OS OBREIROS ESTAO
SATISFEITOS...?
José Mauricio Guimaraes
Podemos afirmar que os grandesdesafios pelos quais passa a
Maconaria — principalmente nas
constantes crises que atropelam o
bom funcionamento das Lojas e
Poténcias — tém sua origem no
desconhecimento dos principios
fundamentais da Ordem.
A filosofia chama de “PRINC/PIOS”
as causas primeiras de alguma
coisa ou, por extensao, a aquilo que
serve de base e razao para sua
existéncia.
No nosso caso - abragando
livremente a Iniciagao e
pronunciando um JURAMENTO
sobre o “Livro da Lei” - esses
principios sao ditames morais,
regras e preceitos que se tornamleis no coragao e mente de quem
passa pelo referido processo
inicidtico. SAo ditames morais
presentes a todo momento na vida
dos que empreendem livre
caminhada em Loja. Por isso ha
quem considera a Maconaria uma
religiao, pois a presenca desses
ditames morais faz Supor um
cddigo definido de condutas e
proibigdes. Mas, no fundo, a
Maconaria é uma espécie de
religiosidade, uma reveréncia diante
do desconhecido e uma forma
evoluida de ser livre e ao mesmo
tempo obedecer.
COLOCANDO AS IDEIAS EM ORDEM
A Maconaria ja estava no mundomuito antes de qualquer um de nos
ter nascido; “entramos” na Ordem
para servir e nao para sermos
servidos; para aprender e nao para
ensinar.
Por isso, a regra é "pegar ou largar”:
quem nao pode “vencer suas
paixdes e submeter sua vontade’,
nao pode fazer progressos na
Maconaria e muito menos ensinar
ou liderar. Apos as primeiras
Instrugdes do Grau de Aprendiz,
quem nao for capaz de
compreender isso, esta no lugar
errado.
Por evidente, quem busca a
Maconaria apenas como cabide
para a vaidade ou trampolim paracargos na organizacao e no mundo
profano esbarra, cedo ou tarde, nos
valores que constituem as vigas
mestras do Templo.
A conduta moral e ética, o zelo
pelos valores da familia, a defesa da
vida e da Patria sdo as invisiveis
ferramentas de trabalho que
verificam, comprovam e confirmam
se houve progresso nas Colunas. Se
o iniciado nao tiver olhos e
comprometimento voltados para
esse arcabouco, ele acabara por
abandonar a Ordem, ou, em
permanecendo — o que é pior -
desestimulara os bons Obreiros;
provocara o esvaziamento das
Lojas, acarretando descrédito paraa Organizacao.
Citei acima o “Livro da Lei” porque
naquelas paginas - desde o
Génesis até 0 Apocalipse - ha mais
do que “religides”. Em cada capitulo
e versiculo desse livro — assim
como nos de outras crencas - paira
a eterna reveréncia e respeito pelo
Principio Criador. Dissengdes que
buscam subverter nossos principios
e leis, fazendo infiltrar nas Colunas
ideologias contrarias a tradi¢ao, sd
enfraquecem o robusto
protagonismo da Maconaria em
defesa da democracia.
Nao ha lugar para ideologias na
Maconaria; homens livres pensam
por si mesmos, tém ideias prdépriaspois seu oficio é ser livre e ao
mesmo tempo obedecer, sem
prestar culto a personalidades e
liderangas politicas.
Ja apregoavam as Constituicdes de
Anderson trés séculos atras: “Um
Macgom 6 obrigado a obedecer a lei
moral; e se ele bem entender da
arte, jamais serd um estupido ateu
nem um libertino irreligioso’ .
ClVTACGIES
Abstenho-me de citar aqui os Altos
Graus do R.E.A.A. ou o York que
explicam em detalhes quais sao
esses principios politicos e as leis
morais. Para facilitar, digamos que
sao for¢as geradas em cada grupo,
algo invisivel que afastam do nossomeio quaisquer pensamentos,
palavras, ideologias ou atitudes
coniventes com a /imoralidade os
vicios, o crime, e, por consequéncia,
o ateismo e a libertinagem.
Contentemo-nos, por enquanto,
com os saos principios da moral e
da razao inscritos nos preambulos
dos Rituais do Simbolismo.
REFRESCANDO A MEMORIA
A Maconaria é um SISTEMA DE
MORAL velado por alegorias e
ilustrado por simbolos. Essa moral
se assenta no primado do espirito
sobre a matéria, na valorizacao da
vida pela educagao e pela protecao
dos principios religiosos que cada
familia livremente professe.Cumpre a todos os setores da
Maconaria esclarecerem a
sociedade sobre tais direitos e
prepara-la para uma emancipa¢gao
pacifica mediante sadia filosofia
social valorizando, além dos bens
materiais, o aspecto imaterial do ser
humano que é sua real natureza.
Cumpre a todos os nossos setores
praticarem e elucidarem sobre o
que é a Justi¢a e quais sao os
direitos da cidadania; cumpre-nos
trabalharmos incessantemente pela
felicidade do género humano e
conquistarmos a independéncia,
livres de quaisquer discursos ou
sistemas filos6fico-politicos.
Essa independéncia eleva cadahomem, mulher, criancas e jovens
aos seus proprios olhos, erigindo
nas consciéncias o amor pelo mais
precioso dos bens, que éa
LIBERDADE - “patrim6nio da
Humanidade inteira que nenhum
poder tem o direito de obscurecer
ou de apagar’..., diz textualmente o
texto liturgico que lemos... ou
deveriamos ler e relernas Lojas
durante os Rituais.
Nisso constitui,... ou deveria
constituir, nosso trabalho nas Lojas,
“livres das indiscrigdes profanas”,
onde nao deveriam prevalecer
imposicdes de vontades, nem
ideologias, nem privilégios de
classe, cor, credo ou partido politico.Reunimo-nos em Lojas para
“combater a tirania, a ignorancia, os
preconceitos e Os erros; para
glorificar o Direito, a Justic¢a e a
Verdade; para promover o bem-
estar da Patria e da Humanidade,
levantando Templos a Virtude e
cavando masmorras ao vicio"
O resultado desses esforgos nos é
sempre questionado, ao final de
cada reuniao, quando o Veneravel
Mestre pergunta:
- Os Obreiros estado satisfeitos?
S6 quando estivermos plenamente
contentes e satisfeitos poderemos
receber o salario devido e nos
despedirmos em paz.”