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Introdução Ao Teatro Musical Com Adriano de Sidney
Introdução Ao Teatro Musical Com Adriano de Sidney
Registros vocais______________________________________________ 10
Jogos Teatrais_________________________________________________ 22
Cap. 9 - Bibliografia__________________________________________________________ 37
Cap. 1 – OS FUNDAMENTOS DO TEATRO MUSICAL 1
Texto e Enredo: como no teatro tradicional, o teatro musical depende de um enredo bem
construído e personagens bem desenvolvidos. O texto, composto de diálogos falados e
letras de músicas, é fundamental para contar bem a história.
Música: parte essencial do teatro musical, serve para expressar emoções, avançar a trama
e desenvolver as personagens, e devem ser integradas de forma orgânica à narrativa.
Letras: devem ser bem escritas e contribuir para o desenvolvimento das personagens e da
história. Elas devem ser poéticas, emotivas e, sempre que possível, seguindo a prosódia
natural da fala.
Atuação e Performance Vocal: habilidades básicas para os artistas de Teatro Musical, que
precisam ser capazes de transmitir emoções e contar histórias com o corpo e com a voz.
Design de Som: equilibra as texturas das vozes solistas, vozes de ensemble, instrumentos
da banda ou orquestra, sons mecânicos, garantindo que a música, o diálogo e os efeitos
sonoros sejam ouvidos com clareza em todo o teatro.
Interpretação e Estilo: cada produção de teatro musical pode ter um estilo específico, que
pode variar de acordo com o período, o gênero musical e a visão criativa dos artistas
envolvidos.
O Teatro Musical é uma forma de arte que combina música, dança e atuação para
contar uma história. Existem diversos estilos e gêneros dentro do teatro musical, cada um
com suas próprias características distintas, e a escolha de um estilo específico pode
depender da história que está sendo contada e das preferências dos criadores.
Os termos "gêneros" e "estilos", no contexto do teatro musical, têm significados
distintos. Gêneros se referem às categorizações mais amplas que descrevem o tipo de
história, o tema e o tom geral de uma produção. Os estilos se referem às características
específicas dentro de uma produção que podem incluir elementos musicais,
coreográficos, de encenação e design, e podem ser combinados e adaptados de várias
maneiras em diferentes produções de teatro musical. Portanto, enquanto os gêneros
oferecem uma categoria mais ampla de classificação, os estilos se referem a
características mais específicas de uma produção.
Contemporâneo: musicais produzidos a partir dos anos 1980 até hoje. Eles abrangem uma
ampla gama de estilos musicais e frequentemente tratam de temas mais modernos e
relevantes.
Revival: são produções que trazem de volta musicais clássicos que foram sucesso em
décadas passadas.
Comédia Musical: caracterizada pelo tom humorístico e enredos leves, têm como objetivo
principal fazer o público rir. Exemplos incluem The Book of Mormon e Avenida Q.
Drama Musical: centrada em temas sérios e emocionais, muitas vezes com uma
abordagem mais intensa. Next to Normal.
Biográfico: contam a história da vida de uma pessoa famosa, artista ou banda. Exemplos
incluem Evita, Tim Maia – Vale Tudo, O Musical, Homem com H – O musical, e Chacrinha –
O Musical.
Jukebox: neste estilo, as trilhas sonoras são criadas a partir do repertório de um artista ou
banda populares já existentes, como Mamma Mia! (baseado nas músicas do ABBA) e Jersey
Boys (baseado nas músicas dos Four Seasons).
Ópera Rock: fusão entre ópera e rock, com uma narrativa intensa mais focada nas músicas
e trilhas sonoras poderosas, e menos em diálogos falados. Tommy do The Who e Jesus
Christ Superstar do A. L. Weber.
Disney: A Disney tem uma série de musicais de sucesso baseados em seus filmes
animados, como O Rei Leão, A Bela e a Fera e A Pequena Sereia, Frozen, entre outros.
Regional ou Local: muitas vezes, comunidades ou regiões têm suas próprias tradições e
estilos de teatro musical. Chão de Estrelas.
Montagem: este estilo envolve a intercalação de várias histórias ou temas dentro de uma
narrativa geral. Cada cena ou número musical pode ser uma peça autônoma que contribui
para o quadro geral. Smokey Joe’s Café.
Absurdo: Alguns musicais podem adotar uma abordagem mais filosófica ou existencial,
explorando a falta de sentido ou lógica na vida humana. Urinal.
Cap. 2 – TEATRO MUSICAL: GÊNEROS E ESTILOS 6
Rock: musicais que incorporam influências do rock têm canções com ritmos e sons mais
voltados para o gênero, e temas mais contemporâneos. We Will Rock You, Rent e Heathers.
Jazz: incorpora elementos musicais do jazz, muitas vezes em cenas de dança. Chicago.
Ópera: especialmente nos musicais com uma abordagem mais clássica, a música pode
ter influências operísticas, com vozes treinadas na técnica lírica. O Fantasma da Ópera e
Kiss Me, Kate.
Balada: canções românticas e emotivas, muitas vezes focadas nas emoções dos
personagens. Memory (de Cats) e On My Own (de Les Misérables).
Folk ou Country: incorporam elementos de música folk ou country em sua trilha sonora.
Oklahoma! e Joseph and The Amazing Technicolor Dreamcoat.
Ênfase nas Inflexões: as inflexões vocais são usadas para destacar palavras ou frases
importantes e dar ênfase a certos pontos na narrativa.
Projeção: os atores usam técnicas de projeção vocal para garantir que sua voz alcance
todos os cantos do teatro, mesmo sem o auxílio de microfones.
Afinação e Controle Técnico: a voz cantada exige um alto nível de técnica vocal para atingir
notas e realizar padrões de melodia de maneira precisa e consistente.
Expressão Musical: a voz cantada é usada para transmitir emoções através da melodia e
das letras das músicas. A entonação e a dinâmica são vitais para criar a atmosfera
desejada.
Cap. 3 – A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA 8
Sustentação Vocal: cantar exige uma capacidade de manter notas por períodos
prolongados, bem como de transições suaves entre diferentes notas.
A propulsão da voz vem do sopro do ar dos pulmões, e apoiar a voz implica manter
uma qualidade específica de timbre e/ou de intensidade, sustentados por este sopro, e ao
longo do tempo. Para que isso aconteça é necessário que o binômio energia física (pouco
esforço nas pregas vocais com pressão subglótica equilibrada) x energia acústica (projeção
grande) seja o ideal: o menor esforço para muito som.
Para tal, uma excelente escolha é manter a postura do Appoggio Italiano (um ponto
de vista respiratório esterno-costal-diafragmático-epigástrico, que aliado à uma ligeira
elevação do osso esterno, gera uma postura “nobre”), com os ombros baixos (para evitar a
respiração clavicular) e as costelas abertas na direção horizontal durante a fonação, e sem
soprar o ar com esforço. O resultado deve ser um sopro firme, porém gentil, sob a glote,
que evita a fadiga.1
A laringe (palavra derivada do grego larungein (= gritar)... é uma estrutura das vias
aéreas superiores que comunica a laringofaringe com a traqueia, possuindo tríplice
função... É órgão essencial da formação dos sons (função vocalizadora).2
1
ARAÚJO, Marconi. Todo o Canto. Belting Contemporâneo. Aspectos técnicos-vocais para Teatro Musical
e Música Pop. Brasília, DF: Musimed Edições Musicais, 2013. Vol. 1.
2
CARDOSO, Márcio A; RUBINSTEIN, Ezequiel. Laringe. Disponível em:
<http://depto.icb.ufmg.br/dmor/anatmed/laringe.htm>. Acesso em: dez. 2016
Cap. 3 – A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA 9
tensores Cricotireóideos (CT) são os tensores responsáveis pelo alongamento das pregas
vocais durante a emissão de tons agudos e têm como característica inata a resistência. Os
músculos intrínsecos adutores tensores Tireoaritenóideos (TA) são responsáveis pelo
encurtamento das pregas vocais durante a produção de tons graves e têm como
característica inata a força de explosão. O conhecimento do funcionamento e da interação
destes principais músculos adutores tensores nos ajuda a compreender o conceito de
registros vocais como veremos no próximo tópico.
Para que haja produção sonora, as pregas vocais precisam ser aduzidas pela ação
dos músculos adutores tensores TA interno e CT, e dos outros músculos intrínsecos
adutores CAL, AA e TA externo, ocasionando o fechamento do espaço glótico – para então
entrarem em vibração com passagem do ar vindo dos pulmões. Desta relação
sopro/fechamento se observam três qualidades de fonação, que podem ocorrer seja no
ataque (início do som) quanto na sustentação:
3
PINHO, Silvia; KORN, Gustavo; PONTES, Paulo. Desvendando os Segredos da Voz. Músculos Intrínsecos
da Laringe e Dinâmica Vocal. 3. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2019. Vol. 1.
Cap. 3 – A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA 10
Registros Vocais
Diagrama dos tipos de Registros e sub-registros com relação à atividade muscular intrínseca predominante –
Tensores do VOC (adaptado de Hirano, 1988)6.
4
Pinho, Korn e Pontes (2019, p. 56).
5
ARAÚJO, Marconi. Todo o Canto. O Canto Lírico Contemporâneo. Aspectos técnicos-vocais para
Música de Câmara e Ópera. Brasília, DF: Musimed Edições Musicais, 2019. Vol. 2.
6
HIRANO, M. Vocal mechanisms in singing: laryngological and phoniatric aspects. J Voice 1988;
2(1):51-69
Cap. 3 – A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA 11
Obs.: O termo Voz Plena é sinônimo a registro modal em região de fala. O termo
Voz Mista ou misturada aplica-se ao falsete com um pouco mais de atividade adutora8.
7
Pinho, Korn e Pontes (2019, p. 49).
8
Pinho, Korn e Pontes (2019, p. 58).
Cap. 3 – A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA 12
Cada pessoa manifesta uma certa proporção destes cinco ressonadores no seu
padrão de fala habitual, e o timbre resultante desta proporção é tido como a “voz natural”.
Portanto, para alguns a voz natural é um timbre:
9
Pinho, Korn e Pontes (2019, p. 68).
Cap. 3 – A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA 13
Vale ressaltar que qualquer pessoa pode fazer uso de qualquer uma destas
“impostações” citadas, de acordo com a necessidade profissional ou o gosto pessoal.
Porém, alguns estilos musicais e vocais “casam” melhor com certas sonoridades,
provavelmente porque os grandes artistas que se destacaram nestes mesmos estilos
tinham essa sonoridade e criaram a “referência de excelência vocal”, ou porque a prática
do estilo demanda uma impostação máxima, como no canto operístico sem microfone - e
acompanhando de uma imensa orquestra e coro.
Outro pensamento para ponderar: o profissional do Teatro Musical, cujo labor
reside em utilizar a “voz impostada teatral” para se comunicar, deve dar preferência à
impostação que otimiza somete o brilho (timbre associado à técnica Belting, que veremos
mais a frente), ou à uma impostação que otimiza brilho e corpo (o vozeirão também
chamado de Soul), tão presente na música pop atual?
A seguir, exemplos de alguns timbres/sonoridades:
• Wé Ani (WOW! Wé Ani's Speaking Voice And Singing Voice Sound Like Two
Different People - American Idol 2023)
https://www.youtube.com/watch?v=Ki3VDdGxACE
• Brenda Braxton, B.J. Crosby, DeLee Lively, Deb Lyons (I'm A Woman, do
musical Smokey Joe's Cafe
https://www.youtube.com/watch?v=C7Ql5U-
qoGc&list=PLQtWtZSfWzPUOxuLAWf-iiQ5koTEKhXG1&index=8
Cap. 3 – A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA 15
• Victor Trent Cook (I Who Have Nothing, do musical Smokey Joe's Café)
https://www.youtube.com/watch?v=sSx4WobdNEg&list=PLQtWtZSfWzPUOxu
LAWf-iiQ5koTEKhXG1&index=4
• Curtis Griffin (Don't Take Much, do musical The Life A Musical, M.A.D. Theatre)
https://www.youtube.com/watch?v=GS6OFmt-vD8
• The Bulgarian State Radio & Television Female Vocal Choir (Bulgarian folklor-
Kaval sviri)
https://www.youtube.com/watch?v=hVqrW-fPOQ0
A projeção vocal é crucial para garantir que a voz falada e cantada alcance o público
com o máximo de volume e inteligibilidade, e o mínimo de esforço, especialmente em
espaços grandes ou sem amplificação.
Existem várias Técnicas que visam este controle, objetivando efeitos tímbricos
diversos e de acordo com o estilo musical e vocal desejado: técnica Clássica Lírica, Belting
e Legit são algumas delas. Em sua maioria, todas abordam os seguintes fundamentos para
uma melhor projeção vocal:
Clareza de Articulação: articular cada sílaba e palavra com clareza, prestando atenção
tanto na pureza das vogais (orais, nasais, mistas e neutras) quanto das consonantes
aumenta a inteligibilidade e compreensão, e contribui para uma projeção vocal eficaz (o
estudo dos símbolos do Alfabeto Fonético Internacional – IPA, contribui para otimizar a
percepção dos diferentes fonemas e articulações de forma detalhada). Para tanto,
praticam-se exercícios que promovem a mobilidade plena da língua, controlando o dorso,
a ponta e a distribuição da massa deste músculo da forma desejada, e exercícios para
Cap. 3 – A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA 16
maior abertura mandibular e das comissuras labiais . Jan Sullivan (1985)10 propõe em seu
livro posturas articulatórias específicas para produção da sonoridade/impostação belting,
ressaltando a importância da abertura mandibular e formato das comissuras labiais,
conforme a ilustração a seguir:
Posições ideais de boca, abertura mandibular e formato das comissuras labiais advogadas por Sullivan (1985,
p.103) nos diferentes fonemas vocálicos, e que favorecem a sonoridade/impostação brilhante característica
do “belting americano”.
Foco no Ponto de Destino: ao falar ou cantar, direcionar a voz para o ponto de destino, seja
uma pessoa específica na plateia ou um ponto distante no teatro, pode otimizar de forma
instintiva a energia acústica.
10
SULLIVAN, Jan. The Phenomena of the Belt Pop Voice. Logos Ltd. 1985
Cap. 3 – A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA 17
Exploração do Registro Vocal: utilize diferentes registros vocais para adicionar variedade
e expressividade à sua fala ou canto.
Exercícios de Aquecimento Vocal: antes de se apresentar, aqueça sua voz com exercícios
de vocalização para estimular as cordas vocais, alongando-as (notas agudas) e contraindo-
as (notas graves) de forma fluida e sem esforço, e engajando e expandindo as diferentes
cavidades de ressonância (cavidade oral, nasal, faringe ou garganta) na proporção ideal
para o estilo vocal/tímbrico desejado.
Belting é uma técnica utilizada no teatro musical e em outros gêneros que envolve
o uso da voz de forma potente e brilhante (através da otimização dos ressonadores
cavidade oral, cavidade nasal e garganta/faringe), e em notas mais agudas da tessitura
masculina e feminina, com predomínio do registro de borda densa (voz de peito), mas com
pouca massa recrutada do músculo vocal TA. É caracterizada por um som forte, brilhante
e penetrante, que lembram as características da voz falada de peito projetada.
Historicamente, nas décadas de 1920 e 1930, tanto em Hollywood quanto no
teatro, o termo Belting foi aplicado para designar as cantoras que cantavam com
sonoridade e potência semelhantes às produzidas na voz falada, no registro de borda
densa (voz de peito projetada) - em oposição às outras cantoras que cantavam no estilo
Legit, no registro de borda tênue, e com sonoridade mais próxima do canto lírico. Nos dias
de hoje, o termo se aplica tanto às mulheres quanto aos homens que se especializam em
cantar na tessitura aguda com esta projeção brilhante e potente.
Exemplos da sonoridade e estilo do “Belting antigo” nas vozes de algumas divas da
época:
• Ethel Merman (Hollywood Palace Fred Astaire Ethel Merman 1966 'Some
People', Duet-Medley) – minutagem 4:23
https://www.youtube.com/watch?v=hIzCdNkDgj0
Cap. 3 – A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA 18
• Judy Garland & Barbra Streisand (Happy Days Are Here Again / Get Happy) –
minutagem 2:14
https://www.youtube.com/watch?v=UxFvQEanqbQ
• Bibi Ferreira (Gota D’água - Show Histórias e Canções - Teatro Frei Caneca -
01/06/2014) – minutagem 1:35
https://www.youtube.com/watch?v=fJVyXZY-HIY
Intensidade e Potência: o Belting é conhecido por sua intensidade vocal. Os cantores que
utilizam essa técnica emitem um som forte, brilhante, poderoso e bem projetado, e causa
no ouvinte a sensação auditiva de “força” no registro de borda densa (peito). Perfeitamente
associável ao conceito da voz teatral impostada.
Emoção e Intensidade Dramática nas Notas Agudas: o Belting é muitas vezes associado
a momentos de alta emoção e intensidade dramática no clímax das canções, que
geralmente estão situados na tessitura aguda das personagens.
O estilo Legit ou a Legit Voice (voz legítima) é um termo usado para descrever um
estilo de canto que se alinha mais com as tradições da impostação vocal mais coberta e
poderosa da ópera e do teatro musical clássico (Old Broadway). Essa técnica vocal é
muitas vezes associada a personagens e músicas que exigem um som mais refinado,
elegante, cheio de expressividade e lirismo.
Técnica Vocal Apurada: a Legit Voice enfatiza a técnica vocal refinada, incluindo uma boa
projeção com bastante harmônicos claros e escuros (equilíbrio chiaroscuro intensificado
em relação ao Belting), que é propiciada pelo uso mais amplo e consciente dos três
ressonadores – cavidade oral, cavidade nasal e faringe – além do uso mais constante do
vibrato laríngeo.
Clareza e Precisão na Articulação: os cantores que usam a Legit Voice são treinados para
articular com o máximo de clareza cada palavra do texto e da canção, e em toda a tessitura
(borda densa e borda tênue)
Uso indicado:
Autenticidade Sonora e Lirismo Melódico: quer seja no Teatro Musical Clássico (Old
Broadway), na Broadway Tradicional ou em Musicais de Época (ambientados em épocas
passadas, mesmo que sejam de composição recente), a Legit Voice pode ser mais
apropriada para se alinhar ao estilo vocal e sonoro da época referida.
Canções de Balada e Números Solos Líricos: a Legit Voice é bem adequada para canções
mais lentas, emotivas e líricas que exigem controle vocal e uma expressão emocional
refinada.
• Kelli O'Hara (The Light In The Piazza, do musical The Light In The Piazza 2005 -
MDA Telethon)
https://www.youtube.com/watch?v=5ODVHV5W3U0
Cap. 3 – A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA 20
• Sir Tom Jones (timbre mais Legit) & Jennifer Hudson (timbre mais Belting) - It's
A Man's World The Voice UK
https://www.youtube.com/watch?v=B9-7swuZi4E
• Sierra Boggess & Ramin Karimloo (The Phantom of The Opera, Classic BRIT
Awards 2012)
https://www.youtube.com/watch?v=8fKKiaSLLEY
Cap. 4 – PRINCIPAIS TÉCNICAS DE ATUAÇÃO PARA O TEATRO MUSICAL 21
A atuação no teatro musical envolve uma variedade de técnicas para dar vida aos
personagens e contar histórias de forma convincente, combinando os elementos da
atuação dramática com a execução musical. Os atores devem ser versáteis em suas
capacidades de atuação, canto e movimento, e devem buscar as técnicas específicas que
funcionam melhor eles. O importante é estar disposto a explorar e experimentar diferentes
abordagens para aprimorar suas habilidades de atuação. Abaixo estão algumas das
principais técnicas de atuação disponíveis:
Técnica Meisner (Sanford Meisner): esta técnica foca na escuta ativa e na resposta
genuína ao parceiro de cena. Ela visa criar performances orgânicas e autênticas.
Técnica de Viewpoints: Desenvolvida por Anne Bogart e Tina Landau, esta técnica explora
o movimento e o espaço cênico como elementos fundamentais da atuação. Ela encoraja a
consciência do corpo e do ambiente.
Trabalho com Texto (falado e das músicas): busca a compreensão e análise do texto pelo
estudo das falas, subtexto, motivações das personagens e suas relações com os outros.
Cap. 4 – PRINCIPAIS TÉCNICAS DE ATUAÇÃO PARA O TEATRO MUSICAL 22
Técnica Vocal Específica para Teatro Musical: Além de cantar bem (no ritmo e afinado),
os atores de teatro musical precisam dominar técnicas vocais específicas, como Belting
(voz teatral*), controle de vibrato e transições suaves entre registros vocais e timbres
diferentes, para fazer interpretações mais expressivas. A voz deve ter clareza de projeção
e inteligibilidade na fala e no canto.
Conexão com o Público: Assim como no teatro dramático, os atores de teatro musical
devem ser capazes de se conectar emocionalmente com o público e transmitir a história
de forma envolvente.
Jogos Teatrais
Existem uma infinidade de jogos teatrais que podem ser adaptados e combinados
para desenvolver habilidades de atuação, promover a criatividade e construir um ambiente
de trabalho colaborativo e divertido. Abaixo, seguem alguns exemplos:
De onde venho e para onde vou: um participante entra no ambiente e realiza alguma ação
que demonstre que chegou de algum lugar, sem usar objetos reais, mas mostrando no
corpo as sensações. O grupo, então, discute para chegar a um acordo sobre “de onde
aquela pessoa veio”. Trabalha a criatividade e ambientação.
Jogo das Emoções: os participantes recebem uma emoção e devem representá-la sem
usar palavras, apenas expressão facial e corporal. Trabalha a expressividade.
Pantomima: Os participantes devem contar uma história sem usar palavras, apenas
gestos e movimentos. Trabalha a expressividade e criatividade.
Entrevista Imaginária: o grupo faz perguntas para um participante que interpreta uma
personalidade ou personagem fictício. Trabalha a criatividade e coerência.
Estátuas: quando um sinal é dado, os participantes que estavam se movendo pelo espaço
congelam em uma pose. Trabalha a expressão corporal e a criação de imagens.
Narrativa Física, Expressividade e Energia: a dança pode ser uma forma eficaz de contar
histórias e transmitir emoções sem a necessidade de palavras. A forma como uma
personagem dança pode revelar muito sobre sua personalidade, background e
motivações. Por exemplo, uma personagem mais elegante pode ter um estilo de dança
mais refinado, enquanto uma personagem mais enérgica pode ter movimentos mais
vigorosos. A dança também precisa estar em sintonia com a música e as letras das
canções, amplificando a emoção e a mensagem da música. A dança no teatro musical não
deve ser apenas técnica, mas também transmitir sentimentos e contar uma história.
Trabalho de Equipe: a colaboração e sintonia entre os dançarinos deve ser cultivada, pois
um elenco coeso e entusiasmado é fundamental para o sucesso das cenas de dança com
coreografias memoráveis e impactantes. Durante os ensaios, deve-se fazer ajustes na
coreografia conforme necessário, e o elenco deve compreender os movimentos, além de
ter tempo suficiente para praticá-los e aperfeiçoá-los nas performances através de
orientações e feedbacks.
Jazz, Ballet e outros: A Chorus Line. Direção e Coreografia de Bob Avian e Michael Bennett.
• I Hope I Get It (Watch Tony Yazbeck, Robyn Hurder & More in New York City
Center's A CHORUS LINE)
https://www.youtube.com/watch?v=BHULQaDHt-
w&list=PLDEtereV9Yv9XyjF3Q8k_YIjhJ92E5Ca9&index=7
Flamenco: Zorro, o Musical. Produção do Teatro das Artes de 2010. Direção de Roberto
Lage. Coreografia de Jarbas Homem de Mello.
• Bamboleo (Zorro, o Musical)
https://www.youtube.com/watch?v=co9nY2OWgQM
• Zorro - The Musical (2022 West End Trailer)
Cap. 5 – A DANÇA E O TEATRO MUSICAL 26
https://www.youtube.com/watch?v=56dM76riMWU&list=PLDEtereV9Yv9XyjF3
Q8k_YIjhJ92E5Ca9&index=12
Sapateado: Crazy For You. Direção de Mike Ockrent. Coreografia de Susan Stroman.
• I Can't Be Bothered Now/Slap That Bass/Shall We Dance/I Got Rhythm (CRAZY
FOR YOU 1992 Tony Awards)
https://www.youtube.com/watch?v=XJo8eu4OvKg&list=PLDEtereV9Yv9XyjF3
Q8k_YIjhJ92E5Ca9&index=14
Tango: Moulin Rouge. North American Touring Company. Coreografia de Sonya Tayeh.
• El Tango de Roxanne (Moulin Rouge! The Musical x The Late Late Show with
James Corden)
https://www.youtube.com/watch?v=FXclYVXYA2o
Mambo: West Side Story. Produção de 2022 no Teatro São Pedro. Direção de Claudio
Botelho e Charles Möeller. Remontagem de coreografia de Mariana Barros.
• The Dance at The Gym: Mambo (West Side Story)
https://www.youtube.com/watch?v=AwicUpI92Ho&list=PLDEtereV9Yv9XyjF3
Q8k_YIjhJ92E5Ca9&index=4
Valsa: Les Misérables, de CM. Schönberg. Produção de 2001 no Teatro Abril. Direção de
Can Caswell. Coreografia de Katie Flatt.
• O Casamento (Les Misérables Brasil 2001 COMPLETO) - minutagem: 2:24:06
https://www.youtube.com/watch?v=30b3ZejevlI&list=PLDEtereV9Yv9XyjF3Q8
k_YIjhJ92E5Ca9&index=10&t=8754s
Cap. 6 – A HISTÓRIA DO TEATRO MUSICAL 27
Século XVIII - Ópera Cômica e Opereta: no século XVIII, na França, surgiu a ópera cômica,
que incluía diálogos falados e canções. Na mesma época, na Áustria e na Alemanha, a
opereta se tornou popular, caracterizada por histórias leves, música alegre e diálogos
engraçados.
Final do século XIX - Gilbert e Sullivan: a dupla britânica Gilbert e Sullivan produziu uma
série de operetas bem-sucedidas na Inglaterra durante o final do século XIX. Suas obras,
como The Pirates of Penzance e The Mikado, influenciaram o desenvolvimento do teatro
musical.
Início do Século XX: nos EUA, o teatro de variedades e as revistas musicais foram
populares nas primeiras décadas do século XX. Estes espetáculos incluíam uma série de
números musicais, esquetes cômicos e danças.
1927 - Show Boat: considerado por muitos como o primeiro verdadeiro musical americano,
"Show Boat" de Jerome Kern e Oscar Hammerstein II introduziu um enredo mais complexo
e temas sociais, além de ter uma partitura musical integrada à narrativa.
1970 - Era dos Conceituais: Shows como Company e Cabaret introduziram abordagens
mais experimentais, com narrativas menos lineares e temas sociais mais complexos.
1970-1980 - Rock e Pop: Com musicais como Jesus Christ Superstar, Hair e Rent, o rock e
o pop começaram a influenciar mais fortemente o teatro musical.
1980-1990 - Andrew Lloyd Webber e os Mega Musicais: Webber compôs Cats e The
Phantom of The Opera; Claude-Michel Shönberg compôs Les Misérables, e os três se
tornaram grandes sucessos internacionais.
11
CARDOSO, A. B.; FERNANDES, A. J.; CARDOSO-FILHO, C. Breve história do Teatro Musical no
Brasil, e compilação de seus títulos. Revista Música Hodie, Goiânia, V.16 - n.1, 2016, p. 29-44.
Cap. 7 – A HISTÓRIA DO TEATRO MUSICAL BRASILEIRO 30
O Vaudeville teve origens nos Estados Unidos e na Europa, e apresentava uma série
de atos variados em um mesmo espetáculo, que podiam incluir comédia, música, dança,
mágica, acrobacias e outros números de variedades, mas que eram independentes uns
dos outros e não necessariamente formavam uma narrativa contínua.
O Teatro de Revista era uma forma de entretenimento mais característica do Brasil,
e envolvia produções mais elaboradas, muitas vezes com um enredo central que unia os
diferentes números. Além da comédia, música e dança, o Teatro de Revista
frequentemente abordava temas políticos e sociais, e era conhecido por apresentar
extravagantes produções de palco.
“Em meados da década de 1950, nova geração de autores, diretores e intérpretes aparece,
justamente a geração que, nas duas décadas seguintes, responderá pelo espetáculo
musical de propósitos políticos”13.
12
ESTEVES, Gerson da Silva. A Broadway não é aqui – Teatro musical no Brasil: uma diferença a se
estudar. São Paulo, 2014 [302f]. Tese (Mestrado em Comunicação). Faculdade Cásper Líbero, São
Paulo, 2014.
13
FREITAS FILHO, José Fernando Marques. Com os séculos nos olhos – Teatro Musical e expressão
política no Brasil, 1964-1979. Brasília, 2006. [386f.]. Tese (Doutorado em Literatura Brasileira).
Universidade de Brasília, Instituto de Letras, Departamento de Teoria Literária e Literatura, Brasília,
2006.
Cap. 7 – A HISTÓRIA DO TEATRO MUSICAL BRASILEIRO 31
Este período foi marcado pelas Leis de Incentivo Fiscais (como a Lei Rouanet). Com
orçamentos mais generosos, foi possível a realização de grandes montagens e
consequente profissionalização desse setor15.
14
ANDRADE, Juliana. Musicais da Broadway que passaram pelo Brasil. 22 de setembro de 2014.
Disponível em: http://www.guiadasemana.com.br/artes-e-teatro/noticia/musicais-da-broadway-
que-passaram-pelo-brasil. Acesso em: 13 mar 2015.
Charles Möeller (ator, diretor teatral, autor teatral, cenógrafo e figurinista) e Claudio
Botelho (ator, diretor, cantor, produtor, letrista, versionista, compositor e tradutor) - A
marca (M&B) assina inúmeras montagens de teatro musical da Broadway no Brasil. Claudio
Botelho é o responsável pela maioria das versões em português dos musicais importados
dos EUA. Alguns de seus trabalhos:
• Avenida Q (2009)
• Os Produtores (2007).
• Hairspray (2010).
• A Gaiola das Loucas (2010).
• Cabaret (2011).
• Alô Dolly (2012).
• Crazy for You (2013).
• A madrinha embriagada (2013).
• O homem De La Mancha (2013).
• Chaplin – O musical (2015) e vários outros.
TV e Cinema:
Qualificação artística:
Pressão do Desempenho ao Vivo: atuar, cantar e dançar ao vivo em frente a uma plateia
exige um alto nível de habilidade técnica e maturidade emocional para lidar com possíveis
imprevistos ou erros.
Queda de Qualidade: em algumas regiões, pode haver acesso limitado a recursos como
estúdios de ensaio e equipamentos, e mão-de-obra especializada (figurinistas,
cenógrafos, equipe de sonorização).
Cap. 9 - BIBLIOGRAFIA
ANDRADE, Juliana. Musicais da Broadway que passaram pelo Brasil. 22 de setembro de 2014.
Disponível em: http://www.guiadasemana.com.br/artes-e-teatro/noticia/musicais-da-broadway-
que-passaram-pelo-brasil. Acesso em: 13 mar 2015.
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Musical e Música Pop. Brasília, DF: Musimed Edições Musicais, 2013. Vol. 1.
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Música de Câmara e Ópera. Brasília, DF: Musimed Edições Musicais, 2019. Vol. 2.
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