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Morfologia Urbana
Morfologia Urbana
Vítor Oliveira
CITTA – Centro de Investigação do Território, Transportes e Ambiente, Faculdade de
Engenharia, Universidade do Porto, Rua Roberto Frias 4200-465 Porto, Portugal.
E-mail: vitorm@fe.up.pt
Revista de Morfologia Urbana (2016) 4(2), 65-84 Rede Lusófona de Morfologia Urbana ISSN 2182-7214
66 Morfologia urbana: diferentes abordagens
geógrafo identificou uma hierarquia de cinco economia urbana (Whitehand, 1977). Mais
ordens baseada não só no plano de cidade, recentemente, o autor desenvolveu uma
mas também no tecido edificado (uma leitura preocupação explícita com os agentes no
tridimensional) e nos usos do solo. processo de transformação da cintura
Uma das características distintivas do periférica, realizando estudos sobre a
trabalho de Conzen é o detalhe da análise. interação entre proprietários, promotores e
Neste contexto, a relação entre as parcelas e planeadores nos processos de
as plantas de implantação dos edifícios desenvolvimento urbano (Whitehand e
assume um papel fundamental. Esta relação é Morton, 2003, 2004, 2006). Em termos de
conceptualizada no ‘ciclo de parcela escala de aplicação, Whitehand estendeu a
burguesa’: a ‘parcela burguesa’ representa a aplicação do conceito desde cidades até
posse de um cidadão proeminente num territórios mais vastos, como a conurbação
assentamento medieval; o ‘ciclo’ consiste no de Tyneside, Glasgow e Birmingham. Em
preenchimento progressivo, com edifícios, termos da variedade de contextos, também
das traseiras da parcela, terminando numa estendeu a aplicação a cidades em França, na
‘libertação’ de edifícios e, posteriormente, Rússia e na Zâmbia. Em 2009, M. P. Conzen
num período de pousio urbano antes do publicou uma análise comparativa da
início de um novo ciclo de desenvolvimento. aplicação do conceito nos diferentes cenários
Em Alnwick, o ciclo de parcela burguesa é culturais em que foi aplicada, refletindo
ilustrado com a evolução do Teasdale's Yard, sobre a eficácia e sobre os limites do
na Fenkle Street, entre 1774 e 1956. Este conceito na identificação e explicação de
ciclo é uma expressão particular de um variações na textura da forma urbana nesses
fenómeno mais geral em que as parcelas são diferentes contextos culturais (Conzen,
sujeitas a uma pressão crescente, muitas 2009). Finalmente, Ünlü (2013) apresenta
vezes associada a mudanças de requisitos um estado da arte sobre este conceito
funcionais numa área urbana em crescimento destacando as características distintivas de
(Whitehand, 2007). quatro tipos de ênfase – espacial, económica,
social e de planeamento. Três anos mais
tarde, o mesmo autor explora a aplicação do
Desenvolvimentos recentes conceito em cidades com padrões
multinucleares em contextos de rápido
Nas últimas quatro décadas, esta abordagem crescimento (Ünlü e Bas, 2016).
morfológica tem sido consistentemente Nas últimas décadas tem havido
desenvolvida pelo UMRG na Universidade aplicações e adaptações do conceito de
de Birmingham. O UMRG foi fundado em região morfológica e do método de
1974 por Whitehand (que foi sempre uma regionalização morfológica em todos os
figura central no desenvolvimento e continentes, bem como demonstrações do
consolidação do grupo e na promoção da seu potencial na conservação e planeamento
tradição Conzeniana) e é o principal centro patrimonial. Um importante estudo foi
de investigação existente no Reino Unido desenvolvido por Baker e Slater no início
dedicado ao estudo dos aspetos histórico- dos anos 1990. Tomando o núcleo de
geográficos da forma urbana. Worcester como caso de estudo, Baker e
Os parágrafos seguintes descrevem o Slater (1992) fornecem evidências para a
desenvolvimento dos três conceitos interpretação de algumas unidades de plano
apresentados na última subsecção – cintura como extensões planeadas criadas num curto
periférica, região morfológica e ciclo de período temporal e de outras unidades como
parcela burguesa. A investigação sobre produtos de um desenvolvimento mais
cinturas periféricas foi desenvolvida incremental. Neste capítulo de livro, o nível
principalmente por Whitehand, tendo tido de detalhe utilizado pelos autores na
também contributos de M. P. Conzen (filho explicação da aplicação do método é bastante
de M. R. G. Conzen) e de Slater. Na década invulgar. Numa revisão do método de
de 70, Whitehand explorou a relação entre as regionalização de Conzen e dos seus
cinturas periféricas e os ciclos de construção, desenvolvimentos ao longo de duas décadas,
demonstrando também a relação com a Whitehand (2009) sustenta a necessidade de
68 Morfologia urbana: diferentes abordagens
uma maior clareza nos métodos de Muratori prepara uma série de artigos para a
caracterização e de delimitação dessas revista Architettura sobre um conjunto de
unidades e uma maior apreciação do seu projetos arquitetónicos recentes construídos
potencial de aplicação na prática de na Europa. A sua prática profissional nesta
planeamento. Dois anos depois, Larkham e década inclui os planos para Aprília e
Morton continuam o estudo de Whitehand Cortoghiana (Maretto, 2012) e um conjunto
explorando o processo específico de desenho de projetos marcados pelo interesse pela
de limites entre diferentes regiões e composição de praças italianas, como temas
questionando a possibilidade de as regiões urbanos fundamentais, nos quais o ambiente
morfológicas, pelo menos nos níveis contruído envolvente é a razão
superiores da hierarquia, poderem ser contextualizada para a praça e para os
delineadas com rigor pela observação de edifícios monumentais que a conformam.
campo e pela análise de cartografia O segundo período, na década de 1940, é
(Larkham e Morton, 2011). marcado pelo desenvolvimento de uma
Slater continuou a linha de investigação perspetiva teórica e operacional. Neste
sobre parcelas – particularmente sobre os período, Muratori escreve uma série de
limites e as dimensões das parcelas – ensaios onde as ideias de cidade como
mostrando como a análise metrológica pode organismo vivo e obra de arte coletiva, e do
ser usada para reconstruir as ‘histórias’ dos desenho dos novos edifícios em continuidade
limites das parcelas. Como base na análise com a cultura construtiva do lugar parecem
das larguras das parcelas em Ludlow, Slater emergir. O programa INA-Casa, incluindo
foi capaz de especular sobre aquilo que tinha um conjunto de bairros em Roma, como
em mente o ‘agente’ medieval quando do Tuscolano (Maretto, 2012), são lançados no
desenvolvimento inicial da área bem como final da década de 1940. A Igreja de S.
inferir as larguras das parcelas originais e Giovanni al Gatano, em Pisa (Cataldi,
como elas foram posteriormente subdivididas 2013b), erguida neste período, tenta capturar
(Slater, 1990). as características fundamentais da arquitetura
românica.
A cidade é o tema principal da atividade
Abordagem tipológica projetual de Muratori na década de 1950. Os edifícios
projetados nesta década tentam abarcar dois
Esta secção divide-se em três partes: a dos períodos mais significativos da história
primeira e a segunda partes focam-se no da arquitetura italiana. Depois de uma fase
trabalho seminal de Saverio Muratori e de inicial em que parecia existir uma lacuna
Gianfranco Caniggia, descrevendo a sua conceptual entre os edifícios de Muratori,
atividade de investigação e ensino e a sua complexos e originais, e os seus planos, de
prática profissional; a terceira parte centra-se certo modo mais ‘banais’, no final da década
nos desenvolvimentos recentes desta de 1950 e, nomeadamente, na competição
abordagem, incluindo uma nova geração de para Barene di S. Giuliano, é construída uma
investigadores. forte ligação entre investigação (em
particular o Studi per una operante storia
urbana di Venezia, Muratori, 1959 – Figura
Saverio Muratori 2) e prática de arquitetura e planeamento.
Este plano corresponde uma recreação
Em Saverio Muratori: il debito e l’eredità, contemporânea, na margem da lagoa, de três
Cataldi (2013a), um dos principais momentos particularmente significativos da
proponentes da abordagem tipológica história urbana de Veneza (este plano será
projetual, divide a atividade de Muratori em retomado na penúltima subsecção).
cinco períodos correspondentes a cinco Território e civilização são os temas
décadas diferentes. O primeiro período fundamentais desenvolvidos por Muratori na
(1930-40) designado como ‘a década de 1960. Com base na experiência de
experimentação profissional’ corresponde Veneza (Muratori, 1959), Studi per una
aos primeiros anos após Muratori receber o operante storia urbana di Roma, publicado
seu diploma de arquiteto. Neste período, em 1963, constitui um atlas abrangente da
Morfologia urbana: diferentes abordagens 69
Figura 2. Studi per una operante storia urbana di Venezia – Quartieiri di S. Giovanni
Crisostomo, desde o século XI até aos anos 1950 (fonte: Muratori, 1959).
1963, 1967). Para Muratori, o único modo de anteriormente tinha aprendido sobre as
resolver a crise existente consistia na características peculiares do ambiente urbano
capacidade do ser humano estabelecer, a uma genovês (Cataldi et al., 2002).
escala global, uma relação equilibrada com Uma das principais preocupações de
os seus territórios (Cataldi et al., 2002). Caniggia era transmitir as ideias de Muratori
Nos seus últimos anos de vida, nos em termos arquitetónicos, partindo da
projetos não concluídos Atlante territorial e convicção de que a sua difusão estaria, de
Tabelloni, Muratori tenta estabelecer uma algum modo, obstruída por dificuldades de
classificação universal das estruturas compreensão inerentes ao pensamento de
construídas pelo homem. Muratori. Caniggia tentou simplificar e
reduzir o sistema teórico de Muratori,
destacando os seus aspetos mais
Gianfranco Caniggia operacionais. Nomeadamente, sublinhando a
importância dos conceitos de tipo, tecido
Em 1963 Caniggia conclui Lettura di una edificado e edifício básico – a matriz
città: Como (tese orientada por Muratori), o formativa do edifício especializado (Cataldi
seu primeiro grande contributo para a et al., 2002). Enquanto Muratori procurou,
morfologia urbana e a tipologia do edificado dedutivamente, contruir um sistema
(Caniggia, 1963). A interpretação do filosófico capaz de interpretar a história da
processo de desenvolvimento urbano desta civilização através da arquitetura, Caniggia
cidade permitiu-lhe evidenciar nas casas tentou construir, de modo indutivo, um
geminadas romanas a persistência da domus método tipológico capaz de interpretar
como um tipo de substratum. Esta foi uma transformações no ambiente urbano para fins
intuição fundamental que abriu uma linha de arquitetónicos (Cataldi, 2003).
investigação sobre os processos de formação Cataldi (2003) identifica seis contributos
de casas pátio medievais em cidades fundamentais de Caniggia para a abordagem
históricas europeias (Cataldi et al., 2002). tipológica projetual: i) o desenvolvimento de
Enquanto assistente de Muratori, Caniggia um conjunto de conceitos formulados por
trabalha no tema dos tecidos urbanos. Muratori: tipo, tipologia, estrutura, tecido,
Na década de 1970, Caniggia teve de série; ii) o estabelecimento do método
deixar Roma e iniciar uma longa viagem que tipológico projetual; iii) a descoberta e o
constituiria uma das razões para a difusão da reconhecimento da domus (casa pátio) como
abordagem tipológica projetual em Itália. Em a matriz, na arquitetura e no planeamento
Génova e Florença, Caniggia desenvolve romanos, para todos os tipos básicos
uma linha de investigação, nos seus cursos, seguintes; iv) a distinção entre tipo básico e
desenvolvendo uma metodologia para a tipo especializado; v) a teoria da
interpretação da cidade e dos seus ‘medievalização’ e os processos de utilização
componentes. Progressivamente, consegue espontâneos de estruturas planeadas; e,
acumular uma sólida experiência de ensino, finalmente, vi) o método de interpretação por
que viria a constituir material de base para a fases da história de uma cidade em
preparação de Composizione architettonica e articulação com os processos tipológicos
tipologia edilizia, escrito com Maffei, e básicos.
dividido em dois volumes. O primeiro
volume, sobre a interpretação dos edifícios
básicos (ou comuns), foi publicado no final Desenvolvimentos recentes
dos anos 70 (Caniggia e Maffei, 1979).
O segundo volume de Composizione Os desenvolvimentos recentes da abordagem
architettonica e tipologia edilizia é tipológica projetual são enquadrados por
publicado em 1984, com um enfoque no duas organizações, o Centro Internazionale
desenho dos edifícios básicos (Caniggia e per lo Studio dei Processi Urbani e
Maffei, 1984). Caniggia desenvolve um dos Territoriali (CISPUT) e o ISUF Italia, uma
seus projetos fundamentais na década de rede nacional do International Seminar on
1980, o bairro Quino em Génova, onde tem a Urban Form (ISUF). O CISPUT foi fundado
oportunidade de pôr em prática tudo o que em Pienza em 1981 por Cataldi – o seu
Morfologia urbana: diferentes abordagens 71
método de análise dos padrões espaciais, ‘Sínteses teóricas’ reúne algumas das
com ênfase na relação entre as relações questões levantadas na primeira parte, as
morfológicas locais e os padrões globais. regularidades evidenciadas na segunda parte
Estabelece uma teoria descritiva dos tipos de e as leis propostas na terceira parte do livro,
padrões e, em seguida, um método de para sugerir como os dois problemas centrais
análise. Esta teoria e este método são da teoria da arquitetura – o problema forma-
aplicados, primeiro, a assentamentos urbanos função e o problema forma-significado –
e, depois, a edifícios. Com base nestas podem ser ‘reconceptualizados’.
aplicações, o livro estabelece uma teoria Hanson (1998) analisa a evolução da
descritiva de como os padrões espaciais têm organização do espaço doméstico e da
associados conteúdos sociais. estrutura familiar na Grã-Bretanha através de
Hillier (1996) sintetiza o um conjunto de registos de ‘casas históricas’,
desenvolvimento da sintaxe espacial nos exemplos de ‘casas especulativas’ e de
anos 1980 e no início dos anos 1990, arquitetura doméstica inovadora
sublinhando as dimensões configuracional e contemporânea. Decoding homes and houses
analítica desta teoria. O livro divide-se em mostra como o espaço doméstico fornece um
quatro partes: i) ‘Preliminares teóricos’ trata enquadramento partilhado para a vida
das questões mais básicas a que a teoria quotidiana, como diferentes significados
arquitetónica tenta responder: o que é sociais são construídos em diferentes casas e
arquitetura e o que são teorias (?); ii) como diferentes subgrupos dentro de cada
‘Regularidades não discursivas’ apresenta sociedade se diferenciam através dos seus
uma série de estudos nos quais foram padrões de espaço doméstico e de estilos de
estabelecidas ‘regularidades’ na relação entre vida.
a configuração espacial e o funcionamento
dos ambientes construídos, utilizando para
tal técnicas não-discursivas de análise para Desenvolvimentos fundamentais
controlar as variáveis arquitetónicas; iii) ‘As
leis do campo’ utiliza essas regularidades Hillier (2007) identifica os principais
para reconsiderar uma questão fundamental contributos para a teoria e o método da
na teoria arquitetónica: como é que o vasto sintaxe espacial nas décadas de 1990 e 2000.
campo de possíveis complexos espaciais é Em termos de método – frequentemente
constrangido durante o processo de criação correspondente ao desenvolvimento de novo
de cada edifício (?); e, por fim, iv) software – Hillier destaca os textos de:
Morfologia urbana: diferentes abordagens 73
‘vizinhança de von Neumann’ – as quatro modo como lidam com o espaço e como
células a norte, sul, este e oeste da célula capturam as dinâmicas espaciais dos
central. As regras de transição alteram os fenómenos – como podem ser mais úteis
estados das células ao longo do tempo, para os estudos urbanos e a prática de
simulando dinâmicas territoriais. O tempo dá planeamento.
assim a estes modelos um caráter dinâmico.
A combinação destes componentes permite
modelar a forma – através de células e de Modelos baseados em agentes
vizinhança – e a função das células – com
estados celulares e regras de transição (Pinto, Ao longo do século XX, a geografia
2013). incorporou ideias e teorias de outras
A designação ‘celular’ contribui com a disciplinas. Essas ideias fortaleceram a
estrutura espacial do conceito; a designação importância da modelação e da compreensão
‘autómato’ indica a capacidade de processar do impacto dos agentes individuais e da
este código (os estados da célula) de acordo heterogeneidade dos sistemas geográficos a
com um conjunto de regras de transição. Um diferentes escalas espaciais e temporais. Os
modelo no qual o espaço é constituído por Modelos Baseados em Agentes (MBA)
células diferentes será um modelo de permitem a simulação das ações individuais
autómatos celulares. Os modelos de AC de diversos agentes e a medição do
tiveram um desenvolvimento muito intenso comportamento e resultados do sistema ao
em diferentes áreas da física e matemática, longo do tempo. O desenvolvimento de
beneficiando dos avanços da computação abordagens de autómatos tem sido essencial
entre os anos 1950 e 1970. O trabalho de para os avanços nos MBA. Um autómato é
Wolfram compilado no seu livro A new kind um mecanismo de processamento com
of science (Wolfram, 2002) e Game of life de características que mudam ao longo do
Conway (publicado pela primeira vez por tempo com base nas suas características
Gardner, 1970, na revista Scientific internas, em regras e em inputs externos. Os
American) são dois exemplos notáveis. autómatos processam inputs de informação
Apesar de algumas experiências nas que lhes são fornecidos a partir da
décadas de 1950 e 1960 (Hagerstand, 1952; envolvente e as suas características são
Lathrop e Hamburg, 1965), os AC foram alteradas de acordo com regras que
aplicadas pela primeira vez em estudos controlam a sua reação a esses inputs. Dois
urbanos por Tobler no seu trabalho Cellular tipos de ferramentas de autómatos têm vindo
Geography. Tobler (1979) propõe um novo a dominar o debate – AC (que foram
modelo geográfico que recebe inputs do apresentados na última subsecção) e MBA
Game of Life e do conceito de vizinhança de (Crooks e Heppenstall, 2012).
von Neumann. Após este trabalho, vários Embora não exista uma definição precisa
autores passaram a implementar modelos de do termo ‘agente’, existem algumas
AC na simulação de fenómenos urbanos, características comuns à maioria dos agentes:
particularmente a partir dos anos 1980, os agentes são autónomos, heterogéneos e
quando a microcomputação amplia a ativos. Os agentes podem ser representações
utilização do cálculo computacional: de qualquer tipo de entidade autónoma
Couclelis (1985) sustenta a combinação de (pessoas, edifícios, parcelas). Cada um
AC e teorias de sistemas para estudar os desses agentes, animados e inanimados,
sistemas urbanos; White e Engelen (1993) possui regras que afetarão o seu
apresentam o seu primeiro modelo comportamento e as suas relações com
‘constrangido’, combinando mecanismos de outros agentes e / ou com o ambiente
escala micro e macro em regras de transição envolvente. O ambiente envolvente define o
de estados celulares. Couclelis (1997) espaço em que os agentes atuam, servindo
enumera uma série de questões-chave para apoiar a sua interação com o próprio
(relativas ao espaço e à sua modelação, às ambiente e com outros agentes (Crooks e
vizinhanças e à sua definição, e às regras de Heppenstall, 2012).
transição e à sua universalidade) para que os Os MBA têm muitas das características
modelos de AC sejam mais realistas no dos modelos de AC, exceto o ambiente e a
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Abordagem Conzen (1960) Divisão tripartida da i) ruas, parcelas e 1992 - O plano para
histórico-geográfica paisagem urbana edifícios Asnières-sur-Oise,
Cintura periférica ii) escalas micro à França, de Ivor
Região morfológica macro Samuels e Karl Kropf
Ciclo de parcela iii) importância da
burguesa história
Abstract. This paper presents the origins, main characteristics and fundamental developments of four
dominant approaches in the international debate on urban morphology: historico-geographical
approach, process typological approach, space syntax and spatial analysis – including cellular automata,
agent-based models and fractals. After describing these four approaches, the article synthesizes their
fundamental elements; shows how each approach deals with urban form elements, levels resolution and
time; and illustrates the potential of each approach with applications in professional planning practice.