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O QUE SIGNIFICA METODOLOGIA ?

(Prof. Gilberto Teixeira)

O QUE É PESQUISA

Para uma boa compreensão do que é metodologia é imprescindivel saber o que é PESQUISA. A
pesquisa consiste na execução de um conjunto de ações e de estratégias planejadas no projeto de pesquisa,
integradas e harmonizadas seqüencialmente, para a geração de conhecimento original, de acordo com certas
exigências e condições. Esse processo se inicia com:

a) a caracterização do problema (que fazer ?) delineado em dimensões técnicas e operacionais viáveis,


delimitadas e objetivas;
b) o estabelecimento de um conjunto de afirmações conjeturais (hipótese) sobre a relação existente entre as
variáveis, na forma de supostas e plausíveis respostas ao problema ou de explicações do fenômeno-
problema, em proposições que podem ser testadas, nunca demonstradas ou provadas, a partir de dados e
observações levantadas pelo pesquisador para servir como setas indicadoras da definição de objetivos, isto é,
respostas de para que fazer ? (objetivo geral) e para quem fazer ? (objetivos específicos);
c) esses objetivos serão atingidos mediante a execução de ações planejadas e desenvolvidas conforme
uma metodologia científica que responde o como fazer ?, de forma consistente com os cenários da pesquisa,
os recursos disponíveis para sua execução e a finalidade ou aplicação esperada dos resultados.
O QUE É METODOLOGIA
Metodologia significa, etimologicamente, o estudo dos caminhos, dos instrumentos usados para se fazer
pesquisa científica, os quais respondem o como fazê-la de forma eficiente.
A metodologia, é uma disciplina normativa definida como o estudo sistemático e lógico dos princípios que
dirigem a pesquisa científica, desde suposições básicas até técnicas de indagação. Não deve ser confundida
com a teoria, pois só se interessa pela validade e não pelo conteúdo, nem pelos procedimentos (métodos e
técnicas), à medida que o interesse e o valor destes está na capacidade de fornecer certos conhecimentos.
Nesse contexto teórico, há, de um lado, quadros teóricos de referência (o conhecimento acadêmico) por sua
validade e, de outro, embasamentos empíricos.
Assim, a metodologia, mais do que uma descrição formal de técnicas e métodos a serem utilizados na
pesquisa científicas, indica a opção que o pesquisador fez do quadro teórico para determinada situação
prática do problema objeto de pesquisa.
O conceito heurístico da pesquisa destaca a importância do problema, um plano de observações ou variáveis
destinado a contestar determinadas hipóteses e um método científico para descrever (estudos retrospectivos),
estabelecer relações de interdependência entre as variáveis do problema (estudos diagnósticos) e fazer
previsões (estudos prospectivos), entre outras finalidades da pesquisa em economia (propósitos da
econometria, nesse caso).
A metodologia contempla a fase exploratória es estabelecimentos de critérios de amostragem, entre outros, e
a definição de instrumentos e procedimentos para síntese e a análise de dados e informações, destacando o
método.
O método, traço característico da ciência, representa um procedimento racional e ordenado (forma de
pensar), constituído por instrumentos básicos, que implica utilizar, de forma adequada, a reflexão e a
experimentação, para proceder ao longo de um caminho, (significado etimológico de método) e alcançar os
objetivos preestabelecidos no planejamento da pesquisa (projeto).
Ao responder sobre o como fazer após ter-se definido o que é importante pesquisar o pesquisador busca
conhecer a realidade, integrando trabalhos teóricos e trabalhos empíricos, em diferentes áreas e escalas de
planejamento: macroeconômica, microeconômico e regional, ou exploratório e analítico.
Segundo esse conceito, é possível destacar vários elementos, tais como os instrumentos (métodos e
técnicas), os objetos (materiais) e as referências teóricas. A harmonização e a integração balanceada desses
elementos definem a metodologia de pesquisa.
A metodologia será, então, o estudo dos instrumentos de montagem de uma teoria ou o estudo dos
arcabouços teóricos para atender a certas necessidades. Não estuda teorias, mas o modo de armação pela
validade delas, com base em observações.
É oportuno salientar que essa distinção é abstrata, uma vez que existe uma adaptação (interação) mútua
entre teoria e instrumentos usados para a montagem que permite definir o problema, formular hipótese,
observar fatos e fenômenos, sintetizar e analisar as variáveis desses fatos e obter conclusões e
recomendações sobre a realidade objeto de pesquisa e que se quer e pode alterar.
A pesquisa em economia, por exemplo, não pode excluir de seu trabalho a reflexão e as considerações sobre
o contexto histórico e tendencial, e sobre estruturas e conjunturas do meio externo à pesquisa, projetadas
num horizonte mais amplo (cenários). Essa reflexões e considerações devem ser tratadas na definição da
metodologia de pesquisa.
Assim como a investigação científica se desenvolve com a utilização de métodos que tendem a orientar o
processo de investigação, as técnicas de pesquisa relacionam-se à forma de se conduzir a investigação,
compreendendo várias fases, da adoção de normas para a caracterização do problema até o tratamento e
análise de dados e informações, bem como a elaboração do relatório final da pesquisa.
Há dois conceitos nessas considerações: o de método que, significa o caminho a seguir mediante uma série
de operações e regras prefixadas de antemão, aptas para alcançar o resultado proposto, e o de técnica que
não é o caminho como o método, mas sim a arte ou maneira de percorrer esse caminho.
O método se faz acompanhar da técnica, que é o instrumento que o auxilia na procura de determinado
resultado: informação, invenção, tecnologia etc.
Em outras palavras o método é o procedimento que permite estabelecer conclusões de forma objetiva,
enquanto a técnica é um sistema de princípios e normas que auxiliam na aplicação dos métodos, justificando-
se por sua utilidade. Esta se traduz na otimização dos esforços, na melhor administração dos recursos e na
comunicabilidade dos resultados de pesquisa.
Nas ciências sociais, o método pode ser conceituado como o procedimento que se segue para estabelecer o
significado dos fatos e fenômenos para os quais se dirige o interesse científico, enquanto a técnica é o
procedimento prático que se deve seguir para levar a cabo uma investigação.
Diversos critérios não excludentes podem ser adotadas pelo pesquisador para definir o que conhecer, por que
conhecer e o como fazer, visando alcançar os resultados propostos no planejamento, de forma objetiva e com
efetividade.
Entre os vários métodos e técnicas de investigação relacionados no projeto de pesquisa, podem ser
destacadas os seguintes (os primeiros quatro são básicos e determinantes dos outros):
a) método analítico: procura examinar detidamente os componentes de um todo, visando conhecer os
fenômenos e fatos particulares que definiriam possíveis causas e a natureza do problema. A análise tende a
gerar sínteses dos desagregados, envolvendo um núcleo de estudos particulares, ao tratar da mensuração de
relações entre variáveis econômicas (objetivo da econometria);
b) método indutivo: com base em fatos particulares, gera conclusões mais amplas, válidas para situações
gerais. Esse método qualifica o processo de investigação como a aceitação da validade de generalizações e
extrapolações de comportamentos e fatos observados num campo mais restrito, isto é, possibilita o
desenvolvimento de enunciados gerais sobre as observações acumuladas de casos específicos na forma de
proposições com validade universal. Nesse método, o pesquisador deverá observar cuidadosamente os
diferentes condicionamentos que poderão determinar realidades distintas em contextos aparentemente
homogêneos.
c) método dedutivo: admite para casos particulares a validade de fatos, inferências e conclusões geradas
com base em critérios e regras de comportamento mais gerais. Procura transformar em particulares
enunciados complexos e universais. A adoção desse método poderá envolver riscos de generalizações. A
dedução para obter conclusões lógicas e estabelecer abstrações do significado dos fenômenos segundo o
raciocínio do pesquisador. A dedução em suas duas formas (analítica e silogística ou formal) tem como ponto
de partida um princípio considerado a priori como verdadeiro, a tese ou conclusão, que é aquilo que se
pretende provar;
d) método cartesiano: baseia-se na universalização da razão, com duas faculdades essenciais: a intuição e
a dedução. Quatro regras básicas concorrem para a conceituação desse método: a evidência que elimina a
prevenção e os preconceitos; a análise que desagrega o problema; a síntese que permite a ordenação das
partes segundo o critério da relação constante entre elas; e a enumeração em que o pesquisador deve
selecionar apenas o que for necessário e suficiente para a solução do problema objeto de sua pesquisa;
e) métodos da teoria econômica e sociológica; esses métodos nem sempre constituem caminhos
alternativos, podendo ser utilizados conjuntamente, segundo o caso em estudo;
f) método estatístico; consiste em um conjunto de técnicas e procedimentos apoiados em teorias
sistemáticas, como as da probabilidade da informação. Para obter, organizar, sintetizar, analisar e apresentar
dados de fatos e fenômenos, esse método se utiliza de problemas ou de suas soluções. Para o emprego
conveniente e com maior efetividade do método estatístico, é necessário conhecer os conceitos e as
pressuposições sobre as quais tais teorias (conceitos) foram definidas como condição indispensável para a
adequada aplicação;
g) método econométrico; usado em economia envolve outros métodos, como o estatístico, o matemático e
os da teoria econômica.
A escolha do método de pesquisa esta determinada, em parte, pela natureza do problema objeto da
investigação. No caso de um estudo descritivo, por exemplo, em que se procura abranger aspectos gerias e
amplos de determinado cenário ou contexto social e econômico, o interesse da pesquisa, explícito no projeto,
poderá ser para um nível de análise de caracterização, ordenação e classificação dos fenômenos (técnicas da
estatística descritiva), dando margem à explicação de relações de causa-efeito e possibilitando a
compreensão dos fatores que provocam o problema.
No estudo quantitativo, diferente por sua sistemática e pela forma de abordagem do problema, as relações
são, em geral, quantitativas (variáveis e de razão), em métricas e níveis de detalhamento próprios dessa
abordagem, com, aparentemente, menores distorções de análise e interpretação dos resultados quando
definidos numericamente por adequadas técnicas, métodos e modelos.
As técnicas de pesquisa, conforme conceituadas, relacionam-se com a forma de conduzir a pesquisa, à
maneira de percorrer o caminho de que trata o método ou, com os procedimentos práticos que devem seguir-
se no processo de investigação, exigindo um esforço maior do pesquisador, bem como certa perspicácia para
adotar os procedimentos operacionais mais adequados a seu caso de estudo.
Dentro dessa técnicas, é possível definir as ações e estratégias de pesquisa em novos contextos dos cenários
(parcerias, descentralização, tendências, globalização, abertura de mercados e da economia etc.). Nesses
contextos, surgem as oportunidades de novas áreas de pesquisa e identificam-se os entraves das
tradicionais.
Em geral, os cenários futuros que deveriam permear as decisões sobre o que é importante e vantajoso
pesquisar e o como fazê-lo para o futuro sinalizam para uma crescente importância da inovação e da
informação tecnológica como fator de competitividade e de sucesso do negócio do cliente e áreas-alvos da
pesquisa

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