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revista digital

2022
Para clubes das principais divisões
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comercial@footure.com.br
expediente editorial

COPA FOOTURE
Editor-chefe: Gabriel Corrêa
Direção de arte e diagramação: Filipe Borin
Textos: Bruna Mendes, Caio Bitencourt, Douglas Batista, Dimitri Barcellos, Gabriel Corrêa,
Gabriel de Assis, Lucas Filus, Matheus Soares, Renato Gomes Rodrigues e Vinicius Dutra
passado, presentente e futuro
Dados: Caio Batatinha e Gabriel Gomide
Vídeos: Gabriel Corrêa e Gabriel Mota

Z idane versus Materazzi, Ronaldo


versus Jaap Stam, Messi olhan-
do para a Copa sem tocá-la no
todos os dias e um Guia Tático que já vi-
rou clássico.
Quando se fala em Copa do Mundo,
Maracanã, Loco Abreu à Panenka, cada movimento é para sempre, e
CEO: Eduardo Dias Maradona e os “hijos de puta” no pensamos nisto no que criamos para
COO/Tecnologia: Emilio Fialho San Paolo, Bebeto embalando o te- o Mundial do Catar, uma cobertura
Direção de conteúdo: Gabriel Corrêa
tra, Caniggia, Casillas e o beijo Sara com a abordagem Footure, mas com
Carbonero, o gol contra de Andres a abrangência multimídia que se exige
Conteúdo: Douglas Batista e Matheus Soares
Escobar, 7x1, Paolo Rossi, Shakira, atualmente. Além deste guia em for-
Produção e edição de podcasts: Bruno Abichéquer Galvão Bueno, a chuva de papel pica- mato de revista eletrônica, ainda tere-
Direção de arte: Filipe Borin do do Monumental de Nuñez, Carlos mos 10 análises em vídeo, 8 podcasts e
Coordenação de marketing: Felipe Hartmann Alberto Torres, a Laranja Mecânica, a 32 vídeos curtos.
Redes sociais: Gabriel Mota
Dinamáquina, Roger Milla, a festa, o Além de tudo isso teremos um com-
grito e o choro. ponente a mais nessa Copa, depois
Footure PRO: Aurelio Solano, Caio Batatinha, Gabriel Esteves,
Gabriel Gomide, Nicolas Vicentin e Pedro Galante
A Copa do Mundo é um ritual de de uma pandemia global estamos li-
passagem do tempo, sabemos exata- berados para aglomerar, estar junto
mente onde e com quem estávamos a dos amigos e nos abraçarmos em um
cada lance, a cada jogo, a cada vitória inédito mundial no quente fim de ano
acesse ou derrota em um mundial e o fato de
ainda não termos sequer nascido pou-
do Brasil, quem sabe também the last
dance de Cristiano Ronaldo, Neymar e
co importa, de 1930 até hoje todas as Messi. O fim de uma era e o começo de
www.footure.com.br /footurefc Copas nos interessam e são nossas, outra, a bola nunca pára.
mesmo sabendo que perdemos mais Passado, presente e futuro juntos,
@footurefc @footurefc do que ganhamos. com a cobertura Footure, para mais
Nessa linha do tempo futeboleira um rito de passagem do tempo nos
/footurefc footurefc chegamos a 2022, a segunda Copa do gravando memórias que nunca mais
Footure. Se você buscar no Youtube por esqueceremos. Celebre, desfrute, ana-
footure footurefc Copa Footure 2018, encontrará lives lise, abrace, chore, vibre e #PenseOJogo.
QUARTAS-FEIRAS
NOSSOS
PODCASTS
TRADICIONAIS
VOLTAM EM JANEIRO

SEGUNDAS-FEIRAS

SEXTAS-FEIRAS

/footurefc footurefc
sumário sumário

GRUPO A GRUPO b GRUPO c GRUPO d GRUPO e GRUPO f GRUPO g GRUPO h

14 36 56 76 96 118 138 158


catar inglaterra argentina frança espanha bélgica brasil portugal

18 42 62 82 102 124 144 164


equador irã arábia saudita austrália costa rica canadá sérvia gana

22 46 66 86 106 128 148 168


senegal eua méxico dinamarca alemanha marrocos suíça uruguai

26 50 70 90 112 132 152 174


holanda país de gales polônia tunísia japão croácia camarões coréia do sul
TODOS OS
CURSOS 
REMARCADOS
FOOTURE.COM.BR/CURSOS
grupo a
grupo a qatar

AS LATERAIS DITAM O RITMO


Por Douglas Batista

S
ede da primeira Copa do problemas. Os catarianos possuem
Mundo realizada no Oriente grande dificuldade em defender lan-
Médio, o Qatar terá uma çamentos em profundidade. É cos-
dura missão na primeira fase. tumeiro ver os adversários obtendo
Caindo no mesmo grupo de Holanda, vantagens através desse tipo de joga-
Senegal e Equador, os donos da casa da. A defesa quando enfrenta um jogo
precisarão suar para conseguir a clas- mais direto é curiosa. Apesar de ter
sificação para as oitavas de final. A uma dos melhores aproveitamentos
equipe de Félix Sanchez teve uma boa nos duelos pelo alto dentre as equipes
campanha na Copa Árabe,chegando no torneio (52,06%), muito dessa alta
até as semifinais, e foi competitiva em porcentagem se dá a Boualem. O za-
amistosos contra equipes do segundo gueiro foi o principal pilar defensivo
escalão europeu neste ano. do time durante a Copa Árabe, além
A equipe parte em um 5-3-2 e usan- do jogo aéreo, mostrou boa postura
do uma marcação zonal. Inicialmente defendendo a área.
destaca-se um gatilho de pressão A pressão também se dá em 5-3-2,
nas laterais. No momento que os ad- tentando fechar o espaço pelo meio,
versários levam a bola para os lados atraindo o rival para as laterais, onde
do campo, os alas Homam Ahmed os jogadores pressionam com mais fir-
e Bassan Hisham sobem e passam meza para recuperar a posse. Também
a pressionar o portador da bola. existe um gatilho na pressão para
Visando recuperar a bola ou fazer o quando o adversário for recuando a
rival recuar para a defesa. Um movi- bola. Pelo fato de defender com ape-
mento simples, porém normalmen- nas três jogadores no meio campo, o
te bem executado. Outro detalhe é Catar termina cedendo muito espaço
que em vários momentos a defesa se no setor, o que provavelmente irá gerar
posiciona a meia altura, o que gera problemas contra alguns adversários.

copa footure copa footure

14 15
grupo a qatar

centroavante Muntari no lugar de


QUADRO TÁTICO bolas longas para os alas um meio campista. Tornando Afif um
médio. Aumentando a fisicalidade
destaque individual
Ahmed da equipe próxima a área e deixando Akram Afif
sua estrela participando ainda mais
da construção. Para conseguir uma Principal expoente técnico da equipe,
Abdelkarim Boudiaf histórica classificação para as oita- sua liberdade dentro de campo será um
vas, o Qatar precisará encontrar seu trunfo importante na criação de jogadas
Afif melhor equilíbrio ofensivo e terá que do Qatar. Utilizando sua boa capacidade
contar com um grande torneio indi- associativa e vitórias pessoais para fazer
Al Sheeb Almoez Ali vidual de Afif. ∞ a equipe progredir no campo de ataque.
Boualem Hatem A chave para uma boa campanha
catariana, será o preenchimento da área,
Al-Haydos enquanto sua estrela roda o campo.

Hisham

Ismaeil fique de olho


elenco Defesa que deixa jogar

Apesar de priorizar uma saída pelo chão, devido às limitações da equipe, os lançamentos
buscando seus alas em amplitude deverão ser executados com frequência. Tentando Goleiros Saad Al Sheeb (Al-Sadd), Meshaal
14,43 Número de passes do adversário
antes de realizar ação defensiva
coloca-lós várias vezes em situações de 1x1 contra os laterais adversários. Barsham (Al-Sadd), Yousuf Hassan (Emirates Club). Pior média entre as seleções da copa

70,91 Média
Defensores Pedro Miguel (Al-Sadd), Musaab Khidir de recuperações
(Al-Sadd), Tarek Salman (Al-Sadd), Bassam Al Rawi de posse de bola por partida
Ofensivamente, o Qatar se posta pelo campo, deixando a bola muito (Al-Duhail), Khoukhi Boualem (Al-Sadd), Abdelkarim 5ª pior média entre as seleções classificadas
Hassan (Al-Sadd), Ismael Mohammed (Al-Duhail),
em 3-1-4-2. Com os alas bem aber- tempo sob os pés dos zagueiros. Homam Al Amin (Al-Gharafa).
tos e chegando ao fundo. Principal
jogador do time, o atacante Afif, tem
Quando não consegue progredir
bem, o time busca bolas diagonais Meias Jassim Jabir (Al-Waab), Ali Asad (Al-Sadd),
34,6 Média de recuperações de posse de
bola no terço defensivo do campo
Maior média entre as seleções classificadas
liberdade para rodar durante todo o longas para seus alas. Tão impor- Mohammed Waad (Al-Sadd), Salem Al Hajri (Al-
Sadd), Assim Modibo (Al-Duhail), Mustafa Meshaal
campo. Essa movimentação ajuda na tante na defesa, as jogadas pelo lado (Al-Sadd), Karim Boudiaf (Al-Duhail), Abdulaziz Hatim Ponta driblador
circulação de bola e manutenção da também são a maior arma ofensi- (Al-Rayyan), Naif Alhadhrami (Al-Rayyan).
posse, mas tira muito a profundidade va catariana, é por lá que a equipe
10,49 Média de dribles de
Youssef Abdurisag
da equipe. Falta mais ataque ao espa- quase sempre entra no terço final. Atacantes Hassan Al-Haydos (Al-Sadd), Akram
Afif (Al-Sadd), Almoez Ali (Al-Duhail), Mohammed Maior entre as seleções asiáticas classificadas
ço e infiltrações dos homens de meio. Principalmente Homam Ahmed na Muntari (Al-Duhail), Ahmed Alaa (Al-Gharafa), Khalid
A construção de jogadas normalmen- esquerda. Em situações que preci- Muneer (Al-Wakrah).
te é mais elaborada. Mas a lentidão sa do gol, uma mudança normal- Classificada como anfitriã
na troca de passes dificulta o avanço mente realizada é a entrada do Técnico Félix Sánchez

copa footure copa footure

16 17
grupo a equador

A juventude equatoriana
Por Douglas Batista

A
pós ficar fora em 2018, o minutos relevantes em La Tri, como
Equador retorna ao maior o atacante Gonzalo Plata e o volan-
palco do futebol mundial te Cifuentes. Porém, para além dos
no Qatar com uma cam- jogadores que estiveram nessas cam-
panha irretocável nas eliminatórias. panhas, outros jovens apareceram e
La Tri ficou na quarta colocação — se destacaram rapidamente nas eli-
perdendo o terceiro lugar apenas na minatórias. O melhor dos exemplos é
última rodada. A equipe terminou a Moisés Caicedo, do Brighton, que é o
disputa com o segundo melhor ata- termômetro ofensivo da equipe mes-
que e a terceira melhor defesa do tor- mo bastante jovem.
neio — empatados com Argentina e Caicedo e o capitão Gruezo são as
Colômbia, respectivamente. Na Copa, chaves no meio campo. Importantes
a expectativa é que os comandados para ligar defesa e ataque, aceleran-
de Gustavo Alfaro briguem por uma do o jogo e achando passes na entre-
vaga no mata-mata. linha. E também sendo vitais no pós
O principal destaque dos equato- perda. Trabalhando com encaixes nos
rianos é a juventude do elenco. Com volantes adversários. Mas para além
resultados expressivos nas últimas da dupla, os sul americanos possuem
edições de mundiais Sub-20 (ficou uma grande variedade de boas op-
na terceira colocação) e Sub-17 (che- ções na volância. Cifuentes e Mendez
gou nas oitavas de final), o Equador podem substituí-los e manter a quali-
aproveitou vários desses atletas na dade, além de oferecerem mudanças
seleção principal. Sendo o zagueiro no sistema de jogo, podendo fazer a
Piero Hincapié o principal destaque equipe sair do seu habitual 4-2-3-1
desses, já tendo o peso de ser a maior para um 4-1-4-1.
referência defensiva de La Tri aos 20 Com a bola, o Equador tenta co-
anos. Outros jogadores também tem locar muitos jogadores no terço

copa footure copa footure

18 19
grupo a equador

uma grande dificuldade em defender


QUADRO TÁTICO bolas longas para os alas a profundidade, principalmente nas
costas de seus laterais. E para além
destaque individual
Estupinan disso, normalmente os cortes e re- Moisés Caicedo
batidas da equipe possuem um mau
direcionamento, nem sempre con- Com apenas 20 anos, o volante do
Caicedo
Ibarra
seguem afastar bem o perigo. Ainda Brighton mostra uma maturidade gigante
Hincaipie sim, é uma equipe que normalmente em sua seleção. Caicedo tem muita
toma poucos gols. E o jovem time ten- qualidade pressionando no campo dos
tará seguir assim para continuar fa- adversários e recuperando rapidamente
Mena zendo história, agora no maior palco a bola. Com ela, tenta sempre que
de todos. ∞ possível acelerar o jogo, encontrando
Estrada
Domingez bem seus companheiros na entrelinha
Galindez e nas eliminatórias conseguiu distribuir 4
Gruezo Plata
Torres assistências. Tem tudo para ser uma das
Mendez
revelações do torneio.

Castillo
elenco fique de olho
Goleiros Alexander Dominguez (LDU Quito), Hernan Elenco jovem
Equipe em 4-2-3-1 no momento ofensivo, com os dois laterais bem projetados no ataque e Galindez (Aucas) e Moises Ramirez (Independiente
os extremos sempre prontos para preencher a área. Destacar Caicedo com a bola. del Valle).

Defensores Robert Arboleda (Sao Paulo), Xavier


26,1 Média de idade
Melhor média entre as seleções da
Arreaga (Seattle Sounders), Pervis Estupinan eliminatória da América do Sul
(Brighton), Piero Hincapie (Bayer Leverkusen), William
final. Com os laterais Byron Castillo desmarques de ruptura, avançando Pacho (Royal Antwerp), Diego Palacios (LAFC),
Artilheiros nas eliminatórias
e Estupiñan bem avançados. Em vá- bem nas costas dos zagueiros. Já esta- Jackson Porozo (Troyes), Angelo Preciado (Genk) e
Felix Torres (Santos Laguna).
rias situações, eles atacam a profun- belecida no ataque, La Tri tenta pre-
didade enquanto os extremos atraem encher bem a área, com três ou qua- Meias Moises Caicedo (Brighton), Jose Cifuentes Michael Estrada 6 gols
os laterais rivais mais para dentro. tro atletas ocupando o setor. (LAFC), Alan Franco (Talleres), Carlos Gruezo
Os zagueiros normalmente tem mui- Sem a bola, a equipe de Gustavo (Augsburg), Romario Ibarra (Pachuca), Angel Mena Enner Valencia 4 gols
(Leon), Jhegson Mendez (LAFC), Gonzalo Plata
to peso com a bola nos pés, tentan- Alfaro busca se defender em 4-4-2 (Real Valladolid), Ayrton Preciado (Santos Laguna) e Gonzalo Plata 3 gols
do achar passes em profundidade.. É a meia altura. Quando o adversário Jeremy Sarmiento (Brighton).
uma equipe que gera volume ofensivo consegue pressioná-los para baixar a
muito na base da tentativa e erro. Não linha, a equipe tem um gatilho para Atacantes Michael Estrada (Cruz Azul), Djorkaeff Eliminatórias CONMEBOL
Reasco (Newell’s Old Boys), Kevin Rodiíguez
busca prender muito a bola, aceleram voltar a altura média assim que a bola (Imbabura) e Enner Valencia (Fenerbahce). J V E D GP GC SG
quase sempre que possível. O centro- se afastar da proximidade da área.
avante Estrada tenta sempre realizar Apesar dos bons números, La tri tem Técnico Gustavo Alfaro
18 7 5 6 27 19 8

copa footure copa footure

20 21
grupo a senegal

A VEZ DOS LEÕES DE TERANGA


Por Douglas Batista

T
erminando um ciclo históri- O capitão Kalidou Koulibaly é a
co, os Leões de Teranga vêm maior referência defensiva da equipe.
para o Catar buscando ao me- Sendo muito importante em situações
nos uma classificação para à de transição defensiva, controlando a
segunda fase. Após a eliminação na profundidade e vencendo duelos 1x1
fase de grupos em 2018, por crité- defensivos. O zagueiro também parti-
rio de cartões amarelos, a equipe de cipa bem da construção, mas o prin-
Aliou Cissé conseguiu o tão sonhado cipal nome na criação de jogadas é
título da Copa Africana de Nações, Idrissa Gueye. Com a equipe optando
vencendo o Egito nos pênaltis. E com por não ter a posse muito longa nos
uma campanha avassaladora na fase ataques, os Leões de Teranga arris-
de grupos das eliminatórias da CAF, cam muitos passes na entrelinha e
conseguiram a vaga no mundial, re- lançamentos longos para seus ata-
petindo a vitória sobre os egípcios em cantes — e o volante do Everton é o
disputa de pênaltis. principal responsável por realizar
Para se ter ideia da dominância se- esses passes, controlando o ritmo da
negalesa, a equipe teve impressionan- equipe, sendo ajudado por Nampalys
tes 89% de aproveitamento na fase de Mendy. Enquanto Kouyate tem liber-
grupos das eliminatórias. Com cinco dade para avançar e aparecer como
vitórias e um empate em seis partidas. homem surpresa na área.
Marcando 15 gols e tendo saldo posi- No comando de ataque, Sadio Mané
tivo de +11. Aliou Cissé conseguiu essa é não só a referência ofensiva, mas
consistência montando uma equipe também a maior estrela da equipe.
muito segura de si em todas suas fa- Com a equipe partindo em um 4-3-
ses do jogo e elevando a participação 3, o jogador do Bayern de Munique
de suas principais estrelas no funcio- tem liberdade para se mover dentro
namento coletivo senegalês. do campo e tem uma participação

copa footure copa footure

22 23
grupo a senegal

Mais madura coletiva e tecnica-


QUADRO TÁTICO momento ofensivo mente do que em 2018, Senegal ten-
tará dessa vez, ao menos passar da
destaque individual
Ciss fase de grupos, com a geração de jo- Sadio Mané
gadores mais talentosa de sua histó-
ria. Usando um estilo de jogo bem di- Agora jogador do Bayern de Munique,
reto e muito poder de fogo, os Leões Sadio Mané é a maior referência da
Mané
Diallo de Teranga estão preparados para história do futebol senegalês. Tendo
concorrer de igual para igual com a liberdade para flutuar dentro de campo e
Gueye maior potência da chave e disputar a sendo decisivo em uma série de partidas,
primeira colocação do grupo. ∞ o atacante tem a responsabilidade de
Mendy Mendy Diedhiou
terminar a maioria dos ataques de sua
Kouyate
equipe, conseguindo ter muito volume e
eficiência durante as partidas.
Koulibaly
Sarr

fique de olho
Dia
(Sarr)

Equipe atacando em 4-3-3, com um dos laterais ficando mais na intermediária ou base e
elenco Nampalys Mendy

Kouyate entrando bastante na área. O volante ajuda bastante na criação.


Goleiros Edouard Mendy (Chelsea), Alfred Gomis
Servindo sempre como ponto de retorno
(Rennes) e Seny Dieng (Queens Park Rangers).
no ataque e trabalhando bem na
Defensores Kalidou Koulibaly (Chelsea), Abdou circulação de jogo e bolas longas.
muito efetiva nos ataques. Mané usa busca pressionar o portador da bola Diallo (RB Leipzig), Youssouf Sabaly (Betis), Fode Ballo
sua habilidade para conduzir a bola e agressivamente para recuperá-la o Touré (Milan), Pape Abou Cissé (Olympiacos), Ismail
vencer duelos próximos ao gol, além mais cedo possível. Defendendo pró- Jakobs (Monaco) e Formose Mendy (Amiens).
de ser, muitas vezes, o jogador mais ximo ao gol, a equipe consegue ter Artilheiros nas eliminatórias
Meias Gana Gueye (Everton), Cheikhou Kouyaté
próximo ao gol e principal alvo de muita segurança devido a boa prote- (Crystal Palace), Nampalys Mendy (Leicester),
passes para finalização. Porém, em ção aérea oferecida por seus zaguei- Krepin Diatta (Monaco), Pape Gueyé (Olympique de
Diedhou 4 gols
vários momentos essa forma mais di- ros e o ótimo goleiro Edouard Mendy
reta da equipe jogar, faz Senegal per- – uma das grandes estrelas da equi-
Marselha), Pape Matar Sarr (Tottenham), Pathe Ciss
(Rayo Vallecano), Moustapha Name (Pafos) e Loum
Mané e Sarr 3 gols
der um pouco do controle da partida, pe. Outro ponto de destaque é que Ndiaye (Reading). B. Dia 2 gols
deixando o jogo muito “bate e volta” a equipe normalmente não utiliza Atacantes Sadio Mané (Bayern de Munique),
exibindo uma equipe com certa difi- seus dois laterais muito avançados ao Ismaila Sarr (Watford), Boulaye Dia (Salernitana),
Eliminatórias CAF
culdades de criar jogadas. mesmo tempo. Normalmente um de- Bamba Dieng (Olympique de Marselha), Famara
Diedhiou (Alanyaspor), Nicolas Jackson (Villarreal) e
Defensivamente, se posiciona em les fica mais retido na intermediária, Iliman Ndiayé (Sheffield United).
J V E D GP GC SG
4-4-2 para que Mané participe me- atrás da linha da bola, visando uma 6 5 1 0 15 4 11
nos do momento defensivo. Senegal melhor recomposição. Técnico Alliou Cissé

copa footure copa footure

24 25
grupo a holanda

Boom ou Bust Por Douglas Batista

A
pós ficar fora da última grande potencial, ainda não atingi-
Copa do Mundo, a Holanda ram o seu teto e ficaram atrás na briga
volta ao maior palco do fute- pelas vagas. De principais destaques,
bol em um ciclo que foi bas- Donny van Beek e Calven Stengs de
tante agitado. A Laranja Mecânica teve Manchester United e Nice, respecti-
três comandantes durante o período. vamente. Contudo, nessa reta final,
Começando com Ronald Koeman, que nomes como Noa Lang e Gakpo apa-
deixou a seleção para assumir o Barce- recem como destaque e podem ser
lona. Para substituí-lo, a aposta foi em ótimas opções da equipe na Copa no
Frank De Boer. Contudo, o ex-zaguei- setor mais carente da equipe.
ro não conseguiu melhorar a equipe e Indo para dentro do campo, a defe-
após uma eliminação nas oitavas da Eu- sa holandesa se porta em 5-3-2 com a
rocopa — onde a Holanda jogou pouco marcação por referências individuais
— a federação optou por demiti-lo. por setor, tentando sempre sufocar o
Na reta final das eliminatória, Louis jogador com a bola e ir encurralando
van Gaal assumiu a Orange. E foi com o adversário, o atraindo novamente
o retorno do treinador que a Holanda para seu campo defensivo. A Laranja
encontrou seu melhor futebol. Retor- Mecânica também usa uma linha de
nando ao sistema com três zagueiros impedimento muito bem coordenada,
que deu bastante resultado em 2014, liderada principalmente por Virgil van
van Gaal conseguiu potencializar seus Dijk. O capitão da equipe bastante co-
melhores jogadores. Assim, os holan- municativo e está sempre orientando
deses terminaram em primeiro no seu os companheiros para encontrarem o
grupo se classificando para o mundial. tempo certo de saída.
Porém, os problemas do ciclo não Além disso, o zagueiro do Liverpo-
ficaram apenas nos comandantes. ol é a principal âncora defensiva dos
Alguns jogadores que surgiram com Países Baixos. Vencendo vários duelos

copa footure copa footure

26 27
grupo a holanda

pelo alto e controlando a profundidade quando os zagueiros rivais conseguem gerando oportunidades de gols para
com muita qualidade. Ao seu lado, al-
teram Aké, Blind e De Ligt. Cada qual
conduzir, ganhando metros no cam-
po. A partir desse momento, a troca
os adversários.
A Laranja Mecânica também se
fique de olho
com sua característica, mas de forma de encaixes normalmente causa al- porta bem em pressão. Conseguindo
geral, sendo bastante complementares gumas dificuldades. A equipe tam- tirar a velocidade da saída adversária Daley Blind
e gerando uma boa defesa de área para bém demonstra alguns problemas em e induzindo-os para lugares específi-
a equipe. Porém, nas grandes partidas, proteger a área pelos lados do campo, cos do campo com a dupla de ataque Seja jogando como zagueiro ou como lateral,
o trio costuma ser De Ligt, Virgil e Aké, com os rivais atacando a profundida- sendo vital no quesito. Porém, quando o defensor do Ajax é uma peça chave da
Laranja Mecânica na fase de construção.
com Blind atuando como ala esquerda de. Principalmente pelo lado direito, essa marcação alta é superada, a equi- Com boas movimentações e capacidade de
e Dumfries do outro lado. com Dumfries se destacando negati- pe encontra dificuldades para defen- se associar, Blind ajuda muito na circulação
Nessa estrutura, a Holanda de- vamente. O lateral da Inter de Milão der a profundidade. da bola e na criação de jogadas.
monstra dificuldades em defender em vários momentos se desconcentra, Passando para a parte ofensiva, vale
destacar um jogador: Frenkie de Jong. 24,82 Passes progressivos por jogo
O meio campista do Barcelona é o ter-
mômetro da equipe no ataque. Tendo
uma grande responsabilidade já na sa- A constância de Memphis Depay
QUADRO TÁTICO momento ofensivo ída de jogo, ajudando sua equipe com
passes curtos e longos, Frenkie usa sua 951 Minutos em campo
Maior tempo entre as seleções da
capacidade em conduzir e girar para UEFA classificadas
Blind os dois lados, para dar campo a Holan-
(Malacia) da no jogo. Não participa ativamente Pressão total
Koopmeiners
do último terço, ficando mais recuado
para retorno de passes, contudo, quan-
Memphis
do acionado, consegue achar bom pas- 18,4 Recuperações no terço final
Maior número entre as seleções da UEFA
Aké ses longos para seus companheiros. classificadas (período entre copas)
(Blind)
Um dos movimentos mais interes-
Pasveer De Jong santes da equipe no momento ofen- Artilheiros nas eliminatórias
Malen sivo, é o adiantamento de um dos de-
van Dijk (Bergwin) fensores. Normalmente Blind, quando
este está de zagueiro, ou De Ligt quan- Memphis 12 gols
De Ligt Berghius do Ake é o escolhido para formar o
trio de zaga. O zagueiro avança para Klassen 4 gols
a mesma linha de Frenkie, servindo
como primeiro ponto de retorno, dei-
De Jong e Malen 3 gols
Dumfries
xando apenas dois jogadores atrás da
linha da bola. O movimento permite Eliminatórias UEFA
uma maior liberdade a um dos meio
Destaque para os alas muito avançados e entrando na área. Memphis entrelinhas campistas holandeses, e tira um pou- J V E D GP GC SG
buscando criar. E um dos zagueiros sobe para a linha do De Jong com a bola, deixando co da pressão de De Jong. A Holanda 10 7 2 1 33 8 25
apenas dois defensores como pontos de retorno. também busca quase sempre passes na

copa footure copa footure

28 29
grupo a holanda

lesão, os demais meias holandeses de- sar disso, é o setor que mais deixa a
QUADRO TÁTICO momento defensivo monstram certa dificuldade em pisar
na área. Sobrando para Berghius, do
desejar na seleção em constância. Por
isso o surgimento dos já citados Gakpo
Ajax essa função. O jovem assumiu ra- e Noa Lang pode trazer algo diferente
Blind pidamente a titularidade e consegue no terço final dos Países Baixos.
(Malacia) desempenhar um bom papel, mas ain- A verdade é que mesmo terminan-
da sim apresenta oscilações naturais. do seu ciclo em alta, a Holanda de-
Koopmeiners Memphis O time de van Gaal mostra ser forte monstra potencial para ser na Copa
Aké em transição, chegando rapidamen- um boom ou bust. Na mesma frequên-
(Blind) te ao gol adversário após recuperar a cia que seu bom jogo coletivo e nomes
bola, com o estilo dos seus atacantes defensivos oferecem segurança para
Pasveer De Jong
van Dijk influenciando bastante nisso. Mais uma ótima campanha, um ataque sem
utilizados durante o ciclo, Bergwijn, tanto talento pode travar o jogo holan-
Malen e Memphis buscam desmarques dês contra determinados adversários e
no costado dos defensores em vários
Malen
De Ligt momentos, se colocando em posição
Berghius (Bergwin)
de receber bolas longas, vindas princi-
palmente de van Dijk e De Jong. Ape-
Dumfries

elenco
Defesa em 5-3-2, com encaixes bem definidos. Com a equipe utilizando quase sempre uma
linha de impedimento - destaque que os movimentos são bons. destaque individual Goleiros Justin Bijlow (Feyenoord), Andries Noppert
(Heerenveen) e Remko Pasveer (Ajax).

Virgil van Dijk Defensores Virgil van Dijk (Liverpool), Nathan Aké
(Manchester City), Daley Blind (Ajax), Jurrien Timber
entrelinha do adversário, encontrando to se aproxima do gol. Do outro lado, Escolher entre o defensor do Liverpool e (Ajax), Denzel Dumfries (Inter de Milão), Stefan De Vrij
principalmente Memphis Depay. Blind também chega bastante no terço Frenkie de Jong é uma missão complicada. (Inter de Milão), Matthijs De Ligt (Bayern de Munique),
Tyrell Malacia (Manchester United) e Jeremie
O atacante do Barcelona é o princi- final, mas sua contribuição é mais re- Os dois são vitais para o funcionamento da
Frimpong (Bayer Leverkusen).
pal criador holandês próximo ao gol. lacionada a criação de jogadas. Sendo Laranja Mecânica. Contudo, o capitão da
Girando sobre os defensores e acio- importante para retenção de bola pró- equipe é a âncora defensiva da Holanda. Meias Frenkie De Jong (Barcelona), Steven Berghuis
nando atacantes e alas infiltrando na xima ao gol, o jogador do Ajax também Virgil coordena a linha de impedimento (Ajax), Davy Klassen (Ajax), Teun Koopmeiners
(Atalanta), Cody Gakpo (PSV), Marten De Roon
grande área. Alas esses que são de ocupa bem os espaços no campo e fa- da equipe, além de vencer muitos duelos
(Atalanta), Kenneth Taylor (Ajax) e Xavi Simons (PSV).
grande importância para gerar pro- cilita o jogo para a equipe. pelo alto. Quando a seleção tem a posse
fundidade aos ataques. Dumfries e Os movimentos de infiltração ci- de bola, van Dijk tem papel importante Atacantes Memphis Depay (Barcelona), Steven
Blind ou Malacia atuam bem abertos tados no parágrafo anterior também como ponto de retorno e encontrando Bergwijn (Ajax), Vincent Janssen (Antwerp), Luuk
De Jong (PSV), Noa Lang (Club Brugge) e Wout
e no caso do lateral da Inter de Milão, são realizados pelos meio campistas, bem os companheiros abertos com bolas
Weghorst (Besiktas).
atacando bastante a última linha dos contudo aqui fica um ponto de aten- longas. Seu retorno após lesão retoma a
rivais. Buscando desmarques enquan- ção: sem Wijnaldum, fora da Copa por confiança defensiva holandesa. Técnico Louis Van Gaal

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30 31
loja footure

footure.com.br/loja
grupo b
grupo b inglaterra

ENTRE A EMPOLGAÇÃOE A APREENSÃO


Por Lucas Filus

A
Inglaterra chega no Catar Dito isso, tentando equilibrar os dois
passando uma sensação es- pontos, o saldo do trabalho ainda é po-
tranha. Se analisarmos pela sitivo e é melhor chegar pro torneio na
ótica dos resultados recentes, situação atual do que no caos que já
a Seleção vive um dos melhores mo- vimos o English Team se envolver em
mentos de sua história. Semifinalista da outras épocas. O ex-zagueiro, afinal de
Copa em 2018, finalista da Euro em 2021 contas, foi o primeiro em um bom tempo
e com o consenso de que poucas vezes a conseguir criar um ambiente saudável
se viu uma geração tão talentosa. Exis- no vestiário. E, além de colocar o senso
te capacidade suficiente para o time ser coletivo acima do brilho individual e do
considerado um dos favoritos, não há nome na camisa, é capaz de montar um
dúvidas quanto a isso. time equilibrado e competitivo. Vere-
Por outro lado, o ano não foi dos mais mos qual versão da Inglaterra vai apare-
aniPor outro lado, o ano não foi dos cer nesta Copa.
mais animadores e o desempenho caiu.
Em várias oportunidades a equipe de- Tendências na
monstrou estar relativamente travada, construção das jogadas
como se estivesse com o freio de mão Espera-se uma alternância entre duas
puxado. Gareth Southgate é criticado formações: o 3-4-3 e o 4-2-3-1; a primeira
por não conseguir tirar o melhor das contra rivais de nível semelhante ou su-
individualidades e adversários tecnica- perior e a segunda diante de oponentes
mente inferiores por vezes são mais do- mais frágeis. Mas aqui já entra um ponto
minantes durante os 90 minutos. O fato de interrogação, já que se parecia exis-
de a torcida ter proferido vaias em al- tir encaixe e consistência nos primeiros
gumas ocasiões em 2022 nos diz alguma anos com Southgate, recentemente ele
coisa, já que antes disso o consenso nos mexeu com mais constância no esque-
estádios era de apoio total. ma e isso fez com que seus comandados

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36 37
grupo b inglaterra

perdessem um pouco do caminho. Não pelos seus clubes, são importantes jogadores – Rice e Phillips/Bellin-
dá pra descartar o uso de um 3-5-2 ou de
um 4-3-3, por exemplo.
para essa construção. Na esquerda,
seja com Shaw, Chilwell ou Trippier,
gham –, ainda há certa irregularida-
de no controle do jogo. Juntos, os três
fique de olho
De qualquer forma, em ambas as há uma participação ativa nessa fase têm um valor de mercado que supera
opções preferidas (o 3-4-3 e o 4-2-3-1), do jogo também. Se essas peças fun- os 200 milhões de euros, mas por en- Bukayo Saka
o foco está em uma saída de bola pelo cionam como o desejado, a progressão quanto não são dominantes pela Se-
chão sempre que possível, concen- das jogadas flui com muito mais natu- leção; existe potencial e é algo a ser Ele pode não ser um dos nomes mais
trando-se na capacidade técnica dos ralidade, mas ainda depende do encai- desenvolvido. Mais à frente, duas va- conhecidos do estrelado grupo inglês,
mas Bukayo Saka tem talento de sobra, é
zagueiros e de pelo menos um lateral/ xe com os outros setores. gas estão praticamente definidas, com consistente e caiu nas graças de Southgate.
ala. Pickford, Maguire e Stones, ape- Mesmo que a dupla de meias cen- Sterling sendo a principal válvula de Não se surpreenda se ele aparecer pelas alas,
sar de não serem os mais consistentes trais seja formada por dois grandes escape para passes em profundidade e mas é provável que tenha minutos na ponta
Kane fazendo de tudo um pouco. direita, onde pode aproveitar dos espaços
abertos por Sterling e Kane. Contribui na
No 3-4-3, o camisa 9 do Tottenham armação e na finalização das jogadas, tendo
recua mais para ajudar na armação, um bom drible e levando perigo nos chutes de
QUADRO TÁTICO momento ofensivo enquanto no 4-2-3-1 ele consegue de-
dicar suas atenções ao que se espera
média distância. Pode ser um trunfo.

de um centroavante. Apesar das crí- Ingleses também sabem driblar


Shaw
ticas incessantes sofridas pelo ponta
Sterling
do City, essa dupla é a mais confiá-
vel e produtiva do elenco; são pilares
10,16 Média de dribles de Sterling
Maior média entre as seleções da copa

de todo o trabalho e os dois que mais


Maguire balançaram as redes também. Os pro- Á queima-roupa
Rice blemas, na verdade, aparecem quando
Kane
falamos de quem complementa o setor 15,6 M Distância média das
finalizações para o gol
ofensivo. Menor média entre as seleções classificadas
Como pode existir problema com
Mount tantas opções de alto nível? Pois bem. É
Phillips a questão que gira em torno do English Artilheiros nas eliminatórias
Team há tempos e só vai ser respon-
Stones dida em campo nessa Copa. Grealish,
Mount, Foden e Saka devem disputar
Harry Kane 12 gols
Walker
uma ou duas posições (a depender da Harry Maguire 4 gols
formação) e, por mais que cada um te-
Saka nha um estilo, a tendência é que todos Bukayo Saka 3 gols
se concentrem em se apresentar entre
A construção dos ataques no 4-2-3-1 costuma seguir essa base. Cada momento pede as linhas e sirvam de conexões para os Eliminatórias UEFA
algo diferente, mas uma premissa é que pelo menos dois jogadores se apresentem para laterais/alas e Sterling/Kane.
construir entre as linhas e outros dois infiltrem para dar opção de passe em profundidade Podem ter certeza também que exis- J V E D GP GC SG
e alargar a defesa. Há a possibilidade de um meia central chegar como elemento
surpresa, enquanto os laterais alternam - enquanto um sobe, outro fica na retaguarda.
tirá muita discussão em torno de Gre- 10 8 2 0 39 3 36
alish, que durante a Euro demonstrava

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grupo b inglaterra

Postura sem a posse de bola Esse é o padrão, mas já vimos a equi-


QUADRO TÁTICO momento defensivo Sem a bola, há motivos para empolga-
ção e também para preocupação. Se por
pe subir a marcação e conseguir mais
controle do jogo como consequência.
um lado o time é bem postado, compac- Há certo medo dessa estratégia também
Shaw Sterling
to e difícil de ser batido, por outro a sen- pelo fato da zaga não ser das mais rápi-
sação é de que o bloqueio dos espaços das, mas bem executada costuma gerar
pode se transformar em passividade e frutos. E, para não deixarmos de citar,
Maguire limitar a capacidade da Seleção. Southgate conta com o super-atleta
Kane Em Copas o jogo reativo costuma Kyle Walker em qualquer uma das for-
Rice dar certo, mas pode ser preciso de mações para fazer a recomposição e o
uma dose de agressividade para não ‘trabalho sujo’ lá atrás. Encontrando um
deixar o adversário confortável. No equilíbrio entre os dois mundos, o resul-
Mount
geral, a Inglaterra faz uma pressão tado pode ser excelente. ∞
Phillips média, sem subir tanto as suas linhas
e focando na marcação das linhas de
Stones passe. O ataque tem uma postura que
se alterna e é no meio-campo se en-
contra a ‘zona agressiva’, onde recu-
perações podem culminar em contra-
Walker Saka golpes perigosos.
elenco
A fase defensiva pode mudar bastante a depender do cenário de cada jogo, mas alguns Goleiros Jordan Pickford (Everton), Nick Pope
pontos se mantêm como padrão. É o caso do miolo do meio-campo como setor de forte (Newcastle United) e Aaron Ramsdale (Arsenal).
atividade na marcação, com agressividade e foco em iniciar contra-ataques, e de pelo
menos uma peça – de preferência Walker – se concentrar na cobertura da última linha, já
que a zaga não tem tanta velocidade.
destaque individual Defensores Trent Alexander-Arnold (Liverpool),
Conor Coady (Everton), Eric Dier (Tottenham),
Harry Maguire (Manchester United), Luke Shaw
Harry Kane (Manchester United), John Stones (Manchester City),
que o time melhorava quando ele era é talvez o ‘diferente’ do grupo, capaz Kieran Trippier (Newcastle United), Kyle Walker
(Manchester City) e Ben White (Arsenal).
chamado. É alguém que consegue fu- de tirar coelhos da cartola. Sancho e É impossível falar da Inglaterra sem falar de
rar defesas fechadas e abrir espaços Rashford, outrora vistos como nomes Harry Kane. Um dos melhores atacantes do Meias Jude Bellingham (Borussia Dortmund), Conor
para os companheiros naturalmente, extremamente empolgantes, agora mundo há algumas temporadas, já atingiu Gallagher (Chelsea), Jordan Henderson (Liverpool),
seja com a forma que segura a bola ou correm por fora. a marca dos 50 gols pela Seleção e é Mason Mount (Chelsea), Kalvin Phillips (Manchester
City) e Declan Rice (West Ham).
com suas conduções agressivas em di- E claro, não podemos esquecer que uma das poucas ‘garantias’ - ou quase isso
reção a área. Mount se destaca por ser uma das principais armas desde 2018 é - do elenco. Se preciso, vai aparecer em Atacantes Phil Foden (Manchester City), Jack
quem mais trabalha sem a bola (e dá a bola parada; bons cruzamentos, bons várias partes do campo para fazer o time Grealish (Manchester City), Harry Kane (Tottenham),
pra traçar um comparativo com o pa- cabeceios (Maguire foi o vice-artilheiro jogar, mas o maior perigo surge quando James Maddison (Leicester City), Marcus Rashford
(Manchester United), Bukayo Saka (Arsenal), Raheem
pel do Griezmann no título da França), da equipe nas Eliminatórias) e jogadas a performance coletiva encaixa e ele
Sterling (Chelsea) e Callum Wilson (Newcastle).
Saka vive em plena ascensão e ofere- ensaiadas que foram cruciais na Rússia pode focar e fazer o que sabe de melhor:
ce de tudo um pouco, enquanto Foden e podem ser no Catar. balançar as redes. Técnico Gareth Southgate

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grupo b irã

A INCÓGNITA IRÃ
Por Lucas Filus

O
Irã chega para a sua tercei- convocação feita pelo seu antecessor
ra Copa do Mundo conse- -, mas conhece bem o elenco e já tem
cutiva como uma incógnita. o apoio dos atletas e da torcida. Se a
Apesar de ser um time sóli- amostra atual é curta, podemos pegar
do e demonstrar capacidade de brigar referências do que foi feito na primei-
por uma vaga no mata-mata em um ra passagem.
grupo que não parece ser dos mais de- E, sem dúvida, o que marca seu time
safiadores, o país e o ambiente do fu- é a competitividade. A base da estraté-
tebol passaram por crises nos últimos gia está em ter uma defesa forte, orga-
meses e é até difícil fazer uma leitura nizada e com um alto nível de concen-
do que está por vir. tração - e partir disso tentar agredir
Ainda mais quando consideramos pontualmente o adversário.
que houve uma troca no comando A formação preferida é no papel um
faltando dois meses para o início do 4-3-3, que em bloco médio se torna um
torneio. Quem conquistou a classifi- 4-1-4-1 e em determinados momentos
cação foi o croata Dragan Skocic, mas chega a virar um 6-3-1 ou um 5-4-1. De
o desempenho não convencia e até início o conjunto tenta ser um pouco
mesmo alguns jogadores se posiciona- mais agressivo na marcação, visando
ram contra sua permanência no cargo. trazer incômodo para a construção do
Então, a saída foi recorrer a um velho adversário e evitar que ele se aproxi-
conhecido que tem muitos créditos: me muito da sua área.
Carlos Queiroz. Mas costuma ser questão de tempo
Foi ele que treinou a equipe nas ver as linhas baixarem mais e a maior
Copas de 2014 e 2018 e as impressões parte do jogo acontecer no campo de-
deixadas são positivas. Não teve tem- fensivo. Os laterais - que devem ser
po para fazer muita coisa nesse re- Moharrami e Hajsafi - podem cen-
torno - apenas dois amistosos, com a tralizar e virar quase zagueiros, pra

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42 43
grupo b irã

povoar as zonas que podem sobrar


QUADRO TÁTICO momento defensivo com tanto jogador na última linha. E,
claro, quem fica lá na frente precisa
destaque individual
Taremi servir para desafogo e puxar contra- Sardar Azmoun
-ataques. Azmoun e/ou Taremi cos-
tumam fazer esse serviço, ajudando a É um dos maiores artilheiros da Seleção,
Hajsafi Ghoddos segurar um pouco a bola para dar res- mas estará voltando de lesão e isso
(Amiri) piro aos companheiros e tentar enga- preocupa. Então, cresce a esperança
tar alguma jogada perigosa. ∞ em Taremi, que vive boa fase no Porto;
Beiranvand
ele contribui na finalização, armação
Khalilzadeh e marcação, com um posicionamento
(Kanaani) Ezatolahi Azmoun
inteligente e a capacidade de ser um
diferencial em jogos que devem ser
Pouraliganji decididos em detalhes.
Nourollahi
Moharrami

Jahanbakhsh
fique de olho
elenco Bola parada
Em um cenário de amplo domínio do adversário, há a chance de vermos um sistema Goleiros Alireza Beyranvand (Persepolis), Amir Devido qualidade técnica reduzida e um
defensivo posicionado no 6-3-1, com os pontas recuando até o final. Abedzadeh (Ponferradina), Payam Niazmand trabalho super curto, devemos ver o Irã
(Sepahan) e Hossein Hosseini (Esteghlal). usando e abusando da bola parada, seja
em faltas, escanteios ou até mesmo em
Defensores Majid Hosseini (Kayserispor), laterais. Jogadores como o próprio Taremi e
preencher totalmente a área e não ter chances claras. Mohammad Hossein Kanaanizadegan (Al-Ahli), Mohammadi podem dar trabalho.
Shojae Khalilzadeh (Al-Ahli), Morteza Pouraliganji
a preocupação de desprender para co- É claro que existe um risco em tra- (Persepolis), Sadegh Moharrami (Dinamo Zagreb),
brir grandes espaços, com os pontas - zer o rival para perto da própria meta, Ramin Rezaeian (Sepahan), Milad Mohammadi (AEK Artilheiros nas eliminatórias
Taremi e Jahanbakhsh são os cotados mas já vimos a defesa fazer um ótimo Athens) e Abolfazl Jalali (Esteghlal).
– se tornando alas. trabalho em limitar as possibilidades,
Dependendo do oponente, há a dificultar a movimentação, bloquear Meias Saeid Ezatollahi (Vejle Boldklub), Ehsan
Hajsafi (AEK Athens), Rouzbeh Cheshmi (Esteghlal),
Sardar Azmoun 10 gols
possibilidade dessa última linha ser finalizações e frustrar planos ofensi- Ahmad Nourollahi (Shabab Al-Ahli), Ali Karimi Karim Ansarifard e
formada por 5 jogadores, com um vos. Independente de quem for titular, (Kayserispor), Saman Ghoddos (Brentford) e Vahid Mehdi Taremi 7 gols
dos pontas recuando e o outro não. nomes como Pouraliganji, Kanaani, Amiri (Persepolis).

Inegociável mesmo é a compactação Khalilzadeh e Hosseini estão bem Atacantes Alireza Jahanbakhsh (Feyenoord), Ali
entre as peças e os setores. Quem tem acostumados com esse cenário. Gholizadeh (Sporting Charleroi), Mehdi Taremi (FC
a bola costuma ter poucos metros Dentro desse contexto, os três meias Porto), Mehdi Torabi (Persepolis), Karim Ansarifard
Eliminatórias ACF
para agir e a proximidade dos marca- centrais – os prováveis são Ezatolahi, (Omonia Nicosia) e Sardar Azmoun (Bayer
J V E D GP GC SG
Leverkusen).
dores faz com que o Irã consiga pas- Nourollahi e Ghoddos/Amiri – têm
sar um bom tempo sem ceder muitas a obrigação de correr bastante para 18 14 1 4 49 8 41
Técnico Dragan Skocic

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grupo b eua

Promessas e incertezas Por Lucas Filus

E
m 2019, quando Gregg Berhalter a última linha de defesa sobe sem-
foi apresentado para o cargo de pre que possível. A zaga conta com
treinador, ele falou em mudar Zimmerman como pilar, sendo forte
a forma que o mundo enxerga nos duelos aéreos. A construção tam-
o futebol dos Estados Unidos. Depois bém começa com os zagueiros, que
de ficar de fora da Copa de 2018, é in- são participativos com a bola, mas tal-
discutível que a equipe melhorou e as vez com o nível de exigência elevado
expectativas para o torneio, apesar de a opção seja por um jogo mais direto.
alguns problemas, são positivas. Afinal O trio de meio-campo tem papel
de contas, para muitos esse é o melhor importante na saída de bola. Adams e
elenco da história do país. McKennie são bons jogadores, mas em
O técnico conseguiu implementar seus clubes têm funções mais de movi-
certo padrão ao longo dos anos e con- mentação e ações sem a posse do que
quistou dois títulos, a Liga das Nações de armação - responsabilidade que
e a Copa Ouro. Chegou a essas taças se aparece nos EUA e às vezes não é bem
baseando em um jogo agressivo e veloz, cumprida. A terceira peça deve ser
com um foco no uso do pressing como Mensah, Reyna ou Aaronson.
arma ofensiva e defensiva, normalmen- O primeiro tem uma técnica refi-
te tendo o 4-3-3 como formação. nada, mas sua fragilidade defensiva
Algumas das constantes são os de- faz com com que possa ficar de lado
sarmes no campo de ataque e as tran- em jogos mais difíceis; o segundo é
sições, que combinam com as caracte- um dos maiores talentos país e cen-
rísticas dos jogadores. Quem joga tem tralizado pode diminuir o sofrimento
a obrigação de fazer essa marcação contra marcações compactas, mas foi
desde as zonas avançadas. muitas vezes utilizado na ponta; e o
Os setores precisam estar próximos terceiro tem bastante intensidade e o
para a estratégia dar certo e por isso time parece levar mais perigo com sua

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46 47
grupo b eua

um ano de artilheiro pelo FC Dallas


QUADRO TÁTICO possível time e também se destaca pela movimen-
tação e armação, enquanto Sargent
destaque individual
e Vazquez conseguem fazer um jogo Christian Pulisic
Robinson Pulisic tradicional de centroavante. Outro
ponto a observar é que os goleiros que Sua carreira por clubes ainda não
estão sendo convocados são reservas deslanchou como prometia o início
Aaronson em seus clubes, mas há uma confian- promissor no Borussia Dortmund, mas
Long (Reyna) ça que Turner chegue em boa forma carregará muita expectativa do país em
no torneio. ∞ suas costas. Ele é quem está no alto nível
Adams Ferreira há mais tempo e suas habilidades – drible,
Turner
(Sargent) velocidade, condução, finalização – serão
cruciais para o time.
Zimmerman
McKennie
fique de olho
Dest Weah
(Reyna) De olho na esquerda

Possível time base dos EUA, com algumas vagas com dono e outras com dúvidas.
elenco Muitas jogadas saem do lateral esquerdo, seja
ele Robinson, ou alguma alternativa, o time
usa e abusa das inversões para aquele flanco,
Goleiros Ethan Horvath (Luton Town), Sean onde ataca com profundidade e velocidade
Johnson (New York City FC), Matt Turner (Arsenal). visando a finalização ou a assistência para
Pulisic, McKennie e Aaronson.
Defensores Cameron Carter-Vickers (Celtic),
movimentação inteligente, mas ainda armando, mas sabe que em um con- Sergiño Dest (Milan), Aaron Long (New York Red
não se consolidou. texto de Copa terá que assumir maio- Bulls), Shaq Moore (Nashville SC), Tim Ream (Fulham), Artilheiros nas eliminatórias
A equipe deve ter um forte trabalho res responsabilidades. Antonee Robinson (Fulham), Joe Scally (Borussia
pelos lados. Principalmente pelo es- Na direita estará a melhor peça de Mönchengladbach), DeAndre Yedlin (Inter Miami CF),

querdo, onde tem Antonee Robinson construção, Dest, que deve ser valioso Walker Zimmerman (Nashville SC). Pulisic 5 gols
como um lateral bem ofensivo. O jo- para a progressão das jogadas; na sua Meias Brenden Aaronson (Leeds United), Kellyn Ricardo Pepi 3 gols
gador do Fulham é alvo de um dos pa- frente, porém, não podemos cravar Acosta (Los Angeles FC), Tyler Adams (Leeds United),
Aaronson,
drões mais claros do time, a virada de
jogo após a construção iniciar na direi-
nada. Reyna ou Aaronson podem fazer
o papel de ponta, com as característi-
Luca de la Torre (Celta Vigo), Weston McKennie
(Juventus), Yunus Musah (Valencia), Cristian Roldan
McKennie,
e Robinson
2 gols
(Seattle Sounders FC).
ta, e sua infiltração deve ser uma arma cas já citadas anteriormente, mas Weah
perigosa. parece ter mais encaixe com o sistema Atacantes Jesús Ferreira (FC Dallas), Jordan Morris
Eliminatórias CONCACAF
Ali também estará Pulisic, a gran- e não será surpresa se ele for o titular. (Seattle Sounders), Christian Pulisic (Chelsea), Gio
Reyna (Borussia Dortmund), Josh Sargent (Norwich
de esperança da nação há anos, que A dúvida também existe no coman- City), Tim Weah (Lille), Haji Wright (Antalyaspor).
J V E D GP GC SG
ultimamente tem participado de for- do de ataque, já que ninguém conse- 14 7 4 3 21 10 11
ma mais vertical e incisiva do que guiu convencer por ali. Ferreira vive Técnico Gregg Berhalter

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48 49
grupo b país de gales

Defesa, transição rápida e Bale - nessa ordem


Por Lucas Filus

P
articipando da Copa do sempre a velocidade. Na marcação,
Mundo apenas pela segunda é possível observar uma pressão alta
vez, Gales sabe que não tem em momentos pontuais. Se acontecer,
nada a perder no Catar. A es- provavelmente terá início com James,
treia foi em 1958, quando perdeu nas que é excelente nesse aspecto. Os
quartas para o Brasil, que seria cam- companheiros acompanham e tentam
peão. Depois, só foi se classificar para incomodar ativamente a saída de bola.
alguma das principais competições Caso contrário, não veem proble-
em 2016, indo até as semis da Euro; foi mas em adotar uma postura mais re-
eliminada novamente para o eventu- traída, fechando as linhas de passe. Na
al campeão, Portugal. Ou seja, é um verdade, esse é o padrão, com os pon-
país que não chega muito, mas quando tas andando alguns metros pra trás e
chega costuma dar trabalho. desenhando um 5-4-1. As peças não
Em novembro, estará sob o coman- são muito agressivas no geral, dan-
do de Rob Page, de 47 anos, que foi in- do tempo para o adversário construir
terino por 19 meses antes de assumir suas jogadas.
definitivamente em junho. Seu time Quem entra bastante em cena é a
costuma usar um 5-2-3, podendo al- zaga, acostumada a realizar muitos
ternar para um 5-4-1, mas já foi de- bloqueios, principalmente com Rodon
monstrado na Euro que existe a possi- e Mepham. Considerando que eles
bilidade de mudanças para serem mais têm companheiros na ‘sobra’, ambos
agressivos, com um 4-3-3. De qualquer podem ser agressivos se aparecer a
forma, independente da formação, al- oportunidade de pressionar. Isso é re-
guns pilares se mantêm. levante se levarmos em conta que por
É uma equipe que se baseia em um vezes a equipe pode passiva além do
sistema defensivo compacto e contra- ideal e defender em um bloco muito
-ataques bem estruturados, buscando baixo, cedendo território suficiente

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50 51
grupo b país de gales

possibilidade da sensação Brennan


QUADRO TÁTICO possível time Johnson cavar uma vaga entre os ti-
tulares se seguir a forma demonstra-
destaque individual
Williams da no Nottingham Forest em 21/22 - e Gareth Bale
James nem a chance de Page optar por uma
dupla (provavelmente Bale e James), Não precisamos reinventar a roda aqui:
Davies reforçando o meio-campo. Na soma Bale, que já está na história do futebol de
dos fatores, é um conjunto com li- Gales, é o principal jogador da equipe e
mitações claras, mas pontos fortes um dos melhores do mundo nos últimos
Morrell igualmente evidentes e capazes de anos se considerarmos apenas partidas
Rodon (Ampadu) surpreender. ∞ por Seleções. Sabemos que ele cresce em
Hennessey Ramsey
ocasiões decisivas e defendendo o seu
(Moore/Johnson)
país, então a esperança da torcida é que
a história se repita.
Mepham Allen

Bale

Roberts fique de olho


elenco
Bale-Ramsey
Possível time base de Gales para a Copa do Mundo; as últimas Datas FIFA e a forma dos Goleiros Adam Davies (Sheffield United), Wayne
jogadores em seus clubes devem servir para tirar as dúvidas existentes. Hennessey (Nottingham Forest), Danny Ward Não são apenas os mais famosos do elenco,
(Leicester). mas também conseguem envolver as defesas
ambos alternando as funções entre armar e
pros oponentes se aproximarem da ofensivas. Uma jogada muito utili- Defensores Ben Davies (Tottenham Hotspur), Ben atacar o espaço, levando muito perigo. A bola
Cabango (Swansea City), Tom Lockyer (Luton
área com tranquilidade. zada é a de triangular por um lado, Town), Joe Rodon (Rennes), Chris Mepham (AFC
parada também é uma arma, dois dos três gols
marcados na última Euro saíram dessa forma.
Outro ponto crucial nesse sentido, atrair a marcação e virar o jogo para Bournemouth), Ethan Ampadu (Spezia), Chris Gunter
partindo para o jogo com a bola, são o lado oposto, onde a situação pode (AFC Wimbledon), Neco Williams (Nottingham
Artilheiros nas eliminatórias
as válvulas de escape. Bale e James ser mais favorável para finalizar. Forest), Connor Roberts (Burnley).

são rápidos, capazes de oferecerem Gales pode jogar com uma refe-
a transição em velocidade, enquanto rência mais fixa, como Moore, ou ter
Meias Sorba Thomas (Huddersfield Town), Joe
Allen (Swansea City), Matt Smith (MK Dons), Dylan
Bale 5 gols
Moore (quando joga) é uma referên- um trio de ataque móvel, com Bale,
cia para a saída pelo alto, tendo um James e Ramsey/Wilson, tentando
Levitt (Dundee United), Harry Wilson (Fulham), Joe
Morrell (Portsmouth), Jonny Williams (Swindon
Ramsey 3 gols
ótimo pivô com seus 1,96m de altura. confundir a marcação e buscando ta- Town), Aaron Ramsey (Nice), Rubin Colwill (Cardiff
City).
Moore e James 2 gols
Mesmo criando as melhores opor- belas rápidas ao redor da área. Vale
tunidades nas transições, quando destacar também que com o trio se- Atacantes Gareth Bale (Los Angeles FC), Kieffer
Eliminatórias UEFA*
constrói o jogo desde o goleiro o time guindo essa linha o time constrói com Moore (AFC Bournemouth), Mark Harris (Cardiff
City), Brennan Johnson (Nottingham Forest), Dan
costuma tentar avançar com pas- mais paciência, enquanto com Moore James (Fulham).
J V E D GP GC SG
ses curtos na defesa, passando para o jogo direto é visto mais vezes. 10 6 3 1 17 10 7
os alas e aí sim acionando as peças Por fim, não podemos descartar a Técnico Robert Page
*+repescagem

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52 53
grupo c
grupo c argentina

la scaloneta Por Gabriel Corrêa

A
pós os problemas enfren- de jogadores considerados bons tecni-
tados na Copa do Mundo camente ao lado de La Pulga.
de 2018 com Jorge Sam- A Copa América 2019 mostrou um
paoli, a Argentina parecia norte, com a Seleção chegando nas se-
sem rumo. O técnico interino Lionel mifinais. Apesar da eliminação para o
Scaloni foi escolhido para seguir o Brasil, o time jogou tão bem quanto os
trabalho enquanto a AFA buscava um campeões do torneio. A partir daqueles
técnico para comandar a Albiceleste. jogos, Messi se sentiu mais confortável,
O tempo passou, e o técnico realizou e a Argentina parecia um time. Após a
testes e trabalhou o fim do ciclo da competição, a permanência de Lionel
geração 85/87 e a renovar a equipe Scaloni foi confirmada. As dúvidas que
com caras “menos conhecidas” e no- pairavam sobre seu trabalho cessaram.
mes que pediam passagem, como Emi Via-se progresso em campo.
Martínez, Montiel, Molina, Foyth, Ro- Dois anos depois, em meio a pande-
mero, Guido Rodríguez, Nico Gonzá- mia, na Copa América de 2021, a geração
lez e Lautaro Martínez. de ouro formada por Messi, Aguero, Di
No histórico recente, a Argentina Maria e cia enfim conquistou um título
nunca teve uma equipe (na acepção da pela Argentina. É a partir deste ponto
palavra), mas sim jogadores de quali- que podemos contar como joga a Ar-
dade e, claro, Lionel Messi liderando gentina de Lionel Scaloni, um time que
a todos em busca do tão sonhado tí- vive um novo momento e aparenta estar
tulo por sua Seleção. A permanência mais confiante que qualquer outra equi-
de Scaloni mudou o cenário inclusive pe classificada para a Copa.
para o camisa 10. Seria a segunda vez
que o mais importante passou a ser A segurança defensiva
jogadores que encaixam com Messi — e o “saber sofrer”
e não tentar colocar o maior número Apesar de não ser um goleiro da elite do

copa footure copa footure

56 57
grupo c argentina

futebol, Sergio Romero sempre entre- O melhor exemplo dessa força mental Otamendi pode não ter trazido confian-
gou atuações de nível na Seleção, vide
a Copa de 2014, e foi difícil encontrar
foi visto na semifinal da Copa América
2021, quando “entrou na cabeça” dos
ça num primeiro momento, mas o fato
é que a Argentina se sente mais segura
fique de olho
um substituto. Depois de tentativas colombianos e defendeu 3 cobranças. com sua presença. Contabilizando Copa
com Armani, chegou uma oportu- A linha defensiva é a que menos mu- América e Eliminatórias, a média de Angel Di Maria, o Clutch Player
nidade para Emi Martínez, do Aston dou nos últimos jogos, com Romero e gols sofridos é de apenas 0.42 por jogo.
Villa. Ele nunca mais deixou a posição. Otamendi sendo os dois pontos de segu- Nas laterais, Molina tomou conta na ‘Fideo’ se tornou o grande escudeiro de Lionel
Mais do que ser importante com defe- rança. O primeiro, por imposição física, direita por sua capacidade de defender Messi e foi responsável por momentos de glória
da Albiceleste. Foi quem marcou o gol do título
sas, ele se tornou uma liderança psi- antecipações, forte jogo aéreo e capaci- e apoiar com a mesma intensidade. Fisi- nas Olimpíadas de 2008, na Copa América
cológica da equipe em momentos de dade de construir desde a defesa. É o za- camente, se trata de um jogador de alto 2021 e na Finalissíma de 2022. Para muitos,
adversidade e até mesmo para atrapa- gueiro que faltou em outros momentos nível e, apesar de tecnicamente estar uma ausência sentida na final de 2014, contra a
lhar os rivais em cobranças de pênalti. para Argentina. Do seu lado, o veterano abaixo de Montiel, por exemplo, entre- Alemanha. O poder de decisão em jogos mais
complicados pode ser uma chave quando os
ga maior segurança. Enquanto do outro adversários estiverem olhando apenas Messi.
lado, Acuña tomou conta da posição
pela dobradinha com Nico González —
QUADRO TÁTICO momento ofensivo
e depois Lo Celso — e sua alta capacida- Artilharia ofensiva
de física de chegar ao fundo e encontrar
Acuña bons cruzamentos para Lautaro. 59 Finalizações de Messi
Maior finalizador das eliminatórias

A Argentina dos meio-campistas


Leandro Paredes, Giovani Lo Celso e Barreira defensiva
Otamendi Lautaro Rodrigo De Paul formam uma trinca que
Mac Allister
se complementa. No esquema 4-1-3-2
— e suas variações para 4-4-2 e 4-3-1-2 8,47 Interceptações de C. Romero
Maior interceptador entre as seleções da copa
(métrica de interceptação ajustada
E. Martínez —, a Argentina tem no centro do campo por posse de bola)
Paredes Messi
o núcleo do seu jogo. O volante da Juven-
Romero tus é quem dita o ritmo da saída de bola,
seja ao lado de Otamendi e Romero para Artilheiros nas eliminatórias
iniciar numa saída de três, seja nas cos-
De Paul Di Maria tas da linha de marcação para receber Messi e Lautaro 7 gols
o passe dos zagueiros e acelerar o lan- N. González
ce. No seu lado direito, De Paul é quem e Di Maria 3 gols
se conecta mais com Lionel Messi e Di
Molina
Maria. Ele tem capacidade de infiltrar
J. Correa 2 gols
na área e finalizar, iniciar a pressão pós-
-perda da equipe e compensar os movi- Eliminatórias CONMEBOL
O objetivo da Argentina quando ataca os adversários é juntar o maior número de mentos do camisa 10 quando ele baixa
jogadores possíveis no setor da bola para criar superioridade e possibilidades de tabela
curta. As jogadas são predominante pelo lado direito, com De Paul, Messi, Di Maria
para participar da jogada. J V E D GP GC SG
conectados. O trio busca lançamentos para Lautaro Martínez ou inversões rápidas para Do lado esquerdo, o mais versátil: 17 11 6 0 27 8 29
Acuña, geralmente livre do lado oposto. Lo Celso. O jogador do Villarreal já foi

copa footure copa footure

58 59
grupo c argentina

Higuain, que encaixou bem na equipe É ele quem tem a liberdade de estar em
QUADRO TÁTICO momento defensivo por um bom tempo. O “achado” de Lau-
taro Martínez acabou sendo um casa-
todos os lados do campo, seja recuando
para iniciar uma construção e atrair a
mento perfeito para Leo. marcação, seja entrando na área para
Acuña Mac Allister O centroavante da Internazionale é receber cruzamentos rasteiros e finali-
solidário o suficiente para iniciar os mo- zar. Todo esse contexto da Seleção cria-
vimentos de pressão e compensar em do por Lionel Scaloni forma uma Ar-
algum momento Messi na fase defensiva gentina coesa do início ao fim. Um time
Paredes sem deixar de ser agressivo para receber que tem a bola como prioridade através
Otamendi Lautaro
os passes nas costas de linha de marca- da busca por passes curtos e toques rá-
E. Martínez
ção adversária ou segurar a bola como pidos e que consegue ser agressiva na
um pivô — algo que ainda está em evo- hora de defender, seja em bloco alto,
lução — para as tabelas curtas por den- médio ou baixo. ∞
De Paul
Romero Messi tro. ‘El Toro’ se tornou uma peça chave
para o funcionamento.

O centro de tudo
Di Maria No final das contas, todo este funciona-
Molina mento se deve a uma peça: Lionel Messi.
elenco
Goleiros Emiliano Martínez (Aston Villa), Franco
Em fase defensiva, um 4-4-2 de bloco médio, com destaque para Lautaro Martínez, que
compensa mais Lionel Messi e fica numa linha abaixo do camisa 10. Na esquerda, Lo Celso
é o responsável por acompanhar Acuña no momento defensivo.
destaque individual Armani (River Plate) e Gerónimo Rulli (Villarreal).

Defensores Nahuel Molina (Atlético Madrid),


Gonzalo Montiel (Sevilla), Cristian Romero
Lionel Messi (Tottenham), Germán Pezzella (Betis), Nicolás
Otamendi (Benfica), Lisandro Martínez (Manchester
uma espécie de segundo volante, ao América. A capacidade de reter a bola, “Ele só vai bem no clube e não na Seleção”. United), Marcos Acuña (Sevilla), Nicolás Tagliafico
lado de Paredes, e agora é um meia- circular e “escolher” o ritmo da partida Uma falácia contada mil vezes se tornou (Lyon) y Juan Foyth (Villarreal).

-esquerda que, na fase de construção, é digna de ótimo tango. O trio, que em verdade no apelo popular, mas que nos
Meias Rodrigo De Paul (Atlético Madrid), Leandro
abre o corredor para Acuña e se soma alguns momentos se torna quinteto pela últimos anos acabou devido aos títulos Paredes (Juventus), Alexis Mac Allister (Brighton),
aos meio-campistas por sua capacida- presença de Di Maria e Lionel Messi, conquistados. Leo Messi segue sendo Guido Rodríguez (Betis), Alejandro Gómez (Sevilla),
de de reter a bola e encontrar os pas- pode ser uma chave ao longo do Qatar. o principal e mais influente jogador da Enzo Fernández (Benfica) e Exequiel Palacios (Bayer
Leverkusen).
ses na entrelinha. Na fase defensiva, Argentina, mas agora com um “toque
retorna pelo lado esquerdo, função Um ataque solidário Maradoniano”. Manteve a leveza dos seus Atacantes Lionel Messi (PSG), Lautaro Martínez
semelhante à realizada no Submarino Apesar de ser o melhor amigo de Messi dribles e passes sem perder a objetividade, (Inter de Milão), Ángel Di María (Juventus), Julián
Amarelo, porém no lado oposto. fora de campo, Sergio Aguero nunca foi sendo cada vez mais letal. Naquela que Álvarez (Manchester City), Paulo Dybala (Roma),
Nicolás González (Fiorentina), e Joaquín Correa
É no meio-campo que observamos a exatamente uma peça complementar ao pode ser sua ‘Última Dança’ em Copa do
(Inter de Milão).
maior evolução coletiva da Argentina, camisa 10 e, mesmo sendo um artilhei- Mundo, o camisa 10 parece mais focado e
principalmente após o título da Copa ro nato, se tornou reserva de Gonzalo jogando cada vez melhor pela Seleção. Técnico Lionel Scaloni

copa footure copa footure

60 61
grupo c arábia saudita

A força coletiva para surpreender


Por Matheus Soares

L
onge dos holofotes e do favoritis- buscando preencher os espaços de
mo que cercam as seleções mais maneira consciente e com total entre-
badaladas, a Arábia Saudita che- ga sem a bola. Além disso, essa força
gará ao Mundial com um único e organização do conjunto potenciali-
objetivo: competir. Depois de mais uma zou ainda mais alguns jogadores indi-
campanha sólida em Eliminatórias, vidualmente, como os atacantes Saleh
sofrendo apenas uma derrota para o Al-Shehri e Salem Al-Dawsari. Juntos
Japão, o próximo grande desafio do balançaram as redes 14 vezes (sete
técnico francês Hervé Renard é fazer gols cada) e criaram muitas chances
com que a equipe suporte a pressão de gols. Outros jogadores também se
dos três fortes adversários que terá no notabilizaram e tiveram desempe-
grupo C: Argentina, Polônia e México, nhos satisfatórios nesse caminho até
equipes indubitavelmente superiores a classificação para a Copa do Mundo
e com maiores projeções na compe- e carimbaram seus nomes em mais
tição. O foco estará em proporcionar uma edição, caso do experiente la-
o máximo de dificuldade para, quem teral Yasser Al-Shahrani, o volante
sabe, pontuar e fazer uma campanha Mohamed Kanno e do importantís-
compatível com a trajetória digna de simo atacante Fahad Al-Muwallad.
orgulho até aqui, e por que não tentar Tudo isso sob a liderança do capitão
repetir o feito da Copa de 1994 onde Salman Al-Faraj, que com seus 33 anos
alcançaram as oitavas de final? No fu- quer seguir fazendo história e forta-
tebol tudo é possível. lecer o legado que deixará quando se
Foram 13 vitórias em 18 jogos, com despedir da seleção.
34 gols marcados e 10 sofridos, além Vários pontos interessantes mere-
de atuações mais do que convincen- cem destaque até o começo da compe-
tes no contexto coletivo. Em todos os tição e um deles é como jovens jogado-
jogos se via uma equipe colaborativa, res foram inseridos neste ciclo. Estreias

copa footure copa footure

62 63
grupo c arábia saudita

Al-Dawsari desequilibrou e se tornou


QUADRO TÁTICO saída de bola fundamental para a sequência de bons
resultados da Arábia, principalmente
destaque individual
Al-Shahrani
no ano passado. O que fica em questão Salem Al-Dawsari
Al-Boleahi é: sendo propositivo o time se portou
Al-Dwasari
bem e teve o desempenho esperado, O cara do time nessas Eliminatórias
porém em um contexto de copa, ten- contribuiu muito além dos gols. Efetivo em
do que adotar uma postura mais reati- dribles e extremamente veloz para vencer
va por conta da inferioridade técnica, duelos individuais, é um atacante de muita
Al-Shehri fica a curiosidade de como será o de-
Al-Najei influência e tem tudo para ser uma boa
Kanno sempenho da equipe. ∞
Al-Owais saída nos contra-ataques da equipe.

Al-Amri
Al-Malki
Al-Muwallad
fique de olho
Mestre das interceptações
Al-Ghannam

12,45 Média por jogo de Ali Al-Boleahji


Independente do adversário, seja ele inferior ou não, a equipe não abre mão das saídas
elenco Maior média entre as seleções classificadas
pela àsia (ajustada pela posse)

curtas com o volante gerando apoio para acionar os jogadores mais avançados.
Enquanto isso, os laterais compõem a segunda linha e dão mais profundidade nas Goleiros Mohamed Al-Owais (Al-Hilal), Nawaf Al-
investidas ofensivas. Aqidi (Al-Nassr) e Mohamed Al-Yami (Al Ahly).
Dificuldade de finalizar

Defensores Yasser Al-Shahrani (Al-Hilal), Ali


Al-Bulaihi (Al-Hilal), Abdulelah Al-Amri (Al-Nassr), 0,16 xG por finalização
Melhor média entre as seleções classificadas
“precoces” e uma longa rodagem para campo ofensivo, os “Falcões Verdes” Abdullah Madu (Al-Nassr), Hassan Tambakti (Al- pela àsia (ajustada pela posse)
que, no momento certo, as oportunida- são uma das equipes mais organiza- Shabab), Sultan Al-Ghanam (Al-Nassr), Mohammed
des como titulares pudessem aparecer, das do continente. Isso fez com que a Al-Breik (Al-Hilal) e Saud Abdulhamid (Al-Hilal).

e para alguns já se tornassem realida- confiança se elevasse e os números fa-


de. Os zagueiros Abdulelah Al-Amri e lam por si. Os jogadores que ocupam a
Meias Salman Al-Faraj (Al-Hilal), Riyadh Sharahili Artilheiros nas eliminatórias
(Abha), Ali Al-Hassan (Al-Nassr), Mohamed Kanno
Hassan Tambakti, os laterais Nasser Al- faixa central, dependendo da partida e (Al-Hilal), Abdulelah Al-Malki (Al-Hilal), Sami Al-
Dawsari e Saud Abdulhamid, e o ata- sua complexidade, com um homem ou Najei (Al-Nassr), Abdullah Otayf (Al-Hilal), Nasser Salem Al-Dawsari
cante Firas Al-Buraikan são os nomes dois, são peças fundamentais para o Al-Dawsari (Al-Hilal), Abdulrahman Al-Aboud (Al-
Ittihad), Salem Al-Dawsari (Al-Hilal), e Hattan Bahebri
e Saleh Al-Shehri 7 gols
do presente e futuro. Todos com menos funcionamento do jogo. Na saída com (Al-Shabab).
de 25 anos de idade e uma longa cami- três jogadores, baixam para receber Eliminatórias AFC
nhada pela frente representando o país. e acionar os companheiros da frente. Atacantes Fahad Al-Muwallad (Al-Shabab),
Haitham Asiri (Al Ahly), Saleh Al-Shehri (Al-Hilal) e
Alternando entre 4-2-3-1 e o 4-1-4-1, Os laterais extremamente ofensivos se Firas Al-Buraikan (Al-Fateh).
J V E D GP GC SG
saindo com bolas curtas e prezan- infiltram para puxar a marcação e dar 18 13 4 1 34 10 24
do pela posse para gerar volume no liberdade aos pontas. Foi assim que Técnico Hervé Renard

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64 65
grupo c méxico

México e a sina das oitavas


Por Matheus Soares

N
ão se pode subestimar uma superar as expectativas com o técnico
seleção como a do México por argentino. Outro ponto que pesa nega-
tudo que são capazes, prin- tivamente é a ausência do ídolo Javier
cipalmente pela dificuldade “Chicharito” Hernández, fora da sele-
que impõem aos adversários. Garra, ção há três anos, mas que seguia ainda
qualidade técnica e poder coletivo nun- muito pedido pelos torcedores e que
ca faltaram para essa seleção que che- tinha a expectativas de voltar a ser
ga para a oitava participação consecu- chamado. As possibilidades foram en-
tiva em Copas. Como nas últimas sete cerradas pelo treinador, quando teve
edições, o objetivo é passar da fase de uma conversa franca com o atacante
grupos, mas tem algo que eles tentarão e o explicou os motivos da “exclusão”:
mudar: o destino após esta fase. Mesmo opções melhores e principalmente
vendendo caro a classificação, os mexi- mais jovens atuando bem e em níveis
canos voltaram para casa com um gos- mais altos. Os atritos do passado fo-
to amargo de que dava pra ir além. Em ram resolvidos, mas nada convenceu
2018, o algoz foi o Brasil. Os astecas su- Martino de que ter o maior artilheiro
portaram os primeiros 45 minutos, mas da história da seleção de volta fosse
na segunda etapa o talento canarinho positivo neste momento.
prevaleceu e a eliminação mais uma Muitas lições podem ser tiradas
vez assombrou os mexicanos. desta campanha e do trabalho de
Nas eliminatórias viveram al- Tata Martino no período pré-Copa.
tos e baixos, confirmaram a vaga ao A desorganização defensiva em de-
Mundial, porém o momento fora de terminados momentos, como nas bo-
campo não é dos melhores. A des- las paradas, foi um fator que chamou
confiança sobre o trabalho de Tata a atenção e ligou um sinal de alerta
Martino persistiu e o torcedor não está mesmo a equipe tendo sofrido ape-
muito convencido de que é possível nas oito gols em toda a qualificatória.

copa footure copa footure

66 67
grupo c méxico

Outra preocupação é a corrida


QUADRO TÁTICO infiltração de Arteaga para ter os principais jogadores em
boas condições clínicas. Poucos esta-
destaque individual
rão 100% fisicamente, mas quem re- Guillermo Ochoa
quer mais atenção do departamento
Arteaga médico é o principal atacante, Raúl O experiente goleiro participou de todos
Jiménez, que trata uma pubalgia e foi os jogos das Eliminatórias e foi importante
Moreno montada uma operação para deixá-lo em momentos chave da competição com
Rodríguez em condições de ir ao Catar. Por ou- defesas de extrema dificuldade. Além
Guardado tro lado, Henry Martín, Rogelio Funes disso, teve grande participação construtiva
Vega
Mori e Santiago Giménez são outras com passes curtos (99,6% de acerto) e
Ochoa
boas alternativas. ∞ longos (77,8% de acerto).
Martín

E. Álvarez
(Gutiérrez)
fique de olho
Araújo

K. Alvarez
Muita bola alçada
Lozano
(Antuna)
20,8 Cruzamentos por jogo
Segunda maior média entre as seleções

Um exemplo do último jogo disputado pela equipe mexicana, onde o lateral Gerardo
Arteaga avança e recebe entre lateral e zagueiro adversário. O extrema pelo lado
elenco classificadas (no período entre copas)

esquerdo puxou a marcação com auxílio do atacante referência possibilitando a Muita bola longa
infiltração para receber em condições de finalizar. O passe surpreendeu a linha defensiva, Goleiros Guillermo Ochoa (Club America), Rodolfo
que viu Arteaga fazer o segundo gol da partida. Cota (Leon) e Alfredo Talavera (Juarez).

Defensores Nestro Araujo (Club America), Jesus


28,7 Acerto em passes longos por jogo
Segunda maior média entre as seleções
A pressão no portador da bola muitas Alexis Vega, Hirving Lozano e Uriel Gallardo (Monterrey), Gerardo Artega (Genk),
classificadas (no período entre copas)

vezes ineficiente, seguida pela postura Antuna tiveram grande influência na Hector Moreno (Monterrey), Jorge Sanchez (Ajax),
dos defensores mal posicionados, co- construção de jogadas pelos lados. Johan Vazquez (Cremonese), Cesar Montes Artilheiros nas eliminatórias
(Monterrey) e Kevin Alvarez (Pachuca).
locava todo o sistema em risco obri- Já no meio, Carlos Rodríguez, Edson
gando Ochoa a trabalhar. Por fim, a Álvarez e Héctor Herrera cumpriram
pouca produtividade ofensiva tendo bem este papel de chegada ao setor
Meias Erick Gutierrez (PSV), Orbelin Peneda (AEK
Athens), Hector Herrera (Houston Dynamo), Carlos
Raúl Jimenez 3 gols
tantas opções interessantes também ofensivo dando opções a quem tem a Rodriguez (Cruz Azul), Andres Guardado (Real Betis), Henri Martin
causou questionamentos. bola. De modo geral, o desempenho Roberto Alvarado (Chivas), Edson Alvarez (Ajax), Luis
Chavez (Pachuca), Uriel Antuna (Cruz Azul) e Luis
e Alexis Vega 2 gols
Ofensivamente a equipe busca im- visto deixou margens para melhorias. Romo (Monterrey).
por seu jogo acionando os pontas que A poucas semanas do início da com- Eliminatórias CONCACAF
ataam em velocidade o espaço, en- petição, um dos principais desafios Atacantes Hirving Lozano (Napoli), Rogelio Fuenes
Mori (Monterrey), Henry Martin (Club America), Raul
quanto a referência ofensiva abre es- será organizar o setor e aumentar a Jimenez (Wolves) e Alexis Vega (Chivas).
J V E D GP GC SG
paços pelo meio com apoio dos vo- geraração de oportunidades contra 14 8 4 2 17 8 9
lantes pisando na área. Foi assim que defesas mais sólidas. Técnico Tata Martino

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68 69
grupo c polônia

EM BUSCA DA CALMA
Por Gabriel Corrêa

O
2022 da Polônia foi bastan- fase ofensiva com variações defensi-
te conturbado. Quando es- vas no 5-4-1 ou 5-3-2 que explicare-
tava próxima de garantir a mos ao longo desta análise.
classificação para a Copa A Polônia tenta usar a nova regra
do Qatar, o treinador Paulo Sousa da saída de bola – com zagueiros
deixou a Seleção rumo ao Flamengo podendo ficar dentro da área – para
– em passagem que acabou não ten- atrair a marcação adversária. Desta
do final feliz ao português. Alguns forma, dois dos três defensores fi-
jogadores chegaram a considerar o cam próximos de Szczęsny e, então,
treinador um “traidor” por afirmar o goleiro da Juventus buscando uma
que não deixaria a equipe bola longa para a dupla de atacantes:
No seu lugar, o ex-jogador ​Czesław Milik e Lewandoswki, com o primeiro
Michniewicz foi escolhido para co- sendo mais utilizado neste momento
mandar os polacos e garantir a clas- pela altura e capacidade de jogo pelo
sificação ao vencer a Suécia por 2-0 alto. A partir desse momento, a equi-
nas Eliminatórias Europeias — além, pe já tenta ganhar campo para atacar
claro, do cancelamento da partida fi- o adversário o mais rápido possível.
nal contra a Rússia. Caso o rival não pressione tão alto,
No grupo C, com Argentina, o zagueiro da esquerda (Kiwior) abre
México e Arábia Saudita, não é de se como um lateral para equipe ganhar
duvidar a classificação da Polônia mais um jogador no meio-campo em
para as oitavas de final. fase de construção. De qualquer for-
Com poucos jogos para testes, ma, o jogo polonês acaba por ser bas-
não devemos ter muitas mudanças tante “simples” com a tentativa cons-
na estrutura da Polônia na Copa do tante das inversões longas a partir de
Mundo. Uma equipe que busca um Linetty e Krychowiak para os alas
jogo mais direto, atua no 3-1-4-2 em (Zalewski na esquerda e Frankowski

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70 71
grupo c polônia

mesmo estar no banco de reservas


QUADRO TÁTICO possível time para a entrada de Szymanski.
Os zagueiros tentam ser bastan-
destaque individual
Zalewski te agressivos para recuperar a bola, Robert Lewandowski
seja pelo alto ou por baixo, com Glik
sendo a liderança do sistema. Apesar Não é por acaso que Robert Lewandowski
Kiwior Milik disso, a equipe tem certa dificulda- é a referência técnica e capitão da
Zielinski de para defender os lados do campo Polônia. O jogador do Barcelona é uma
quando os alas sobem pressão e aqui peça chave para o funcionamento do
Krychowiak deve ser o ponto para o treinador fo- time por diversos motivos. Primeiro, pela
Glik car ao longo da competição. ∞ (óbvia) capacidade de finalização. Nas
Szczesny
últimas 5 temporadas, sempre marcou
mais de 40 gols por clube + seleção.
Lewandowski
Além disso, chega em boa fase individual
Bednarek Zurkowski
apesar da eliminação do Barcelona na
Champions. Depois disso, sua capacidade
Bereszynski de gerar jogo de costas fazendo pivô para
os companheiros entrarem no espaço e
marcarem. Se os polacos sonham com
elenco uma classificação — que é bastante
possível no grupo —, precisam encontrar
Krychowiak virou um camisa 5 para ajudar na construção da Polônia, mas o jogo segue
focado na dupla de ataque: Milik e Lewa são peças chave para o funcionamento dos Goleiros Wojciech Szczesny (Juventus), Lukasz seu artilheiro ao longo dos jogos.
ataques polacos com apoios e pivôs, além do aproveitamento dentro da área. Skorupski (Bologna), e Bartomiej Dragowski (Spezia).

Defensores Jan Bednarek (Aston Villa), Bartosz

na direita) e então chegar na área ra- tem muito bem definida a sua fase Bereszynski (Sampdoria), Matty Cash (Aston Villa),
Kamil Glik (Benevento), Robert Gumny (Augsburg),
fique de olho
pidamente com os dois atacantes e defensiva e, assim como diversas Artur Jedrzejczyk (Légia Varsóvia), Jakub Kiwior
Zielinski podendo estar na entrada equipes, apresenta uma linha de 5 (Spezia), Mateusz Wieteska (Clermont Foot) e Nicola
da área ou já infiltrando também. com variações de acordo com o se- Zalewski (Roma). Artilheiros nas eliminatórias
O jogo polonês é muito focado em tor da bola. Quando enfrenta ad- Meias Krystian Bielik (Birmingham City),
seus atacantes e Lewandowski pode versários de mesmo nível, a Seleção
ser uma arma também no jogo curto da Polônia utiliza o 5-3-2, mas com
Przemyslaw Frankowski (Lens), Kamil Grosicki
(Pogoń Szczecin), Jakub Kaminski (Wolfsburg),
Lewandowski 13 gols
realizando apoios/pivôs – algo que o ala subindo pressão se a bola esti- Grzegorz Krychowiak (Al-Shabab Riad), Michal Adam Busca
9 gols
ele fazia no Bayern e, também, faz no ver do seu lado, fazendo com que o Skóras (Lech Poznań), Damian Szymanski, Sebastian e Swiderski
Szymanski (Feyenoord), Piotr Zielinski (Napoli) e
Barcelona – para a entrada de outros time defenda praticamente em 4-4-2 Szymon Zurkowski (Fiorentina).
jogadores. Se quiser ter sucesso na num bloco médio/alto. Caso enfren- Eliminatórias UEFA
competição, precisa encontrar boas te um adversário mais forte, é possí- Atacantes Robert Lewandowski (Barcelona),
Arkadiusz Milik (Juventus), Krzysztof Piatek
jogadas e utilização do jogo de costas vel observar uma variação em 5-4-1 (Salernitana) e Karol Swiderski (Charlotte FC).
J V E D GP GC SG
dos seus atacantes. em bloco médio e Milik podendo se 10 6 2 2 30 11 19
A equipe de Czesław Michniewicz desdobrar pelo lado do campo ou até Técnico Czesław Michniewicz

copa footure copa footure

72 73
grupo d
grupo d frança

Consagração total ou fim de ciclo


Por Renato Gomes

D
idier Deschamps e a seleção Copa da Rússia já não se aplica mais
da França caminham rumo à ao contexto atual.
Copa entre o céu e o inferno. O maior exemplo é o de Blaise Ma-
Seu futuro já foi dado como tuidi, que foi uma das peças funda-
aberto para Noël Le Graet, presiden- mentais na mudança do 4-3-3 para o
te da Federação, e tudo depende dos 4-4-2 quando fechou o lado esquerdo
resultados obtidos no Catar. Com con- do meio-campo dentro do novo siste-
trato válido até o Mundial e a sombra ma contra o Peru, dentro da segunda
de Zinedine Zidane cada vez mais for- rodada do Mundial de 18, terminan-
te, já que um dos maiores ícones do do a campanha com a taça na mão e
país já declarou publicamente o desejo a mesma organização. Ainda há outro
de treinar os Bleus, Deschamps preci- fator determinante na equação: o re-
sa achar um caminho para encaixar de torno de Karim Benzema, nome que
vez a geração que pode ser considera- retornou em 2021 assumindo a titula-
da a mais talentosa de todos os tempos ridade de forma incontestável e assim
do futebol francês. obriga o time a adotar outro compor-
Em 2021, a França encerrou as Eli- tamento com sua presença.
minatórias com uma campanha bas- A evolução de Kylian Mbappé como
tante positiva. Foram 18 pontos con- jogador também é mais um ponto a
quistados com cinco vitórias e três ser considerado. Kylian não é mais o
empates em oito jogos disputados e jogador de transições que fez a balan-
a passagem rumo ao Catar veio sem ça pesar a favor da França na Rússia e
grandes problemas. Mas, apesar dos hoje assumiu uma responsabilidade e
resultados, o desempenho não foi dos tem um repertório de jogo muito mais
mais agradáveis dentro de campo e amplo, inclusive assumindo até a co-
a estratégia que fez a França se tor- brança de bolas paradas (escanteios e
nar a campeã do mundo em 2018 na faltas) pela seleção nacional.

copa footure copa footure

76 77
grupo d frança

Com vários problemas envolvendo com o objetivo de dar liberdade para da com Lloris, Varane, Pogba, Griez-
a organização da equipe mesmo com
uma gama de talento disponível, a
o trio de ataque composto por Griez-
mann, Benzema e Mbappé. Foi dentro
mann e Mbappé, há talento de sobra
com o retorno de Benzema e a ascen-
fique de olho
França teve uma péssima participação das próprias Eliminatórias que Didier são de promessas como Tchouaméni e
na Euro 2020, culminando na trágica Deschamps virou a chave em relação Nkunku, mas com Didier Deschamps Christopher Nkunku
eliminação para a Suíça nas quartas ao esquema contra a Finlândia. Con- prezando pelo equilíbrio e a solidez
de final da competição, e realizou dois sequentemente, com uma nova orga- defensiva para evitar riscos, todo esse Não era uma figurinha carimbada na seleção
amistosos que não passaram de empa- nização em campo, os frutos vieram talento talvez ainda pode chegar na francesa até 2022, quando foi recompensado
com a convocação depois de uma campanha
tes em 1 a 1 contra Bósnia e Ucrânia. com o título da Nations League. França sem uma cara definida. sensacional com a camisa do Leipzig. O
Assim, o selecionador francês re- Entre trocas e testes, o principal atacante revelado pelo PSG se tornou um
solveu dar outra cara à equipe com dilema da França envolve a forma Com qual esquema? nome importante mesmo com pouco tempo
a mudança de sistema, promoven- como a seleção irá jogar. A coluna “Sempre há um sistema prioritário. Fo- vestindo a camisa azul por sua capacidade em
se associar com companheiros e dar dinâmica
do a passagem para a linha de cinco vertebral da equipe estava estabeleci- mos bem com três na defesa, mas esse ao ataque com poucos toques na bola, além
sistema pede um grande nível físico, de ser capaz de dar continuidade às jogadas
pois há muita compensação. Por isso em espaços mais reduzidos, saindo da ponta
que fomos buscar algo mais racional, até o centro do campo no 4-3-3 utilizado nos
jogos de junho. Finalmente, Antoine Griezmann
QUADRO TÁTICO momento ofensivo num sistema que permite controlar
melhor os lados do campo”. As pala-
possui uma sombra e a última campeã do
mundo tem uma alternativa para mudar de
vras de Deschamps para a TV francesa sistema caso for necessário.
Theo H. após o jogo da Nations League contra
a Croácia em junho foram claras: o sis-
Lucas H. tema de três na defesa é o preferido. O passe é a chave
Rabiot Prezando pelo equilíbrio, o novo
esquema provou ser o mais adequa-
Mbappé
do envolvendo os nomes disponíveis e 17,7 Passes por minuto
Maior média entre as seleções classificadas

o posicionamento do time em campo


para criar ocasiões. Com uma orga-
Benzema nização em 3-2-5 com a bola (três za-
Varane Griezmann Artilheiros nas eliminatórias
Lloris gueiros, dois volantes e os alas se unem
ao trio de ataque), a França conseguiu
Tchouameni
ter uma estrutura melhor, que ocupa Griezmann 6 gols
as cinco faixas do campo.
Nem sempre perfeito, já que não
Mbappé 5 gols
Koundé existem grandes mecanismos táticos, Benzema 3 gols
ter a bola para criar contra defesas
Coman baixas nem sempre é a melhor saída Eliminatórias UEFA
para a França, que em muitas situa-
ções acaba atacando em “U”, cercan- J V E D GP GC SG
Quando ataca, busca um 3-2–5 com os alas ficando pelo lado do campo e Griezmann, do a defesa adversária sem agredir e
Mbappé e Benzema se procurando e trocando de posição. 8 5 3 0 18 3 15
atacar os espaços.

copa footure copa footure

78 79
grupo d frança

da não foram totalmente soluciona- blemas da França. Para uma seleção


QUADRO TÁTICO momento defensivo dos. Se a resistência defensiva perto da
própria área sempre foi a grande mar-
que confia na capacidade individual
para defender, ter seu time superado
ca da França de Didier Deschamps, a num 5+2 (linha de cinco com volantes)
Theo H. equipe mostrou fragilidades quando ou 4+3 (quarteto defensivo com o trio
falamos sobre pressão. de meias) não é a melhor das ideias.
Com a sua primeira linha de mar- Como um treinador que pensa o
Mbappé cação desconectada do restante da jogo de maneira compartimentada, o
Lucas H.
equipe, qualquer adversário é capaz grande desafio da França está em re-
Rabiot
de eliminar os jogadores que iniciam cuperar a solidez que fez o time che-
o movimento de pressionar e, como gar na final da Euro de 2016 e conquis-
Griezmann
consequência, a defesa, em inferiori- tar a Copa em 2018. ∞
dade numérica e exposta, dá tempo e
Lloris Varane
Benzema espaço para o oponente avançar, prin-
cipalmente pelos lados do campo.
Tchouameni Assim, Rabiot e Tchouaméni ficam
expostos e sobrecarregados. Mesmo
Koundé possuindo uma grande capacidade nos
duelos e um volume de jogo acima da
Coman
média no aspecto defensivo, não serão
eles que irão solucionar todos os pro-
elenco
Goleiros Alphonse Areola (West Ham), Hugo Lloris
A equipe da França defende em 5-2-1-2 com maior liberdade para o trio de ataque. (Tottenham), Steve Mandanda (Rennes).

destaque individual Defensores Lucas Hernandez (Bayern Munich),


Théo Hernandez (Milan), Axel Disasi (Mônaco),
Por outro lado, é nos ataques rá- exemplo, a França possui armas para Ibrahima Konaté (Liverpool), Jules Koundé
pidos e nas transições que a última incomodar qualquer adversário. Kylian Mbappé (Barcelona), Benjamin Pavard (Bayern Munich),
campeã do mundo é forte, principal- Caso opte por outros esquemas, William Saliba (Arsenal), Dayot Upamecano (Bayern
mente no setor esquerdo. Com quali- Deschamps pode ter encontrado sua Seu ofensivo completo e sua capacidade Munich), Raphaël Varane (Manchester United).

dade na condução, Theo Hernández carta na manga visando o encaixe em desequilibrar são suficientes para
Meias Eduardo Camavinga (Real Madrid), Youssouf
complementa o perfil de jogadores com quatro na defesa: Christopher decidir partidas sozinho. Mbappé não Fofana (Monaco), Mattéo Guendouzi (Olympique
como Mbappé, que se movimenta para Nkunku. O papel que o francês do Lei- pode ser mais resumido só como um de Marselha), Adrien Rabiot (Juventus), Aurélien
buscar a bola no pé, Griezmann, que pzig teve saindo da ponta com liber- atacante de velocidade. O desempenho Tchouaméni (Real Madrid), Jordan Veretout
(Olympique de Marselha).
ocupa os espaços vazios se tornando dade de movimentação praticamente na temporada 2021/22 da Ligue 1 ajuda
um apoio para o portador da bola, e carimbou seu passaporte para o Catar. a exemplificar a transformação desde Atacantes Karim Benzema (Real Madrid), Kingsley
Benzema, um atacante completo. Se 2018 com uma participação decisiva: Coman (Bayern Munich), Ousmane Dembélé
Pogba era a referência para lançar Uma defesa passiva 28 gols e 17 assistências em 35 jogos (Barcelone), Olivier Giroud (Milan), Antoine
Griezmann (Atlético de Madrid), Kylian Mbappé
seus companheiros e a qualidade in- Os problemas defensivos mostrados como uma referências técnicas da
(PSG), Christopher Nkunku (Leipzig).
dividual segue afiada, seja com o trio na Euro 2020 (só não sofreu gols con- equipe jogando entre o centro e o lado
de ataque ou Coman na ala direita, por tra a Alemanha na fase de grupos) ain- esquerdo do ataque. Técnico Didier Deschamps

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80 81
grupo d austrália

O declínio australiano
Por Renato Gomes

“B oa era a época de Tim Cahill,


Mark Viduka e Harry Kewell”
poderia ser muito bem uma
frase dita por um torcedor
conta com suas principais individua-
lidades, como o volante Aaron Mooy.
É graças ao volante que a dinâmica
ofensiva da equipe melhora através de
mais fanático, que sente saudades e sua visão de jogo e inteligência tática,
nostalgia de uma época de maior pres- principalmente quando Mooy desce
tígio envolvendo o futebol da Austrália para fazer a saída com os zagueiros e
no âmbito internacional. consequentemente obriga a subida de
38ª colocados no ranking da FIFA um lateral para que o time consiga co-
com um mês para o início da Copa do locar mais peças no campo de ataque.
Mundo e com o perigo iminente de se- Na teoria, esse movimento traz be-
rem ultrapassados por Catar e Arábia nefícios para a fase de construção aus-
Saudita, considerando o ranking iso- traliana, mas a ocupação dos espaços
lado somente com as seleções da AFC, não é tão eficiente e, no aspecto posi-
os Socceroos não vivem o seu momen- cional, o time acaba com um jogador
to de maior glória. tomando o espaço do outro sem acu-
Mesmo se classificando para o seu mular peças à frente da linha da bola
quinto Mundial seguido, o sexto em ou sem ter presença com mais gente
toda a história da seleção australia- pisando no campo de ataque.
na, a vaga no Catar veio muito graças No geral, a Austrália não é uma equi-
ao show protagonizado pelo goleiro pe que preza pela posse de bola e prefe-
Andrew Redmayne na repescagem da re praticar um jogo direto, seja colocan-
Copa, quando brilhou com sua postu- do a bola nos pontas de forma rápida
ra excêntrica diante do Peru nas pena- para contar com a habilidade individual
lidades máximas. ou acionar Mitchell Duke, atacante refe-
Com um repertório limitado, o fu- rência com seus 1,85 de altura.
tebol da Austrália ganha força quando Entretanto, nem sempre os homens

copa footure copa footure

82 83
grupo d austrália

mobilidade e capacidade de ligar os se-


QUADRO TÁTICO possível time tores. Já nas pontas, nem sempre com su-
cesso, jogadores como Matthew Leckie,
destaque individual
Leckie Martin Boyle e Awer Mabil buscam ace- Aaron Mooy
Behich lerar nos lados para criar ocasiões e le-
var a Austrália rumo ao ataque. O volante do Celtic é um dos pilares da
Com uma postura cautelosa envol- seleção da Austrália. Com visão de jogo,
Wright Irvine
vendo a organização e a falta de téc- qualidade no passe e capacidade para
nica que acaba criando um cenário de enganar o adversário com a orientação
Mooy Duke tentativa e erro configurando um jogo do corpo no momento de distribuir a bola,
de transição, a Austrália definitiva- Mooy é indispensável para o meio-campo
Ryan
mente não é uma das maiores candi- e o funcionamento total dos Soceroos
datas ao sucesso no Catar. ∞ em busca do gol com a característica de
Rowles Hroustic organizar as jogadas ofensivas.

Atkinson Boyle

fique de olho
elenco
Ryan + 10
Numa espécie de 2-3-5 com a saída sustentada com os laterais na mesma linha de Mooy, Goleiros Mat Ryan (Copenhaguen), Andrew
a Austrália consegue uma maior dinâmica em seu jogo quando o volante do Celtic acha
um passe ou baixa na linha dos zagueiros para fazer o ataque progredir.
Redmayne (Sydney FC) e Danny Vukovic (Central
Coast Mariners). 1.633 Minutos jogados por M. Ryan
Maior número entre as seleções classificadas
nas eliminatórias da Ásia
Defensores Aziz Behich (Dundee United),

da frente são solicitados numa situ- fechando a lateral para fazer uma li- Milos Degenek (Columbus Crew), Bailey Wright
(Sunderland), Harry Souttar (Stoke City), Fran Karacic 80 Substituições nas eliminatórias
Maior número entre as seleções classificadas
ação favorável e muitas das jogadas nha de cinco com sua defesa, e a dis- (Brescia), Nathaniel Atkinson (Heart of Midlothian), nas eliminatórias da Ásia
acabam forçadas na base da tentativa tância entre o atacante mais avança- Joel King (Odense), Kye Rowles (Heart of Midlothian)
e erro. Assim, o jogo da Austrália pode do e a linha defensiva, alguns espaços e Thomas Deng (Albirex Niigata).

acabar se caracterizando por um fu- podem aparecer dentro da organiza- Artilheiros nas eliminatórias
Meias Aaron Mooy (Celtic), Jackson Irvine
tebol de transições, algo que dá certo ção defensiva australiana. É por isso (St. Pauli), Ajdin Hrustic (Hellas Verona), Riley
contra seleções de nível mais modesto, que, pela segurança, o time não arris-
mas pode custar caro contra times que ca tanto com a posse e também pre-
McGree (Middlesbrough), Cameron Devlin (Heart of
Midlothian) e Keanu Baccus (St Mirren).
Duke 3 gols
estão num patamar acima. fere manter seu 4-4-2 defensivo bem Atacantes Mathew Leckie (Melbourne City), Awer
Boyle e Mabil 2 gols
Em alguns momentos, para reforçar estruturado, visando proteger o meio Mabil (Cádiz-ESP), Jamie Maclaren (Melbourne City),
essa teoria, a Austrália arrisca uma e assim não trabalhar correndo atrás Mitchell Duke (Fagiano Okayama), Martin Boyle
Eliminatórias AFC
pressão pós-perda para limitar a re- dos ataques adversários. (Hibernian FC), Craig Goodwin (Adelaide United),
Garang Kuol (Central Coast Mariners) e Jason
ação do adversário. Mas pela falta de Individualmente, além de Mooy, o Cummings (Central Coast Mariners).
J V E D GP GC SG
compactação, já que muitas vezes as meia Ajdin Hrustic é um dos que mais 10 4 3 3 15 9 6
linhas podem se abrir com o ponta se destacam por sua qualidade técnica, Técnico Graham Arnold

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84 85
grupo d dinamarca

Repertório e talento Por Renato Gomes

A
seleção dinamarquesa está saída de bola dinamarquesa, focando
em lua de mel com o futebol na superioridade numérica dos seto-
ou é pelo menos isso que a res considerando a organização e a
sua fase recente deixa a en- atitude defensiva do adversário.
tender. Após chegar até a semifinal da Assim, um dos objetivos no jogo
Euro 2020 e ter um bom nível de jogo curto e combinado é sempre encon-
praticado pelos onze em campo sob o trar um jogador livre, acionando o
comando de Kasper Hjulmand, os nór- mesmo nas melhores condições pos-
dicos vão à Copa do Mundo com a es- síveis ao mesmo tempo que o opo-
perança de fazer mais uma boa campa- nente se encontra em inferioridade
nha no Mundial, talvez até com chances ou desvantagem no setor. Toda essa
de repetir a sua melhor trajetória na dinâmica é complementada pelo po-
história, algo que aconteceu em 1998, sicionamento da Dinamarca quando
quando chegaram nas quartas de final ataca, que organiza seus homens em
e foram eliminados pelo Brasil. alturas e faixas diferentes do campo.
Se há uma palavra que pode carac- Por conta disso, a seleção dinamar-
terizar o estilo de jogo dinamarquês quesa pode apresentar uma das suas
atualmente é a palavra “moderno”, primeiras dificuldades, que é o dese-
por conta de seus princípios ofensi- quilíbrio após a perda da posse, mui-
vos e defensivos bem estabelecidos to por conta de toda essa estrutura
em várias fases do jogo, e a utilização que os dinamarqueses possuem para
de dois esquemas diferentes, que ga- criar jogo.
nham vida com o papel híbrido do za- Mas, além do jogo com a bola,
gueiro Andreas Christensen. O defen- que tem todas essas características
sor do Barcelona é capaz de alternar que são presentes no famoso Jogo
entre zagueiro e volante de acordo de Posição, também há a opção do
com a situação do jogo para mudar a jogo direto e alternativas não faltam

copa footure copa footure

86 87
grupo d dinamarca

ou alas podem assumir uma postura


QUADRO TÁTICO possível time mais agressiva quando o jogo acon-
tece nos lados do campo, subindo a
destaque individual
pressão no portador da bola para im- Andreas Skov Olsen
Maehle pedir a progressão do adversário.
Já quando o rival encontra um pas- O atacante revelado pelo Nordsjaelland
Christensen se dentro da organização defensiva se afirmou como um dos principais
da Dinamarca, é comum ver os za- nomes ofensivos da Dinamarca.
Dolberg gueiros desfazerem a linha de quatro Independentemente do esquema, não
Delaney Eriksen
ou de três para fechar o passe no jo- serão poucas as vezes que o lateral/ala
Kjaer gador que deveria receber a bola no dinamarquês ocupará uma zona mais
Schmeichel
espaço entre as linhas. ∞ central para dar todo o espaço para
Olsen Skov Olsen fazer a diferença no lado
Hojbjerg direito com muita qualidade técnica e
capacidade física.
Andersen
Kristensen

elenco fique de olho


Com seu papel híbrido, se encaixando na filosofia posicional da Dinamarca, Christensen Goleiros Kasper Schmeichel (Nice),Oliver
pode se tornar uma grande arma tática deixando a linha da zaga para partir até o meio- Christensen (Hertha Berlin) e Frederik Ronnow (Union
campo enquanto seus companheiros tentam construir desde a defesa. Berlin).
A produtividade de Maehle

Defensores Simon Kjaer (AC Milan), Joachim


Andersen (Crystal Palace), Joakim Maehale
4 Pré-assistências por jogo
Peça chave na costrução dinamarquesa

(Atalanta), Andreas Christensen (Barcelona), Rasmus


para isso. Youcef Poulsen, Andreas Para defender, a Dinamarca pode Kristensen (Leeds United), Jens Stryger Larsen
Cornelius, Jonas Wind, Kasper optar pela pressão alta com encaixes (Trabzonspor), Victor Nelsson (Galatasaray), Daniel
Artilheiros nas eliminatórias
Dolberg e Rasmus Hojlund. Todos individuais, caso a intenção seja inco- Wass (Brondby) e Alexander Bah (Benfica).

com 1,87m ou mais de altura foram modar a saída do oponente e roubar a Meias Thomas Delaney (Sevilla), Mathias Jensen
convocados para os compromissos da bola de forma mais rápida. É nessa con- (Brentford), Christian Eriksen (Manchester United),
Skov Olsen
e Maehle
5 gols
Dinamarca em 2022, seja na Nations figuração que o time de Hjulmand tam- Christian Norgaard (Brentford), Robert Skov
League ou nas Eliminatórias. Além da bém corre riscos, pois a chance de um (Hoffenheim) e Pierre-Emile Hojbjerg (Tottenham).

bola longa, há talento e ele é repre- encaixe ou pressão dar errado por fa-
Damsgaard 2 gols
Atacantes Andreas Skov Olsen (Club Brugge),
sentado pelo genial Christian Eriksen lha ou qualidade adversária pode cau- Jesper Lindstom (Eintracht Frankfurt), Andreas
e dos promissores Mikkel Damsgaard sar um efeito dominó em sua defesa. Cornelius (Copenhagen), Martin Braithwaite
Eliminatórias UEFA
e Andreas Skov Olsen, jogadores res- Já quando defende de forma baixa (Espanyol), Kasper Dolberg (Sevilla), Mikkel
Damsgaard (Brentford), Jonas Wind (Wolfsburg) e
ponsáveis por desequilibrar com ve- e mais agrupada, o objetivo é proteger Yussuf Poulsen (RB Leipzig).
J V E D GP GC SG
locidade, drible, troca de ritmo e ata- a faixa central do campo com com- 10 9 0 1 30 3 27
que ao espaço. pactação entre os setores. Os laterais Técnico Kasper Hjulmand

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88 89
grupo d tunísia

As limitações que comprometem


Por Renato Gomes

P
or conta do calendário mo- defensivo e na postura que a equipe
dificado por fatores externos adota quando precisa proteger seu pró-
como o Covid e as condições prio campo. Sem dúvida, quanto mais
climáticas do continente, o baixo o time precisa defender, mais o
contexto do futebol africano pode ser desempenho da equipe é positivo por
cruel com algumas seleções e a Tunísia conta da compactação e da ocupação
pode ser considerada como um exem- de espaços perto da própria área.
plo claro dentro disso. Os Aiglons de Entretanto, quando os tunisianos
Carthage sofreram um baque durante precisam defender mais alto e pas-
a caminhada rumo à Copa do Mundo sam um período de tempo maior sem
com a troca no comando técnico: a bola, os problemas começam a apa-
após ser eliminado contra Burkina recer. Com a passividade da primeira
Faso na Copa Africana de Nações, o linha e a falta de trabalho para fechar
treinador Mondher Kebaier foi subs- linhas e pressionar, o restante da equi-
tituído por Jalel Kadri, seu auxiliar, pe acaba sobrecarregado. Os laterais
no final de janeiro. podem adotar uma postura agressiva,
Apesar da troca, a missão de subindo a marcação quando a bola en-
Kadri em classificar a Tunísia para tra em sua zona para limitar a ação do
o Mundial do Catar foi bem-sucedi- adversário, mas, sem a pressão ade-
da. Entretanto, mesmo com um de- quada do coletivo, a última linha pode
sempenho satisfatório no continente sofrer com o ataque do oponente na
africano e a conquista da Kirin Cup profundidade.
em junho, os tunisianos chegam com Além de sofrer com o risco da bola
mais dúvidas do que certezas para a longa nas costas da defesa, tal postura
disputa da Copa. pode tornar a organização defensiva
O principal problema da Tunísia da Tunísia frágil quando o adversário
envolvendo seu jogo está no esquema consegue achar espaços nas costas da

copa footure copa footure

90 91
grupo d tunísia

sente dificuldades e, com limitações


QUADRO TÁTICO possível time técnicas para resistir à agressividade
adversária, os tunisianos podem ceder
destaque individual
e entregar a posse de bola. Youcef Msakni
Abdi Para produzir ocasiões, as situa-
ções mais recorrentes da equipe, além Msakni é um dos líderes técnicos e
Sliti
Sassi do individual com jogadores como principais nomes da equipe tunisiana.
Youssef Msakni, Naim Sliti e Wahbi Sua capacidade para conservar a bola,
Talbi Khazri, são os cruzamentos, com o dar tempo para a Tunísia se organizar
avanço de Ali Abdi ou Ali Maaloul na ofensivamente e distribuir o jogo nas
Shkiri
lateral-esquerda, ou a inversão de jogo transições torna a vida de sua seleção
Dahmen
Jaziri em velocidade. ∞ mais fácil, pelo menos até o ponto onde
sua frágil capacidade física deixar o
Ifa jogador mostrar sua habilidade.
Ben Romdhane
Msakni
Drager fique de olho
elenco
Ao defender no 4-3-3, a Tunísia pode deixar sua defesa sobrecarregada com a postura Goleiros Aymen Dahmen (Club Sportif Sfaxien), Intensidade na defesa
passiva da primeira linha defensiva, seja com o adversário trabalhando a posse para Mouez Hassen (Club Africain Tunis), Aymen Balbouli
atacar profundidade ou explorando o espaço nas costas da primeira linha ou da linha de (Etoile Sportive du Sahel) e Bechir Ben Said (US
meio-campo. Monastir). 7,6 Ações defensivas por
posse do adversário
Defensores Mohamed Dräger (Luzern), Wajdi Maior média entre as seleções africanas
primeira linha. Como consequência, bastante com a projeção de seus no- Kechrida (Atromitos Athens), Bilel Ifa (Kuwait
(durante o período entre copas)
os espaços nos corredores e na faixa mes ofensivos para criar ocasiões, SC), Montassar Talbi (FC Lorient), Dylan Bronn
entre lateral e zagueiro também po- principalmente no lado esquerdo. Mas (Salernitana), Yassine Meriah (Esperance Tunis),
dem aparecer constantemente e, por pelo ritmo que a equipe busca com a Nader Ghandri (Club African Tunis), Ali Maâloul (Al
Artilheiros nas eliminatórias
Ahly) e Ali Abdi (Caen).
fim, a única solução resta recuar, des- posse ou pelo perfil de alguns nomes
cendo as linhas, para proteger o pró- em campo, a seleção nem sempre con- Meias Ellyes Skhiri (Koln), Aissa Laidouni
prio gol na base da reação. segue sair do seu posicionamento de- (Ferencvaros), Ferjani Sassi (Al-Duhail), Ghaylen
Wahbi Khazri 3 gols
A abordagem defensiva da Tunísia fensivo para ocupar bem o campo ad- Chaaleli (Esperance Tunis), Mohamed Ali Ben

pode ser mais efetiva quando a seleção versário numa espécie de 3-2-5. Romdhane (Esperance Tunis) e Hannibal Mejbri
(Birmingham).
Ellyes Skhiri 2 gols
busca defender num 4-5-1 e conta com Assim, a dificuldade dos tunisianos
o trabalho defensivo do ponta, que se para superar defesas mais agrupadas Atacantes Seifeddine Jaziri (Zamalek SC), Naim
Eliminatórias CAF
junta à linha defensiva para formar e recuadas fica evidente, mesmo com Sliti (Ettifaq), Taha Yassine Khenissi (Kuwait SC), Anis
Ben Slimane (Bröndby), Issam Jebali (Odense), Wahbi
um 5-4-1 e torna a organização mais a intenção de sair de forma curta, con- Khazri (Montpellier) e Youssef Msakni (Al-Arabi).
J V E D GP GC SG
sólida dentro do campo de defesa. tando com os zagueiros para construir 6 1 1 1 1 11 2
Já com a bola, a Tunísia conta de forma curta. Sob pressão, a equipe Técnico Jalel Kadri

copa footure copa footure

92 93
grupo e
grupo e espanha

Luis Enrique e a renovação


Por Bruna Mendes

D
epois do desastre que foi a extremamente positiva se compara-
organização pré-Copa, com mos aos jogos realizados anteriores. A
Lopetegui saindo e o time per- competitividade por parte da equipe
dendo todo o trabalho de anos, de Luis Enrique foi o que deixou boas
Luis Enrique chegou com uma missão imagens para uma futura Copa, pois
clara: recuperar o espírito da equipe, mostraram como o time pode ser com-
mas com a necessidade de reformular petitivo – desde que consiga dominar a
o elenco. Essa reconstrução da equipe e posse na maior parte do tempo.
da recuperação da identidade dentro de O identificador dessa Espanha é com
um time titular foi pauta importante du- certeza o coletivo acima do individual
rante muito tempo, o que acabou resul- ainda que jogadores sozinhos tenham
tando em oscilações e a necessidade de decidido partidas nos últimos anos. A
se criar uma química, difícil em uma se- potencialização de peças mais jovens
leção. O trabalho não é o mesmo que em é outro ponto alto do trabalho do trei-
clubes, os jogadores não treinam juntos nador, pois a introdução de jogadores
sempre, se encontram algumas vezes que ainda estão se consolidando no fu-
por ano e isso foi um fator que dificultou tebol profissional tende a ser dificulto-
bastante a adaptação ao desempenho sa numa seleção tão relevante como a
que Lucho gostaria. Espanha, por exemplo. A mudança foi
O entendimento do jogo posicional drástica mas resultou em um híbrido
foi o primeiro ponto, e em seguida vem entre medalhões e jovens determinados.
a necessidade de renovar o plantel no
perído nos quatro anos após 2018. Ou O sistema defensivo como
seja, o novo ciclo floresceu mais ou ponto de desequilíbrio
menos nos últimos dois anos, com eli- Para esconder problemas ao defender
minatórias e Euro para disputar. Essa a área, o sistema defensivo depende de
mesma Euro que foi uma surpresa um pós-perda bem feito, o que implica

copa footure copa footure

96 97
grupo e espanha

na presença dos volantes e dos laterais contestados, porém todos contam com de chave será o nível individual de cada
durante a transição defensiva. O jogo
sem a bola, por mais que a equipe fi-
muito respaldo do treinador, o que deve
manter individualmente cada um deles
um deles, pois o impacto como sistema
parece bem estabelecido.
fique de olho
que pouquíssimo tempo sem ela, é o nessa lista. A necessidade de um bom
que mudou a partir do começo da Euro. líder é o grande ponto (Sergio Ramos), O papel do meio-campo Ansu Fati
Luis Enrique encontrou a solução do por outro lado a dupla de zaga necessi- A base da jogada é a partir dos zaguei-
pós-perda durante a competição e a ta de química, o que difere Eric Garcia, ros, daí a importância de Lucho ter O grande diferencial da Espanha pode ser o
equipe teve melhora em níveis absurdos Laporte, Iñigo Martinez e Pau Torres seus jogadores favoritos nessa posição nível que Ansu Fati. A equipe ainda não tem
nenhum titular garantido no trio de ataque,
ao ponto de se considerar uma das fa- dos demais, pois já estão inseridos no – o que explica as escolhas durante as por outro lado é notório como os pontas
voritas para uma possível final no Catar. conceito da equipe há algum tempo. últimas convocações. são importantes e fundamentais no jogo
Os zagueiros são, de longe, os mais Sem tantos erros recorrentes, a virada O meio-campo tem Busquets, titular de Luis Enrique. O blaugrana é um talento
indiscutível que pauta o jogo durante especial e tem um teto altíssimo, porém nos
últimos anos sofreu com lesões recorrentes
os 90 minutos. E além dele, Pedri e/ou e isso atrapalhou completamente seu
Gavi formam a parte do motor, acom-
QUADRO TÁTICO momento ofensivo panham as movimentações para gerar
desenvolvimento durante o tempo que o
Barcelona esteve em crise. Essa consistência
passes e boas leituras para furar linhas deve ser conquistada agora com o time bem
encaminhado com Xavi, o que pode ajudar
Dani Olmo junto do capitão. Fati a alcançar o nível necessário para ser
Koke é um titular desse meio, e prova- titular e definir uma das vagas deste ataque.
Alba
velmente deve ter a vaga durante a Copa.
(Gayá)
Laporte
O colchonero é muito importante para
desafogar o lado direito, entendimento Controle pela posse de bola
Pedri maior do domínio posicional, também
consegue furar linhas como os outros 70% Posse de bola média
Maior índice entre seleções classificadas

Unai Simón volantes e tende a potencializar a com- (período entre copas)


Morata petitividade e o domínio do meio-campo
Busquets durante as partidas mais disputadas. Artilheiros nas eliminatórias
Os blaugranas são de fato peças im-
Eric Garcia Koke portantíssimas na seleção, assim como
(Pau Torres) em seus clubes. O domínio do setor é Ferran Torres 4 gols
o que diferencia, transformar o jogo
F. Torres da Espanha assim como fazem com Carlos Soler,
a equipe da Catalunha, e isso é visí- Pablo Sarabia,
vel em partidas que determinam mais Dani Olmo 2 gols
Carvajal
competitividade e maior ideia racional e Álvaro Morata
do que está em jogo ali no momento.
A equipe de Luis Enrique tem como base o 4-3-3, encaixota o adversário no campo de Gavi chama atenção, pois estreia muito Eliminatórias UEFA
defesa, sem muitas alternativas de desarme. Rotação da bola é o objetivo principal para novo, tem momentos como titular ain-
tirar o adversário de posição: Morata e Ferran geram profundidade, Dani Olmo tabela
com Pedri e Alba/Gayà na busca pelo desmarque. Os volantes procuram quebrar linhas,
da muito jovem, e essa questão é clara- J V E D GP GC SG
Busquets é o maior responsável nesse quesito, sozinho e tem como suporte pelo lado mente uma influência positiva naquilo 8 6 1 1 15 5 10
direito Koke e a cobertura dos zagueiros no caso do adversário subir as linhas. que Lucho enxerga como equipe. Os

copa footure copa footure

98 99
grupo e espanha

A consistência é o que determina o A disputa pelas vagas no trio de ata-


QUADRO TÁTICO momento defensivo ataque, mas o lado individual também
faz diferença. Uma problemática visí-
que será boa, mas é importante saber
como cada um deles chegará até lá.
vel nos jogos em que o time domina a Fati se recupera de lesão, Soler e Sara-
posse, mas sofre para se desmarcar e/ bia são coadjuvantes num PSG cheio
Alba Dani Olmo ou gerar qualquer tipo de espaço a par- de estrelas, Ferran perdeu minutos
(Gayá) tir da entrelinha. Ou seja, os pontas são no Barcelona e Asensio parece cada
Pedri
responsáveis pelo último passe e tam- vez mais fora dos planos de Carlo An-
Laporte bém pelas finalizações, enquanto Mo- celotti no Real Madrid. No primeiro
rata (ou outro centroavante) gera pro- momento, a definição por essas vagas
fundidade no geral. na equipe titular é a grande incógnita
Unai Simón É fato que o coletivo chama mais dessa Espanha no Catar. ∞
Morata atenção do que atuações individuais
Busquets
em si, e Luis Enrique trabalha muito
Eric Garcia para isso – o que possibilita as esco-
(Pau Torres) lhas mais pessoais do treinador, op-
Koke tando por jogadores que o agradam
F. Torres
mais dentro da seleção do que pro-
priamente em seus clubes.
Carvajal
elenco
Em fases sem a bola, a equipe prefere subir a linha defensiva e os atacantes pressionando
a saída de bola a partir do meio-campo, sem subir tanto essa linha. Luis Enrique concentra
peças e escolhe ser mais compacto no meio-campo para sustentar a pressão de passes
destaque individual Goleiros Unai Simón (Athletic de Bilbao), Robert
Sánchez (Brighton) e David Raya (Brentford).
sem oferecer espaços nas costas dos laterais e dos zagueiros.
Pedri Defensores Dani Carvajal (Real Madrid), César
Azpilicueta (Chelsea), Eric García (Barcelona), Hugo
Sem dúvidas, o grande destaque individual Guillamón (Valencia), Pau Torres (Villarreal), Laporte
momentos do garoto são tão marcan- Morata cumpre essa função, porém é é o jovem Pedri – com apenas 19 anos, já (Manchester City), Jordi Alba (Barcelona) e Gayá
(Valencia).
tes, que não podemos descartar que ele mais determinante quando recebe já estava com o cenário da seleção principal
comece entre os onze em algumas par- em condições de finalizar. dominado. O fato de estreiar em Copa Meias Busquets (Barcelona), Rodri (Manchester
tidas durante a competição. Essa questão muda de acordo com do Mundo, torna mais interessante a City), Gavi (Barcelona), Carlos Soler (PSG), Marcos
o adversário, obviamente, mas Lucho afirmação dessa renovação de elenco. Llorente (Atlético de Madrid), Pedri (Barcelona) e
Koke (Atlético de Madrid).
O ataque e o último encontra soluções para isso nos pon- Durante a última temporada comandou
terço como essencial tas: Ferran Torres, Pablo Sarabia e Dani partidas com muita no Barcelona, o que Atacantes Ferran Torres (Barcelona), Sarabia (PSG),
O jogo posicional é claro nessa equi- Olmo se destacaram nesse cenário, pois deixou de vez a impressão dos culés terem Yeremy Pino (Villarreal), Morata (Atlético de Madrid),
pe e o ataque tem como base isso. A têm o chute como característica e possi- um craque com talento geracional nas Asensio (Real Madrid), Nico Williams (Athletic de
Bilbao), Ansu Fati (Barcelona) e Dani Olmo (RB
grande peça atualmente é o centroa- bilitam que Morata seja esse tipo de cen- mãos. A renovação da Espanha passa por
Leipzig).
vante e como ele irá potencializar o es- troavante, chama a atenção e abre espa- Pedri e é esperado que ele se afirme ainda
paço para seus companheiros. Álvaro ços para os companheiros. mais durante a Copa. Técnico Luis Henrique

copa footure copa footure

100 101
grupo e costa rica

para voltar a surpreender


Por Vinícius Dutra

A
inda com os pilares do time essa filosofia, Luis Fernando Suárez
que surpreendeu na Copa foi bastante intervencionista duran-
do Mundo de 2014, a Costa te as Eliminatórias da CONCACAF e
Rica conquistou sua vaga usou diversos desenhos táticos, ter-
ao Mundial do Catar na repescagem minando a competição e jogando a
após derrotar a Nova Zelândia por 1 a repescagem no 4-4-2 depois de ter
0. A equipe agora comandada por Luis utilizado o 5-4-1 e 5-3-2. Portanto, é
Fernando Suárez, que assumiu Los provável que mudanças ocorram no
Ticos em 2021, aposta na mescla de decorrer da Copa no Catar.
jovens com os veteranos que fizeram Atuando em 4-4-2, a Costa Rica con-
parte do grupo que foi a sensação da ta com processos bem simples na hora
Copa no Brasil há oito anos. de atacar: a fase de construção é bem
Além disso, o treinador colombia- focada em passes entre o goleiro Keylor
no se apoia na solidez defensiva de- Navas e os demais defensores. Os pri-
monstrada no Octogonal Final da meiros passes entre zagueiros e late-
CONCACAF, no qual o time não so- rais, sempre buscando o companheiro
freu gols nas últimas seis partidas mais próximo para evitar a perda —
e registrou oito clean sheets (jogos apesar de Keysher Fuller ter problemas
sem sofrer gols) em 14 jogos. Longe com o contato inicial com a bola.
do futebol dinâmico vistoso da Copa Os extremos permanecem bem
de 2014, agora a Costa Rica possui abertos buscando duelos individuais; o
um estilo de jogo mais conservador lateral-esquerdo Bryan Oviedo segue
e muito marcado pela resistência na em amplitude e é importante nos avan-
defesa, pela ameaça em bola parada ços, enquanto Fuller, o lateral destro,
ofensiva e por aproveitar os erros dos fica mais por dentro e sem apoiar tan-
adversários em contragolpes. to. A dupla de atacantes (Joel Campbell
Para conseguir colocar em prática e Anthony Contreras) é bastante

copa footure copa footure

102 103
grupo e costa rica

(21 anos) e Orlando Galo (22 anos).


QUADRO TÁTICO possível time Apesar disso, o comandante dos Ticos
busca combinar a geração de joga-
destaque individual
Oviedo dores jovens com os veteranos que Keylor Navas
já estiveram em uma quarta de final
Bennette
de Copa do Mundo. O goleiro Keylor Sem poder contar com Bryan Ruiz por
(Venegas)
Navas, o zagueiro Óscar Duarte, os 90 minutos, a maior qualidade individual
Contreras meias Celso Borges e Yeltsin Tejeda, da Costa Rica está no gol. A liderança
Tejeda o mediapunta Bryan Ruiz e o centro-
Calvo (e a braçadeira) ficam por conta do
avante Joel Campbell são alguns dos experiente goleiro Keylor Navas, jogador
Keylor (J. P. Vargas)
remanescentes do time da histórica chave dentro de uma proposta bastante
Campbell campanha de 2014. ∞ defensiva. O ex-Real Madrid foi um dos
Borges responsáveis diretos pelos clean sheets
dos Ticos nas Eliminatórias. Além de
Waston
defesas importantíssimas na decisiva
(O. Duarte)
repescagem contra os neozelandeses. É
Fuller a principal arma de resistência visando
G. Torres uma nova surpresa na Copa do Mundo.
(Contreras) elenco
Costa Rica é uma seleção de filosofia conservadora. Apesar disso, deverá utilizar diferentes
desenhos táticos ao longo da Copa.
Goleiros Keylor Navas (PSG), Esteban Alvarado
(Herediano) e Patrick Sequeira (Club Deportivo
fique de olho
Lugo).
.
Defensores Francisco Calvo (Konyaspor), Juan
Pouca pressão alta
Pablo Vargas (Millonarios), Kendall Waston (Saprissa)
dinâmica em termos associativos e al- Os problemas, no entanto, são os já
8,29 Média de recuperação no terço final
Oscar Duarte (Al-Wehda), Daniel Chacon (Colorado
ternam em movimentos de apoio e rup- mencionados espaços atrás das costas Rapids), Keysher Fuller (Herediano), Carlos Martínez Menor média entre as seleções classificadas
tura. Contreras, inclusive, consegue dos meias, a excessiva passividade que (San Carlos), Bryan Oviedo (Real Salt Lake) e
atuar como extremo pela direita e fun- gera o recuo em demasia, deixando a Ronald Matarrita (Cincinnati).

ciona bem partindo de fora para den- entrada da área desprotegida. Artilheiros nas eliminatórias
Meias Yeltsin Tejeda (Herediano), Celso Borges
tro combinando com Campbell, que (Alajuelense), Youstin Salas (Saprissa), Roan Wilson
consegue colocar de maneira efetiva os Mescla entre jovens e veteranos (Grecia), Gerson Torres (Herediano), Douglas López Contreras, Bryan
companheiros de cara. Atualmente, a seleção da Costa Rica (Herediano), Jewison Bennette (Sunderland)
Álvaro Zamora (Saprissa), Anthony Hernández
Ruiz, Celso Borges e 2 gols
Em linhas gerais, defensivamente a vive um processo de renovação depois (Puntarenas), Brandon Aguilera (Nottingham Forest)
Joel Campbell
equipe se posiciona em bloco médio- de dois ciclos de Copas. Novos nomes e Bryan Ruiz (Alajuelense).
-baixo. Apesar dos espaços que cede começaram a ganhar espaço recen- Eliminatórias CONCACAF*
na entrelinha, o conjunto centro-ame- temente, como nos casos do atacan- Atacantes Joel Campbell (León), Anthony
Contreras (Herediano) e Johan Venegas
ricano é bastante ordenado sem a bola, te Anthony Contreras (22 anos), do (Alajuelense).
J V E D GP GC SG
protege bem os costados com as ajudas extremo Jewison Bennette (18 anos) 14 7 4 3 13 8 5
dos extremos e defende bem sua área. e dos meio-campistas Daniel Chacón Técnico Luis Fernando Suárez
*+repescagem

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104 105
grupo e alemanha

em busca de redenção Por Vinicius Dutra

D
epois da conquista do tetra da o constrangimento foi o suficiente para
Copa do Mundo em 2014, a se- deixar o clima praticamente insusten-
leção alemã de futebol, então tável para Joachim Löw.
comandada pelo experiente Na Eurocopa de 2020, que foi reali-
treinador Joachim Löw, registrou diver- zada em 2021, a Alemanha novamente
sos fracassos nas competições seguintes ficou abaixo das expectativas, venceu
ao mundial que foi disputado no Bra- apenas um jogo na primeira fase (con-
sil. Em 2016, na Eurocopa realizada na tra Portugal, por 4 a 2) e foi eliminada
França, a mannschaft foi eliminada na nas oitavas de final para a Inglaterra,
semifinal pelos donos da casa com uma em Wembley. Este fracasso fez a Fede-
atuação fraquíssima; em 2018, na Copa ração Alemã de Futebol (DFB) procu-
da Rússia a Alemanha terminou em úl- rar o nome de Hans-Dieter Flick, que
timo em seu grupo depois de derrotas fez parte da comissão técnica da sele-
históricas para México e Coreia do Sul, ção germânica na Copa do Mundo no
e sendo eliminada pela primeira vez na Brasil, para ser o novo comandante da
fase de grupos da Copa do Mundo. Nationalmannschaft, colocando assim
O vexame foi o sintoma mais eviden- um ponto final na Era Joachim Löw de-
te de que algo não estava bem com a pois de 15 anos.
Alemanha e que a Era Löw precisava
chegar ao fim. No entanto, o técnico foi Efeito imediato
mantido no cargo e protagonizou ou- A Alemanha de Hansi Flick venceu os
tra humilhação: o rebaixamento para a seus primeiros oito jogos em todas as
segunda divisão da Nations League. No competições, a melhor sequência ini-
final das contas, a decisão acabou sen- cial da história para um treinador da
do revertida pela UEFA por conta de al- seleção alemã. É necessário pontuar
terações que o órgão promoveu para as que os alemães não enfrentaram gran-
edições seguintes da competição, mas des adversários, mas o bom retrospecto

copa footure copa footure

106 107
grupo e alemanha

e as mudanças táticas foram importan- o 4-2-3-1 como o sistema base, mas a de extremo/ala, enquanto na direita o
tes. O início avassalador fez da Ale-
manha a primeira seleção classificada
maior mudança foi o posicionamen-
to das peças quando o time está sob o
ponta do setor permanece em posição
aberta ou inverte com o mediapunta
fique de olho
para a Copa do Mundo de 2022. domínio da bola. A Alemanha de Han- (Thomas Müler ou Kai Havertz); outros
si Flick possui uma série de ferramen- dois jogadores preenchem os espaços O garçom Kimmich
As mudanças táticas tas em fase ofensiva, começando pela entre linhas nas costas dos meio-cam-
Assim como fez no Bayern München
após a saída de Niko Kovac, Hans-
função híbrida – em geral – do late-
ral-direito (que pode ser Lukas Klos-
pistas rivais; e no ataque sempre um
atacante muito móvel capaz de ofere-
5,98 Passes infiltrados de Kimmich
Maior média entre as seleções europeias

-Dieter Flick promoveu poucas mu- termann, Benjamin Henrichs ou Thilo cer constantes desmarques de ruptura
danças iniciais, respeitou a estrutura Kehrer), que vira uma terceira peça na e apoio. Alta produtividade
e foi adicionando toques autorais aos saída 3+2 da equipe; o lateral-esquer- Em suma, a Alemanha ataca em algo
poucos à sua mannschaft. Ele manteve do (David Raum) se projeta até a zona próximo do 3-2-4-1, com os zagueiros e 18,9 Média de passes por minuto
Maior média entre as seleções da copa
os dois centro-campistas (Joshua Kim-
mich e İlkay Gündoğan) sendo muito
importantes na saída sustentada mon-
tada por Hansi Flick. Os centrais pos- 2,3 xG médio no período entre copas
Maior média entre as seleções da copa

suem peso tanto nos passes curtos e


QUADRO TÁTICO momento ofensivo
elaborados, como em passes para bater
A era hans Flick
linhas adversárias ou com inversões
Raum
longas ativando o lado contrário da jo-
gada (Niklas Süle e Nico Schlotterbeck 9 1 0
são vitais nesta proposta). Vitórias Empate Derrotas
Rüdiger Com a aposentadoria de Toni Kroos

Gündoğan
da seleção alemã, Kimmich e Gündoğan
são os protagonistas do meio-campo
80% Aproveitamento
Sané
(Musiala) da tetracampeã mundial. Importantes
dando o ritmo, controlando e repartin-
Neuer Süle Havertz Artilheiros nas eliminatórias
do distintas zonas da faixa central, com
o camisa 6 do Bayern se projetando da
Kimmich segunda linha por diversas vezes para
Müller Werner, Gnabry
(Musiala) dar assistências próximas ou pisando e Gudogan 5 gols
na área para finalizar.
Klostermann A equipe busca sempre dominar as Sané 4 gol
partidas com a bola, tem grande utili- Muller e Havertz 3 gol
Gnabry zação de ataques posicionais e possui
(Müller / Hoffmann) diversos recursos coletivos para causar Eliminatórias UEFA
danos desta forma. Por ter vários joga-
dores de perfil associativo, a Alemanha J V E D GP GC SG
A Alemanha ataca em 3-2-5 com Havertz buscando mais o corredor central e Raum possui muita qualidade para construir 10 9 0 1 36 4 32
sempre indo ao fundo pela esquerda. através do passe, utilizando muitas

copa footure copa footure

108 109
grupo e alemanha

talvez a maior fraqueza da equipe nas Havertz é uma estrela em ascensão no


QUADRO TÁTICO momento defensivo partidas analisadas. Defensivamente,
a Alemanha demonstrou problemas
futebol mundial. O ainda jovem é bas-
tante versátil tanto para jogar como
Raum para proteger os flancos porque seus falso 9 ou como para atuar em qual-
extremos não fecham os lados do cam- quer uma das funções da linha de 3 do
po. Com isso, os laterais ficam sem aju- 4-2-3-1 inicial de Hansi Flick. O alto en-
Sané da defensiva e em constantes situações tendimento de jogo de Havertz tem sido
(Musiala) de mano-a-mano contra oponentes. chave tanto para se complementar com
Rüdiger
Gündoğan A transição defensiva também é um seus outros companheiros no terço fi-
problema quando a primeira linha de nal, como o veterano goleador Thomas
Havertz pressão é superada, exigindo poste- Müller ou o atacante Timo Werner. ∞
Neuer riormente um alto acerto técnico dos
seus zagueiros e do experiente goleiro
Süle Manuel Neuer.
Kimmich Müller
(Musiala)
A ascensão de Kai Havertz
Decisivo na conquista do último título
europeu do Chelsea e importantíssimo elenco
Klostermann
Gnabry
no ciclo recente da seleção alemã, Kai
Goleiros Manuel Neuer (Bayern de Munique),
(Müller / Hoffmann)
Ter Stegen (Barcelona) e Kevin Trapp (Eintracht
Frankfurt).

Defendendo, o time mantém o 4-2-3-1 em um bloco médio alto contra os adversários. Defensores Bella Kotchap (Southampton), Matthias

destaque individual Ginter (Freiburg), Christian Günter (Freiburg), Thilo


Kehrer (West Ham), Lukas Klostermann (RB Leipzig),
David Raum (RB Leipzig), Antonio Rudiger (Real
Madrid), Nico Schlotterbeck (Borussia Dortmund) e
aproximações por zonas do campo Raum, jogador do RB Leipzig, tem gran- Joshua Kimmich Niklas Süle (Borussia Dortmund).
para utilizar o conceito do terceiro ho- de chance de se tornar uma “sensação
mem em suas ocasiões. de Copa do Mundo” por até então ser Destaque dentro de uma seleção que Meias Julian Brandt (Borussia Dortmund), Niclas
Füllkrug (Werder Bremen), Leon Goretzka (Bayern
As bolas longas, como dito anterior- um nome desconhecido de grande par- tem o coletivo como ponto forte, Joshua
de Munique), Mario Götze (Eintracht Frankfurt),
mente, também são importantes, seja te da mídia e dos torcedores. Kimmich é atualmente o jogador mais Ilkay Gündogan (Manchester City), Joshua Kimmich
no jogo direto para Kai Havertz (que importante da Alemanha. Sua ausência (Bayern de Munique), Jamal Musiala (Bayern de
consegue habilitar companheiros com Como defende em alguns testes foi percebida, pois a Munique).
.
um toque) ou para o lateral-esquerdo Sem a bola, a Alemanha atua em 4-2- figura do meio-campista do Bayern é
Atacantes Karim Adeyemi (Borussia Dortmund),
David Raum, muito perigoso aparecen- 3-1. O time conta com uma postura essencial para fazer a engrenagem Serge Gnabry (Bayern de Munique), Kai
do em projeção e privilegiado por mo- defensiva bastante agressiva, sempre funcionar. Kimmich está presente em saída Havertz (Chelsea), Jonas Hofmann (Borussia
vimentos de atração (o ponta-esquerda utilizando a pressão alta e um traba- de bola, na circulação ofensiva em campo Mönchengladbach), Youssoufa Moukoko (Borussia
Dortmund), Thomas Müller (Bayern de Munique) e
no meio-espaço ou por dentro) que o lho de pressão pós-perda muito inten- contrário e até mesmo nos metros finais
Leroy Sané (Bayern de Munique).
sistema de Hansi Flick gera para criar so - comportamento similar ao Bayern aparecendo para finalizar jogadas (com
vantagens táticas sobre os adversários. de Hansi Flick. No entanto, aqui surge remates ou assistências). Técnico Hansi Flick

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110 111
grupo e japão

Pragmatismo japonês
Por Vinícius Dutra

H
ajime Moriyasu, que também (média de idade que está próxima dos
dirige a seleção olímpica des- 30 anos). São os casos de Takehiro
de 2017 e foi auxiliar na Copa Tomiyasu (já havia surgido na Copa
de 2018, inicialmente promo- da Ásia, em 2019), Ko Itakura, Ao
veu poucas mudanças, tentando man- Tanaka, Daichi Kamada e Kaoru
ter uma filosofia de trabalho conti- MitomaEsses posicionamentos es-
nuista. No entanto, o Japão perdeu dois tão diretamente relacionados com os
dos três primeiros jogos da fase final comportamentos dos do pontas. Na
das Eliminatórias e Moriyasu precisou direita, Junya Ito, permanece em po-
realizar ajustes para o prosseguimen- sição aberta, enquanto do lado opos-
to da competição. to Takumi Minamino fica mais por
A mudança para o 4-3-3 foi a chave dentro, pronto para invadir a área e
para reação da seleção japonesa, que atacar a segunda trave.
engatou uma sequência de seis vitó- O trabalho dos extremos japoneses
rias consecutivas até confirmar sua é bastante complementar: Junya Ito
vaga direta à Copa no Catar. é importante acelerando ou corren-
do ao espaço pela direita e Takumi
O toque autoral de Moriyasu Minamino ameaçando nos ataques
A alteração de Hajime Moriyasu do a área desde o lado contrário da jo-
4-2-3-1 para o 4-3-3 não só deu um gada. A criação de jogadas no último
novo fôlego ao time como também terço do campo é bastante focada em
abriu novas opções de movimentos cruzamentos, e por isso o lateral-di-
táticos dentro do funcionamento co- reito fica mais por dentro, para gerar
letivo da equipe. Ademais, o novo sis- vantagens táticas e situações de ma-
tema coincidiu com a ascensão de no-a-mano, para colocar Ito em boas
nomes um pouco mais jovens den- condições para bombardear a área ri-
tro de um grupo de atletas veteranos val com cruzamentos.

copa footure copa footure

112 113
grupo e japão

francamente consistente. O vetera-


QUADRO TÁTICO ataque pelos lados no zagueiro Maya Yoshida, apesar de
importante com bola nas inversões de
destaque individual
jogo, é um defensor bastante irregu- Wataru Endo
Nagatomo lar e demonstra certa desatenção na
hora de oferecer resistência dentro da É uma liderança na seleção japonesa.
própria área. É um jogador que aca- O camisa 6 dos Samurais Azuis é um
ba dependendo muito das correções dos melhores jogadores de sua posição
Minamino de quem estiver formando sua dupla no continente asiático. Agressivo na
(Takehiro Tomiyasu ou Ko Itakura) ∞ contrapressão, demonstra capacidade
Tomiyasu Morita
de organização e distribuição. É
(Yoshida)
importante em combinações rápidas
Endo
Gonda após recuperações que ele mesmo
Asano
produz e muito inteligente encontrando
companheiros livres mesmo pressionado.
Ao Tanaka
Yoshida
(Ko Itakura)

fique de olho
Sakai Junya Ito elenco
Goleiros Shuichi Gonda (Shimizu S-Pulse), Daniel Vencendo por cima
O Japão possui tendência exterior nos seus ataques. Os cruzamentos de Junya Ito são os Schmidt (Sint-Truiden), Eiji Kawashima (Strasbourg).
principais pontos na criação de jogadas.
Defensores Miki Yamane (Kawasaki Frontale),
Hiroki Sakai (Urawa Reds), Maya Yoshida
23 Duelos aéreos vencidos
Maior média entre as seleções classificadas
(durante o período entre copas)
(Schalke), Takehiro Tomiyasu (Arsenal), Shogo
Taniguchi (Kawasaki Frontale), Ko Itakura
(Borussia Monchengladbach), Hiroki Ito (Stuttgart),
Artilheiros nas eliminatórias
O trabalho sem bola — seja pelo alto ou em divididas pelo Yuto Nagatomo (FC Tokyo), Yuta Nakayama
(Huddersfield).
e as fragilidades chão. Entre a liderança defensiva de
Defensivamente, o Japão é um time Wataru Endo e a regularidade de Ao Meias Wataru Endo (Stuttgart), Hidemasa Morita Osako e
Minamino
10 gols
ordenado sem bola e busca defen- Tanaka e Hidemasa Morita, o Japão (Sporting), Ao Tanaka (Fortuna Dusseldorf), Gaku
der em um bloco médio-alto. A equi- tem no centro do campo o seu setor Shibasaki (Leganes), Kaoru Mitoma (Brighton), Daichi
Kamada (Eintracht Frankfurt), Ritsu Doan (Freiburg),
Ito 6 gols
pe se aproveita dos tiros de meta dos mais sólido. Junya Ito (Reims), Takumi Minamino (Monaco),
adversários para avançar suas linhas Entretanto, as maiores debilida- Takefusa Kubo (Real Sociedad), Yuki Soma (Nagoya
e utilizar uma marcação encaixada, des dos Samurais Azuis estão na fase Grampus).
Eliminatórias AFC
pressionando com eficiência. Neste defensiva. Além de não contar com
Atacantes Daizen Maeda (Celtic), Takuma Asano
sentido, a energia de seus meio-cam- uma pegada ofensiva especialmente (Bochum), Ayase Ueda (Cercle Brugge).
J V E D GP GC SG
pistas é uma importante arma para satisfatória, a seleção japonesa tam- 10 7 1 2 12 4 8
somar ações defensivas corretas bém não conta com um miolo de zaga Técnico Hajime Moriyasu

copa footure copa footure

114 115
grupo f
grupo f bélgica

a geração belga vai ao ataque


Por Caio Bitencourt

D
urante todos os torneios Por outro lado, um fator negati-
disputados desde a Copa vo, é o fato de que a base da seleção
de 2014, toda análise sobre está envelhecida. O que pode fazer
a Bélgica vinha com o ter- com que o projeto tenha adaptações.
mo “ótima geração belga”. Naquela Roberto Martínez provou no último
Copa, o país voltava ao Mundial após Mundial que pode fazer essas mudan-
12 anos de ausência, incomum após as ças, tanto que no único jogo que mu-
gerações que mantiveram os Diabos dou a formação tática, do tradicional
Vermelhos disputando seis edições 3–4–2–1 para um 4–3–3, o time ven-
seguidas. Na atual, o time vai para sua ceu o Brasil.
terceira edição consecutiva. Nos jogos de 2022, após a classifi-
A exigência sobre o futebol dos cação consumada para o Mundial, o
belgas cresceu com os tempos. O que treinador tem testado um 3–4–3, di-
de certa forma, explica o trabalho de ferente do 3–4–2–1 que utilizou até
Marc Wilmots naquele período ser a Euro, em que o diferencial era um
tão criticado, razão pela qual Roberto sistema que facilitava a liberdade de
Martínez chegou em 2016 para mudar movimento de Lukaku, o que era uma
a qualidade da seleção e para poder, aí vantagem para seu principal atacante.
sim, chegar a voos maiores. Embora seja bem verdade que a
De lá pra cá, Martínez levou a semi- amostra real com o seu principal
final da última Copa, as semifinais da atacante tenha sido feita até o mo-
última Nations League, e as quartas mento na derrota contra a França, na
da última Euro. Mas o time quer mais, Nations League, ainda em 2021, uma
quer voos maiores, e cravar seu espaço vez que Lukaku saiu machucado na
entre as grandes forças das seleções eu- derrota contra a Holanda, o que fez o
ropeias, e no mundial, colocar de novo projeto não ir tão adiante no período
seu nome entre as potências globais. pré-Copa.

copa footure copa footure

118 119
grupo f bélgica

Por outro lado, a expectativa é que Dendoncker, que tem atuado no trio No ataque, a fé nas estrelas con-
seja uma seleção de mudanças. No
gol, o x da questão deve ser as dúvi-
de zaga, mas vale observar a ascen-
são do jovem Theate, do Bologna, que
tinua, mesmo com algumas em um
possível último ciclo de Copa, como
fique de olho
das quanto ao físico de Courtois, que pode ganhar espaço. no caso de Eden Hazard, com 31 anos,
se recupera de uma pubalgia contra- A linha de meio-campo e alas é e Mertens, de 35 anos. Além delas, se Kevin De Bruyne
ída na reta final da temporada pelo uma das grandes mudanças belgas. confia em nomes como De Bruyne, de
Real Madrid, o que pode deixar o ve- Em meio a presença de Meunier na 30, e Lukaku, de 29, que tentam pro- Para muitos, ele seria o principal destaque
terano Mignolet de sobreaviso. direita, houve a ascensão de Castag- var que a experiência pode ser um individual, mas em vista o papel da seleção
belga, vale observar cada detalhe do jogo de
Na defesa, houve mudanças para ne no último ciclo do Mundial. Witsel melhor sinal de eficiência. De Bruyne nos Diabos Vermelhos. A liberdade
que nada mude. Alderweireld e Ver- ainda segue como titular no meio- Como novidades no ataque, vale dada por Roberto Martínez permite que ele
tonghen seguem no tradicional trio -campo, enquanto a outra vaga do destacar o jovem de 21 anos De Kete- esteja em todas as partes possíveis do campo,
de zaga, mas agora é Boyata quem meio segue indefinida entre Vanaken laere (Club Brugge), que pode ser tra- sendo ativo desde o início da construção
no campo de defesa, até a finalização das
segue como titular após a aposenta- e Tielemans, podendo ter algumas balhado como meia-ofensivo, como jogadas, onde trabalha com o trio de ataque,
doria de Kompany, em rotação com mudanças táticas. também já atuou na ponta-direita da ou com o trio de meias ofensivos, em caso
seleção, e um não tão jovem Trossard de 4–2–3–1, a criação e a conclusão do jogo
(Brighton), de 27, e que atua na ponta- belga, especializado na posse de bola.
-esquerda dos diabos vermelhos.
A seleção também aproveitou a sé-
QUADRO TÁTICO momento ofensivo
rie de jogos da Nations League para
A “velha geração belga”?
fazer novos testes. Entre eles, está a
Castagne
já ressaltada e possível presença de 29,2 Média de idade
Maior média entre as seleções
Dendoncker como uma espécie de da eliminatória europeia

Boyata
terceiro zagueiro, de Carrasco como
Hazard ala, semelhante ao contexto de clube, Artilheiros nas eliminatórias
Tielemans
pode ser um caminho para o trabalho
de Roberto Martínez.
Entre os jovens que estrearam na Lukaku 5 gols
Courtois Lukaku seleção, destaque para o atacan-
te Lois Openda (Vitesse), o zagueiro Vanaken 3 gols
Alderwireld Wout Faes (Reims), e o volante Ama-
Witsel dou Onana (Lille), que apareceram
Benteke 2 gols
Trossard, Praet
nos últimos duelos, e sempre vale De Bruyne
De Bruyne lembrar que em um processo de re- Thorgan Hazard
novação, outras novidades podem
surgir até o Mundial.
Vertogen Meunier Taticamente, não é de se espe- Eliminatórias UEFA
rar mudanças em alguns pontos. Por
exemplo, na defesa na fase sem a J V E D GP GC SG
bola, o sistema de três zagueiros vira 8 6 2 0 25 6 19
Táticas na fase ofensiva, com a posse de bola da equipe belga. um 5–4–1, com o recuo dos dois alas

copa footure copa footure

120 121
grupo f bélgica

Por outro lado, a função de flutu- Embora a renovação não seja ra-
QUADRO TÁTICO momento defensivo ar pelo campo adversário não é só de
De Bruyne. Através dessas trocas tan-
dical, os belgas tentam se mexer para
oxigenar sua equipe pensando em
Castagne to de movimento quanto de passes, a mais uma Copa do Mundo, e quem
Hazard Bélgica procura passes e oportunida- sabe, com a chance de voar alto no-
des de driblar para dentro da área, e vamente, e marcar cada vez mais a
assim, procuram estar em superiori- história da geração de jogadores que
dade numérica nessas situações, e ga- levou o país a sua melhor colocação
Boyata
Tielemans
rantir boas ocasiões. no Mundial em 2018 com o 3º lugar. ∞
Também é de se esperar dribles e ar-
Courtois rancadas, além de passes curtos e se-
Lukaku quências de movimentos em espaços
Alderwireld apertados, mas no fim das contas, o
time de Roberto Martínez é sobretu-
Witsel do uma equipe que prima pela posse
de bola como sua principal arma para
Vertogen competir, salvo em situações de ex-
De Bruyne trema necessidade.
Meunier elenco
Goleiros Koen Casteels (Wolfsburg), Thibaut
Courtois (Real Madrid) e Simon Mignolet (Club
Táticas da fase defensiva da Bélgica, que vira um 5–4–1 sem a posse de bola.
destaque individual Brugge).

Defensores Toby Alderweireld (Antwerp), Zeno


Debast (Anderletch), Wout Faes (Leicester), Arthur
Romelu Lukaku Theate (Rennes), Vertonghen (Anderletch), Timothy
para a primeira linha defensiva. Por gos ou cruzamentos, também por con- Castagne (Leicester) e Meunier (Borussia Dortmund).
outro lado, sem a bola, em uma mu- ta da baixa estatura da equipe no ata- Em uma Bélgica tão coletivista e que
dança que já se via desde a Euro, por que, o que explica algumas decisões. transforma o melhor de suas estrelas, o Meias Yannick Carrasco (Atlético de Madrid),
Thorgan Hazard (Borussia Dortmund), Kevin De
questões físicas, que variam desde o Nas funções de ataque, os papéis papel de seu principal atacante pode ser
Bruyne (Manchester City), Leander Dendoncker
envelhecimento da equipe, até as exi- são mais fortes, com um 3–2–5 que decisivo, uma vez que no novo sistema, (Aston Villa), Amadou Onana (Everton), Youri
gências da temporada, a pressão após pode ser bastante fluido com trocas pela primeira vez pode atuar na seleção Tielemans (Leicester), Axel Witsel (Atlético de
a perda, ou até mesmo em relação à posicionais e movimentos fora da em um 4–3–3, esquema pelo qual tem Madrid), Hans Vanaken (Club Brugge), De Ketelaere
(Milan), Jérémy Doku (Rennes) e Eden Hazard (Real
saída de bola, não é tão intensa como bola. Os alas e os pontas se revezam jogado no Chelsea, em vez do tradicional
Madrid).
foi no passado. nas operações ao largo ou no centro, 4–2–3–1, um sistema mais acomodado a
Isso, por outro lado, ressalta outra enquanto alguém como De Bruyne sua realidade e que lhe dá mais liberdade Atacantes Leandro Trossard (Brighton), Dries
virtude belga: a posse de bola. O time tem a liberdade de flutuar pelo cam- de movimento, essencial para ele. Essas Mertens (Galatasaray), Lois Openda (Lens), Michy
Batshuayi (Fenerbahçe) e Romelu Lukaku (Inter de
raramente perde a bola quando a tem, po como quiser, podendo receber a experiências podem ser decisivas para o
Milão)
e opta pelos passes curtos na hora de bola no campo de defesa e chegar à sucesso de Lukaku, e o sucesso dele, é o .
trocá-los, sem arriscar por passes lon- área adversária. sucesso da Bélgica. Técnico Roberto Martinez

copa footure copa footure

122 123
grupo f canadá

a ânsia de viver um sonho


Por Caio Bitencourt

N
a véspera do duelo entre ano tem sido caótica em alguns aspec-
França e Canadá, na Copa tos fora de campo, como na greve de
de 1986, que abriria o Grupo jogadores canadenses que reivindica-
C da competição, o técnico va, entre outras coisas, transparência
francês Henri Michel, perguntado so- comercial nas relações com os atletas,
bre a seleção canadense, que disputa- e que chegou a cancelar um amistoso
va o primeiro Mundial, disparou: “Eu diante do Panamá.
só os temeria se fosse uma seleção de Dentro de campo, a seleção quer ser
hóquei no gelo”. temida além do hóquei no gelo, e fez
Naquela participação do Mundial, isso com uma campanha avassaladora
em 1986, o Canadá teve três derrotas: nas Eliminatórias, com a melhor cam-
para França, URSS e Hungria. Apesar panha da América do Norte. E fez isso
de suas limitações, vendeu caro as com categoria graças ao 4–4–2 arma-
derrotas. De lá pra cá, entre a primei- do por John Herdman, que na fase de-
ra e a segunda participação em Copas, fensiva virava um 5–2–2–1.
tudo mudou. O sistema defensivo faz com que
A começar pelo elenco. Naquele o goleiro Borjan não participe tanto
Mundial, apenas 6 dos 22 jogadores da construção, mas a linha de qua-
jogavam em ligas de elite no futebol tro homens é flexível, e curiosamente
— entre Europa e México —, enquan- não tanto por seus zagueiros (Vitória
to a grande maioria jogava no futebol e Miller), tampouco por seus laterais
amador canadense ou na liga indoor (Johnson e Akatugbe), que cumprem
dos Estados Unidos, que não tinha liga seus papéis.
profissional após o fim da NASL, em É o meia-direita Laryea, que joga no
1984. Atualmente, todos os convoca- Nottingham Forest, que mais varia sua
dos jogam ou na Europa, ou na MLS. função. Ele pode ser ala no 4–4–2 em
Por outro lado, a preparação neste fase de construção de jogo e auxiliar o

copa footure copa footure

124 125
grupo f canadá

Mais do que ser temida além do


QUADRO TÁTICO possível time hóquei no gelo, a seleção de John
Herdman quer ser respeitada, e pro-
destaque individual
mete fazer o possível nessa Copa para Alphonso Davies
Adekugbe Davies colocar respeito no nome canadense
no futebol mundial no ano de 2022, e O Canadá não espera por ele à toa.
começar uma nova história. ∞ Mesmo não tendo jogado a reta final das
Eliminatórias, Davies representa muito da
Miller Eustáquio versatilidade que a equipe canadense
Buchanan
espera para o Mundial, como um dos dois
(Larin)
Borjan principais atacantes, e podendo trabalhar
nas mais diversas funções entre o meio-
David campo e as alas, mesmo a princípio
Vitória Kaye jogando em um papel mais central do que
(Hutchinson) o de costume.

Johnston Laryea

fique de olho
elenco
Formação titular do 4–4–2 da seleção canadense para a próxima Copa, com dúvidas Volume ofensivo
pontuais no time que vem sendo escalado. Goleiros Milan Borjan (Red Star), James Pantemis
(CF Montreal) e Dayne St. Clair (Minnesota United).

Defensores Sam Adekugbe (Hatayspor), Derek


2,4 Média de xG
Maior média entre as seleções classificadas
(durante o período entre copas)
Cornelius (Panetolikos), Joel Waterman (CF
ataque, mas também pode recuar para — e que com a bola atua pelo lado es- Montreal), Alistair Johnston (CF Montreal), Richie
ser um lateral sem a bola, numa ideia querdo —, pode flutuar pelo meio sem Laryea (Toronto FC), Kamal Miller e (CF Montreal), Artilheiros nas eliminatórias
mais direta, rápida e dinâmica, até a bola na fase de marcação e até mes- Steven Vitoria (GD Chaves).
para os meias Eustáquio e Daye. mo na fase de construção, com papel
O papel dessa seleção no dinamis- de forte movimentação e mais espaço Meias Liam Fraser (CF Montreal), Stephen Estaquio
(Porto), Ismael Kone (KMSK Deinze), Junior Hoilett
Larin
13 gols
mo se vê com seus mais famosos cra- pelo centro. (Reading), Atiba Hutchinson (Besiktas), Mark-
ques. O único mais “fixo” é Jonathan Tudo isso teve grande sucesso ao Anthony Kaye (Toronto FC), Jonathan Osorio
David 9 gols
David, que tem cadeira cativa no ata- longo das Eliminatórias, tendo em vis- (Toronto FC), Samuel Piette (CF Montreal) e David

que. Buchanan e Larin podem ser seus ta que o treinador orientou a equipe Wotherspoon (St. Johnstone).
Cavallini
Davies 5 gols
principais parceiros na dupla, mas po- canadense a ser forte nas transições Atacantes Tajon Buchanan (Club Brugge), Lucas
dendo recuar para uma linha de dois ofensivas em velocidade, começan- Cavallini (Vancouver Whitecaps), Jonathan David
Eliminatórias CONCACAF
homens a sua frente sem a bola. do com a contrapressão sobre a bola, (Lille), Cyle Larin (Club Brugge), Alphonso Davies
(Bayern Munich), Liam Miller (Basel) e Ike Ugbo
Quem exemplifica melhor a flexibi- no curto espaço e a compactação sem (Troyes).
J V E D GP GC SG
lidade canadense é seu maior craque: ela, e aproveitando a qualidade de 18 12 4 2 40 8 32
Alphonso Davies, um ponta de origem seus homens para atacar espaços. Técnico John Herdman

copa footure copa footure

126 127
grupo f marrocos

construir a paz para crescer


Por Caio Bitencourt

O
s últimos meses da sele- Sem as duas estrelas, o time marro-
ção marroquina foram ca- quino vinha sendo armado em um 3–5-2,
óticos. No aspecto técnico, o que melhorou a defesa e a ofensivi-
com o desempenho irregu- dade da equipe, por incrível que pa-
lar da seleção na Copa da África, e com reça, com outros nomes de destaque
críticas mesmo após a classificação na defesa, como Hakimi (PSG) na la-
ao mundial, que veio ao a República teral-direita, um trio de zaga eficien-
Democrática do Congo no jogo de ida te com El Kaabi (Hatayspor), Saiss
e aplicar uma goleada na volta. (Wolverhampton) e Aguerd (Rennes),
Mas o caos esteve presente mesmo além de Masina (Watford) ocupando a
fora de campo, com os problemas en- vaga de Mazraoui.
frentados por algumas de suas estre- O sistema deixa laterais como
las nacionais. Tudo começou quando o Hakimi e Masina, que possuem boa
croata Vahed Halilhodzic, então técni- qualidade no ataque, avançarem mais
co da seleção, cortou ninguém menos e terem cobertura na defesa, fazendo o
que Mazraoui (Bayern, então no Ajax) treinador optar por um 5–3–2 como no
e Ziyech (Chelsea) das convocações a segundo jogo diante da RD do Congo,
caminho da Copa Africana de Nações, uma vez que diante de adversários
e posteriormente da competição. ofensivos poderia se resguardar mais.
Entre as discussões, alegadas indis- Mas tudo mudou após a saída de
ciplinas e confusão, além de uma pos- Vahed Halilhodzic em agosto, em pro-
sível recusa por parte dos dois jogado- blemas com a federação. De repente,
res de defender a seleção. Mesmo que nomes como Ziyech e Mazraoui vol-
o presidente da federação abra espaço taram a constar na lista da seleção,
aos dois em entrevista, mais tarde, o e já foram titulares no 4-3-3 armado
treinador tratou como um “caso encer- pelo novo treinador, Walid Regragui,
rado” e que não voltaria a convocá-los. que assinou até 2025, respaldado pelo

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128 129
grupo f marrocos

(Bari), que estão em boa fase.


QUADRO TÁTICO possível time No período do antigo treinador, fo-
ram testadas todas as possíveis duplas
destaque individual
Masina entre Tissoudali, El Kaabi e En-Nesyri, Achraf Hakimi
e agora espera aproveitar o grande
Tissoudali momento dos dois primeiros e a expe- Independentemente do esquema, o
Saiss Ounahi riência internacional que contempla treinador deve trabalhar para aproveitar o
Champions e Europa League do ata- que o lateral-direito do PSG tem de melhor,
cante sevillista para triunfar. seja em testes com linhas de quatro
Será que Marrocos conseguirá supe- homens, ou seja em possíveis linhas com
Amrabat
El Kaabi rar o caos e voltar a superar a fase de três zagueiros, o que pode fazê-lo atuar
Bono
grupos pela primeira vez desde 1986? ∞ melhor, com as boas opções ofensivas que
cria, auxiliando o ataque e também sendo
uma boa força defensiva.
Aguerd
Taarabt
(Harit)

Hakimi
Ziyech
fique de olho
Walid Regragui retornou o time ao 4-3-3.
elenco Solidez defensiva

Goleiros Yassine Bono (Séville), Munir (Al-Wehda) e


Tagnaouti (Wydad).
0,42 Média de gols sofridos por partida*
3ª menor entre as seleções da copa
(no período entre copas)
trabalho no Wydad Casablanca. (Angers), titular nos amistosos de se-
Defensores chraf Hakimi (Paris Saint-Germain),
Saiu o sistema que privilegiava os tembro e Munir El Haddadi (Sevilla), Noussair Mazraoui (Bayern de Munique), Romain
alas, e voltou o padrão dos laterais, mas outrora titulares, mantivessem a espe- Saiss (Besiktas), Nayef Aguerd (West Ham), Achraf Artilheiros nas eliminatórias
em comum entre os dois trabalhos, se- rança de jogarem o Mundial. Dari (Brest), Jawad El-Yamiq (Valladolid), Yamia
gue o meio-campo com a forte presen- Atualmente, no ataque, Halilhodzic Attiat-Allal (Wydad) e Badr Benoun (Qatar SC).

ça defensiva de Amrabat (Fiorentina), vinha apostando em nomes em grande Meias Sofyan Amrabat (Fiorentina), Selim Amallah
El Kaabi 5 gols
e mesclando jovens como Ounahi fase, como Tissoudali (Gent) e El Kaabi
(Angers), com experientes como (Hatayspor), que anotaram um bom nú-
(Standart de Liége), Abdelhamid Sabiri (Sampdoria),
Azzedine Ounahi (Angers), Bilel El Khanouss (Genk) e
Ryan Mmaee 4 gols
Hakimi, Amallah,
Taarabt (Benfica) e Harit (Marseille), mero de gols nos campeonatos locais, Yahya Jabrane (Wydad).

que mesmo fora das últimas convoca- em vez do mais badalado, En-Nesyri
Tissoudali, Louza
e Ounahi
2 gols
Atacantes Hakim Ziyech (Chelsea), En-Nesyri
ções, podem estar no Mundial. (Sevilla), que oscilou na temporada, (Séville), Sofiane Boufal (Angers), Aboukhlal
Regragui já voltou a utilizar pontas, e que chegou a perder a titularida- (Toulouse), Ez Abdé (Osasuna), Amine Harit
Eliminatórias CAF
como Halilhodzic chegou a fazer na de na seleção. O momento do sevillis- (Olympique de Marselha), Ilias Chair (Quees Park
Rangers), Abderazak Hamdallah (Al-Ittihad) e Walid
Copa Africana de Nações, agora com ta ainda não é o mesmo, mas outros Cheddira (SSC Bari).
J V E D GP GC SG
a presença de Ziyech, e que poderia nomes jovens podem aparecer, como 8 7 1 0 25 3 22
fazer com que jogadores como Boufal Ryan Mmaee (Ferencvaros) e Cheddira Técnico Walid Regragui

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130 131
grupo f croácia

repetir 2018 é possível?


Por Caio Bitencourt

A
copa de 2018 foi inesquecí- Nas laterais, renovação total, uma
vel para a Croácia. Vitórias vez que apenas Vrsaljko é rema-
no grupos, que deram a li- nescente. O que deu oportunidade
derança, e vitórias na base para novos nomes, como Stanisic e
da garra, da coragem e da luta contra Juranovic na direita, além de Sosa e
Dinamarca, Rússia e Inglaterra, que Barisic, que se destaca por ser ambi-
fizeram aos croatas chegarem a uma destro, uma qualidade vista anterior-
improvável final diante da França — mente apenas no lateral do Atlético
feito que foi aplaudido por todo o país. de Madrid.
Em 2022, nomes daquele time ines- Na zaga há mais remanescentes,
quecível não estão mais presentes mas com destaque para a segurança
na seleção. Jogadores como Subasic, da dupla Caleta-Car, do Marseille, e
Mandzukic, Perisic, e alguns outros Pongracic, do Borussia Dortmund.
já não estão no time comandado por Há um remanescente em Vida, do
Zlatko Dalic, que traz jovens daquela Besiktas, mas este não vem sendo ti-
campanha ganhando espaço desde a tular nos últimos duelos croatas ofi-
campanha na Euro até o tranquilo ca- ciais, só tendo sido na curta experiên-
minho nas Eliminatórias, em que pas- cia com três zagueiros, que ainda que
sou em 1º no seu grupo. tenha sofrido poucos gols, não agra-
A começar no gol, onde o único re- dou pela baixa ofensividade.
manescente é Livakovic, que já vem No meio, o time reduziu a depen-
sendo titular absoluto há anos do dência de Modric, que quando em
Dinamo Zagreb. Depois dele, há dú- campo, segue tendo a classe de sem-
vidas entre os convocados, que se re- pre. O espaço de Kovacic e Brozovic na
vezam no gol. Grbic é o mais conheci- construção é fixo, o que fez o vetera-
do, mas nos últimos duelos, Ivusic, do no meia madridista atuar mais avan-
Osijek, também jogou. çado quando atua, e pelo treinador

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132 133
grupo f croácia

pontas, feito onde Budimir foi testado.


QUADRO TÁTICO possível time O que anima os croatas é que em
2018 muitos não apontavam sua sele-
destaque individual
ção nem mesmo como favorita no gru- Marcelo Brozovic
Sosa po com Argentina, Nigéria e Islândia,
Brekalo e o time chegou a grande final. Mas Se no papel da construção o papel de
será que repetir 2018 é possível com a Modric não é o mesmo por conta da
nova geração de croatas? ∞ idade, o jogo passa por ele e por Kovacic.
Embalado pela grande temporada na
Pongracic Brozovic
Itália e pela renovação de contrato, o meia
Modric
interista é um dos titulares absolutos da
Livakovic Kramaric equipe de Dalic em todos os esquemas
(Budimir) táticos possíveis, e por conta disso, é um
dos principais destaques da equipe.
Caleta-Car Kovacic

Majer

Vrsaljko
fique de olho
(Juranovic)
elenco Defesa vazada
Formação tática-base da Croácia no ano de 2022, apenas com dúvidas pontuais nos
últimos duelos. Goleiros Dominik Livakovic (Dinamo Zagreb), Ivica 17,9 M Distância média das finalizações
sofridas para o gol *
Menor média entre as seleções classificadas
Ivusic (Osijek), Ivo Grbic (Atletico Madrid).

Defensores Domagoj Vida (AEK Aethens), Dejan


Lovren (Zenit St Petersburg), Borna Barisic (Rangers),
1,3 Média de gols sofridos *
Maior média entre as seleções classificada

preferir a juventude de Pasalic. de posição envolvem as funções de Josip Juranovic (Celtic), Joško Gvardiol (RB Leipzig), *durante o período entre copas
Taticamente, 2022 foi tempo de Brekalo e Majer, que estão sendo titula- Borna Sosa (Stuttgart), Josip Stanisic (Bayern
mudanças para os croatas. O proje- res com Zlatko Dalic. No 4–2–3–1 mais Munich), Martin Erlic (Sassuolo), Josip Sutalo (Dinamo Artilheiros nas eliminatórias
Zagreb).
to de 4–3–3 utilizado na Euro e nas recuados e no 4–3–3 sendo as princi-
Eliminatórias foi deixado de lado em pais fontes de jogadas para o titular ab- Meias Luka Modric (Real Madrid), Mateo Kovacic Perisic, Pasalic
um primeiro momento. Nos amisto- soluto do ataque, Kramaric, que vem (Chelsea), Marcelo Brozovic (Inter Milan), Mario e Modric 3 gols
sos, foi testado um sistema com três na frente de Budimir na disputa. Pasalic (Atalanta), Nikola Vlasic (Torino), Lovro Majer
Kramaric, Livaja
zagueiros, mas não agradou nos jogos Essa alternância de nomes no ata- (Rennes), Kristijan Jakic (Eintracht Frankfurt), Luka
Sucic (RB Salzburg). e Majer 2 gols
contra Eslovênia e Bulgária. Então, que gera uma incógnita sobre qual
na Nations League, a ideia foi de um forma de jogo será utilizada den- Atacantes Ivan Perisic (Tottenham), Andrej
Eliminatórias UEFA
4–2–3–1, mas abandonada com a tre a equipe croata, que pode adotar Kramaric (Hoffenheim), Bruno Petkovic (Dinamo
Zagreb), Mislav Orsic (Dinamo Zagreb), Ante Budimir
derrota para a Áustria e, nos jogos se- um centroavante mais isolado, onde (Osasuna), Marko Livaja (Hajduk Split).
J V E D GP GC SG
guintes, o 4–3–3 voltou. Kramaric tem maior experiência na 10 7 2 1 21 4 17
Algumas chaves das mudanças seleção, ou mesmo em meio a dois Técnico Zlatko Dalic

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134 135
grupo g
grupo g brasil

Uma construção de quatro anos


Por Gabriel Assis

O
Brasil terá no Catar o final dia do continente, as vitórias, mesmo
de um processo de quatro que magras, apareciam.
anos duros. Os 45 pontos O desafio era manter a consistên-
conquistados em 51 possí- cia lá atrás, mas fazer um time menos
veis nas Eliminatórias Sul-America- estático, além de encaixar uma nova
nas representam o recorde da com- safra de excelentes jogadores. Tite so-
petição, na qual a Seleção terminou freu para encontrar o melhor encaixe
invicta pela primeira vez desde 1989. da equipe com o envelhecimento de
Apesar dos números expressivos, o ca- nomes muito importantes no início de
minho percorrido desde 2018 não foi seu trabalho, como Marcelo, Paulinho
tão tranquilo quanto parece. e Renato Augusto. Contudo, após al-
A equipe que chega como uma das guns anos e muitos testes, Raphinha,
candidatas ao título mundial passou Antony, Vinícius Júnior, Rodrygo, Ri-
por um processo difícil, com derrotas charlison, Bruno Guimarães, Lucas
doloridas como na Copa América 2021 Paquetá e Eder Militão se firmaram no
e desempenhos ruins até chegar ao mo- alto nível do futebol mundial. E com o
mento atual, o melhor da seleção desde crescimento deles, cresceu o time.
a Copa da Rússia em 2018. Os 44 atletas A estabilidade vista nos resultados
que tiveram suas primeiras convoca- do torneio classificatório para a Copa
ções ao longo deste ciclo que o digam. do Mundo também é encontrada no
Marca registrada do trabalho de comando técnico. Tite é o primeiro
Tite desde 2016, a segurança defensiva treinador desde Telê Santana em 1982
seguiu uma constante do Brasil e foi e 1986, a comandar o Brasil em duas
o principal motivo para a supremacia Copas seguidas. Também é o técni-
nas Eliminatórias e o título da Copa co que mais dirigiu a seleção em uma
América em 2019 com apenas um gol única passagem, sem interrupções. Já
sofrido. Pelos jogadores acima da mé- são mais de 2100 dias de trabalho.

copa footure copa footure

138 139
grupo g brasil

Não ter enfrentado os principais ad- tem tudo para encontrar esta elite nas com os dois zagueiros alinhados e mais
versários europeus é uma das grandes
aflições da comissão técnica e, de fato,
fases mais agudas da competição. três jogadores, os dois laterais e o pri-
meiro volante à frente (2+3), Tite quer
fique de olho
não nos deixa ter um diagnóstico pre- A introdução e o refrão controle e segurança desde o princípio
ciso sobre o nível da seleção. A equipe Raphinha, Vinícius Júnior, Antony e das jogadas. Velocidade
melhorou, e muito, a partir do segun- Rodrygo como opções para as pon- São esses cinco jogadores os respon-
do semestre de 2021. Será suficiente tas, Neymar flutuando por dentro e sáveis por fazer a bola chegar nos ou- Vinícius Júnior, Raphinha, Antony, Rodrygo… São
para bater os melhores do mundo? E Richarlison como centroavante. Velo- tros cinco atletas mais avançados. Pode muitas opções de velocidade pelas pontas que
e fizeram ótima temporada em seus clubes
mais importante: COMO enfrentar cidade pura! Certo? Sim, mas há toda ser um passe por dentro, por fora, uma com a seleção em 2022. Além da jogada
os melhores do mundo? Ainda assim, uma preparação para chegar nessa inversão de jogo… O importante é que individual e a chegada na área, tornam o Brasil
com o que pudemos observar, o Brasil parte. Utilizando uma saída de bola os atacantes permaneçam perto do gol, perigosíssimos nos contragolpes.
prendendo e espaçando a defesa rival.
Tudo isso é feito com o intuito de dei- Vinícius Jr
xá-los nas condições ideais para faze-
rem o que sabem: ir para cima. 59 22 14
Jogos Gols Assistências
Quando tudo isso acontecer, aí sim,
QUADRO TÁTICO momento ofensivo é o refrão. Com quatro ou cinco joga-
dores perto da área, o Brasil pode ter
*temporada 2021-2022

jogadas de 1x1 pelos lados, cruzamen- Difícil de pressionar


Paquetá tos e tabelas na faixa central. Se o ad-
Alex Sandro versário marcar com quatro na linha
(Vini Jr)
defensiva, fica em inferioridade numé- 16,27 Número médio de passes antes do
adversário realizar ação defensiva

Thiago Silva Neymar rica e sobra um atacante livre. Se mar- Maior média entre as seleções da copa

car com cinco, a defesa fica no mano a


mano. Se marcar com seis, pode faltar
Casemiro
Richarlison
gente no meio para vigiar Neymar. Artilheiros nas eliminatórias
Alisson
Não podemos deixar de falar sobre
Marquinhos
a cobertura ofensiva oferecida pelos Neymar 8 gols
Fred homens da saída de bola. Eles são um
passe de segurança caso os atacantes Richarlison 6 gols
não tenham espaço para acelerar o
Danilo Philippe Coutinho,
jogo e precisem recuar. Dessa forma,
os zagueiros, os laterais e o primeiro Raphinha, Firmino 3 gols
e Lucas Paquetá
volante fazem o movimento de pêndu-
Raphinha lo, recebendo esse recuo e lançando o
flanco oposto. Essas trocas de corre- Eliminatórias CONMEBOL
dores são fundamentais para fazer o
Estrutura ofensiva do time, com destaque para Neymar e Fred: são os jogadores com oponente balançar de um lado para o J V E D GP GC SG
maior liberdade para se aproximarem da bola para triangulações, por dentro e por fora. outro, deixando espaços e se cansan- 17 14 3 0 40 5 35
Fazem o jogo andar no campo de ataque. do durante esse deslocamento.

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140 141
grupo g brasil

abrindo mão da posse de bola ao longo Já a altura do bloco de marcação do


QUADRO TÁTICO momento defensivo da Copa. Neste caso, veremos o Brasil
defender com duas linhas de quatro e
Brasil não alterna muito entre as par-
tidas. Na maior parte das vezes, ela é
dois atacantes mais avançados. O ob- média, se estendendo de uma interme-
Alex Sandro
jetivo é o mesmo: fechar as linhas de diária à outra e avança gradualmente,
Paquetá passe por dentro, forçar o adversário induzindo o rival a recuar e, posterior-
(Vini Jr) a jogar por fora e sufocá-lo com supe- mente, dar o chutão. Dessa forma, a
rioridade numérica no setor do lance, dupla de zaga brasileira normalmente
Thiago Silva Neymar
o limitando a tocar atrás ou cruzar. ganha a disputa pelo alto e a recupe-
Casemiro A defesa da área é um pilar da se- ração da segunda bola acontece no
Alisson
leção, com zagueiros e laterais sempre campo de ataque, próxima ao gol. ∞
alinhados e os volantes protegendo a
Richarlison meia-lua. É a maneira de defender que
Marquinhos Fred Tite implementou em toda sua carrei-
ra, variando entre o 4-4-2 e o 4-1-4-1.
A função dos pontas é primordial, ten-
do em vista que eles devem ser bastan-
Raphinha te disciplinados na recomposição, evi-
Danilo tando com que os laterais saiam muito
da linha defensiva. elenco
Goleiros Alisson (Liverpool), Ederson (Man.
As duas linhas de quatro defensivas do Brasil, com destaque para Neymar avançado. City), Weverton (Palmeiras)
Quando a seleção rouba a bola, o procura imediatamente para que ele conduza a bola e
enfie nos pontas que ultrapassam como flechas. destaque individual Laterais Dani Alves (Pumas/MEX), Danilo
(Juventus), Alex Sandro (Juventus) e Alex Telles
(Sevilla)
Neymar
Zagueiros Bremer (Juventus), Militão (Real
O super-trunfo precisa se proteger dos contra-ataques. Segundo maior artilheiro da história da Madrid), Marquinhos (PSG) e Thiago Silva
(Chelsea)
Em um mata-mata com a importân- Para tanto, tem uma reação muito rá- seleção brasileira, Neymar fez oito gols e
cia de uma Copa do Mundo, cada gol pida após a perda da posse. Enquanto deu oito assistências em 10 participações Meias Bruno Guimaraes (Newcastle),
tem um peso dobrado pelo impacto o jogador mais próximo do lance pres- nas Eliminatórias, o camisa 10 assumiu uma Casemiro (Man. United), Everton Ribeiro
psicológico. Com 17 gols sofridos em siona a bola, os volantes e o lateral do nova função durante este ciclo. Ele não é (Flamengo), Fabinho (Liverpool), Fred (Man.
United), Lucas Paquetá (West Ham)
42 jogos após a última copa, o sistema lado da jogada sobem para encurtar a mais o jogador do 1x1 no lado do campo.
defensivo da seleção segue em altíssi- marcação nas opções de passe curto do Agora, é o articulador, flutua por dentro Atacantes Antony (Man. United), Gabriel Jesus
mo nível. Nas Eliminatórias, o time de oponente. Assim, a única opção restan- e cria muitas linhas de passe atrás dos (Arsenal), Gabriel Martinelli (Arsenal), Neymar
Tite concedeu somente cinco gols em te é o passe longo, administrado com volantes. O grande criador de jogadas do (PSG), Pedro (Flamengo), Raphinha (Barcelona),
Richarlison (Tottenham), Rodrygo (Real Madrid)
18 partidas, saindo atrás no placar so- facilidade pelos zagueiros. time, precisa ficar longe das lesões que o
e Vini Jr (Real Madrid)
mente duas vezes. Dependendo do contexto, podere- perseguiram nos últimos quatro anos para
Por ficar muito com a bola, o Brasil mos ver em algum momento a Seleção chegar no seu melhor nível. Técnico: Tite

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142 143
grupo g sérvia

a ânsia de viver um sonho


Por Gabriel Assis

A
A Copa do Mundo do Catar azarão: as Águias Brancas têm totais
será a terceira da Sérvia in- condições de bater de frente com essas
dependente com a atual no- equipes e até sonhar com uma cam-
menclatura. Em 2006, jogou panha histórica. Se entregar tudo que
como Sérvia e Montenegro e antes era promete, o Grupo G pode ser o mais
a Iugoslávia, terceira colocada em 1930, difícil e qualificado do torneio.
quarta colocada em 1962, vice-cam-
peã europeia em 1960 e 1968, além de Um trabalho autoral
campeã olímpica em 1960, com a atu- Um técnico de seleção, usualmente,
al nomenclatura. Os sérvios estão mais tem seu grupo reunido para treina-
prontos do que nunca para passarem da mentos cinco vezes ao ano, por perí-
fase de grupos pela primeira vez desde odos de 10 a 12 dias. Por isso é tão di-
a independência declarada em 2006. fícil para um treinador implementar
Seis vitórias – incluindo uma contra um modelo de jogo em uma seleção e é
Portugal, em Lisboa, no último minuto por isso que o trabalho de Stojkovic é
da última rodada – e dois empates nas digno de grande admiração.
Eliminatórias colocaram a Sérvia na Com uma equipe totalmente ade-
Copa do Mundo. Foi uma importan- quada ao futebol atual, a Sérvia é do-
te recuperação de uma excelente ge- tada de organização tática, qualidade
ração, deixando para trás a ausência técnica e jogadores que são “touros”
na Euro 2020. Desde março de 2021 no fisicamente. Dessa forma, a equipe
cargo, o técnico Dragan Stojkovic faz tem facilidade em se instalar no cam-
um dos melhores trabalhos do futebol po ofensivo e ter alto volume de jogo.
de seleções. Distribuída no 3-4-2-1, que varia para
Em um grupo parecido com o de o 3-4-1-2, os sérvios espetam seus alas,
2018, a Sérvia reencontrará o Brasil liberam seus zagueiros para conduzi-
e a Suíça em 2022, porém não será o rem a bola ao ataque e colocam um ou

copa footure copa footure

144 145
grupo g sérvia

executada após a perda da bola, de


QUADRO TÁTICO fase ofensiva em 3-4-1-2 modo que o time recupere a posse
muito rapidamente. Por outro lado,
destaque individual
Pavlovic a linha alta e os zagueiros liberados Tadic
Kostic para avançar no campo ofensivo são
causas da dificuldade defensiva des- Autor de dois gols e seis assistências
sa Sérvia: os passes em profundidade nas Eliminatórias, foi o maior garçom da
nas costas dos zagueiros. Um time com competição ao lado de Memphis Depay e
Gudelj tamanho poderio físico não poderia Goretzka. É o único “insubstituível” do time,
Mitrovic
Veljkovic Tadic ser inofensivo nas bolas paradas: na por seus passes em profundidade.
Nations League 2022, foram cinco gols
Milinkovic-Savic
de escanteio em seis jogos. ∞ 9,87 Cruzamentos por jogo
Milinkovic-Savic
Vlahovic 2,49 Passes chave por jogo
Milenkovic
Zivkovic
fique de olho
Distribuição ofensiva da Sérvia com os zagueiros de lado bem avançados, muitas vezes
elenco Poderio aéreo
parecendo laterais e linhas de passe por dentro e por fora. O meio-campo preenchido
ajuda a ganhar segundas bolas também. Goleiros Marko Dmitrovic (Sevilla), Predrag Rajkovic
(Mallorca) e Vanja Milinkovic-Savic (Torino).
21,1 Média de vitórias em duelos aéreos
Segunda maior média entre as seleções
classificadas (durante o período entre copas)

Defensores Stefan Mitrovic (Getafe), Nikola


dois jogadores nas costas dos volantes sempre sendo servidos por Tadic. Milenkovic (Fiorentina), Strahinja Pavlovic (RB
adversários, criando linhas de passes A grande capacidade física do es- Salzburg), Milos Veljkovic (Werder Bremen), Filip Artilheiros nas eliminatórias
por todo o setor. quadrão sérvio também é fundamen- Mladenovic (Legia Varsóvia), Strahinja Erakovic
Além de bem postada em campo, a tal no momento defensivo, afinal a (Estrela Vermelha), Srdan Babic (Almería).

Sérvia é agressiva quando tem a bola marcação por encaixes individuais do Meias Nemanja Gudelj (Sevilla), Segej Milinkovic-
Mitrovic
8 gols
e busca tê-la sempre. Sabe aproveitar time faz com que cada jogador de linha Savic (Lazio), Sasa Lukic (Torino), Marko Grujic
todos os corredores e espalha atletas esteja em constante duelos no mano (Porto), Filip Kostic (Juventus), Uros Racic (Braga),
Vlahovic 4 gols
de qualidade em todas as regiões, bus- a mano com um oponente. Assim, a Nemanja Maksimovic (Napoli), Ivan Ilic (Hellas

cando a profundidade a todo instante. Sérvia marca alto, elimina as linhas de Verona), Andrija Zivkovic (PAOK), Darko Lazovic Tadic 2 gols
(Hellas Verona).
Com os alas Zivkovic e, principalmente, passe do rival, sufocando-o até roubar.
Kostic indo ao fundo ou finalizando na Com o meio bastante povoado, é uma Atacantes Dusan Tadic (Ajax), Aleksandar Mitrovic
Eliminatórias UEFA
segunda trave e os artilheiros Mitrovic equipe que praticamente não deixa o (Fulham), Dusan Vlahovic (Juventus), Filip Duricic
(Sampdoria), Luka Jovic (Fiorentina), Nemanja
e Vlahovic disputando uma vaga de adversário jogar por dentro, mesmo Radonjic (Torino).
J V E D GP GC SG
centroavante ou, em determinados quando está com o bloco mais baixo. 8 6 2 0 18 9 10
momentos, jogando juntos. Todos eles Essa pressão forte é muito bem Técnico Dragan Stojković

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146 147
grupo g suíça

Preparada para aprontar


Por Gabriel Assis

E
m sua quinta participação se- campanha na Euro, quando os suíços
guida em Copas do Mundo, a eliminaram a França nas oitavas e ca-
Suíça chega ao Catar acostu- íram nos pênaltis para a Espanha nas
mada com o peso da competi- quartas de final. Ex-zagueiro, o atual
ção e com um grupo de jogadores ma- treinador jogou pela Suíça na década
duros. Nas Eliminatórias, o time suíço retrasada e seu trabalho mais recente
ficou em primeiro lugar do seu grupo, foi no Shauffhausen, da 2a divisão.
despachando a Itália para a repesca-
gem. Foram cinco vitórias, três empa- O futebol é decidido nas áreas!
tes, 15 gols feitos e somente dois gols Apesar da pouca experiência de
sofridos em uma campanha invicta. Yakin, a Suíça manteve um bom de-
Jogadores como Sommer, Schär, sempenho e demonstrou capacida-
Xhaka, Seferovic, Ricardo Rodríguez de de adaptação ao placar e aos ad-
e Gavranovic, em torno dos 30 anos, versários. O treinador mudou poucas
já vão para a terceira Copa do Mundo coisas em relação ao seu antecessor e
de suas carreiras. Aos 25 e 27, respec- tenta aumentar a rotação do time: ser
tivamente, Embolo e Akanji, pilares mais veloz e combativo.
da equipe, disputaram o torneio em Partindo de um 4-3-3, os suíços
2018. Por sua vez, Shaqiri e seus 31 saem jogando com a linha de quatro
anos vão ao Catar para a quarta ex- defensiva montada e o auxílio de um
periência no principal campeonato volante. Eles são os responsáveis por
do futebol mundial. fazerem a bola chegar ao setor ofen-
Em contraste com a experiência sivo com viradas de jogo ou passes
do elenco, Murat Yakin, de 47 anos, verticais na direção dos atacantes. A
assumiu o comando técnico da La ideia é não gastar muito tempo com
Nati em agosto de 2021, substituindo a bola na defesa, porque os homens
Vladimir Petkovic após a histórica de frente se aproximam na entrada

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148 149
grupo g suíça

predileção pela defesa em zona, pode


QUADRO TÁTICO possível time individualizar um pouco mais nos
atletas mais habilidosos.
destaque individual
Acostumada com o mata-mata de Breel Embolo
R. Rodríguez Vargas grandes competições, estruturada
em todas as fases do jogo e com bom Principal atacante do time, autor de três
elenco, a Suíça tem totais condições gols e três assistências nas Eliminatórias.
Sow de se classificar para as oitavas e dar forte e veloz, contribui como centroavante
Elvedi muito trabalho no Catar. ∞ ou ponta, sempre realizando pivôs e
corridas em profundidade.
Xhaka
Sommer Embolo

Akanji
Freuler
fique de olho
Shaquiri
Ataque aéreo
Widmer

1/3 Dos gols da Suíça na


eliminatória foram de cabeça
elenco devido a altura de atacantes e
cruzamentos de Widmer, Ricardo
Rodríguez e Shaqiri
Mais precavido contra times melhores, a Suíça deve marcar no 4-3-3, com os laterais
diminuindo nos pontas e os meias na cobertura. Na frente, os atacantes são grande Goleiros Gregor Kobel (Borussia Dortmund), Philipp
ameaça correndo nas costas da defesa. Köhn (RB Salzburg), Jonas Omlin (Montpellier) e Yann Shaquiri, Shaquiri
Sommer (Borussia Mönchengladbach).

Defensores Manuel Akanji (Manchester City),


Eray Comert (Valencia), Nico Elvedi (Borussia
5,7 Média de passes
infiltrados por partida
Segunda maior média entre as
da área, os meias têm liberdade para equipe: o domínio das áreas. A Suíça Mönchengladbach), Edimilson Fernandes (Mainz), seleções da eliminatória europeia
infiltrar e os laterais também são chega com muita gente à frente e faz Ricardo Rodríguez (Torino), Fabian Schär (Newcastle)
orientados a buscar a linha de fun- de tudo para ter mais jogadores que o e Silvan Widmer (Mainz).
Artilheiros nas eliminatórias
do. É muita gente chegando na fren- rival atrás. Meias Xherdan Shaqiri (Chicago Fire), Granit Xhaka
te para tabelar e cruzar perto do gol O sistema de marcação dos helvé-
adversário. ticos, inclusive, é adaptável. Com o
(Arsenal), Remo Freuler (Nottingham Forest), Denis
Zakaria (Chelsea), Djibril Sow (Eintracht Frankfurt),
Embolo 3 gols
Na hora de defender, os meio-cam- time precisando correr atrás do re- Renato Steffen (Lugano), Fabian Frei (Basel), Michel

pistas recebem uma incumbência de- sultado, os atletas sobem em bloco Aebischer (Bologna), Ardon Jashari (Luzern) e Fabian
Rieder (Young Boys).
Zuber 2 gols
cisiva na equipe. Eles devem ser capa- para pressionar no campo adversário.
zes de pressionar os meias rivais sem Entretanto, com o placar a favor ou Atacantes Haris Seferovic (Galatasaray), Breel
Eliminatórias UEFA
desproteger a zaga e, principalmen- um oponente mais forte, como será Embolo (Monaco), Ruben Vargas (Augsburg), Noah
Okafor (RB Salzburg) e Christian Fassnacht (Young
te, são eles que cobrem as costas dos o caso do Brasil na fase de grupos, Boys).
J V E D GP GC SG
laterais. Esse papel é fundamental, a equipe opta por defender a partir 8 5 3 0 15 2 13
tendo em vista um dos princípios da da metade do gramado e, apesar da Técnico Murat Yakin

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150 151
grupo g camarões

Leões Indomáveis Por Gabriel Assis

R
esiliência. Essa palavra pode presidente de Camarões desde 1982.
definir bem o que foi o 2022 Em seu lugar, Rigobert Song assumiu
de Camarões até aqui. É por e foi o técnico da classificação para o
causa dela, também, que não Mundial. As derrotas nos amistosos de
podemos tratar a seleção camaronesa setembro, contra Uzbequistão e Coréia
como inofensiva. Não foram poucas as do Sul, no entanto, deixam o desempe-
adversidades enfrentadas pela equipe nho da equipe sob desconfiança.
no ano e, por incrível que pareça, elas
só aumentaram à medida que a Copa Para o alto e avante!
do Mundo se aproximou. A seleção camaronesa tem bastante
Em fevereiro, a seleção estava per- qualidade técnica na parte ofensiva.
dendo de 3 a 0 de Burkina Faso, em- Costuma atacar no 4-3-3, apesar de
patou, ganhou nos pênaltis e garantiu variar para o 4-4-2 com dois atacan-
um honroso e inesperado terceiro lu- tes mais enfiados, e aposta em um jogo
gar na Copa Africana de Nações. Em direto. A ideia é aproveitar a velocida-
março, os “Leões Indomáveis” fizeram de e a habilidade dos atacantes para
jus à alcunha: perderam em casa o jogo acioná-los o maior número de vezes
de ida da fase final das Eliminatórias possível. Nesse sentido, a equipe uti-
para a Copa, por 1 a 0, para a Argélia. liza muitos lançamentos longos bus-
Na partida de volta, venceram por 2 a cando o centroavante Aboubakar ou
1 com o gol da classificação saindo aos os dois pontas.
124 minutos de partida, na prorroga- Ao ganhar a segunda bola, a in-
ção, fora de casa. tenção é finalizar a jogada pelo alto.
Após a Copa Africana de Nações, o Quando tem a posse no setor ofensi-
treinador português Toni Conceição vo, Camarões busca triangulações pe-
teve seu bom trabalho interrompi- los flancos, com ultrapassagens dos
do a pedido do ditador Paul Biya, laterais e a aproximação de um meia

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152 153
grupo g camarões

a entrada da área. Entretanto, a pos-


QUADRO TÁTICO possível time tura mais passiva da equipe nessa fase
do jogo a torna vulnerável a alguns
destaque individual
passes nas costas dos volantes e, prin- Toko-Ekambi
Tolo
cipalmente, dos zagueiros. O posicio-
Toko-Ekambi
namento defensivo para cruzamentos, O atacante do Lyon é veloz, habilidoso
Anguissa inclusive, é motivo de preocupação, e alto. Atua pelas pontas, mas sempre
devido a dificuldade da zaga em en- realiza movimentos em direção ao
Ngadeu
contrar os atacantes adversários e dos gol, finaliza bem por cima e por baixo,
Oum Gouet Aboubakar jogadores de meio em entrarem na além de ser perigoso no contra-ataque.
área para ter superioridade numérica Marcou cinco vezes na Copa Africana de
Onana
e não sobrar ninguém livre. ∞ Nações e foi o autor do gol que classificou
a equipe para o mundial.

Castelletto Hongla

Fai Ngamaleu
fique de olho
(Choupo-Moting) elenco Aboubakar participativo

9 Gol + assistências na Copa Africana


Goleiros Simon Ngapandouetnbu (Olympique de
Ataque no 4-3-3, com os meias chegando na área e os pontas enfiados, liberando o Marselha), Devis Epassy (Abha), Andre Onana (Inter Jogador com maior número de participações
corredor para os laterais. Pela ala direita, a qualidade do cruzamento de Fai é crucial, assim de Milão). em gols na competição
como o passe Zambo Anguissa ajuda nas triangulações pelos lados.
Defensores Nicolas Nkoulou (Aris), Nouhou Tolo
(Seattle Sounders), Oliver Mbaizo (Philadelphia
Ngamaleu pifador
Union), Collins Fai (Al-Tai), Jean-Charles Castelletto
ou jogadas individuais com os pontas. aproxima dos zagueiros, até entran-
2,02 Expected assists na Copa Africana
(Nantes), Enzo Ebosse (Udinese), Christopher Wooh
Seja a partir de uma tabela ou de um do entre os defensores, para direcio- (Rennes). Jogador com média da competição
lance de mano a mano, o cruzamento nar a saída de bola. Hongla e, princi-
é feito e até cinco atletas devem che- palmente Zambo Anguissa, destaque Meias Olivier Ntcham (Swansea), Pierre Kunde

gar para arrematar. do Napoli, precisam se desdobrar. Eles (Olympiakos), Martin Hongla (Verona), Samuel Artilheiros nas eliminatórias
Gouet (Mechelen), Gael Ondoa (Hannover 96),
É uma maneira de finalizar bastan- devem ter força para ganhar a segun- Andre-Franck Zambo-Anguissa (Napoli).
te coerente com as virtudes dos joga- da bola, jogar bem no espaço curto Choupo-Moting e
Toko-Ekambi
3 gols
dores da seleção camaronesa, uma para tabelar com os pontas e pisar na Atacantes Moumi Ngamaleu (Dynamo Moscow),
Jerome Ngom Mbekeli (Apejec FC), Jean-Pierre
vez que o ataque é bastante alto e ca- área para arrematar. Aboubakar e
paz de finalizar as jogadas de primei- Defensivamente a dificuldade é
Nsame (Young Boys), Georges-Kevin Nkoudou
(Besikitas), Vincent Aboubakar (Al-Nassr), Karl
Ngadjui 2 gols
ra e de cabeça, com Aboubakar, Toko- maior, porque Camarões é estrutura- Toko Ekambi (Lyon), Bryan Mbeumo (Brentford),
Eliminatórias CAF
Ekambi e Choupo Moting. do, mas não é tão agressivo. A marca- Eric Maxim Choupo-Moting (Bayern de Munique),
Christian Bassogog (SH Shenhua), Marou Souaibou
O papel dos meio-campistas tam- ção é feita primordialmente no 4-3-3 (Coton Sport FC).
J V E D GP GC SG
bém merece destaque. Oum Gouet por zona, em um bloco médio, priori- 8 6 0 2 14 4 10
atua na cabeça da área e é quem zando fechar os espaços por dentro e Técnico Rigobert Song

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154 155
grupo h
grupo h portugal

Superando a desconfiança
Por Dimitri Barcellos

T
er a Seleção Portuguesa na Macedônia do Norte sem maiores sus-
Copa do Mundo já não é ne- tos na fase final. Na Nations League,
nhuma novidade desde 2002. derrotas para Suíça e Espanha tam-
Os lusitanos vão ao Catar para bém deixaram impressões ruins pela
sua sexta participação consecutiva — baixa criação e pela dinâmica coletiva
e oitava participação geral — na com- que não parecia fazer jus à qualidade
petição, tentando melhorar sua marca técnica que o grupo possui.
de melhor campanha conquistada em Inclusive, o modelo de jogo de Fer-
2006, quando atingiram as semifinais nando Santos não parece ser o mais
e ficaram na 4ª posição sob o comando adequado para potencializar as ca-
de Felipão. Porém, o que poderia ser racterísticas individuais de seus prin-
animação acaba se tornando descon- cipais jogadores. Sua equipe tem uma
fiança em volta da equipe comandada tendência muito maior a jogar com
por Fernando Santos, muito por con- bolas longas e lançamentos do cam-
ta das campanhas neste último ciclo e po de defesa para o terço final do que
pela performance vista em campo nos com construções curtas. Mesmo tendo
últimos jogos. meio-campistas de enorme capacida-
Nas Eliminatórias, Portugal aca- de de articulação como Bruno Fer-
bou caindo para a repescagem ao ver nandes e Bernardo Silva, além de no-
a Sérvia terminar no topo de seu gru- mes de outras posições acostumados
po para ficar com a vaga direta, algo a atuar em sistemas que privilegiam o
que não pegou muito bem por conta toque de bola como João Cancelo, a al-
alguns resultados como a vitória ma- ternativa principal acaba sendo atacar
gra sobre o Azerbaijão (graças a um em profundidade.
gol contra), o empate com a Irlanda e Isso fica claro quando vemos o de-
a derrota para a Sérvia no jogo deci- sempenho português na última Na-
sivo. Ao menos, passou por Turquia e tions League neste quesito. Os ibéricos

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158 159
grupo h portugal

foram o 2º time com a maior média de Tal alternativa para seu jogo coin- no mínimo semelhante. Um dos exem-
passes longos por partida na competi-
ção, chegando a 44,14 bolas deste tipo
cide, de certa forma, com as dificul-
dades que apresenta para conseguir
plos mais claros disso foi exatamente
em seu último jogo antes da Copa do
fique de olho
por 90 minutos, ficando apenas atrás superar marcações de maior pressão Mundo, contra a Espanha pela Nations
da Áustria no ranking. Através disto, na saída de bola. Há certos problemas League. Adotando uma marcação alta Elenco envelhecido
a impulsão já conhecida de Cristiano em termos de movimentos para saber em boa parte do duelo, a Fúria trouxe
Ronaldo acaba tendo muita utilida- explorar os espaços na defesa adver- desconforto à construção portuguesa,
de no centro do ataque, disputando a sária, o que facilita os encaixes nos fazendo com que a seleção tivesse me- 29,1 Média de idade
Segunda maior média entre as seleções
classificadas da UEFA
maioria dos lances pelo alto e procu- primeiros metros do campo e faz com nos da metade dos passes que a pró-
rando o desvio para os extremas pode- que a bola seja esticada com constân- pria Espanha tentou em 90 minutos
rem receber já de frente para a linha cia. Isso, porém, parece acontecer ao (303 contra 651), além de uma posse de 39 Idade de Pepe
Jogador mais velho da copa
de fundo adversária. enfrentar adversários de nível técnico bola que ficou limitada a apenas 34%
do tempo. Em comparação com o pe-
ríodo dos últimos 12 meses, a média de Bola pra área
posse por jogo de Portugal foi de 52%.
Entretanto, contra rivais de menor 234 Cruzamentos

QUADRO TÁTICO momento ofensivo força técnica, Portugal até conseguiu


exercer um jogo de melhor dinâmica
Terceira maior média entre as seleções das
eliminatórias europeias

N. Mendes por baixo, embora ainda fique eviden-


R. Leão “Ginga” portuguesa
te que não é algo bem ajustado coleti-
Carvalho vamente. Partindo do 4-2-3-1, a saída
D. Pereira

R. Neves Fernandes
de jogo acaba se dando muito através
da dupla de zaga (Pepe e Ruben Dias).
32,1 Tentativas de drible por 90’
Segunda maior média entre as seleções das
eliminatórias europeias
A dupla de volantes têm tarefas dife-
rentes neste momento. Enquanto um
Rui Patrício acaba permanecendo mais preso aos
R. Dias C. Ronaldo
metros iniciais do campo, sendo este Artilheiros nas eliminatórias
geralmente Rúben Neves, outro tem
mais liberdade para ir adiante, com um
B. Silva
papel que acaba ficando mais a cargo
Cristiano Ronaldo 6 gols
de William Carvalho — ao menos nesta Diogo Jota 4 gols
J. Cancelo
reta final de ciclo. Quando a construção Bruno
se desloca para os lados do campo, é Fernandes 3 gols
comum ver ambos ocupando o mesmo
corredor, o que dá alternativas a uma
troca de passes mais curta e funcional. Eliminatórias UEFA
Em momentos de construção e
Em situações onde tenta construir de maneira mais cadenciada e jogando por baixo, é
maior valorização da posse, também J V E D GP GC SG
comum ver os dois volantes do time ocupando o mesmo corredor, sendo um mais próximo vale observar a amplitude oferecida 8 5 2 1 17 6 11
da dupla de zaga e outro podendo jogar mais solto para chegar à frente. pelos laterais (João Cancelo e Nuno

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160 161
grupo h portugal

fase defensiva da equipe de Fernando mais recuados do time português pa-


QUADRO TÁTICO momento defensivo Santos. Quando a tentativa é de pres-
são efetiva, Bruno Fernandes sobe ao
recem preferir congestionar os me-
tros finais do campo do que tirar o es-
lado de Cristiano Ronaldo para evitar paço à frente da meia-lua para evitar
N. Mendes R. Leão a posse dos zagueiros — mas tal com- um passe mais incisivo aos atacantes
portamento é raro, já que pouco se ou um tiro de média distância. Um
exige de Cristiano Ronaldo sem a bola. risco que parece calculado, mas que
Além disso, a opção de chamar o pode ser fatal para a visão do goleiro
D. Pereira Carvalho adversário para seu campo e aprovei- em caso de finalização. ∞
tar os espaços às costas na retomada,
Rui Patrício
vale lembrar, é a maneira como Por-
C. Ronaldo
R. Neves
tugal mais executa suas jogadas. Isso
R. Dias
não significa que não seja algo à prova
Fernandes de falhas. Mesmo optando por recu-
ar as linhas na maior parte das ações
defensivas, observa-se certa falta de
combatividade em seu próprio campo
B. Silva para impedir o progresso rival com a
J. Cancelo bola. Mesmo quando a equipe oposta
já está em distância perigosa para ten- elenco
tar algo que gere risco, os jogadores
Goleiros Diogo Costa (FC Porto), José Sá
(Wolverhampton Wanderers FC) e Rui Patrício (AS
Após uma formatação em 4-1-4-1 para tentar diminuir os espaços do adversário na saída Roma).
de bola, a equipe retorna ao 4-2-3-1 quando a bola chega à intermediária com um dos
volantes voltando a sua posição de origem ao lado do outro volante. Defensores Diogo Dalot (Manchester United), João
Cancelo (Manchester City), Danilo Pereira (PSG),

destaque individual Pepe (FC Porto), Rúben Dias (Manchester City),


António Silva (SL Benfica), Nuno Mendes (PSG) e
Raphael Guerreiro (Borussia Dortmund).
Mendes). Isso permite ao trio de meio- relação com o preparo da Seleção Por- Cristiano Ronaldo Meias João Palhinha (Fulham FC), Rúben Neves
-campistas do 4-2-3-1 ocupar os espa- tuguesa para a fase defensiva do jogo. (Wolverhampton Wanderers FC), Bernardo Silva
ços por dentro e jogar de maneira mais Em situações onde tenta reduzir mais Apesar de não vir de sua temporada de (Manchester City), Bruno Fernandes (Manchester
frontal para o gol. Inclusive, os chu- os espaços na saída de bola adversária maior brilho com a camisa do Manchester United), João Mário (SL Benfica), Matheus Nunes
tes de média e de longa distância dos sem pressionar, este ingresso de Car- United e vivendo a realidade de sua última (Wolverhampton Wanderers FC), Otávio Monteiro
Copa, Cristiano Ronaldo segue como uma (FC Porto), Vitinha (PSG) e William Carvalho (Real
meio-campistas tem o potencial de ser valho uma linha adiante acaba orga- peça importante em nível de Seleção. Sua Betis).
uma arma e tanto, sobretudo saindo nizando o time em um 4-1-4-1. Porém, imposição pelo alto em um time que joga com
dos pés de Bruno Fernandes e de Rú- no caso do rival conseguir vencer essas lançamentos e que tem boa qualidade de Atacantes André Silva (RB Leipzig), Cristiano
ben Neves, quando este chega mais à primeiras linhas e avançar a bola até cruzamento é valiosa, sem contar o que pode Ronaldo (Manchester United), Gonçalo Ramos (SL
oferecer nas bolas paradas e em termos de Benfica), João Félix (Atlético Madrid), Rafael Leão
frente. a intermediária, o volante recompõe mentalidade. Desde a metade de 2021, são 6 (AC Milan) e Ricardo Horta (SC Braga).
As subidas mais frequentes de ao lado de Rúben Neves para retomar gols e 2 assistências em 9 jogos que disputou
William Carvalho também possuem a formatação do time no 4-2-3-1 em com a camisa lusitana. Técnico Fernando Santos

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162 163
grupo h gana

O retorno dos Black Stars


Por Dimitri Barcellos

D
epois de três participações nesta trajetória, Otto Addo parece
consecutivas entre 2006 e conseguir imprimir um certo padrão
2014, a Seleção Ganesa foi ao seu time, ainda que o desempenho
ausência em 2018, na Rússia. e a aplicação dos mecanismos táticos
Agora, retornam a uma Copa do necessitem de algum aprimoramento.
Mundo em 2022 com um conjunto que Em fase ofensiva, vem aparentando
promete ser a mescla perfeita entre ser um time que tenta valorizar a pos-
experiência internacional e juventude. se em campo defensivo na tentativa
A equipe viveu um ano de incer- de atrair o rival e aproveitar os espa-
tezas em relação ao técnico. As pos- ços conforme a subida da marcação.
sibilidades de mudança foram uma Partindo do 4-1-4-1, varia a organiza-
constante durante a reta final de tra- ção na saída de bola entre 2-3 e 2-4,
jetória até a Copa, em especial após a mas o 2-3 é que acaba tendo maior
demissão de Milovan Rajevac e a che- preferência por permitir um maior
gada de Otto Addo como interino. No volume de jogadores livres às costas
fim das contas, o ex-selecionável dos da marcação, com os zagueiros nas
Black Stars – que atuou na primeira primeiras ações e a dupla de laterais
experiência mundialista do país em mais o volante logo adiante.
2006 - acabou sendo confirmado ao Quando há necessidade de acres-
menos até dezembro. centar um jogador a mais nos primei-
Essa sensação de desconforto foi a ros metros do campo, Andre Ayew
sombra de Gana também na sua cam- surge como um diferencial, recuando
panha nas Eliminatórias africanas para buscar jogo e tentando desequi-
para o Mundial. Sua campanha foi librar a marcação. Isso ajuda a liberar
boa, mas muito longe de ser tranquila o jovem Mohammed Kudus para che-
para confirmar presença no Catar. gar à área vindo de zonas mais recua-
Apesar de todas as atribulações das na busca da finalização. Não por

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164 165
grupo h gana

modo geral, ainda é por uma mar-


QUADRO TÁTICO possível time cação de bloco médio ou baixo, evi-
tando deixar a sua área exposta com
destaque individual
Odoi poucos jogadores. Porém, isso parece Mohammed Kudus
surtir pouco efeito na hora de inter-
J. Ayew romper a criação de oportunidades O jovem surge como um dos jogadores
Mensah adversária, já que desde novembro de mais empolgantes desta nova safra.
Adre Ayew
2021 vem com uma média de 1,29 gols O meia-atacante de 22 anos oferece
sofridos por jogo. ∞ grande flexibilidade tática ao poder
Afena-Gyan jogar mais próximo da intermediária ou
Wollacot próximo ao gol, exibindo qualidade na
I. Baba definição das jogadas ofensivas. Apesar
Kudus de ainda lutar por espaço no Ajax, já
chega a 9 gols na temporada (até 18/10),
Amartey com média de 1,11 gols a cada 90 minutos.

A. R. Baba Ngamaleu

elenco fique de olho


Saída de bola predominante em 2-3 com zagueiros e primeiro volante + laterais a partir Goleiros Manaf Nurudeen (Eupen), Ibrahim
Pouca produção
do 4-1-4-1; em alguns momentos, um dos interiores pode se aproximar (Ayew) das zonas Danland (Asate Kotoko) e Lawrence Ati-Zigi (St.
defensivas para dar opção e outro (Kudus) fica livre para explorar espaços. Gallen).
14,7 Média de passes por minuto
Menor média entre as seleções classificadas
Defensores Tariq Lamptey (Brighton), Denis Odoi

1,02 xG médio
(Club Brugge), Mohammed Salisu (Southampton),
acaso, chega a ser utilizado como ata- Na parte defensiva, Gana se notabi- Gideon Mensah (Bordeaux), Joseph Aidoo (Celta Menor média entre as seleções classificadas
cante de centro em algumas situações, liza por ser uma equipe que não tenta Vigo), Baba Rahman (Reading), Daniel Amartey
e vem acumulando gols na temporada. impedir os avanços do adversário logo (Leicester City), Alexander Djiku (Strasbourg) e Alidu
Para chegar à frente, os lados do na saída de bola. Por mais que suba as Seidu (Clermont Foot).

campo também acabam sendo um linhas de marcação em certas situa- Artilheiros nas eliminatórias
Meias Thomas Partey (Arsenal), Elisha Owusu
caminho bastante proveitoso para os ções, não exerce uma pressão efetiva (Gent), Daniel-Kofi Kyereh (Freiburg), Andre Ayew
Black Stars. A formação em 4-1-4-1 sobre os jogadores que detém a posse, (Al Sadd), Mohammed Kudus (Ajax) e Salis Abdul Partey e J. Ayew 3 gols
beneficia tanto a realização de trian- se preocupando muito mais em con- Samed (Lens).
Wakaso
gulações entre laterais, interiores e trolar os espaços e fechar as linhas de Atacantes Abdul Issahaku (Sporting CP), Jordan e Kudus 1 gol
pontas, quanto o acionamento dos passe do que buscar o desarme ou for- Ayew (Crystal Palace), Osman Bukari (Red Star),
pontas em profundidade. E pelos la- çar o erro do lado oposto. Inaki Williams (Athletic Bilbao), Kamaldeen Sulemana
Eliminatórias CAF
dos no setor ofensivo, o uso de pontas Ainda assim, a marcação alta pa- (Rennes), Antoine Semenyo (Bristol City), Daniel
Afriyie (Hearts of Oak) e Kamal Sowah (Club
de pé trocado é um recurso perigoso. rece ser uma exceção nos compor- Brugge).
J V E D GP GC SG
Há bons finalizadores que podem jo- tamentos defensivos coletivos dos 6 4 1 1 9 3 7
gar abertos como Felix Afena-Gyan. Black Stars. A preferência, de um Técnico Otto Addo

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166 167
grupo h uruguai

El Ultimo Baile Por Dimitri Barcellos

N
as Eliminatórias, o caminho a ida para semifinal da Copa em 2010
do Uruguai até a classifi- e título da Copa América em 2011.
cação não foi exatamente Fernando Muslera (36 anos), Diego
o mais suave, com algumas Godín (36 anos), Edinson Cavani (35
atuações pouco inspiradas e resulta- anos) e Luís Suárez (35 anos) devem
dos ruins. Entretanto, a reta final, já fazer suas últimas aparições na com-
sob o comando de Diego Alonso, aju- petição, o que uma forma ou outra já
dou a renovar as esperanças do torce- faz desta uma participação histórica
dor, obtendo quatro vitórias consecu- para os uruguaios.
tivas sobre Paraguai, Venezuela, Peru Em campo, as amostras em 2022 in-
e Chile. Essa sequência foi suficiente dicam um caminho já relativamente
para dar à seleção o 3º lugar com 28 claro para a ida ao Catar. Embora te-
pontos e, além disso, começar a mos- nha feito testes de diferentes esque-
trar com clareza o que podemos espe- mas nos amistosos, como o 4-3-3 e o
rar do time para a Copa do Mundo. 4-1-4-1, em nível competitivo parece
O grande desafio para Uruguai bem evidente que as plataformas táti-
será buscar uma boa performance no cas com dois atacantes devem ganhar
mais alto nível do futebol mundial ao a preferência no uso. Sem promover
mesmo tempo em que vem levando a uma grande ruptura de ideias e or-
cabo um processo de transição bas- ganização, Alonso empregou o 4-4-2
tante delicado. Além da própria mu- regularmente na reta final das Elimi-
dança de comando, com a saída de natórias. Mesmo que não faça questão
Óscar Tabarez após 15 anos à beira do de gerenciar a posse de bola (4ª menor
campo com a Celeste e a chegada de média da competição com 46.41%),
El Tornado Alonso, este é o último ci- nos últimos anos a Celeste passa im-
clo de nomes importantes de uma dé- pressão de um conforto bem maior
cada de ouro da Seleção, com direito em construir as jogadas desde trás ao

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grupo h uruguai

invés de apenas atacar espaços, como o corredor para as descidas do late- um dos atacantes geralmente recua
vimos durante bom tempo.
Com jogadores do calibre de Fede-
ral canhoto. Vale um destaque para
o papel de Valverde, coringa no setor
alguns metros para compor como op-
ção de passe no meio-campo. Cavani
fique de olho
rico Valverde, Rodrigo Bentancur e intermediário celeste. Capaz de atu- foi alternativa recorrente executan-
Giorgian De Arrascaeta, os uruguaios ar em diferentes alturas do campo, já do isso, assim como Darwin Nuñez se Luis Suárez
encontraram as características ide- cumpriu desde papéis de suporte jun- mostrou capaz de realizar essa função
ais para trabalhar a bola de maneira to aos zagueiros na saída de bola até em partidas onde foi exigido. Assim,
Suárez acabou sendo o maior respon-
8,35 xGMaior índice das eliminatórias entre os
mais elaborada. Uma dinâmica bas- a jogos onde apareceu como “engan- clasificados na América do Sul
tante comum vista foi ver De Arras- che”, atrás do atacante em partidas sável por ocupar a zona terminal do
caeta saindo do lado esquerdo da onde o 4-2-3-1 foi utilizado. campo. E no que diz respeito à cria- 8 Gols marcados
linha de meio para trabalhar por den- Em esquemas sem a figura de um ção de oportunidades de qualidade, o
tro próximo à dupla interior, abrindo meia ofensivo central como o 4-4-2, Uruguai esteve entre os melhores das Godín
últimas Eliminatórias. Talvez como
consequência da qualidade na cons-
trução, a equipe foi a segunda com 1.638 Minutos em campo
Maior tempo das eliminatórias entre os
maior média de gols esperados por clasificados na América do Sul

QUADRO TÁTICO momento ofensivo finalização (0.129 xG), ficando atrás


apenas do Brasil no quesito. Vecino e Bentancur
Oliveira No lado direito, o jovem Facundo
Pellistri tem ganhado cada vez mais
espaço com sua capacidade de dese- 15,78 Interceptações por jogo
Dupla de volantes que mais interceptou na
quilibrar individualmente. Veloz, ha- América do Sul
(número ajustado por 90’)
Giménez De Arrascaeta
bilidoso e com bom controle de bola,
Suárez tem recebido bastante liberdade para
encarar os marcadores pelo corredor.
Valverde Um aspecto que lhe permite isso é o Artilheiros nas eliminatórias
Rochet Godín uso de Ronald Araújo como lateral-
Cavani -direito no time. Zagueiro no Barcelo-
na, sua atribuição maior é justamente
Suárez 8 gols
Bentancour proteger o lado do campo, sem gran-
des obrigações de apoio. Num Uruguai Arrascaeta 5 gols
que, ao longo das últimas Eliminató- Cavani e
Araújo rias, foi o penúltimo time em tentati- Valverde 2 gols
Pellistri vas de drible por jogo (4.22) por conta
da ausência de peças com tal caracte-
rística, Pellistri surge como um recur-
so muito valioso para dar alternativas Eliminatórias CONMEBOL

Padrão ofensivo a partir do 4-4-2: De Arrascaeta caindo por dentro e Cavani recuando
de criação na parte ofensiva. J V E D GP GC SG
para construir, lateral-esquerdo avançando pelo corredor e Pellistri livre para conduzir Na parte defensiva, o Uruguai tem
18 8 4 6 22 22 0
pela direita. mostrado um comportamento que va-

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para seus rivais, a ameaça costuma acertando apenas 26.4% de seus levan-
QUADRO TÁTICO momento defensivo ser concreta. 40.6% das finalizações
acabaram indo na direção de seu gol,
tamentos. Ainda assim, não dá para se
desprezar a ameaça que Cavani, Da-
Oliveira e nisto entra a importância de inter- rwín Nuñez e que defensores como
venções seguras na meta. Muslera não Godín, Gímenez, Araújo e Coates re-
vem acumulando tantas falhas quanto presentam pelo alto com sua estatura
Valverde nos acostumamos a ver, e quando não e boa capacidade de finalização. ∞
Giménez De Arrascaeta joga, Sérgio Rochet mostra altíssima
qualidade. Com a camisa do Nacional
Bentancour (URU), não é nenhum absurdo dizer
Suárez que está entre os melhores goleiros da
Godín
Rochet América do Sul nos últimos anos.
Cavani Ao contrário de outros ciclos, nes-
te a bola aérea (sobretudo ofensiva)
não foi tão determinante. A Celeste
Araújo
teve apenas um gol de cabeça marca-
Pellistri
do entre os seus 22 nas Eliminatórias, e
apesar de ter contado com a segunda
maior média de cruzamentos por jogo
(12.55), foi o segundo menos preciso,
elenco
Goleiros Sergio Rochet (Nacional), Fernando
Muslera (Galatasaray), Sebastián Sosa
Padrão defensivo: pressão nos minutos iniciais com meias externos subindo para o encaixe (Independiente).
e o lateral do lado da bola ajudando a encurtar os espaços
Defensores Ronald Araújo (Barcelona), José Luis
Rodríguez (Nacional), Guillermo Varela (Flamengo),
destaque individual Josema Giménez (Atlético de Madrid), Sebastián
Coates (Sporting), Diego Godín (Vélez Sarsfield),
ria bastante conforme os momentos do o 3º time com mais duelos defensivos Martín Cáceres (Los Angeles Galaxy), Matías Viña
jogo e com uma organização que não por partida (68.4) nas Eliminatórias e, Federico Valverde (Roma), Mathías Olivera (Napoli).
foge do esquema-base, seja 4-4-2, 4-2- mesmo assim, foi o segundo time me- Meias Matías Vecino (Lazio), Rodrigo Bentancur
3-1 ou 3-5-2. Porém, o mais comum é nos faltoso do torneio (11.6 faltas co- Embora Pellistri mostre qualidade, (Tottenham), Federico Valverde (Real Madrid), Lucas
observarmos o time pressionando a metidas a cada 90 minutos), indicando Federico Valverde é um nome que Torreira (Galatasaray), Manuel Ugarte (Sporting),
saída de bola rival em busca de uma um bom nível de precisão. merece destaque pela alta contribui- Facundo Pellistri (Manchester United), Nicolás
recuperação rápida entre os primei- Junto a isso, entre a metade de 2021 e ção na mecânica coletiva. Sua impor- De la Cruz (River Plate), Giorgian de Arrascaeta
(Flamengo).
ros 15 e 20 minutos, e depois postando a metade de 2022, a média de gols sofri- tância vai desde o combate até a arti-
suas linhas num bloco de varia entre dos por partida foi inferior a 1.0 (0.97). culação das ações ofensivas, podendo Atacantes Facundo Torres (Orlando City),
médio e baixo, já que resistência físi- Limitando seus rivais a cerca de 9.5 fi- jogar em vários setores e corredores Darwin Núñez (Liverpool), Luis Suárez (Nacional),
ca não é uma das valências mais pre- nalizações por partida, mostrou uma no campo. A prova disto é sua preci- Edinson Cavani (Valencia), Maximiliano Gómez
(Trabzonspor) e Agustín Canobbio (Athletico-PR).
ponderantes. Sua combatividade ca- boa proteção à sua área, mas quan- são de 87.7% nos passes e 59.9% nos
racterística segue em alta, já que foi do as oportunidades claras surgem duelos defensivos em 21/22. Técnico Diego Alonso

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Mais que Heung Min-Son


Por Dimitri Barcellos

A
Coréia do Sul chega para seu costumeiro hábito de reter a pos-
a sua décima participação se de bola para recuar suas linhas e se
consecutiva em uma Copa postar em frente à área. Se organizan-
do Mundo estabelecida do inicialmente em um 4-1-4-1 bastan-
como uma das principais potências te baixo e de pouca pressão na saída
do continente asiático. No Catar, o de bola rival, alternou para o 4-4-2 no
objetivo é conquistar o que não con- decorrer da partida para adaptar os
segue desde 2010, que é avançar aos encaixes na marcação, tentando anu-
mata-matas. Tanto no Brasil em 2014 lar os primeiros movimentos dos co-
quanto na Rússia em 2018, ficou pelo mandados de Tite com a bola.
caminho na primeira fase, ainda que Contra Chile e Paraguai, por exem-
na última Copa tenha protagoniza- plo, o comportamento foi bem dife-
do uma das grandes zebras ao bater rente. Nestes dois duelos, os Tigres
a Alemanha e eliminar a então atual estabeleceram um bloco defensivo pre-
campeã mundial. dominante no 4-4-2 que variava entre
Embora não tenha liderado seu gru- posicionamentos mais altos e médios,
po no hexagonal final das Eliminatórias além de executar uma pressão intensa
da Ásia, conquistou uma classificação na saída de bola através de encaixes in-
sem maiores sustos e Paulo Bento tem dividuais no seu campo ofensivo.
conseguido estabelecer uma dinâmi- Na parte ofensiva, a Coréia do Sul
ca aparentemente sustentável para o se notabiliza por mostrar uma for-
time, inclusive com direito a variações te tendência a buscar uma constru-
ofensivas e defensivas. ção mais paciente, tentando jogar por
Contra adversários de maior ní- baixo desde trás e sem apostar tanto
vel, foi possível observar uma postura na transição para pegar o adversá-
mais resguardada em campo. Nos 5 a rio fora de posição. As ações podem
1 sofridos para o Brasil, abriu mão de se iniciar de diferentes formas: em

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grupo h coréia do sul

de carregar a bola até à área.


QUADRO TÁTICO organização ofensiva Por vezes, porém, a busca pela
construção cobra um preço alto. Não
destaque individual
Kim Jin-Su
é raro ver uma escassez de apoio pelo Heung-Min Son
Y. Kim centro para desenvolver as jogadas, e
isso acaba obrigando passes forçados É o destaque óbvio da equipe, mas vale
H. Hwang
muitas vezes. Com isso, alguns erros observar outras peças como Hee-Chan
são vistos e contragolpes são cedidos Hwang. Em um Wolverhampton que
U. Hwang ao adversário em um momento onde mostrou enormes dificuldades ofensivas
P. Seung-Ho o setor defensivo está mais fragili- em 21/22, foi um dos poucos destaques,
I. Hwang
H. Son zado por conta das movimentações terminando na vice-artilharia do time com
Hyeon-woo
buscando o gol. ∞ 5 gols na Premier League. Veloz, habilidoso
e incisivo, é uma boa arma para quebrar
defesas fechadas pelo lado do campo.

Moon-Hwan Sang-Ho
S. Jung fique de olho
elenco Bola parada
Saída de bola com o goleiro entre os zagueiros e apoio de um dos meias interiores, laterais Goleiros Kim Seung-gyu (Al Shabab), Jo Hyeon-
abertos e subindo até a intermediária; Heung-Min Son com liberdade de movimentos. woo (Ulsan Hyundai) e Song Bum-keun (Jeonbuk
Motors). 5 Finalizações em bola parada
Maior média entre as seleções classificadas
(durante o período entre copas)

Defensores Kim Min-jae (Napoli), Kim Jin-su


(Jeonbuk Motors), Hong Chul (Daegu FC), Kim Moon-
uma saída com os dois zagueiros mais mais fica livre para explorar as zonas hwan (Jeonbuk Motors), Yoon Jong-gyu (FC Seoul), Artilheiros nas eliminatórias
abertos e o goleiro entre eles contan- vazias da defesa. Ao seu lado, Ui-Jo Kim Young-gwon (Ulsan Hyundai), Kim Tae-hwan
do com o apoio de um dos meias in- Hwang mostra ser uma peça valiosa (Ulsan Hyundai), Kwon Kyung-won (Gamba Osaka)
teriores, formando um losango nos para oferecer profundidade e poten- e Cho Yu-min (Daejon Citizen). Heung Min-Son 7 gols
primeiros metros, ou em 2-4, usando cializar o uso do terceiro homem ao Meias Jung Woo-young (Al Sadd), Na Sang-ho
os zagueiros e subindo os laterais na jogar de costas para o gol. (FC Seoul), Paik Seung-ho (Jeonbuk Motors), Son Kin Shin-Wook 6 gols
linha dos meias. Outro mecanismo muito utilizado Jun-ho (Shandong Taishan), Song Min-kyu (Jeonbuk
A facilidade com que o time sul- pela Coréia do Sul são as viradas de Motors), Kwon Chang-hoon (Gimcheon Sangmu),
Son Heung-min (Tottenham Hotspur), Lee Jae-
Kwon
Chang-Hoon 4 gols
-coreano consegue girar a bola de jogo para aproveitar o lado fraco da sung (Mainz), Hwang Hee-chan (Wolverhampton
um lado a outro do campo chama a defesa rival. A capacidade dos extre- Wanderers), Hwang In-beom (Olympiacos), Jeong
atenção, com o objetivo de abrir es- mas (Hee-Chan Hwang, Kwon Chang- Woo-yeong (Freiburg) e Lee Kang-in (Real Mallorca).
Eliminatórias AFC*
paços entre os jogadores da mesma Hoon e Na Sang-Ho) em jogadas in-
Atacantes Hwang Ui-jo (Olympiacos) e Cho Gue-
linha para buscar infiltrações espe- dividuais oferecem bom desafogo, sung (Jeonbuk Motors).
J V E D GP GC SG
cialmente de Heung-Min Son, que em imprimindo velocidade em cima dos 10 7 2 1 13 3 10
esquemas de dois atacantes, é o que laterais rivais e se mostrando capazes Técnico Paulo Bento
*+repescagem

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