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EVA a La) COUTINHO MERCIA MOREIRA - PSICOLOGIA DA EDUCACAO UM ESTUDO DOS PROCESSOS PSICOLOGICOS DE DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM HUMANOS, VOLTADO PARA A EDUCACAO ENFASE NAS ABORDAGENS INTERACIONISTAS DO PSIQUISMO HUMANO 7* EDIGAO GNOvORG Oe Digitalizado com CamScanner CIP - Brasil. -na-fonte, Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. (Coutinho, Maria Tereza da Cunha 897 Psicologia da educagao: um estudo dos process0s Pst coldgicos de desenvolvimento ¢ aprendizagem | 7 cpp - 370.15 DU -37.015.3 & coro oe Copyright © 1992 by Maria Tereza da Cunha Coutinho Mercia Moreira Capa: Jan Deckers ustragtes: Robson Araijo Dares reservados pela EDITORA LELTDA. . ‘Av. Peo Il, 4.880 - Fone: (031) 462-6262 Caixa Postal 1385 Fax: (031) 468-9168H411-1797 ‘CEP 30:750-000 - BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS. 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Este lwro pode ser pedido pelo eébdigo LY 189 ISBN 85-329-0400-9 Impresso no Brasil Printed in Brazil IMPRESSO NAS OFICINAS DA GRAFICA LE LTDA. 0192.1 3.225 02.98.6- 11.945 03.99.7 - (2.000) TEORIAS PSICOLOGICAS DOS PROCESSOS DE DESENVOLVIMENTO E DE APRENDIZAGEM, Digitalizado com CamScanner _qeoRIAS PSICOLOGICAS DOS PROCESSOS DE DESENVOLVIMENTO E DE APRENDIZAGEM SI s processos de desenvolvimento e aprendizagem, como fo- ram vistos no capitulo anterior, sao aborda-dos de modo di- ferente pelas diversas teorias psicolégicas. Buscar-se-d, neste capitulo, fazer um breve aprofundamento dessas teorias, com vistas a se verificar a contribuicao de cada uma delas para a formacdo do professor no que se refere 4 compreensdo dos processos de ensino e aprendizagem. Teorias Comportamentistas (Base Empirista) Algumas teorias psicolégicas da aprendizagem, como as de Watson, Pavlov e Skinner, todos integrantes do behaviorismo ou comportamentismo, cuja base epistemolégica se funda na concepgao de que todo © conhecimento provém da experigncia, so concordantes quanto a idéia de que o fator determinante dos processos de desenvolvimento e da aprendizagem é 0 ambiente. O ser humano & | frutode uma modelagem, resultante de associagGes entre estimulos e respostas (E_ -R) ocorridas ao longo de sua existéncia. Tais associagdes implementam com- portamentos, geram atitudes, conceitos, preconceitos e valores. As teorias comportamentistas so, comumente, chamadas de associa- Cionistas, exatamente pela idéia da associagao entre estimulos, contudo, € impor- lante esclarecer que o associacionismo, produto do século XIX, expresso especi- almente nos trabalhos de Pavloy, foi apenas o ponto de partida para outras abor- dagens mais complexas do condicionamento humano, como a de Skinner. Teoria do condicionamento classico de I. Pavlov Ocondicionamento classico, também chamado de respondente, foi ori- sinalmente estudado pelo fisilogo russo Ivan Petrovic Pavlov (1849-1936). Digitalizado com CamScanner 5 PSICOLOGIA DA. PDUCAG. mum cao, €m situagio experi suas pesquisas © Este fisi6logo iniciou sua de laboratério. "Mens, Inicialmente, Pavl ora a campainha, ora a Itz - ou a um cio faminto dois estiryy, indo verificar 0 tipo de Tesposta dag saiilas. © C&O BO aprescrion’ pe Tesposa pet co esesestimulos Oe faminto foi apresenade salivagio frente a ess6° © 6 cao salivow em presenga desse estima. outro momento, 0 pé de ca Ihe oferecia a comida (p6 de came oi! Depois de intimeras apresentagies, 0 c30 passe” fazia soar a campainha resenca da campainha, independentemente dey, a salivar, também. em ries porque 0 cao associou o rufdo da campainhy vir junto ao pé de carne Jagao a luz, ficando ésta ASSOciada ag em re comida smo foi feito em - a.comida. O mesine cdo, Pavlov concluiu que o som da campainha ¢g alimento oferecido at m aquela resposta, Se tornaram um estimujo s nio eliciaval et r fF wocara a resposta de salivagao no cao. lov apresent procura luz, que a condicionado que pro’ Podemos ilustrar assim esse experiment: imulo ni jonado) Salivacdo 5 de came (estimulo nao condici : pase (resposta nao condicionada) Salivagao a a (estimulo condicionado) meee” (resposta condicionada) Luz (estimulo condicionado) Salivagao (resposta condicionada) que se obseryou foi uma substituigdo dos efeitos dos estimulos usados na experiéncia. A campainha e a luz, estimulos anteriormente neu- tros, que nao eliciavam por si s6 a resposta de salivagdo, passaram, por associagio, a produzir 0 mesmo efeito do estimulo nao condicionado, car- ne, provocando a salivagao. Essa forma de condicionamento é o fundamento de um série de comportamentos emocionais involuntarios que se instalam mediante associagOes entre estimulos e respostas. Reagdes de medo, fobias, an- siedades podem ser explicados por essa via, Lembrar alguém enquan- ‘0 uma miisica é tocada, por exemplo, indica que a musica (antes esti- mulo neutro ou nao condicionado, uma vez que por si s6 nao lembra- ria aquela pessoa) ficou, por alguma razio, associada Aquela pessoa especifica, Uma erianga a quem foram aplicadas injegdes dolorosas Por uma enfermeira uniformizada, pelo mesmo processo de associa- 40, passa a choramingar todas as vezes que encontra pessoas vestidas com avental branco, Digitalizado com CamScanner _TBORIAS PSICOLOGICAS DOS PROCESSOS DE DESENVOLVIMENTO E DE APRENDIZAGEM Os comportamentos assim condicionados podem ser extintos, desde quea resposta condicionada deixe de ser seguida da apresentacao a esti- mulo nao condicionado. No experimento de Pavlov, depois que 0 caoa ‘ dew a salivar diante da campainha, se fosse deixado de ine 1 aot cessivas Vezes, 0 estimulo nao condicionado ee emitir mais a resposta condicionada de saliv; ‘ou da luz. ~acame — ele tenderia a nao ar em presenga da campainha Muitas de nossas agoes, portanto, podem ser explicadas através des- ses condicionamentos de Fespostas que se manifestam através da generali- zagao e da discriminagao, g Generalizagao: estimulos semethantes aos que originalmente foram condicionados, produzem a mesma resposta Um exemplo de generalizacao: uma crianga que foi mordida ou ata- cada por um cdo passa a temer animais que apresentam alguma semelhanga com o cachorro. Discriminagao: refere-se & diferenciagio de estimulos; os provadores de vinho, por exemplo, gragas ao seu refinado senso de discriminagao, po- dem reconhecer, ao degustar esta bebida, ano de produg: ra, teor alco6lico ¢ outras caracteristicas do produto. 0, regio produto- ‘Teoria do condicionamento operante de B. Skinner Nem todos os comportamentos aprendidos, como, por exemplo, aque- Jes que envolvem respostas voluntirias dos individuos, podem ser explica- dos por meio do condicionamento respondente. Dai ser necesséria a formu- lagio de novas explicagdes para a formagio de comportamentos mais com- plexos, Foi o que fez Skinner através do condicionamento operante. Segun- cias de suas do sua teoria, os individuos aprendem através das conseq ages. As pessoas tendem a repetir 0 comportamento satisfat6rio € a evitar aqueles que no trazem satisfagao. Este é 0 principio explicativo do condi- cionamento operante. Os operantes, série de atos ou ages, pelas conseqiléncias que geram, ( Sio fortalecidos ou enfraquecidos de modo a aumentar ou diminuir a proba- bilidade de sua ocorréncia. As conseqiiéncias que fortaleceram o compor- \Uramento sao chamadas reforgo. Assim, 0 reforgo, na teoria de Skinner, refe- + Te-se aqualquer evento ou estimulo que aumenta a forga de algum compor- ‘amento operante. Digitalizado com CamScanner 54 PSICOLOGIA DA EDUCAG;g resentes na rela¢a0 do ing im os reforgos P! Skinner classificou as duo com as estimulagdes do meio: ge-a todo estimulo que, quando segue, + Reforgo positivo: refere- wr seja, aumenta a probabilidade & i a desta, ou Se}4 é agiiieam ‘uma resposta, aumenta a forga ¢ =r positive € aquele que aumen, sua Reet, Em outras palavras, © eer i ; - exio) res! é éncia (conexao 5 ta a forga da continge “de uma crianga que faz birra, estamos a cei ea to de vsimento da crianga. Logo, ela Usard desge ‘ara conseguir seus Objetivos, Quando atendemos aos d fortalecendo o seu comportamen era 0 aten gera, No caso, a birra gera 0 atendimett® Comportamento na manipulagao do adullo Pa — io: vferese todo estiriulo aversiVO AU, an eee ion ancia de uma certa resposta, 0 r Piicanent ‘a probabilidade de oconéncia co oo Bene vonauumo de comprimidos para . Po tem, a corexptzado através “ie reforco. A retirada do estimulo explicado atra pode ser explica oe eaeenea enta 0 procedimento emé aumé le = cabeca) pelo uso do remédio aversivo (dor de cabega) pel tomar comprimidos. ao estimulos relacionados as fungdes de so- brevivéncia, ou seja, sao estimulos que tém uma importancia biol6gica para revive : =m uma ncia : viduo. Estimulos como comida, 4gua, contato sexual, afetividade, vitais, so denominados refor- + Reforco primarit o indi a entre outros, por estarem ligados a fungoe 0s primarios. + Reforgo secundario: sao estimulos condicionados aos primari- 0s, como, por exemplo, o dinheiro. O dinheiro, mesmo nao sendo, direta- mente, de importancia biol6gica para o individuo, é um meio de se conse- guir alimentos e outras satisfagdes ligadas 4 sobrevivéncia. Desse modo ele € considerado um estimulo secundario (condicionado). Qualquer estimulo pode se tornar um reforgador secundario, desde que se relacione a outros estimulos primarios ligados a satisfagao de necessi- dades basicas. Um diploma, por exemplo, é um reforgador secundario por se ligar A necessidade de reconhecimento social, assim como por se prestar, tal como o dinheiro, a satisfacdo de necessidades biolégicas, uma vez que, de algum modo, acaba por se relacionar as possibilidades de trabalho. . Reforgo de razao; refere-se ao reforgo que ocorre em decorréncia da emissao de um comportamento desejado. * Reforco de razio fixa: : refere-s ‘ desejado, fixando-se previ scoven eo ‘4 apresentar aquele comportamento, plorelopar (forgo) aluno acada tésnetae eee ea a trés notas boas. Digitalizado com CamScanner -rroRIAS PSICOLOGICAS DOS PROCESSOS DE DES! s |ENVOLVIMENTO E DE APRE! E DE APRENDIZAGEM « Reforgo de razao varidvel: z refere-se 4 aplicaga elec! Renard ees ¢40 do reforgo se estabelecimento do ntimero de comportamentos adequados que aoe splicasio do refor¢o; esta € imprevisivel, Exemplo: elogiar pea do, o bom comportamento de alguém Ee poker de intervalo: caracteriza-se pelo fato do reforgo nao ser aplicado, imediatamente, ap6s a emissao de uma resposta esperada, mas depois de um certo tempo arbitrado pelo experimentador ( en cateia condicionando alguém) ay + Reforco de intervalo fixo: refere-se a presenga do reforgo em sntervalos previamente definidos; em outras palavras, o tempo decorrido ntre a produgdo de uma resposta e a aplicagao do reforgo € sempre 0 saeamo. Esse tipo de reforgo resulta no aparecimento de respostas de modo miptrolado pelo individuo, que parece calcular, de alguma forma, o mo- scunto do reforgo para SO af emitir o comportamento esperado, Se um emdante, por exemplo, Sabe que um determinado professor dé provas de sito em oito dias, ele s6 comecard a estudar, provavelmente, as vésperas do oitavo dia. + Reforgo de intervalo variivel: refere-se & presenga do reforgo em intervalos nao fixos, sendo impossivel, por parte do individuo, fazer qual- feito deste tipo de reforgo € que leva alguns provas em dias diferentes, nao avisando as ode criar uma expectativa que quer previsao. A crenga no ¢! professores a aplicar as sua datas em que serao aplicadas. Esta pratica p leve o aluno a estar sempre em dia com a matéria. + Reforgo por imitacao; quando se observa alguém ser reforgado por causa de algum comportamento emitido, a tendéncia é imitar aquele comportamento. Muitos alunos, por exemplo, que nao colavam em situa- goes de exame, entusiasmam-se pela nota alta (reforgo) conseguida pelo colega que colou, passando a fazer 0 mesmo. Um outro exemplo € a apren= dizagem do comportamento de birra. Criangas, muitas vezes, aprendem a fazer birra por terem observado a conseqiiéncia satisfatoria desse recurso, para se conseguir algo. Modelagem forgos, & possivel se modelar compor- Através da manipulagao de re e alguns procedimentos: lamentos, O proceso de modelagem exigt a) Determinar objetivamente 0 comportamento terminal ou o com- Porlamento a ser condicionado. Se se deseja conseewT dos alunos uma cet tadiscplina em sala, porexemplo, 0 ponto deparudaé se estabelecer que 5S Digitalizado com CamScanner 56 PSICOLOGIA DA, EDUCAG, a instalar. Ha que se traduzir, portanto, ery, . comportamentos se dese} Pr ip ais comportamentos significarao condutas 4 lis. mos comportamentais, qu: ciplinadas quantas vezes, 0 comportamento a ser condi, nado € emitido pelo individuo, em determinado lapso de tempo, definid, pelo experimentador. No caso da disciplina, verificar quantas vezes o. Fruno(s) expressa(m) durante uma aula, por exemplo, algum dos compo, tamentos disciplinados que se deseja instalar. Isto porque a freqiéncig desse(s) comportamento(s) disciplinado(s) seré medida, ao final da mo. delagem, para se avaliar se houve, de fato, aumento na freqiiéncia desig b) Observar se, ou comportamento No caso de nao haver nenhuma manifestacao de comportamento con. siderado disciplinado, o professor deverd aproveitar ou provocar algum comportamento do(s) aluno(s) que se aproxime do comportamento que ele {queira instalar, para reforgar. A partir daf, passard a aplicar reforgos aos Comportamentos que mais se aproximem do alvo desejado. Esse € 0 pro- cesso definido por Skinner como de aproximagoes sucessivas c) Escolher o tipo de reforgo e os esquemas de reforcos a serem utilizados na modelagem. No inicio do proceso, segundo a teoria, € mais eficaz 0 uso do reforco de razio fixa continuo, ou seja, a aplicacao do reforco escolhido a toda resposta adequada emitida. Em seguida, quando 0 comportamento estiver sendo emitido na freqiiéncia desejavel, diminui-se, gradativamente, a aplicacio do reforco de razao fixa continua, passando para o tipo de reforco de razao intermitente, que garante a nao extingao do comporta- mento instalado. d) Verificar, ap6s 0 processo de modelagem, se 0 comportamento desejavel passou a ser emitido numa freqiéncia maior, se comparada i fregliéncia observada no inicio do condicionamento. Enfraquecimento e extingao de respostas _A diminui¢ao da freqiiéncia de uma determinada resposta ou a SU nae dessa Fesposta, ainda que temporaria, explica-se, fundamentalmente, pela nao aplicagdo ou pela retirada total do reforgo, pela aplicagado de te forgo incompativel ou pela punigio, Ne j * ne ee a birra, j4 abordado anteriormente, se retirarmos totalmet eae te Acrianga nos momentos de birra, estaremos enfraquece™” ‘omportamento até levé-lo A extingiio. Entretanto, se desejarmos Digitalizado com CamScanner lar um comportamet ie ate diferente da birra, um dos recursos eficientes apontados pela teoria ¢ refor¢ar comportamentos incompativels. A cr- angaque faz irra para saitdo bergo, porexemplo, deve ser desejo de air do bergo, desde que nao esteja emitindo o ca purr Assim, 0 comportamento reforgado, que no ease é princando, é um comportamento incomp, atendidano seu mportamento de o estar quieta ou ativel com o de birra A grande vantagem do reforco de ve no apenas se elimina a forma inde Ainbém se obtém uma forma desejavel. Comportamento incompativel € Sejdvel de comportamento, mas Uma outra forma de se enfraquecer um comportamento tirra—€usar da punicao. Esta, como a definiu Skinner, consist deestimulos aversivos imediatamente apos o comportamento in retirada do reforgo positivo, também, pode se constituir como ~como 0 de naaplicagao \desejavel. A pun Embora a punisao diminua a probabilidade de ocoméncia do compor- tamento, nfo hd garantia de supresso ou extingZo total do mesmo. Ainda assim, a punigao € largamente usada por ser reforeadora para quem a aplica, uma vez que, temporariamente, ela suprime comportamentos indesejaveis. A punigao nao resolve os desvios de comportamento e, freqiientemente, gerar subprodutos emocionais, como ansiedade e agressividade. pode Os individuos sob uma estimulagao aversiva, como é 0 caso da punigao, podem apresentar os comportamentos de fuga ou esquiva. Na fuga, 0 individuo, diante de uma estimulacdo aversiva, procura escapar- se. Certos individuos “sonham acordados” e encontram consolo e satis- fagaoem suas fantasias de “herdis vencedores". Refugiar-se em sonhos, desligar-se, através desses processos, da vida real é uma fuga aos abor. recimentos e frustragdes da vida diaria. Na esquiva, diferentemente da fuga, o individuo procura evitar a estimulagao aversiva. Estudar para nao tirar nota baixa ou obedecer ordens para nao ser castigado sao exem- plos de comportamentos de esquiva, Implicagbes pedagégicas da abordagem comportamentista na educacio As teorias comportamentistas geraram alguns pressupostos para a educagio; * © ambiente € fator primordial na aprendizagem e no desenyolvi- ‘ento humano (determinismo ambiental); * ©.comportamento humano é mensurdvel; logo, € possivel medir e Waliar fendmenos com portamentais; Digitalizado com CamScanner ay, PSICOLOGIA py, Dye "AB 0 + a.aprendizagem decorre da relagdo estimulo-resposa qiiéncias de agoes praticadas, tendo como objetivo a a, cage aOR , Wisigag gq Me. comportamentos ou a modificagao dos j4 existentes; + o ensino resulta do arranjo e planejamento de reforcos Be gquais oaluno €levado a adquirir ou modificar um comportamentg,s¢°° ty pectiva, ganham sentido os elogios, as notas, os prémios, Ente outros ieee os que, por sua vez, se tornam associados a uma outra classe de reforg my. mais remotos e generalizados, tais como: diplomas, vantagens da nrg sm su z ge futura Pros. sao, possibilidade de ascensao social e econémica, aquisicao de Prestigio, O uso de tecnologias no ensino, enquanto estimulagao Para a dizagem, insere-se nestes pressupostos, uma vez que asseguraria a 40 € controle do desempenho do aluno. pren. Motiv, A crenga na importancia e possibilidade de se controlar todo proces. so de ensino e aprendizagem gerou a énfase Nas seguintes estratégias de ensino, entre outras: * explicitagao de objetivos em termos comportamentais; * definigao de estratégias e sequiéncias de ensino a partir dos objet vos explicitados; * avaliacdo diagnéstica das condig6es iniciais observaveis do apren- diz, antes da ocorréncia da aprendizagem; avaliagao formativa do proceso. ¢ dos produtos da aprendizagem, enquanto ela ocorre; avaliacao da apren- dizagem aps ser ministrado o ensino. A instrucdo programada criada por Skinner sintetiza essas estratégias, uma vez que inclui o planejamento, a implementagao e a avaliagao do ensi- no que se pretende ministrar. Tem-se como principio a divisao da matéria ou do contetido em pequenos passos, dentro de uma seqiiéncia Idgica de contetido, de tal modo que o aluno possa caminhar em seu ritmo proprio, a fim de se tornar possivel o reforgo a todas as respostas e a todos os compor- lamentos operantes desej4veis, emitidos pelo aprendiz. A grande preocupa- so € a de que seja evitado o erro que uma vez ocorrido, acarretara punigio. Sintetizando, as teorias que explicam a aprendizagem, através do con- dicionamento, refletem uma concepgao empirista do desenvolvimento ¢ aprendizagem humanos, uma vez que seu pressuposto basico € ode que forgas externas ao individuo sao os determinantes Principais de seu com- portamento, Dentro de tal visio, 0 individuo é sempre paciente de um pro- cesso que ocorre, na maioria das vezes, a revelia de sua vontade, is ias do condicionamento, cada qual com as suas co uma abordagem molecular do ‘omportamento Digitalizado com CamScanner uoRIAS FSICOLOGICAS DOS PROCESSOS DE 'VOLVIMENTO E DE APRENDIZAGEM humano que, embora consiga explicar algumas dimensées a exclarece processos mais amplos, como a formagio d cs, tipicamente humanas, fa conduta, nao as fungdes psicoldpic os \GGes psicoldgicas Além disso, suas explicagdes mecanici mento, que implicam em rel favorecem a compreensio de fer ae € lineares do comporta- ace contiguidade entre causa e efeito, nao Smenos psicoldgicos mais complexos. Nao a abordar as mudangas qualitativas da conduta e em sequer Se cogita a existéncia do inconsciente como determinante do comportamento humano. ‘ .gam, por isso mesmo, Em que pese 0 fato de as teorias comportamentistas fundamentarem as suas explicagdes no determinismo ambiental, aquelas teorias trouxeram algumas contribuigdes para a compreensao dos processos de desenvolvi- mento e de aprendizagem humanos, entre as quais + a énfase colocada na natureza social do homem e nos processos de aprendizagem; +o conhecimento de que o psicolégico ndo se acha, a priori, no inte- rior ou no exterior do homem, mas nas especificidades das relagdes que ele estabelece com 0 meio. No plano pedagégico, tem sentido, ainda hoje, a importancia dada aosestimulos ambientais e em especial a importancia do professor na orga- nizagao de atividades, de materiais instrucionais e na seqiléncia légica de contetidos como fonte motivadora. O realce a tais contribuigdes nao pretende, de modo algum, induzir a incluso de conceitos pertinentes a essa abordagem — sem mais nem menos —em outros paradigmas. O que se entende, isto sim, & ser possivel conside- rartais contribuigdes a partir de perspectivas mais amplas, como, alids, j4 0 fazem outros estudiosos da psicologia da educagao. Teoria da Gestalt (Base Racionalista) A Psicologia, a exemplo do que vinha ocorrendo com as ciéneias fisicas e biolégicas, que procuravam: dividir 0 todo em elementos, ou seja, em suas partes constituintes, para chegar as suas leis gerais, buscou, en quanto candidata a uma abordagem cientifica dos fendmenos comporta- mentais, isolar elementos e atividades humanas de modo a desvendar 98 kis de suas combinagdes. A ambigao do psicdlogo, nesse cont {wer um inyentério completo do comportamento humano em te! jexto, era mos das Digitalizado com CamScanner PSICOLOGIA DA EDUCAG,, al 10 estimulos e respostas: Essa. abordagem, entre, inadequada para a cOmpreensio de vjgi._ wo a nevessidade de uma teoria gi, conexdes estabelecidas entre tanto, mostrou-se insuficiente € aspectos da conduta humana, emergin superasse o seu reducionismo. Pre A Teoria da Forma surgiu, assim, na ee Tonia ae vin dos conjuntos, da estrutura, da forma em oposicz 4 XX, como uma teoria dos eA ou o comportamento em seus elementos core ea Fscola de Berim, representada por Wertheimer, Kohl, oo ern Os trabalhos desses psic6logos enfatizaram as configury. Kot uae tou geatens) como sendo a eatimasunidades meni a Ronde conhecimento. Tais estruturas representam verdadeiras totalj_ anor nizadas em fungao de princfpios de organizacio, inerentes a vio humana, numa extrema oposigao ao atomismo da abordagem camportamentista, A inteligencia, por exemplo, segundo essa perspectia, se desenvolveria mediante reorganizagoes perceptuais explicadas através de estudos sobre a percepgao em consondncia com estruturas pré-formadas no individuo. Um livro sobre a mesa, por exemplo, emite ondas uminosas que exeroem estimulagao sobre a retina da vista. A unidade real ou 0 significa- do deste feixe de ondas nio estd nas ondas, entretanto, mas no individuo que as percebe. A organiza¢do desse conjunto de ondas que formam a per- cepgiio do livro nao pode ser explicada somente pela associacao ou somatério de estimulos, uma vez que depende fundamentalmente da organizagio perceptual inerente ao individuo. Como se vé, a psicologia da Gestalt tem como fundamento o raciona- lismo, ou seja, a crenca na pré-formacdo do conhecimento, cuja idéia es- sencial € a de que, ao nascer, o individuo j4 apresenta, virtualmente, pré- formadas, as estruturas do conhecimento. A l6gica da razio pré-existe & experiéncia. Em outras palavras, existem estruturas inatas relativas a sensi- bilidade e conhecimento. Nessa Perspectiva € que se assentam os trabalhos de Kohler sobre peaokite de problemas, mediante o que ele denomina de insight. Este se “racteriza por uma reorganizagio repentina e total do campo perceptual, movida por estruturas ou igo ! y i condigdes internas, de modo a conferir significa~ do & experiéncia, 2 Kohl Bes eee pate anos, na Ilha de Tenerife, desenvolveu expe nclas com macacos chipanzé: apazes de resolver prob panzés, demonstrando que aqueles simios era™ lemas através de Processos bem semelhantes 40S Digitalizado com CamScanner LOGICAS DOS PR¢ )S DE DI TEORIAS PSICOLOGICAS DOS PROCESSOS DE DESENVOLVIMENTO E DE APRENDIZAGEM 61 dos homens, ou Seja, através de insight. Um experimento tipico consist om gspender a comida (normalmente bananas) no teto de ore varas em tamanhos variados-e enc: uma gaiola, pro- aixdveis. Os chipanzés, apés ten- egar as bananas Com as mas ou cor trem pegar a m uma vara, isoladamente, sem .erto momento entativas, sso, num certo momento de suas tentativas, apresent vida de as aram 0 comporta- perceber que o encaixe das entio, imediatamente. nto de insight: subitamente foram capazes de me 1 solugao para o problema, agindo. vyaras traria Os chipanzés demonstraram, de acordo com Kohler, um insight ca- racterizado pela reorganizacao stibita do campo perceptual, ou seja, pela compreensao das relagdes envolvidas na solugdo do problema Osresultados das experiéncias de Kohler com chipanzés foram usados yaaa explicagio do insight humano, o que levou a equivocos, ja que o homem difere qualitativamente do animal nas suas condutas cognitivas Porexemplo, os animais inferiores s6 chegam a configuragées ou ainsights frente aos objetos. Fora de seu campo perceptual, os objetos praticamente inexistem como fonte provedora das solucdes de problemas. A crianga, a0 contrario, desde muito cedo ja supera o animal nesse sentido. Isto se explica pelo fato do ser humano conservar os objetos, formar imagem mental trabalharno plano das representagSes e das idéias, podendo, por isto mesmo, transferir suas experiéncias, 0 que ja no acontece com o animal. Digitalizado com CamScanner PSICOLOGIA DA EDUCAgAg | Tambémas galinhas, consideradas ania mito estpios, demons. traram a capacidade de aprender através de relagdes, em lugar de apresen. tarem aprendizagensjustficdveis somente Por Processos mécanicistas, de correntes da simples associ eao E-R. Em experimentos realizados com ey ago E- 2 - ses animais, Kohler conseguiu ensina-los a pe eae No pa- J mais escuro, quando colocado lado a lado, com um outro papel mais nee ppendente da tonalidade de escuro com que foi inicialmente re. claro, independente forgada 2° momento 3° momento 1° treinamento 2 3 4 1 2 © papel de n° 2 usado na primeira experiéncia e através do qual as gai rnhas recebiam alimento foi, num segundo momento, colocado lado a lado com ‘avés do qual a galinha passaria a receber alimento ‘outros mais escuros (3), atré Em 70% das tentativas, as galinhas trocaram a preferéncia do papel escuro origi nal (2), usado na primeira experiéncia, para o papel ainda mais escuro (3) e (4), sugerindo atransposigio do principio geral (papel mais escuro-comida) nabusta de alimento. Como se vé, a aprendizagem abordada pela Gestalt se confunde com soluedo de problemas nos quais ocorre o que se chamou de insight. Este se refere aquelas saidas ou solugoes percebidas numa situagao problematica Tal percepedo se dé a partir de relagdes entre os elementos de uma situagio, vista dentro de uma totalidade e nao através da analise de suas partes constitutivas. Em outras palavras, os individuos, segundo essa abordagem, reagem, nao aestimulos especificos, como explicou o condicionamento, mas aconfigurag6es perceptuais. Implicacoes pedagégicas da abordagem gestaltista na educagio As teorias gestaltistas geraram alguns pressupostos basicos para ¢ educagio: *a maturagao € fator fundamental no processo de desenvolvimento; "as estruturas racionais sao pré-formadas no individuo; * essas estruturas vao se atualizando através de processos matut cionais progressivos e seqiienciais; Digitalizado com CamScanner

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