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É produtor e diretor musical, maestro, vocal

coach, cantor, ator, locutor e dublador. Com 27 anos de


carreira, apresentou-se em grandes cidades e capitais de
vários países: Viena, Budapeste e Praga (Europa); Jeru-
salém (Israel); Nova York, Atlanta, Bay View, Corpus Christi
(Estados Unidos); Buenos Aires, Montevideo, e várias capi-
tais brasileiras (América do Sul).
Formado Mestre em Música pela University of
Wyoming (2007), atua intensamente na área da pedagogia
vocal; é o revisor do livro “O Canto Lírico Contemporâneo”,
do Maestro Marconi Araújo, e possui um canal no Youtube
chamado “O Borogodó da Voz”.
Foi maestro assistente de coro no cine-concerto
“O Senhor dos Anéis: As Duas Torres” em 2022. Assinou a
Foto: Helena Melo
direção musical de “Avenida Q” (2010 e 2013), e das
montagens estudantis “Hair” e “Mudança de Hábito” (2021); “Nine”, “Natasha, Pierre e o
Grande Cometa de 1812”, “The Rocky Horror Show”, “A Madrinha Embriagada” e “O Rei
Leão” (2022); “Heathers” em 2023. Assinou também a produção musical do CD “Banda
Sinfônica do Exército Brasileiro” em 2016.
Atualmente em cartaz como o Barão Von Schönberg e General Alberto no musical
“O Bosque dos Sonâmbulos”. Protagonizou os musicais “Les Misérables” (Thenardier),
“Avenida Q” (Gary Coleman), “Jesus Christ Superstar” (Pilatos), “The Pirates of Penzance”
(Pirate King), “The Beggar’s Opera” (Jemmy Twitcher), e as óperas e operetas “La
Cenerentola” (Don Magnífico), “Gianni Schicchi” (Betto di Signa), “La Vie Parisienne”
(Alfred).
Estreou na TV na novela “Amor e Revolução” (2010), sob a direção de Reynaldo
Boury, e trabalha como dublador de desenhos, animações e produções da Disney (seus
últimos trabalhos incluem os recentes O Rei Leão e Frozen II em 2019, e Moana em 2016).
Sumário

Cap. 1 - Os Fundamentos do Teatro Musical __________________________________ 01

Cap. 2 - Teatro Musical: Gêneros e Estilos_____________________________________ 03

Gêneros de Teatro Musical____________________________________ 03

Estilos dramatúrgicos no Teatro Musical________________________ 05

Estilos musicais no Teatro Musical_____________________________ 06

Estilos coreográficos no Teatro Musical_________________________ 06

Cap. 3 - A voz no Teatro Musical: a voz teatral e a voz cantada___________________ 07

Fisiologia da voz: Propulsão (Apoio)____________________________ 08

Fisiologia da voz: Retenção (fonte sonora)_______________________ 08

Registros vocais______________________________________________ 10

Fisiologia da voz: Filtros (ressonadores)_________________________ 11

Fundamentos pra uma boa projeção vocal______________________ 15

Belting e o Teatro Musical______________________________________ 17

Legit Voice e o Teatro Musical__________________________________ 19

Cap. 4 - Principais Técnicas de atuação para o Teatro Musical___________________ 21

Jogos Teatrais_________________________________________________ 22

Cap. 5 - A Dança e o Teatro Musical___________________________________________ 24

Cap. 6 - A História do Teatro Musical__________________________________________ 27

Cap. 7 – A História do Teatro Musical Brasileiro_________________________________ 29

Cap. 8 - Principais desafios profissionais no Teatro Musical_____________________ 35

Cap. 9 - Bibliografia__________________________________________________________ 37
Cap. 1 – OS FUNDAMENTOS DO TEATRO MUSICAL 1

Cap. 1 - OS FUNDAMENTOS DO TEATRO MUSICAL

O fazer “Teatro Musical”, seja de nível profissional ou acadêmico (cursos de


montagem), se fundamenta numa combinação eficaz e de qualidade de pressupostos
artísticos e técnicos que se interpenetram e se complementam: texto, atuação, música,
canto, coreografia, cenário, figurino, iluminação e sonorização. Isso tudo, porém, não é
suficiente se não levarmos em consideração a necessidade de espaços cênicos com porte
e estrutura material, técnica e profissional de qualidade, incluindo equipes de limpeza e
manutenção, de vendas e de marketing, para que o show e a mágica aconteçam no palco.
É uma estrutura gigante que emprega centenas de profissionais, além dos artistas
que audicionam por uma vaga no elenco e/ou na orquestra. Estes pressupostos são:

Texto e Enredo: como no teatro tradicional, o teatro musical depende de um enredo bem
construído e personagens bem desenvolvidos. O texto, composto de diálogos falados e
letras de músicas, é fundamental para contar bem a história.

Música: parte essencial do teatro musical, serve para expressar emoções, avançar a trama
e desenvolver as personagens, e devem ser integradas de forma orgânica à narrativa.

Letras: devem ser bem escritas e contribuir para o desenvolvimento das personagens e da
história. Elas devem ser poéticas, emotivas e, sempre que possível, seguindo a prosódia
natural da fala.

Coreografia: geralmente presente nos números de maior impacto e expressividade, a


dança e os movimentos coreografados são cruciais para potencializar a energia do show e
criar uma conexão emocional intensa com a plateia.

Atuação e Performance Vocal: habilidades básicas para os artistas de Teatro Musical, que
precisam ser capazes de transmitir emoções e contar histórias com o corpo e com a voz.

Direção: é a coordenação de todos os elementos - atuação, música, dança, cenografia,


iluminação, etc. - para criar um ponto de vista interessante no contar da história, bem como
criar uma produção coesa e impactante.

Cenografia e Figurinos: a ambientação e os trajes são fundamentais para estabelecer o


contexto e a atmosfera da história, conferindo coerência e verossimilhança.

Iluminação e Som: vital para criar o clima certo e destacar os momentos-chave da


produção, criando focos, cortinas de luz e sombras que dirigem a atenção do olhar da
plateia para o ponto de vista do narrativo e artístico do diretor.
Cap. 1 – OS FUNDAMENTOS DO TEATRO MUSICAL 2

Design de Som: equilibra as texturas das vozes solistas, vozes de ensemble, instrumentos
da banda ou orquestra, sons mecânicos, garantindo que a música, o diálogo e os efeitos
sonoros sejam ouvidos com clareza em todo o teatro.

Interpretação e Estilo: cada produção de teatro musical pode ter um estilo específico, que
pode variar de acordo com o período, o gênero musical e a visão criativa dos artistas
envolvidos.

Ensaios e Treinamento: A repetição é fundamental para o sucesso da performance final.


Os atores e técnicos ensaiam exaustivamente e por longos períodos para garantir que toda
a “engrenagem” humana e material aconteça de forma fluida e funcional, e sem riscos à
saúde. Após a estreia, ensaios de manutenção ainda são necessários para manter o ritmo
do show e para preparar os substitutos.

Técnica Vocal e Corporal: os atores precisam de treinamento vocal constante e variado


para cantar de forma saudável e sustentável os vários estilos vocais e musicais que o show
exige. Além disso, a técnica corporal, junto com uma boa equipe de fisioterapia, é
importante para garantir que os atores possam realizar as coreografias de forma segura,
bem como se recuperar de possíveis lesões.
Cap. 2 – TEATRO MUSICAL: GÊNEROS E ESTILOS 3

Cap. 2 - TEATRO MUSICAL: GÊNEROS E ESTILOS

O Teatro Musical é uma forma de arte que combina música, dança e atuação para
contar uma história. Existem diversos estilos e gêneros dentro do teatro musical, cada um
com suas próprias características distintas, e a escolha de um estilo específico pode
depender da história que está sendo contada e das preferências dos criadores.
Os termos "gêneros" e "estilos", no contexto do teatro musical, têm significados
distintos. Gêneros se referem às categorizações mais amplas que descrevem o tipo de
história, o tema e o tom geral de uma produção. Os estilos se referem às características
específicas dentro de uma produção que podem incluir elementos musicais,
coreográficos, de encenação e design, e podem ser combinados e adaptados de várias
maneiras em diferentes produções de teatro musical. Portanto, enquanto os gêneros
oferecem uma categoria mais ampla de classificação, os estilos se referem a
características mais específicas de uma produção.

Gêneros de Teatro Musical:

Clássico: musicais que foram produzidos principalmente entre as décadas de 1920 e


1960, como Oklahoma! e West Side Story. Eles muitas vezes apresentam música e letras
mais complexas e têm uma estrutura narrativa tradicional.

Tradicional: onde os números musicais são integrados à narrativa de forma fluida.


Exemplos incluem O Fantasma da Ópera e Les Misérables.

Contemporâneo: musicais produzidos a partir dos anos 1980 até hoje. Eles abrangem uma
ampla gama de estilos musicais e frequentemente tratam de temas mais modernos e
relevantes.

Revival: são produções que trazem de volta musicais clássicos que foram sucesso em
décadas passadas.

Comédia Musical: caracterizada pelo tom humorístico e enredos leves, têm como objetivo
principal fazer o público rir. Exemplos incluem The Book of Mormon e Avenida Q.

Comédia Musical de Revista: caracterizada por uma série de esquetes cômicos e


números musicais independentes, como o musical/filme Chão de Estrelas.
Cap. 2 – TEATRO MUSICAL: GÊNEROS E ESTILOS 4

Drama Musical: centrada em temas sérios e emocionais, muitas vezes com uma
abordagem mais intensa. Next to Normal.

Romântico: Focado em temas de amor e romance, como O Rei e Eu.

Musical de Ação e Aventura: caracterizado por cenas de ação e aventura emocionantes,


como O Rei Leão.

Histórico: ambientado em períodos específicos da história, explorando eventos e/ou


figuras importantes, buscando recriar os costumes e eventos de épocas passadas.
Hamilton.

Fantasia e Conto de Fadas: inspirado em elementos mágicos e mundos imaginários como


Wicked, Bob Esponja – O Musical e O Bosque dos Sonâmbulos.

Biográfico: contam a história da vida de uma pessoa famosa, artista ou banda. Exemplos
incluem Evita, Tim Maia – Vale Tudo, O Musical, Homem com H – O musical, e Chacrinha –
O Musical.

Jukebox: neste estilo, as trilhas sonoras são criadas a partir do repertório de um artista ou
banda populares já existentes, como Mamma Mia! (baseado nas músicas do ABBA) e Jersey
Boys (baseado nas músicas dos Four Seasons).

Ópera Rock: fusão entre ópera e rock, com uma narrativa intensa mais focada nas músicas
e trilhas sonoras poderosas, e menos em diálogos falados. Tommy do The Who e Jesus
Christ Superstar do A. L. Weber.

Disney: A Disney tem uma série de musicais de sucesso baseados em seus filmes
animados, como O Rei Leão, A Bela e a Fera e A Pequena Sereia, Frozen, entre outros.

Político ou Social: aborda questões sociais ou políticas, buscando provocar reflexão e


discussão sobre temas importantes, como Hamilton, Gota D’água e Ópera do Malandro.

Experimental ou Avant-Garde: desafiam convenções teatrais tradicionais e podem ser


mais abstratos ou conceituais, incorporando elementos de performance como arte,
música eletrônica e outros estilos inovadores. Cats e Natasha, Pierre e o Grande Cometa
de 1812.

Regional ou Local: muitas vezes, comunidades ou regiões têm suas próprias tradições e
estilos de teatro musical. Chão de Estrelas.

Étnico ou Cultural: estes exploram as tradições e culturas de grupos específicos, como o


teatro musical latino, asiático, entre outros. A Cor Púrpura e West Side Story.
Cap. 2 – TEATRO MUSICAL: GÊNEROS E ESTILOS 5

Estilos dramatúrgicos no Teatro Musical:

Os estilos dramatúrgicos no teatro musical variam dependendo da natureza da


produção e das intenções dos diretores, compositores e escritores envolvidos no projeto,
e podem ser combinados e adaptados de várias maneiras em diferentes produções de
teatro musical. Aqui seguem alguns destes estilos:

Narrativo Convencional: estilo mais tradicional de dramaturgia, em que a história é


contada de forma linear, com início, meio e fim claramente definidos. A trama segue uma
progressão lógica de eventos e desenvolvimento de personagens. Les Misérables.

Episódico ou Mosaico: estrutura mais fragmentada, onde diferentes cenas ou segmentos


não estão necessariamente conectados de forma linear. Em vez disso, eles podem explorar
temas ou personagens de maneira mais dispersa. O Bosque dos Sonâmbulos.

Montagem: este estilo envolve a intercalação de várias histórias ou temas dentro de uma
narrativa geral. Cada cena ou número musical pode ser uma peça autônoma que contribui
para o quadro geral. Smokey Joe’s Café.

Não-Linear: Em algumas produções, a narrativa pode ser contada fora da ordem


cronológica, criando um efeito de retrospectiva ou adicionando complexidade ao enredo.
Os Últimos 5 Anos.

Meta-Teatro: alguns musicais incorporam elementos de autorreferência ou quebram a


quarta parede, em que os personagens ou a história reconhecem que estão em um
contexto teatral. Kiss Me, Kate e Avenida Q

Realismo Mágico: incorporam elementos de fantasia ou magia dentro de um contexto


realista, criando uma atmosfera de conto de fadas ou de mundo mágico. Wicked e Frozen

Surrealismo: exploram a irrealidade e a imaginação de forma mais intensa, criando um


ambiente que desafia a lógica e a realidade comum. O Bosque dos Sonâmbulos.

Polifonia Dramática: envolve a representação de várias vozes ou perspectivas em cena,


onde diferentes personagens ou grupos podem expressar suas próprias histórias ou pontos
de vista simultaneamente. Os Últimos 5 anos.

Absurdo: Alguns musicais podem adotar uma abordagem mais filosófica ou existencial,
explorando a falta de sentido ou lógica na vida humana. Urinal.
Cap. 2 – TEATRO MUSICAL: GÊNEROS E ESTILOS 6

Estilos musicais no Teatro Musical:

Os estilos musicais no teatro musical são diversos e variam de acordo com o


contexto e a época em que foram produzidos. Muitos musicais podem incorporar uma
combinação de vários estilos, e a trilha sonora muitas vezes é criada para se adequar ao
enredo e ao ambiente da produção. Alguns dos estilos musicais incluem:

Rock: musicais que incorporam influências do rock têm canções com ritmos e sons mais
voltados para o gênero, e temas mais contemporâneos. We Will Rock You, Rent e Heathers.

Jazz: incorpora elementos musicais do jazz, muitas vezes em cenas de dança. Chicago.

Música Clássica: em certos musicais mais tradicionais ou de época a música pode


incorporar elementos da música clássica. Evita e O Bosque dos Sonâmbulos.

Ópera: especialmente nos musicais com uma abordagem mais clássica, a música pode
ter influências operísticas, com vozes treinadas na técnica lírica. O Fantasma da Ópera e
Kiss Me, Kate.

Pop: muitos musicais contemporâneos incorporam elementos do gênero pop em suas


músicas, tornando-os acessíveis e cativantes ao grande público. Mamma Mia! e Moulin
Rouge

Balada: canções românticas e emotivas, muitas vezes focadas nas emoções dos
personagens. Memory (de Cats) e On My Own (de Les Misérables).

Rap ou Hip-Hop: Alguns musicais mais contemporâneos incorporam elementos de rap e


hip-hop em suas músicas. Hamilton.

Folk ou Country: incorporam elementos de música folk ou country em sua trilha sonora.
Oklahoma! e Joseph and The Amazing Technicolor Dreamcoat.

Contemporâneo: Em musicais mais modernos, os compositores muitas vezes criam


músicas que refletem os estilos musicais populares da época, o que pode incluir uma
ampla variedade de gêneros. Natasha, Pierre e o Grande Cometa de 1812.

Estilos coreográficos no Teatro Musical:

Muitos musicais têm números de dança energéticos e coreografados para impactar


a plateia, aumentando o nível de adrenalina e criando clímax expressivo – e onde os estilos
de dança podem variar de balé clássico a danças mais contemporâneas. No capítulo 5
(pag. 26) abordaremos estes diversos estilos.
Cap. 3 – A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA 7

Cap.3 - A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA

Em musicais, os atores frequentemente alternam entre falar e cantar, e a transição


suave entre esses tipos de expressão vocal é fundamental. Isso envolve a capacidade de
manter a continuidade emocional e a compreensibilidade da história, mesmo ao mudar de
voz falada para cantada e vice-versa.
A voz teatral e a voz cantada têm características peculiares e são usadas de
maneiras diferentes para comunicar emoções e contar histórias. A integração eficaz
desses dois tipos de expressão vocal é o que permite que os personagens ganhem vida de
forma autêntica e envolvente no palco.

Características da Voz Teatral:

Foco na Compreensão da Palavra: a voz teatral enfatiza a clareza e a compreensão das


palavras. É importante para garantir que o público possa entender o diálogo e seguir a
trama.

Expressão Emocional: a voz teatral é usada para transmitir emoções, intenções e


motivações dos personagens. É através da voz que os atores revelam o que seus
personagens estão pensando e sentindo.

Variação de Tonalidade e Ritmo: os atores usam variações na tonalidade e no ritmo para


criar diferentes nuances emocionais e dar vida aos personagens. Isso ajuda a manter o
interesse e a envolver o público na performance.

Ênfase nas Inflexões: as inflexões vocais são usadas para destacar palavras ou frases
importantes e dar ênfase a certos pontos na narrativa.

Projeção: os atores usam técnicas de projeção vocal para garantir que sua voz alcance
todos os cantos do teatro, mesmo sem o auxílio de microfones.

Características da Voz Cantada:

Afinação e Controle Técnico: a voz cantada exige um alto nível de técnica vocal para atingir
notas e realizar padrões de melodia de maneira precisa e consistente.

Expressão Musical: a voz cantada é usada para transmitir emoções através da melodia e
das letras das músicas. A entonação e a dinâmica são vitais para criar a atmosfera
desejada.
Cap. 3 – A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA 8

Harmonização: em números musicais que envolvem mais de um cantor, a harmonização


é fundamental para criar um som coeso e agradável.

Sustentação Vocal: cantar exige uma capacidade de manter notas por períodos
prolongados, bem como de transições suaves entre diferentes notas.

Estilo e Interpretação: além da técnica, a voz cantada também envolve a interpretação


artística, onde os cantores dão uma interpretação única de uma música com base em sua
compreensão da personagem e do contexto da cena, além da adequação ao estilo musical
(voz pop, rock, Legit, Belting, Disney)

Fisiologia da voz: Propulsão (Apoio)

A propulsão da voz vem do sopro do ar dos pulmões, e apoiar a voz implica manter
uma qualidade específica de timbre e/ou de intensidade, sustentados por este sopro, e ao
longo do tempo. Para que isso aconteça é necessário que o binômio energia física (pouco
esforço nas pregas vocais com pressão subglótica equilibrada) x energia acústica (projeção
grande) seja o ideal: o menor esforço para muito som.
Para tal, uma excelente escolha é manter a postura do Appoggio Italiano (um ponto
de vista respiratório esterno-costal-diafragmático-epigástrico, que aliado à uma ligeira
elevação do osso esterno, gera uma postura “nobre”), com os ombros baixos (para evitar a
respiração clavicular) e as costelas abertas na direção horizontal durante a fonação, e sem
soprar o ar com esforço. O resultado deve ser um sopro firme, porém gentil, sob a glote,
que evita a fadiga.1

• Diafragma e costelas na respiração (Heart, Lungs and Diaphragm Functioning


in Human Body || Anatomy and Physiology)
https://www.youtube.com/shorts/CHwxwED6kcY

Fisiologia da voz: Retenção (fonte sonora)

A laringe (palavra derivada do grego larungein (= gritar)... é uma estrutura das vias
aéreas superiores que comunica a laringofaringe com a traqueia, possuindo tríplice
função... É órgão essencial da formação dos sons (função vocalizadora).2

1
ARAÚJO, Marconi. Todo o Canto. Belting Contemporâneo. Aspectos técnicos-vocais para Teatro Musical
e Música Pop. Brasília, DF: Musimed Edições Musicais, 2013. Vol. 1.

2
CARDOSO, Márcio A; RUBINSTEIN, Ezequiel. Laringe. Disponível em:
<http://depto.icb.ufmg.br/dmor/anatmed/laringe.htm>. Acesso em: dez. 2016
Cap. 3 – A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA 9

No livro “Músculos Intrínsecos da Laringe e Dinâmica Vocal” de Pinho, Korn e


Pontes , encontramos as seguintes informações: os músculos extrínsecos adutores
3

tensores Cricotireóideos (CT) são os tensores responsáveis pelo alongamento das pregas
vocais durante a emissão de tons agudos e têm como característica inata a resistência. Os
músculos intrínsecos adutores tensores Tireoaritenóideos (TA) são responsáveis pelo
encurtamento das pregas vocais durante a produção de tons graves e têm como
característica inata a força de explosão. O conhecimento do funcionamento e da interação
destes principais músculos adutores tensores nos ajuda a compreender o conceito de
registros vocais como veremos no próximo tópico.

• Cartilagens e musculaturas da laringe (How the Larynx Produces Sound)


https://www.youtube.com/watch?v=b89RSYCaUBo

Para que haja produção sonora, as pregas vocais precisam ser aduzidas pela ação
dos músculos adutores tensores TA interno e CT, e dos outros músculos intrínsecos
adutores CAL, AA e TA externo, ocasionando o fechamento do espaço glótico – para então
entrarem em vibração com passagem do ar vindo dos pulmões. Desta relação
sopro/fechamento se observam três qualidades de fonação, que podem ocorrer seja no
ataque (início do som) quanto na sustentação:

• Ataque soproso (suave) e/ou sustentação soprosa – a adução das pregas


vocais não é eficiente e ocorre vazamento de ar no momento da vibração,
deixando a voz aerada. Pode ocorrer de forma voluntária (fenda proposital
controlada pelo desequilíbrio momentâneo da ação sincrônica dos músculos
adutores citados com o único músculo abdutor CAP) ou devido à uma
irregularidade na superfície de encontro das pregas vocais (edemas, pólipos,
fendas, cistos, calos, sulcos).
• Ataque e/ou sustentação sincrônicos – a adução ocorre ao longa de toda a
borda das pregas vocais, e todo ar é convertido em som no momento da
vibração. A voz é límpida, cristalina, e o fechamento é eficiente. É a relação
ideal entre o tônus de fechamento das pregas vocais e a pressão subglótica
“fluida, saudável”.
• Ataque retido (duro) e/ou sustentação retida – ocorre devido ao aumento da
pressão subglótica do ar e aumento do tônus do fechamento dos músculos
vocais (um fato retroalimenta o outro), causando uma sensação de aperto na
laringe e de retenção do som.

3
PINHO, Silvia; KORN, Gustavo; PONTES, Paulo. Desvendando os Segredos da Voz. Músculos Intrínsecos
da Laringe e Dinâmica Vocal. 3. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2019. Vol. 1.
Cap. 3 – A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA 10

Registros Vocais

Registros Vocais são séries de tons homogêneos que se caracterizam por um


especial timbre sonoro, distinto dos outros registros e independente da frequência do tom
emitido4. Baseado na teoria do Hirano de Participação dos tensores da corda vocal (TA e
CT) e consequente conformação da borda gerada na corda vocal, pode-se definir os
seguintes registros5:

Diagrama dos tipos de Registros e sub-registros com relação à atividade muscular intrínseca predominante –
Tensores do VOC (adaptado de Hirano, 1988)6.

• Basal ou Fry – participação de TA “quase absoluta”.


• Modal de Peito ou denso – participação de TA é maior que de CT.
• Modal Médio ou Mix – proporção equilibrada, ora predominando o TA (mix-
denso), ora predominando o CT (mix-tênue).

4
Pinho, Korn e Pontes (2019, p. 56).

5
ARAÚJO, Marconi. Todo o Canto. O Canto Lírico Contemporâneo. Aspectos técnicos-vocais para
Música de Câmara e Ópera. Brasília, DF: Musimed Edições Musicais, 2019. Vol. 2.

6
HIRANO, M. Vocal mechanisms in singing: laryngological and phoniatric aspects. J Voice 1988;
2(1):51-69
Cap. 3 – A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA 11

• Modal de Cabeça ou Tênue – participação de CT é maior que de TA.


• Elevado (Flauta ou Flageolet para mulheres, Falsete para homens) –
participação de CT é “quase absoluta”.
• Whistle ou Assobio – “mecanismo distinto de fechamento glótico, persistindo
apenas um orifício glótico de tamanho variável, por onde o ar atravessa e cuja
mucosa de margem não vibra”7.

Obs.: O termo Voz Plena é sinônimo a registro modal em região de fala. O termo
Voz Mista ou misturada aplica-se ao falsete com um pouco mais de atividade adutora8.

Fisiologia da voz: Filtros (ressonadores)

Toda a confusão de julgamento que existe sobre possíveis diferenças de timbre da


voz comumente chamada de natural, da voz teatral, da voz impostada, da voz caricata e da
voz lírica encontram possíveis respostas no estudo dos ressonadores a saber:

Ressonadores Anteriores (qualidade de fala) – ampliam os harmônicos agudos do som


fundamental, dando a sensação de jogar a voz pra fora, de clareza, de brilho e estridência.

• Cavidade oral: otimizada pela maior abertura mandibular, em conjunto com


uma maior abertura das comissuras labiais na articulação. Confere o brilho
aberto, de clareza, também chamado de twang oral.
• Cavidade nasal: otimizada pela postura mais relaxada/baixa do palato mole.
Confere o brilho “metalizado”, também chamado de twang nasal.

Ressonadores Posteriores (cobertura ou escurecimento do som) – ampliam os


harmônicos médios e graves do som fundamental, dando a sensação de jogar a voz pra
trás, pra cabeça, de encorpar, escurecer, arredondar ou mesmo engolir o som. Relacionado
ao conceito de girar a voz. São as três sessões da faringe:

• Laringofaringe – se estende desde a prega vocal até o início da cavidade oral.


• Orofaringe – se estende desde o osso hioide e do início da cavidade oral até o
palato mole.
• Rinofaringe ou nasofaringe – se estende do palato mole à toda a parte
superior da faringe. A expansão deste setor está relacionada ao conceito
clássico da cobertura da voz lírica ou giro.

7
Pinho, Korn e Pontes (2019, p. 49).

8
Pinho, Korn e Pontes (2019, p. 58).
Cap. 3 – A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA 12

O espaço supraglótico e os cinco setores de ressonância.

Cada pessoa manifesta uma certa proporção destes cinco ressonadores no seu
padrão de fala habitual, e o timbre resultante desta proporção é tido como a “voz natural”.
Portanto, para alguns a voz natural é um timbre:

• Soproso de fraca intensidade (voz sussurrada).


• Soproso de forte intensidade (voz cochichada)9.
• Brilhante claro e oral.
• Brilhante e nasal (hipernasal).
• Escura e nasal (fanha).
• Escura e hiponasal (sem brilho).
• Brilhante e escuro - voz de Comando ou Impostada.

As figuras seguintes ilustram de forma aproximada três impostações (padrões de


amplificação) distintas muito usadas no teatro musical: brilho claro e oral ou belting, voz
de comando ou Soul e timbre lírico ou Legit:

9
Pinho, Korn e Pontes (2019, p. 68).
Cap. 3 – A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA 13

Uso aproximado dos ressonadores no timbre brilhante claro e oral (associado


a sonoridade do belting americano).

Uso aproximado dos ressonadores no timbre brilhante e escuro (associado


a sonoridade do Soul e voz de comando).
Cap. 3 – A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA 14

Uso aproximado dos ressonadores no timbre lírico (associado


a sonoridade da voz operística e ao Legit).

Vale ressaltar que qualquer pessoa pode fazer uso de qualquer uma destas
“impostações” citadas, de acordo com a necessidade profissional ou o gosto pessoal.
Porém, alguns estilos musicais e vocais “casam” melhor com certas sonoridades,
provavelmente porque os grandes artistas que se destacaram nestes mesmos estilos
tinham essa sonoridade e criaram a “referência de excelência vocal”, ou porque a prática
do estilo demanda uma impostação máxima, como no canto operístico sem microfone - e
acompanhando de uma imensa orquestra e coro.
Outro pensamento para ponderar: o profissional do Teatro Musical, cujo labor
reside em utilizar a “voz impostada teatral” para se comunicar, deve dar preferência à
impostação que otimiza somete o brilho (timbre associado à técnica Belting, que veremos
mais a frente), ou à uma impostação que otimiza brilho e corpo (o vozeirão também
chamado de Soul), tão presente na música pop atual?
A seguir, exemplos de alguns timbres/sonoridades:

• Wé Ani (WOW! Wé Ani's Speaking Voice And Singing Voice Sound Like Two
Different People - American Idol 2023)
https://www.youtube.com/watch?v=Ki3VDdGxACE

• Brenda Braxton, B.J. Crosby, DeLee Lively, Deb Lyons (I'm A Woman, do
musical Smokey Joe's Cafe
https://www.youtube.com/watch?v=C7Ql5U-
qoGc&list=PLQtWtZSfWzPUOxuLAWf-iiQ5koTEKhXG1&index=8
Cap. 3 – A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA 15

• Victor Trent Cook (I Who Have Nothing, do musical Smokey Joe's Café)
https://www.youtube.com/watch?v=sSx4WobdNEg&list=PLQtWtZSfWzPUOxu
LAWf-iiQ5koTEKhXG1&index=4

• Curtis Griffin (Don't Take Much, do musical The Life A Musical, M.A.D. Theatre)
https://www.youtube.com/watch?v=GS6OFmt-vD8

• The Bulgarian State Radio & Television Female Vocal Choir (Bulgarian folklor-
Kaval sviri)
https://www.youtube.com/watch?v=hVqrW-fPOQ0

Fundamentos para uma boa projeção vocal

A projeção vocal é crucial para garantir que a voz falada e cantada alcance o público
com o máximo de volume e inteligibilidade, e o mínimo de esforço, especialmente em
espaços grandes ou sem amplificação.
Existem várias Técnicas que visam este controle, objetivando efeitos tímbricos
diversos e de acordo com o estilo musical e vocal desejado: técnica Clássica Lírica, Belting
e Legit são algumas delas. Em sua maioria, todas abordam os seguintes fundamentos para
uma melhor projeção vocal:

Respiração profunda Costal-Diafragmática e Postura adequada: a respiração profunda


e controlada a partir da contração máxima do diafragma e ativação dos músculos
intercostais (abertura das costelas no sentido horizontal) permite a expansão máxima dos
setores basal e medial dos pulmões, conferindo capacidade aérea otimizada para
sustentar uma certa qualidade vocal ao longo do tempo. É a postura do Appoggio Italiano,
aliada à uma ligeira elevação do osso esterno, com os ombros baixos e as costelas abertas
na direção horizontal durante a fonação, e sem soprar o ar com esforço, resultando em um
sopro firme, porém gentil, sob a glote.

Relaxamento da Garganta e Pescoço: evitar tensões desnecessárias na garganta e no


pescoço, mantendo-os relaxados para permitir que as cordas vocais vibrem livremente.

Clareza de Articulação: articular cada sílaba e palavra com clareza, prestando atenção
tanto na pureza das vogais (orais, nasais, mistas e neutras) quanto das consonantes
aumenta a inteligibilidade e compreensão, e contribui para uma projeção vocal eficaz (o
estudo dos símbolos do Alfabeto Fonético Internacional – IPA, contribui para otimizar a
percepção dos diferentes fonemas e articulações de forma detalhada). Para tanto,
praticam-se exercícios que promovem a mobilidade plena da língua, controlando o dorso,
a ponta e a distribuição da massa deste músculo da forma desejada, e exercícios para
Cap. 3 – A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA 16

maior abertura mandibular e das comissuras labiais . Jan Sullivan (1985)10 propõe em seu
livro posturas articulatórias específicas para produção da sonoridade/impostação belting,
ressaltando a importância da abertura mandibular e formato das comissuras labiais,
conforme a ilustração a seguir:

Posições ideais de boca, abertura mandibular e formato das comissuras labiais advogadas por Sullivan (1985,
p.103) nos diferentes fonemas vocálicos, e que favorecem a sonoridade/impostação brilhante característica
do “belting americano”.

Foco no Ponto de Destino: ao falar ou cantar, direcionar a voz para o ponto de destino, seja
uma pessoa específica na plateia ou um ponto distante no teatro, pode otimizar de forma
instintiva a energia acústica.

Variação de Intensidade/volume: ajuste a intensidade da sua voz de acordo com a


necessidade da cena ou da música. Às vezes, um sussurro pode ser tão eficaz quanto um
grito. Pratique falar ou cantar em diferentes volumes, desde um sussurro suave até um tom
mais forte, para desenvolver a habilidade de controlar a dinâmica vocal com projeção
acústica eficiente.

10
SULLIVAN, Jan. The Phenomena of the Belt Pop Voice. Logos Ltd. 1985
Cap. 3 – A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA 17

Exploração do Registro Vocal: utilize diferentes registros vocais para adicionar variedade
e expressividade à sua fala ou canto.

Exercícios de Aquecimento Vocal: antes de se apresentar, aqueça sua voz com exercícios
de vocalização para estimular as cordas vocais, alongando-as (notas agudas) e contraindo-
as (notas graves) de forma fluida e sem esforço, e engajando e expandindo as diferentes
cavidades de ressonância (cavidade oral, nasal, faringe ou garganta) na proporção ideal
para o estilo vocal/tímbrico desejado.

Feedback e Correção: peça feedback de um diretor, treinador vocal ou colega de elenco


para identificar áreas que necessitam de melhoria na projeção vocal – mais intensidade e
inteligibilidade

Prática Consistente: a prática regular é essencial para o aprimoramento vocal contínuo,


objetivando uma eficiência acústica constante em toda a tessitura e dinâmicas. Com o
tempo e a dedicação, você poderá projetar sua voz de forma eficaz em qualquer ambiente
teatral.

Belting e o Teatro Musical

Belting é uma técnica utilizada no teatro musical e em outros gêneros que envolve
o uso da voz de forma potente e brilhante (através da otimização dos ressonadores
cavidade oral, cavidade nasal e garganta/faringe), e em notas mais agudas da tessitura
masculina e feminina, com predomínio do registro de borda densa (voz de peito), mas com
pouca massa recrutada do músculo vocal TA. É caracterizada por um som forte, brilhante
e penetrante, que lembram as características da voz falada de peito projetada.
Historicamente, nas décadas de 1920 e 1930, tanto em Hollywood quanto no
teatro, o termo Belting foi aplicado para designar as cantoras que cantavam com
sonoridade e potência semelhantes às produzidas na voz falada, no registro de borda
densa (voz de peito projetada) - em oposição às outras cantoras que cantavam no estilo
Legit, no registro de borda tênue, e com sonoridade mais próxima do canto lírico. Nos dias
de hoje, o termo se aplica tanto às mulheres quanto aos homens que se especializam em
cantar na tessitura aguda com esta projeção brilhante e potente.
Exemplos da sonoridade e estilo do “Belting antigo” nas vozes de algumas divas da
época:

• Ethel Merman (Hollywood Palace Fred Astaire Ethel Merman 1966 'Some
People', Duet-Medley) – minutagem 4:23
https://www.youtube.com/watch?v=hIzCdNkDgj0
Cap. 3 – A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA 18

• Judy Garland & Barbra Streisand (Happy Days Are Here Again / Get Happy) –
minutagem 2:14
https://www.youtube.com/watch?v=UxFvQEanqbQ

• Bibi Ferreira (Gota D’água - Show Histórias e Canções - Teatro Frei Caneca -
01/06/2014) – minutagem 1:35
https://www.youtube.com/watch?v=fJVyXZY-HIY

Principais Características do Belting:

Intensidade e Potência: o Belting é conhecido por sua intensidade vocal. Os cantores que
utilizam essa técnica emitem um som forte, brilhante, poderoso e bem projetado, e causa
no ouvinte a sensação auditiva de “força” no registro de borda densa (peito). Perfeitamente
associável ao conceito da voz teatral impostada.

Emoção e Intensidade Dramática nas Notas Agudas: o Belting é muitas vezes associado
a momentos de alta emoção e intensidade dramática no clímax das canções, que
geralmente estão situados na tessitura aguda das personagens.

Dinâmica e Transições de Registros: quando bem executado, o Belting confere a


flexibilidade de fazer mudanças de dinâmica de uma nota sustentada (do piano ao forte e
vice-versa), sem alterar a projeção brilhante e potente. Dessa forma, tem a capacidade de
fazer transições mais suaves entre os registros vocal de borda densa (peito) e borda tênue
(cabeça), permitindo um colorido mais amplo e controlado na interpretação.

Exemplos da sonoridade e estilo do “Belting atual” nas vozes de algumas estrelas


do teatro musical e da música pop:

• Jeremy Jordan (Santa Fe, do musical Newsies)


https://www.youtube.com/watch?v=uy4jytRUCtk

• Gabriel Henrique (Emotions - Mariah Carey)


https://www.youtube.com/watch?v=t9H-EiHe1f4

• Paula Capovilla (When It All Falls Down, de Chaplin O Musical - Programa


Talentos) – minutagem 3:07
https://www.youtube.com/watch?v=tnF9zM-r_hI

• Myra Ruiz (Desafiar a Gravidade, do musical Wicked) – minutagem 8:00


https://www.youtube.com/watch?v=tszom5nIvxA
Cap. 3 – A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA 19

Legit Voice e o Teatro Musical

O estilo Legit ou a Legit Voice (voz legítima) é um termo usado para descrever um
estilo de canto que se alinha mais com as tradições da impostação vocal mais coberta e
poderosa da ópera e do teatro musical clássico (Old Broadway). Essa técnica vocal é
muitas vezes associada a personagens e músicas que exigem um som mais refinado,
elegante, cheio de expressividade e lirismo.

Principais Características da Legit Voice:

Técnica Vocal Apurada: a Legit Voice enfatiza a técnica vocal refinada, incluindo uma boa
projeção com bastante harmônicos claros e escuros (equilíbrio chiaroscuro intensificado
em relação ao Belting), que é propiciada pelo uso mais amplo e consciente dos três
ressonadores – cavidade oral, cavidade nasal e faringe – além do uso mais constante do
vibrato laríngeo.

Clareza e Precisão na Articulação: os cantores que usam a Legit Voice são treinados para
articular com o máximo de clareza cada palavra do texto e da canção, e em toda a tessitura
(borda densa e borda tênue)

Uso indicado:

Autenticidade Sonora e Lirismo Melódico: quer seja no Teatro Musical Clássico (Old
Broadway), na Broadway Tradicional ou em Musicais de Época (ambientados em épocas
passadas, mesmo que sejam de composição recente), a Legit Voice pode ser mais
apropriada para se alinhar ao estilo vocal e sonoro da época referida.

Personagens Clássicos, Tradicionais, Líderes ou Figuras de Autoridade: a Legit Voice é


frequentemente associada a personagens que requerem um som mais tradicional,
elegante e refinado, ou a personagens que precisam impor autoridade e liderança pelo uso
da voz de comando. Exemplos incluem protagonistas de musicais clássicos como “Kiss
me, Kate”, "The Sound of Music" e "My Fair Lady".

Canções de Balada e Números Solos Líricos: a Legit Voice é bem adequada para canções
mais lentas, emotivas e líricas que exigem controle vocal e uma expressão emocional
refinada.

• Micaela Diamond (You Don't Know This Man, do musical Parade)


https://www.youtube.com/watch?v=rj-hkbEvUJc

• Kelli O'Hara (The Light In The Piazza, do musical The Light In The Piazza 2005 -
MDA Telethon)
https://www.youtube.com/watch?v=5ODVHV5W3U0
Cap. 3 – A VOZ NO TEATRO MUSICAL: A VOZ TEATRAL E A VOZ CANTADA 20

• Brian Stokes Mitchell (Some Enchanted Evening, do musical South Pacific


2013) – minutagem 0:20
https://www.youtube.com/watch?v=4vaHfaBR70w

• Ramin Karimloo (Valjean's Soliloquy, do musical Les Misérables 2014)


https://www.youtube.com/watch?v=0m7tSHsAIM4

• Sir Tom Jones (timbre mais Legit) & Jennifer Hudson (timbre mais Belting) - It's
A Man's World The Voice UK
https://www.youtube.com/watch?v=B9-7swuZi4E

• Sierra Boggess & Ramin Karimloo (The Phantom of The Opera, Classic BRIT
Awards 2012)
https://www.youtube.com/watch?v=8fKKiaSLLEY
Cap. 4 – PRINCIPAIS TÉCNICAS DE ATUAÇÃO PARA O TEATRO MUSICAL 21

Cap. 4 - PRINCIPAIS TÉCNICAS DE ATUAÇÃO PARA O TEATRO MUSICAL

A atuação no teatro musical envolve uma variedade de técnicas para dar vida aos
personagens e contar histórias de forma convincente, combinando os elementos da
atuação dramática com a execução musical. Os atores devem ser versáteis em suas
capacidades de atuação, canto e movimento, e devem buscar as técnicas específicas que
funcionam melhor eles. O importante é estar disposto a explorar e experimentar diferentes
abordagens para aprimorar suas habilidades de atuação. Abaixo estão algumas das
principais técnicas de atuação disponíveis:

Método Stanislavski (Constantin Stanislavski): busca a verdade emocional e


psicológica, e encoraja os atores a mergulharem profundamente nos sentimentos e
motivações de seus personagens.

Método Strasberg (Lee Strasberg e o Método de Atuação de Nova Iorque): Strasberg


expandiu as ideias de Stanislavski, focando na utilização de memórias emocionais para
criar performances autênticas. Ele introduziu exercícios de "memória afetiva" para os
atores.

Técnica Chekhov (Michael Chekhov): Chekhov enfatiza a imaginação e a visualização


para criar personagens e emoções. Ele acreditava na importância da "psicologia da
imaginação".

Técnica Meisner (Sanford Meisner): esta técnica foca na escuta ativa e na resposta
genuína ao parceiro de cena. Ela visa criar performances orgânicas e autênticas.

Técnica de Viewpoints: Desenvolvida por Anne Bogart e Tina Landau, esta técnica explora
o movimento e o espaço cênico como elementos fundamentais da atuação. Ela encoraja a
consciência do corpo e do ambiente.

Técnica de Improvisação: os atores criam cenas e diálogos no momento, sem um roteiro


pré-definido. Ela ajuda a desenvolver a criatividade, a espontaneidade e a capacidade de
resposta rápida.

Expressão Corporal e Movimento: privilegia a utilização do corpo como um meio de


expressão através da postura e gestos para se movimentar no palco de maneira
coordenada e expressiva. Isso inclui seguir coreografias complexas, se necessário.

Trabalho com Texto (falado e das músicas): busca a compreensão e análise do texto pelo
estudo das falas, subtexto, motivações das personagens e suas relações com os outros.
Cap. 4 – PRINCIPAIS TÉCNICAS DE ATUAÇÃO PARA O TEATRO MUSICAL 22

Desenvolvimento de Personagem Através da Música: A música muitas vezes fornece


insights profundos sobre os personagens, enfatizando e até revelando suas emoções e as
motivações. Saber ler partitura, mesmo que de forma básica, facilita tanto o aprendizado
quanto a percepção do contexto emocional sonoro (vocal e instrumental).

Técnica Vocal Específica para Teatro Musical: Além de cantar bem (no ritmo e afinado),
os atores de teatro musical precisam dominar técnicas vocais específicas, como Belting
(voz teatral*), controle de vibrato e transições suaves entre registros vocais e timbres
diferentes, para fazer interpretações mais expressivas. A voz deve ter clareza de projeção
e inteligibilidade na fala e no canto.

Trabalho de Caracterização: Compreender a psicologia, motivações e histórias dos


personagens ajuda a criar interpretações autênticas.

Conexão com o Parceiro de Cena e Dinâmica de Grupo: é essencial trabalhar bem em


conjunto com outros membros do elenco para desenvolver uma química autêntica, uma
interação genuína e harmônica, e criar performances envolventes.

Conexão com o Público: Assim como no teatro dramático, os atores de teatro musical
devem ser capazes de se conectar emocionalmente com o público e transmitir a história
de forma envolvente.

Jogos Teatrais

Termo usado para designar exercícios e atividades lúdicas utilizadas no


treinamento de atores e em processos de criação teatral. Eles têm o objetivo de
desenvolver habilidades de atuação, promover a criatividade, estimular a improvisação e
fortalecer a interação entre os participantes.
De forma específica, são os jogos improvisatórios desenvolvidos pela diretora
teatral norte-americana Viola Spolin, onde estruturas operacionais (O QUÊ, QUEM, ONDE)
possibilitam experimentar as convenções da interpretação teatral e de suas técnicas na
forma de vivências, e não apenas na mente do ator ou jogador. Seu método propõe que o
teatro seja feito por qualquer pessoa.
Toda a obra de Viola Spolin está editada no Brasil, pela Editora Perspectiva, com
tradução de Ingrid Dormien Koudela e de Eduardo Amos.

• Improvisação para o teatro, 1978, tradução da primeira edição norte-


americana de 1963.
• O jogo teatral no livro do diretor, 2000.
• Jogos teatrais: O fichário de Viola Spolin, 2000.
• O jogo teatral na sala de aula, 2007.
Cap. 4 – PRINCIPAIS TÉCNICAS DE ATUAÇÃO PARA O TEATRO MUSICAL 23

Existem uma infinidade de jogos teatrais que podem ser adaptados e combinados
para desenvolver habilidades de atuação, promover a criatividade e construir um ambiente
de trabalho colaborativo e divertido. Abaixo, seguem alguns exemplos:

Aquecimento Corporal: são exercícios de relaxamento, alongamento e consciência


corporal para preparação da prática teatral.

De onde venho e para onde vou: um participante entra no ambiente e realiza alguma ação
que demonstre que chegou de algum lugar, sem usar objetos reais, mas mostrando no
corpo as sensações. O grupo, então, discute para chegar a um acordo sobre “de onde
aquela pessoa veio”. Trabalha a criatividade e ambientação.

Objeto Imaginário: os participantes simulam a manipulação de objetos que só existem na


imaginação. Trabalha a criatividade e ambientação.

Jogo das Emoções: os participantes recebem uma emoção e devem representá-la sem
usar palavras, apenas expressão facial e corporal. Trabalha a expressividade.

Pantomima: Os participantes devem contar uma história sem usar palavras, apenas
gestos e movimentos. Trabalha a expressividade e criatividade.

Monólogos Instantâneos: os participantes recebem um tema ou emoção e devem criar


um monólogo improvisado sobre o assunto. Trabalha a criatividade.

Entrevista Imaginária: o grupo faz perguntas para um participante que interpreta uma
personalidade ou personagem fictício. Trabalha a criatividade e coerência.

Improvisação de Palavras: os participantes recebem uma palavra ou frase e devem criar


uma cena ou diálogo a partir disso. Trabalha a criatividade e interação.

História Coletiva: um participante começa a contar uma história curta; a qualquer


momento, outro participante toma a narrativa e dá continuidade.

Espelho: frente a frente, um participante inicia um movimento; e o outro participante deve


imitar de forma precisa. Trabalha a sincronia de movimentos.

Estátuas: quando um sinal é dado, os participantes que estavam se movendo pelo espaço
congelam em uma pose. Trabalha a expressão corporal e a criação de imagens.

Corpo Estranho: Um participante age como um objeto ou personagem não humano, e os


outros devem interagir com ele. Trabalha a expressão corporal e a interação.
Cap. 5 – A DANÇA E O TEATRO MUSICAL 24

Cap. 5 - A DANÇA E O TEATRO MUSICAL

A dança é uma das principais características distintivas do Teatro Musical e


contribui para a riqueza e a complexidade das produções. Os números musicais costumam
ser momentos de grande destaque, trazendo vigor e elevando o nível de energia da
produção, e por isso desempenham um papel fundamental na narrativa e na expressão
artística. Explorar a dança envolve uma abordagem cuidadosa e criativa para integrar
movimento coreografado à dramaturgia e à música, e assim proporcionar uma experiência
sensorial e emocional única e intensa para o público.
Comparada às outras duas habilidades (canto e atuação), a dança é a única que
demanda um prazo longo de estudo e prática para a maturação necessária, pois a boa
consciência e expressão corporais estão ligadas ao aperfeiçoamento de rotinas de passos
e movimentos. Um bailarino que nunca fez aula de canto e atuação ainda pode ser
competitivo nestas áreas, mas um ator ou cantor que nunca fez aula de dança não tem
como fazer frente à expressividade e controle de movimentos corporais de um bailarino.

Narrativa Física, Expressividade e Energia: a dança pode ser uma forma eficaz de contar
histórias e transmitir emoções sem a necessidade de palavras. A forma como uma
personagem dança pode revelar muito sobre sua personalidade, background e
motivações. Por exemplo, uma personagem mais elegante pode ter um estilo de dança
mais refinado, enquanto uma personagem mais enérgica pode ter movimentos mais
vigorosos. A dança também precisa estar em sintonia com a música e as letras das
canções, amplificando a emoção e a mensagem da música. A dança no teatro musical não
deve ser apenas técnica, mas também transmitir sentimentos e contar uma história.

Coreografia, Figurinos e Cenografia: os figurinos devem ser práticos e confortáveis para


permitir liberdade dos movimentos e destacar a beleza da dança. A coreografia deve ser
planejada em conjunto com a cenografia e o design de palco para garantir que o espaço
cênico acomode os movimentos dos dançarinos, que podem até interagir de forma criativa
com elementos do cenário.

Coreografia e Variedade de Estilos: diferentes musicais podem exigir estilos de dança


variados, desde balé clássico até jazz, hip-hop, sapateado, flamenco e dança
contemporânea. A escolha de um estilo de dança consistente ao período, ao ambiente e
ao gênero do musical contribui para a atmosfera e o contexto da produção. Antes de se
começar a coreografar, deve-se compreender a trama, as personagens e seus arcos de
desenvolvimento, os temas e as emoções que precisam ser transmitidos para, assim, criar
sequências que se destaquem e permaneçam na memória do público, usando
Cap. 5 – A DANÇA E O TEATRO MUSICAL 25

movimentos criativos, combinações interessantes e momentos de destaque para os


artistas.

Trabalho de Equipe: a colaboração e sintonia entre os dançarinos deve ser cultivada, pois
um elenco coeso e entusiasmado é fundamental para o sucesso das cenas de dança com
coreografias memoráveis e impactantes. Durante os ensaios, deve-se fazer ajustes na
coreografia conforme necessário, e o elenco deve compreender os movimentos, além de
ter tempo suficiente para praticá-los e aperfeiçoá-los nas performances através de
orientações e feedbacks.

Estilos coreográficos no Teatro Musical:

Dentro de um mesmo musical, os estilos de dança podem variar do balé clássico a


danças mais contemporâneas. A lista abaixo exemplifica o uso de alguns destes estilos em
alguns shows:

Jazz, Ballet e outros: A Chorus Line. Direção e Coreografia de Bob Avian e Michael Bennett.
• I Hope I Get It (Watch Tony Yazbeck, Robyn Hurder & More in New York City
Center's A CHORUS LINE)
https://www.youtube.com/watch?v=BHULQaDHt-
w&list=PLDEtereV9Yv9XyjF3Q8k_YIjhJ92E5Ca9&index=7

Fosse: Chicago. Coreografia de Bob Fosse.


• All That Jazz (CHICAGO on Broadway) – minutagem 0:35
https://www.youtube.com/watch?v=MnQKqtWT6nM&list=PLDEtereV9Yv9XyjF
3Q8k_YIjhJ92E5Ca9&index=16
• All That Jazz (Chicago Brasil) - minutagem 2:36
https://www.youtube.com/watch?v=IFssgH0NBbg&list=PLDEtereV9Yv9XyjF3
Q8k_YIjhJ92E5Ca9&index=17

Patinação: Starlight Express. Produção do Starlight Express Theater. Direção de Matt


Ramplin. Coreografia de Arlene Phillips.
• Promo - Bochum | Starlight Express
https://www.youtube.com/watch?v=tSmx7SJTQuA&t=89s
• Starlight Express Megamix + Skate Around 21.07.2023
https://www.youtube.com/watch?v=VwCFp2ynj8o&list=PLDEtereV9Yv9XyjF3
Q8k_YIjhJ92E5Ca9&index=9&t=66s

Flamenco: Zorro, o Musical. Produção do Teatro das Artes de 2010. Direção de Roberto
Lage. Coreografia de Jarbas Homem de Mello.
• Bamboleo (Zorro, o Musical)
https://www.youtube.com/watch?v=co9nY2OWgQM
• Zorro - The Musical (2022 West End Trailer)
Cap. 5 – A DANÇA E O TEATRO MUSICAL 26

https://www.youtube.com/watch?v=56dM76riMWU&list=PLDEtereV9Yv9XyjF3
Q8k_YIjhJ92E5Ca9&index=12

Sapateado: Crazy For You. Direção de Mike Ockrent. Coreografia de Susan Stroman.
• I Can't Be Bothered Now/Slap That Bass/Shall We Dance/I Got Rhythm (CRAZY
FOR YOU 1992 Tony Awards)
https://www.youtube.com/watch?v=XJo8eu4OvKg&list=PLDEtereV9Yv9XyjF3
Q8k_YIjhJ92E5Ca9&index=14

Ballet: Anastasia. Produção de 2022 do Teatro Renault. Coreografia de Peggy Hickey.


• O Quarteto no Ballet (ANASTASIA - Gigi Debei, Rodrigo Garcia, Luciano Andrey)
https://www.youtube.com/watch?v=fstuA0HVZq8

Tango: Moulin Rouge. North American Touring Company. Coreografia de Sonya Tayeh.
• El Tango de Roxanne (Moulin Rouge! The Musical x The Late Late Show with
James Corden)
https://www.youtube.com/watch?v=FXclYVXYA2o

Mambo: West Side Story. Produção de 2022 no Teatro São Pedro. Direção de Claudio
Botelho e Charles Möeller. Remontagem de coreografia de Mariana Barros.
• The Dance at The Gym: Mambo (West Side Story)
https://www.youtube.com/watch?v=AwicUpI92Ho&list=PLDEtereV9Yv9XyjF3
Q8k_YIjhJ92E5Ca9&index=4

Hip-hop: Hamilton. De Lin-Manuel Miranda. Direção de Thomas Kail. Coreografia de Andy


Blankenbuehler.
• Show Clips: HAMILTON (Starring Lin-Manuel Miranda, Leslie Odom Jr.,
Jonathan Groff & More)
https://www.youtube.com/watch?v=NBkI_9cr1Ws&list=PLDEtereV9Yv9XyjF3
Q8k_YIjhJ92E5Ca9&index=19
• The Battle of Yorktown (Hamilton | 2016 Tony Awards) – minutagem 3:08
https://www.youtube.com/watch?v=Fb4GlOabb1M&list=PLDEtereV9Yv9XyjF3
Q8k_YIjhJ92E5Ca9&index=22

Contemporâneo e Afro: O Rei Leão. Coreografia de Garth Fagan.


• Está em Ti (He Lives in You - O Rei Leão)
https://www.youtube.com/watch?v=YM2dckoRZY0

Valsa: Les Misérables, de CM. Schönberg. Produção de 2001 no Teatro Abril. Direção de
Can Caswell. Coreografia de Katie Flatt.
• O Casamento (Les Misérables Brasil 2001 COMPLETO) - minutagem: 2:24:06
https://www.youtube.com/watch?v=30b3ZejevlI&list=PLDEtereV9Yv9XyjF3Q8
k_YIjhJ92E5Ca9&index=10&t=8754s
Cap. 6 – A HISTÓRIA DO TEATRO MUSICAL 27

Cap.6 - A HISTÓRIA DO TEATRO MUSICAL

A história do teatro musical é rica e abrange séculos de desenvolvimento. Além


disso, continua a evoluir, incorporando uma ampla gama de estilos musicais e abordagens
criativas para contar histórias de maneiras inovadoras e emocionantes. Abaixo, alguns
marcos importantes na evolução deste gênero:

Origens Antigas: os elementos de música, dança e teatro estiveram presentes em várias


culturas antigas, como os gregos, romanos, chineses e indianos. No entanto, a forma
específica do teatro musical moderno começou a se desenvolver na Europa e nos Estados
Unidos no final do século XIX.

Século XVIII - Ópera Cômica e Opereta: no século XVIII, na França, surgiu a ópera cômica,
que incluía diálogos falados e canções. Na mesma época, na Áustria e na Alemanha, a
opereta se tornou popular, caracterizada por histórias leves, música alegre e diálogos
engraçados.

Final do século XIX - Gilbert e Sullivan: a dupla britânica Gilbert e Sullivan produziu uma
série de operetas bem-sucedidas na Inglaterra durante o final do século XIX. Suas obras,
como The Pirates of Penzance e The Mikado, influenciaram o desenvolvimento do teatro
musical.

Início do Século XX: nos EUA, o teatro de variedades e as revistas musicais foram
populares nas primeiras décadas do século XX. Estes espetáculos incluíam uma série de
números musicais, esquetes cômicos e danças.

1927 - Show Boat: considerado por muitos como o primeiro verdadeiro musical americano,
"Show Boat" de Jerome Kern e Oscar Hammerstein II introduziu um enredo mais complexo
e temas sociais, além de ter uma partitura musical integrada à narrativa.

1940-1960 - Era de Ouro de Hollywood: durante este período, os musicais de Hollywood


eram extremamente populares, com estrelas como Fred Astaire e Ginger Rogers. Alguns
exemplos notáveis incluem Singin' in the Rain e An American in Paris.

1940-1950 - Teatro Musical da Broadway: a Broadway tornou-se o epicentro do teatro


musical, produzindo clássicos como Oklahoma!, West Side Story, The Sound of Music e My
Fair Lady nas décadas de 1940 e 1950.
Cap. 6 – A HISTÓRIA DO TEATRO MUSICAL 28

1970 - Era dos Conceituais: Shows como Company e Cabaret introduziram abordagens
mais experimentais, com narrativas menos lineares e temas sociais mais complexos.

1970-1980 - Rock e Pop: Com musicais como Jesus Christ Superstar, Hair e Rent, o rock e
o pop começaram a influenciar mais fortemente o teatro musical.

1980-1990 - Andrew Lloyd Webber e os Mega Musicais: Webber compôs Cats e The
Phantom of The Opera; Claude-Michel Shönberg compôs Les Misérables, e os três se
tornaram grandes sucessos internacionais.

2000s: Teatro Musical Contemporâneo: compositores e criativos modernos têm


continuado a inovar com musicais como Hamilton, que mistura rap e hip-hop com temas
históricos, e Dear Evan Hansen, que lida com questões contemporâneas de saúde
mental.
Cap. 7 – A HISTÓRIA DO TEATRO MUSICAL BRASILEIRO 29

Cap. 7 – A HISTÓRIA DO TEATRO MUSICAL BRASILEIRO

A história do teatro musical brasileiro é rica e diversificada, e tem explorado uma


ampla gama de gêneros, desde clássicos internacionais até produções originais que
refletem a cultura e a realidade brasileira. Ao longo dos anos, o teatro musical brasileiro
evoluiu e se adaptou, refletindo as mudanças sociais e culturais do país.

Final do século XIX e início do século XX

O gênero do Teatro Musical marca presença na história do entretenimento no Brasil


desde o final do século XIX, com raízes nos espetáculos de Revista francês, Vaudevilles e
nas Operetas europeias do final do século XIX e início do século XX, e que apresentavam
música, dança e comédia.

• As Surpresas do Senhor José Piedade (1859) - de Figueiredo Novaes, estreia


no Rio de Janeiro. Seguindo os moldes do teatro de revista francês com humor,
muita música, coreografias e irreverência, passava “em revista” os
acontecimentos do ano anterior (1858) no Brasil, como uma resenha satírica11.

Décadas de 1930 a 1950: o Teatro de Revista Brasileiro

Nessa época, o Teatro de Revista ganhou popularidade no Brasil. Influenciado por


gêneros como a Opereta e o Vaudeville, esses espetáculos eram conhecidos por combinar
vários gêneros musicais (samba, marchinhas, valsa), dança, comédia, números de
variedades (mágica, malabarismos, acrobacias) e sátira política ou social, muitas vezes em
produções grandiosas e extravagantes, com figurinos elaborados, cenários suntuosos e
elencos numerosos que incluíam artistas de diferentes origens étnicas e culturais. Eram
espetáculos grandiosos que atraíam grandes públicos. Várias personalidades do
entretenimento brasileiro se destacaram no Teatro de Revista, incluindo as vedetes
(cantoras e dançarinas), comediantes e músicos. Entre elas, destacam-se artistas como
Carmem Miranda, Grande Otelo, Dercy Gonçalves e muitos outros que continuaram a ter
carreiras bem-sucedidas no cinema, na televisão e no teatro.
Com o tempo, o Teatro de Revista foi perdendo popularidade, em parte devido a
mudanças nos gostos do público e a evolução das formas de entretenimento. No entanto,
deixou uma marca indelével na cultura brasileira, contribuindo para a formação do que
conhecemos hoje como espetáculo de variedades.

11
CARDOSO, A. B.; FERNANDES, A. J.; CARDOSO-FILHO, C. Breve história do Teatro Musical no
Brasil, e compilação de seus títulos. Revista Música Hodie, Goiânia, V.16 - n.1, 2016, p. 29-44.
Cap. 7 – A HISTÓRIA DO TEATRO MUSICAL BRASILEIRO 30

Com o fim dos cassinos, a proliferação das salas de cinema e o fortalecimento de um


cinema nacional nos anos 1950/60 (nascido ainda nos anos 1940), o entretenimento
muda de lugar e a Revista (gênero musical hegemônico no País) começa a viver seu ocaso.
Some-se a isso, o subsequente surgimento da televisão e a enorme penetração das
grandes rádios (como a Rádio São Paulo e a Rádio Nacional). Em paralelo, claro,
companhias de teatro (chamemos, convencional) começavam a fazer história – TBC (SP)
e Os Comediantes (RJ) são bons exemplos12.

* Diferença entre o Vaudeville e o Teatro de Revista

O Vaudeville teve origens nos Estados Unidos e na Europa, e apresentava uma série
de atos variados em um mesmo espetáculo, que podiam incluir comédia, música, dança,
mágica, acrobacias e outros números de variedades, mas que eram independentes uns
dos outros e não necessariamente formavam uma narrativa contínua.
O Teatro de Revista era uma forma de entretenimento mais característica do Brasil,
e envolvia produções mais elaboradas, muitas vezes com um enredo central que unia os
diferentes números. Além da comédia, música e dança, o Teatro de Revista
frequentemente abordava temas políticos e sociais, e era conhecido por apresentar
extravagantes produções de palco.

Décadas de 1960 e 1970 – Musicais “Engajados”

O Teatro de Revista entrou em decadência, mas fomentou os musicais ditos


“engajados” que serviram como resposta cantada ao cerceamento da liberdade cultural
imposta por um regime de exceção, nos anos ditatoriais do regime militar.

“Em meados da década de 1950, nova geração de autores, diretores e intérpretes aparece,
justamente a geração que, nas duas décadas seguintes, responderá pelo espetáculo
musical de propósitos políticos”13.

• Roda Viva (1968), de Chico Buarque.


• Calabar (1973), de Ruy Guerra e Chico Buarque.
• Gota d’Água (1975), de Chico Buarque e Paulo Pontes, com Bibi Ferreira como
protagonista.
• Ópera do Malandro (1978) - Esta é uma das produções mais emblemáticas do
teatro musical brasileiro que combina música popular brasileira com

12
ESTEVES, Gerson da Silva. A Broadway não é aqui – Teatro musical no Brasil: uma diferença a se
estudar. São Paulo, 2014 [302f]. Tese (Mestrado em Comunicação). Faculdade Cásper Líbero, São
Paulo, 2014.

13
FREITAS FILHO, José Fernando Marques. Com os séculos nos olhos – Teatro Musical e expressão
política no Brasil, 1964-1979. Brasília, 2006. [386f.]. Tese (Doutorado em Literatura Brasileira).
Universidade de Brasília, Instituto de Letras, Departamento de Teoria Literária e Literatura, Brasília,
2006.
Cap. 7 – A HISTÓRIA DO TEATRO MUSICAL BRASILEIRO 31

elementos de teatro político e social. Com roteiro de Chico Buarque, é uma


adaptação da ópera "A Ópera dos Três Vinténs" de Bertolt Brecht e Kurt Weill,
ambientada no Rio de Janeiro nos anos 1940.

Adaptação dos musicais norte-americanos para os palcos brasileiros

O endurecimento da censura e as crises econômicas que dificultavam as


produções abriram caminho para as adaptações dos musicais da Broadway nova-iorquina
e do West End londrino, que conviveram com as montagens nacionais “engajadas”:

• My Fair Lady (1962) foi o primeiro musical da Broadway versionado e adaptado


para o português, interpretados por Bibi Ferreira e Paulo Autran. O musical
estreou no Teatro Carlos Gomes (Rio de Janeiro) após cinco semanas de
ensaios, em uma produção que envolveu 150 pessoas entre artistas e técnicos,
com um corpo de baile de 18 pessoas, e mais 18 vozes no coro14. Ficou em
cartaz dois anos e meio: 14 meses no Rio de Janeiro, e em seguida São Paulo e
Buenos Aires (Argentina).
• Hair (1969), abordava os movimentos culturais Tropicália e Hippie.
• Jesus Cristo Superstar (1972), com versões de Vinícius de Morais.
• Godspell (1974).

Décadas de 1980 e 1990 – primeira fase dos musicais franquias da Broadway

Na década de 1980 surgem os primeiros musicais que se constituíam em versões


(franquias) ou livre-adaptações de musicais da Broadway que enfrentaram dificuldades
enormes: faltavam elenco qualificado, verba e teatros e espaços com estrutura física
adequada para comportar orquestras e cenários:

• A Chorus Line (1983).


• Cabaret (1989), com direção de Jorge Takla.
• Hello Gershwin (1991), autoria de Cláudio Botelho.

Anos 2000 – segunda fase dos musicais franquias da Broadway

Este período foi marcado pelas Leis de Incentivo Fiscais (como a Lei Rouanet). Com
orçamentos mais generosos, foi possível a realização de grandes montagens e
consequente profissionalização desse setor15.

14
ANDRADE, Juliana. Musicais da Broadway que passaram pelo Brasil. 22 de setembro de 2014.
Disponível em: http://www.guiadasemana.com.br/artes-e-teatro/noticia/musicais-da-broadway-
que-passaram-pelo-brasil. Acesso em: 13 mar 2015.

MARTINS, Gustavo. Do Teatro de revista às adaptações da Broadway, musicais se tornaram


15

milionários no Brasil. 15 de Abril de 2008. Disponível em:


Cap. 7 – A HISTÓRIA DO TEATRO MUSICAL BRASILEIRO 32

• Rent (1999), direção de Billy Bond.


• Les Misérables (2001) - foi divisor de águas para o Teatro Musical Brasileiro.
Com investimentos de 3,5 milhões de dólares, palco giratório e uma equipe
150 pessoas, em apenas 11 meses o espetáculo atraiu 350 mil espectadores.
• A Bela e a Fera (2002) com um orçamento de 8 milhões de dólares, e um
público de 600 mil pessoas em 19 meses de temporada. Essa mesma
montagem voltou em 2009 para mais uma temporada.
• Chicago (2004).
• O Fantasma da Ópera (2005), o musical mais visto no país, com quase 900 mil
espectadores: estreava com orçamento de R$26 milhões
• Miss Saigon (2007).
• A Bela e a Fera (2009).
• Mamma Mia (2010).
• A Família Addams (2012).
• O Rei Leão (2013).
• Jesus Cristo SuperStar (2013).
• Mudança de Hábito (2015).

Esses são alguns exemplos de musicais com grandes investimentos e de sucesso


de público dentro do segmento “Espetáculos Teatrais e Entretenimento Familiar”

Produtores e Diretores de destaque no Teatro Musical brasileiro

Charles Möeller (ator, diretor teatral, autor teatral, cenógrafo e figurinista) e Claudio
Botelho (ator, diretor, cantor, produtor, letrista, versionista, compositor e tradutor) - A
marca (M&B) assina inúmeras montagens de teatro musical da Broadway no Brasil. Claudio
Botelho é o responsável pela maioria das versões em português dos musicais importados
dos EUA. Alguns de seus trabalhos:

• Hello Gershwin (1991), autoria de Cláudio Botelho, e onde ele conheceu


Charles. Foi seu primeiro trabalho juntos.
• As Malvadas (1997), primeiro musical da dupla e que os consolidou.
• Cole Porter – Ele Nunca disse que Me Amava (2000).
• Company (2000).
• Victor ou Victoria (2001).
• Sweet Charity (2006).
• 7 – O Musical (2007).
• Beatles num Céu de Diamantes (2008).
• A Noviça Rebelde (2009)

http://entretenimento.uol.com.br/ultnot/2008/04/15/musicais_no_brasil.jhtm. Acesso em: 16 mar


de 2015.
Cap. 7 – A HISTÓRIA DO TEATRO MUSICAL BRASILEIRO 33

• Avenida Q (2009)

Miguel Falabella (produtor, escritor e versionista) responsável pela montagem,


versão e sucesso de vários musicais:

• Os Produtores (2007).
• Hairspray (2010).
• A Gaiola das Loucas (2010).
• Cabaret (2011).
• Alô Dolly (2012).
• Crazy for You (2013).
• A madrinha embriagada (2013).
• O homem De La Mancha (2013).
• Chaplin – O musical (2015) e vários outros.

TV e Cinema:

• Chiquititas (1996): Essa novela infanto-juvenil argentina, que também foi


produzida no Brasil, teve uma trilha sonora marcante e apresentou canções
que se tornaram muito populares entre o público jovem.
• Bollywood Dream - O Sonho Bollywoodiano (2010): Este Curta-metragem de
Beatriz Seigner com Lorena Lobato, Nataly Cabanas, Paula Braun, gravado na
Índia e no Brasil, e produzido no Brasil, foi inspirado no estilo de filmes
musicais indianos conhecidos como Bollywood. Foi um exemplo de como o
teatro musical brasileiro pode se inspirar em outras culturas.

Década de 2010 - Teatro musical contemporâneo e os musicais biográficos

A partir de 2010 cresce o número de musicais brasileiros biográficos de excelente


qualidade que abordam a carreira e/ou a discografia de ícones da cultura brasileira,
fazendo enorme sucesso com o público e com os críticos. É um nicho que tem tudo para
crescer ainda mais nos próximos anos.

• Tim Maia – Vale Tudo, O Musical (2011) - Considerado um grande fenômeno


com mais de 200 mil espectadores, o musical viajou por várias capitais do
Brasil.
• Elis, A Musical (2013)
• Cassia Eller – O Musical (2014).
• Milton Nascimento – Nada Será Como Antes (2012).
• Chacrinha – O Musical (2013).
• Cazuza – Pro Dia Nascer Feliz, O Musical (2013).
• Dzi Croquettes (2013).
Cap. 7 – A HISTÓRIA DO TEATRO MUSICAL BRASILEIRO 34

• Gonzagão – A Lenda (2013).


• Rita Lee mora ao Lado (2013).
• Mamonas – O Musical (2016).
• Bibi, uma Vida em Musical (2017).
• Ayrton Senna – O Musical (2019).
• Zezé Di Camargo & Luciano: Dois Corações (2020).
• Renato Russo – O Musical (2021).
• Homem com H – O musical (2022).

O teatro musical brasileiro continua a florescer, com produções originais e


adaptações de musicais internacionais que atraem espectadores de todas as idades e
gostos musicais. Além disso, nestas últimas décadas têm surgido teatros e espaços
dedicados especificamente ao teatro musical no Brasil, proporcionando um ambiente
propício para a produção e apresentação de espetáculos de grande porte.
Cap. 8 – PRINCIPAIS DESAFIOS PROFISSIONAIS DO TEATRO MUSICAL 35

Cap. 8 - PRINCIPAIS DESAFIOS PROFISSIONAIS DO TEATRO MUSICAL

Muitos profissionais do Teatro Musical encontram grande satisfação e realização


em suas carreiras, pois têm a oportunidade de criar e participar de performances
emocionantes, tocar o público e fazer parte de uma comunidade artística apaixonada. O
sucesso nesta indústria muitas vezes requer perseverança, talento, dedicação e uma rede
de contatos sólida. Vários desafios se apresentam para os artistas, diretores, produtores e
gestores, tais como:

Qualificação artística:

Concorrência Acirrada: a competição para conseguir papéis, oportunidades de direção,


produção e outros cargos é intensa no mundo do teatro musical. Muitos artistas talentosos
buscam as mesmas oportunidades limitadas, tornando difícil destacar-se no mercado.

Treinamento e Desenvolvimento Contínuo: o teatro musical exige um alto nível de


habilidade e técnica. Os artistas precisam de treinamento constante para manter e
aprimorar suas habilidades, seja em canto, dança, atuação, expressão facial e corporal,
memorização e aprendizado rápido e improvisação. Essa dedicação e comprometimento
da prática constante é demorado, e o investimento para tal geralmente é caro.

Adaptação a Diferentes Estilos e Gêneros: dependendo do projeto, os profissionais do


teatro musical podem ser solicitados a trabalhar em diferentes estilos e gêneros, o que
pode ser um desafio para se adaptar e garantir uma performance autêntica.

Carisma e Sensibilidade Artística: desenvolver uma presença forte no palco,


compreendendo a profundidade emocional dos personagens e da história é essencial para
criar uma interpretação autêntica e que cativa o público.

Carreira sustentável: nem sempre há um fluxo constante de projetos no teatro musical, e


os profissionais podem enfrentar períodos de inatividade. Manter uma carreira sustentável
pode ser um desafio.

Saúde Física, Mental e Emocional:

Manutenção da Saúde Vocal e Física: a produção de um musical pode ser fisicamente


exigente, com ensaios longos e horários irregulares que podem causar fadiga e lesões. Os
artistas devem cuidar da saúde de suas vozes e corpos, uma vez que o desgaste físico e a
tensão vocal são riscos constantes na profissão.
Cap. 8 – PRINCIPAIS DESAFIOS PROFISSIONAIS DO TEATRO MUSICAL 36

Gestão de Rejeições e Dificuldades: audicionar e não ser selecionado para um papel é


uma realidade muito comum, tanto quanto não conseguir superar alguns desafios
propostos pela direção, e requer resiliência.

Pressão do Desempenho ao Vivo: atuar, cantar e dançar ao vivo em frente a uma plateia
exige um alto nível de habilidade técnica e maturidade emocional para lidar com possíveis
imprevistos ou erros.

Pressão Financeira: a incerteza financeira advém da natureza intermitente do trabalho.


Contratos temporários, salários variáveis (que por vezes são reduzidos à metade na época
dos ensaios) podem tornar a estabilidade financeira desafiadora.

Vida Pessoal x Profissional:

Conciliação de horários: devido aos horários intensivos de ensaios e apresentações, pode


ser difícil equilibrar a carreira com obrigações pessoais e familiares.

Acesso a Oportunidades: Dependendo da região e do mercado, pode ser desafiador


encontrar oportunidades de trabalho, e pode ser preciso se mudar para áreas com uma
cena teatral mais desenvolvida.

O Mercado Profissional e os Negócios:

Espírito de Trabalho em Equipe: Trabalhar de forma colaborativa e harmoniosa é


essencial, pois o teatro musical exige um esforço coletivo colaborativo que envolve muitas
profissionais, desde o elenco até a equipe técnica e criativa.

Equilíbrio entre Arte e Negócios: Um desafio imenso para produtores e diretores é


encontrar um equilíbrio entre a busca da expressão artística ideal e a necessidade de
agradar ao público e aos patrocinadores.

Queda de Qualidade: em algumas regiões, pode haver acesso limitado a recursos como
estúdios de ensaio e equipamentos, e mão-de-obra especializada (figurinistas,
cenógrafos, equipe de sonorização).

Equidade e Diversidade: um desafio constante, pois a indústria do teatro musical muitas


vezes enfrenta pesadas críticas quanto à representação adequada de grupos minoritários
e à diversidade no elenco e na equipe criativa.

Adaptação a Inovações Tecnológicas: desde projeções e efeitos especiais até a forma


como os ingressos são vendidos e promovidos, a adaptação a essas mudanças é
essencial.
Cap. 9 – BIBLIOGRAFIA 37

Cap. 9 - BIBLIOGRAFIA

ANDRADE, Juliana. Musicais da Broadway que passaram pelo Brasil. 22 de setembro de 2014.
Disponível em: http://www.guiadasemana.com.br/artes-e-teatro/noticia/musicais-da-broadway-
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