em outros autores. Seja a referéncia a Edward Said, sei a individualizagéo das leturas efetuadas por Scelsi, que conheceu o “Oriente” na Africa (ou seja, na viagem juvenil ao Egito) e leu 0 rstante 20s lives, revelam que seu pensamento se situa no Ambito de uma tradigio de reflexio ocidencal sobre 0 Oriente, na qual é 0 ocidental que se espelha no cviental, para interrogar-se sobre si mesmo ou para encontrar alivio para as sngtistias ocidentaise curd-las. Hoje, a “hicida passividade” de que falava Scelsi encontra confirmacio neurocigncias. Ndo adianta imaginar deuses demiurgos para justifici-la. |, porém, a colocou em pritica na mésica porque, no fundo, acolocou em >ricica ma vidas nunea teve de lar para sacar sua fome e viveu o abandono extase como modalidade légica da existéncia. Uma revolta impl xm contra a religito do fazer, produsie, vender, consumir e jogar fora, que a ética protestante impds ao planeta como se fosse uma coisa natural. ssa revolta de Scelsi contra a visio de mundo germanocéntrica nao acabou com 0 abandono da dodecafonia. Esté ainda em curso: e agora é a Marcello Piras Puebla, México, glo 2011 xiv Prefazione SS La fama di Giacinto Scelsi 2 andara crescendo, anzi si @ impennata, negli ultimi anni. A lungo il suo nome @ rimasto noto solo a una sorta di ristretto club esoterico. Dopo la sua morte, si é parlato un po’ di lui, ma solo per una polemica da cortile: qualcuno che ne aveva trascritto le improvvisazioni disse che quella musica cra sta. Curiosamente, perd, nessuno di codesti “veri” autori & mai piti riuscito a creare musica di Scelsi senza Scelsi. Poi @ venuto il crescente interesse di esecutori ¢ studiosi, specie negli USA; ¢ da ultimo & atrivato il film Shutter Island di Martin Scorsese, nella cui colonna sonora compaiono Uaxuctum ei Quattro pezzi su una sola nota, La strada dello star stem parrebbe spianata, per il compositore pit ritroso del Novecento. Come si spicga questa conversione a U del destino, dall'invisibilit’ alle luci di Hollywood? Si spiega, anzicutto, considerando la posizione del ompositore nel panorama della sua epoca. Scelsi nacque futurista e mori awinghiato a saggezze antichissime, come secolo che lo ospit. Durante la sua vita, la musica europea colta attraversd Sssi contrastanti, Egli le intersecd tutte meno una, Quando la serialita pass® da na a quattro dimensioni, Scelsi, come un purosangue imbizzarrito, si fermd ma ancora di saltare l’ostacolo. Gia la serie a una dimensione l'aveva ridotto xv uno straccio, piegato da una nevrosi perpetua. Comporte gli faceva yenire i dolori. Non prosegui per quella strada. Piuttosto tacque. Non fur un caso clinico isolato. La musica seriale ne produsse— diciamolo pure — una seric. Essa era fiorita nella follia isterica della finis Auseriae, ne era il ritratto, e ne diffondeva le contagiose allucinazioni. Esprimeva una volontd di dominio sull’uomo ¢ sulla materia sonora fondata su una razionalitd irrazionalmente estrema, pronta a perseguire qualsiasi principio come ordine inappellabile, con coerenza assoluta, fino alle logiche conseguenze finali: Pistinto di morte e di distruzione che quella cultura si porta dentro fin da prima di‘Teutoburgo. Insomma, l'idea metafisica della Urpflanze gocthiana applicata a tutto: dal calcolo delle pensioni ai quartetti d’archi, dall’allevamento delle mucche al tenore di rame nel bronzo dei lampioni delle strade di Vienna. Ma la vita umana non é solo razionalit’. E un fatto empirico, ¢ quello che @. Eredita animale, cervello di scimmia e di rettile, legno storto, sensorialita plasmata dal sole ¢ dal vento. La musica é parte di questa complessita. Contiene elementi di logica € coerenza, ma non si riduce a essi. Farlo significa mutilarla. Ogni mutilazione & sofferenza ¢ produce altra sofferenza. Scelsi sofftl come pochi, poi disse basta. Il suo silenzio coincise con ’apogeo di Darmstadt, ¢ perd non fu un gesto regressivo. Al contrario, anticipava sviluppi posteriori, compresi alcuni poi imboccati dagli stessi protagonisti di Darmstadt: si pensi alla svolta orientalista dello Stockhausen di Mantra. E poia Gérard Grisey, ai compositori acusmatici, ai minimalisti americani, ¢ perfino agli indigenisti latinoamericani, in cerca di perduti, antichi incantesimi sonori: ultimo Chavez di Zambuco, il Ginastera di Cantata para América mdgica. Se nel, diciamo, 1954 Scelsi poteva apparire (non so a chi) “superato”, nel 1974 era pitt avanti che mai, Io lo ascolrai per la prima volta quell’anno, a S. Cecilia, da Nuove Forme Sonore con Michiko Hirayama, ¢ ancora ricordo Pilluminazione che ne ebbi quella sera. Se poi guardiamo a Scelsi abbandonando il maledetto canone germanocentrico, a maggior ragione egli ci appare oggi come un compagno di strada, un interlocutore, un punto di riferimento. Il suo precoce € prolungato interesse per il jazz —o per cid che, in epoche differenti, & volta a volta passato per tale — lo segnala fin dagli esordi di Rotativa come una XVI figura davvero moderna, che non ha bisogno di scuotersi polvere e ragnatele di vecchia Europa. All’epoca molti parlavano di jazz, 0 si impancavano a farlo, ma non sapevano cosa fosse: lui si. Forse perché viveva a Parigi, non ad Asolo. Sia come sia, scrivendo di Duke Ellington in évolution du rhythme, infilava osservazioni sensate. Come abbiamo osservato altrove,' amore giovanile per il jazz. lascid in Scelsi una traccia paradossale anche dopo il silenzio, quando abbraccid la ricerca delf'estasi ¢ il rifiuto dell’immanenza. Al jazz, egli & stato spesso accostato perché improvvisava, ma @ un errore. La pratica improvvisativa di Scelsi é il rovescio di quella del jazz afro-americano, che semmai & srance € rifiuto della trascendenza. E tuttavia non é per nulla il rovescio dell’approccio adoctato dagli improwvisatori radicali nord-europei emersi negli anni Setanta. Tanto per citarne uno: il trombonista Giinther Christman, intervistato, parld della ricerca di “svuotamento” che egli perseguiva, nelle sue creazioni totalmente non pianificare in duo con il batterista Detlef Schénenberg. Di nuovo, ecco che Scelsi salta una fase storica — in questo caso il bebop —e si ritrova di botto in testa al gruppo. Di certo, la fascinazione per lextraeuropeo, la visione di tutta la musica come manifestazione di un ineffabile che travalica tempi € luoghi, ne fa un profeta dell’ansia di globalita tipica del XI secolo. Perfino le sue stravaganze appaiono attuali, Immaginava la sua casa romana come centro del mondo, in un certo senso lo era. Ma non in virti: di metidiani ¢ paralleli. Era la sua mente a collocarsi al centro del mondo. Il suo essere in contatto immateriale con i continenti senza muoyersi da casa ne fa, se vogliamo, un precursore di Internet, o almeno di quella interconnessione profonda delle menti profetizzata da Marshall McLuhan in Understanding Media. ‘A.un certo punto, tra i compositori europei, la ricerca esasperata della uttura si capovolse nel suo opposto polo dialettico, la pit: amorfa entropia. Produrre musica “contemporanea” diventd tanto facile quanto inutile. Non vi era pitt traccia di segnale codificaro, da ascoltare al di sopra del rumore di Marcello Piras, “Giacinto Scelsi e le eulrure nere”, in Giacinto Sees net centemario delle nascita. Ant det cone internazioval, Roma, 9-10 dicembre 2005. Palermo, 16 gennaio 2006, a cura di Danicla M. Toetora. Roma, Aracne 2008, p. 169-176 XVII fondo: cera pit solo il rumore. Come git si secoli prima, ai tempi del'Ars subrilir ¢ di Antonio Zacara da Teramo, le originarie ardite intenzioni creative si erano capovolte nel démone del ca0s. Qualeuno cominci® a chiedersi perché pagare soldi per avere in cambio entropia, con tanta bella ‘musica in gito da godess I rifiuto della sgradevolezza gratuita, a volte puro gesto provocatori, ha forse aiutato a riscoprire la ricerca scelsiana di una musical profonda, preconscia. Essa ha fatto di lui un musicista “Wavanguardia’ capace di fare appello allistinto di Homo sapiens in quanto animale musicale, al pari del finguelo o della balena:segno di una terapeuticariconciliazione con la nostra realtipsichica profonda, con quella parte in noi che & non razionale, ma esiste Ironia della sorte il giovane Scelsi che criticava Respighi si crasformd in un vecchio saggio che la pensava a un dipresso come Respigh: la musica & data a priori, sta nel creat. Al compositore tocca solo sintonizzarsi con essa « acchiapparla come una arfalla,che sti nel chiocchiolio di una fontana o negli armonici tun niga o in un blues. una raffinatissima partitura o in tun canto di lavan: gong tibetano, Tl lavoro che resta da fare su Scelsi & immenso, Molta musica & ancora ‘gnota al mondo, molti dati vanno ricostruit. Linteressaro avrebbe forse preferito che continuassimo a non sapere nulla di lui, a contentarci quando dliceva di essere nato in Mesopotamia. Lo capiamo, ma che ci possiamo fare? ‘Anche Massimo Bontempelliinvidiava la capacta di Domenico Scarlatti di cancellare ogni traecia della sua vita privata, Ma noi studios ficsiamo il nostro lavoro, si spera peril bene di tut ‘Questo studio di André R Siqueira svolge tale funzione in modo egregio. Esso offte una sitesi chiara completa dei dati contenuti nelle pubblicazionisu Scelsiuscite fino al 2006, incluse le molteappars di recente in lingua italiana, spesso édite con V'apporto decisivo della Fondazione Isabela Scelsi. Inoltre, VAutore non & solo ammirevolmente aggiomato sui dati fattali. Eg offe anche un contributo sagace ¢ originale alla comprensione dell'opera di Sees in particolare con le sue pagine sullimprovvisuzione ¢ sull’ “orientalismo”, ricche di rflessioni stimolant e fresche. xvi Quanto scrive Siqueira sullimprovvisazione @ _ particolarmente interessante, in quanto contribuisce anzitutto a tracciare una mappa delPargomento. Capita spesso di leggere saggi in cui la materia & trattata come se esistesse una singola “cosa” chiamata improwvisazione, sempre uguale a se stessa, immutabile, ¢ alla fin fine inanalizzabile. Queste sciocchezze sono in genere la conseguenza dello scarso sapere degli studiosi curopei in materia di pratiche improvvisative; e forse non é un caso che un compatriota di Pixinguinha abbia idee pits chiare delle loro. E questo un ulteriore segno che Scelsi, spostando le coordinate geografiche del suo agire musicale, sta costringendo chi lo studia a compiere un analogo spostamento. Una ragione in pitt per essergli grati. Anche la riflessione sulforientalismo in Siqueita appare pitt precisa ¢ specifica di quanto non accada di solito. Sia il riferimento illuminante a Iward Said, sia 'individuazione delle letture compiute da Scelsi, che conobbe * “Oriente” in Africa (cio8 nel giovanile viaggio in Egitto) e per il resto ne esse sui libri, moscrano come il suo pensiero trovi posto in una tradizione di riflessione occidentale sull’Oriente, in cui ¢ Poccidentale a specchiarsi nell’orientale, in realt& per interrogarsi su di sé, 0 per trovare sollievo alle suc occidentali ansie, ¢ guarirle, Oggi, la “lucida passivita” di cui Scelsi parlava trova riscontro nelle neuroscienze. Non serve immaginare dai demiurghi per giustificarla. Scelsi la non fu mai costretto praticd in musica perché, in fondo, la praticd nella vita lottare per sfamarsi, ¢ vise abbandono estatico come logica modalit’ di stenza. Un'implicita rivolta contro quella rcligione del fare, produrre, endere, consumare e gettare, che l’etica protestante ha imposto a tutto il vianeta come se fosse una cosa naturale. Questa rivolta di Scelsi contro la visione del mondo germanocentrica son @ finita con l'abbandono della dodecafonia, Essa @ ancora in corso: ¢ adesso tocca a noi. Marcello Piras Puebla, México, luglio 2011 XIX

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