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jnefato somos 5 entre } conti- de sua }go/hu- seria cultura Ficar os fuagem jicamos : Mui e : fovisan, LAMARCK E A EVOLUGAO ORGANICA Frengio O O VIVO E O NAO-VIVO iva ee barrei- Lilian Al-Chueyr Pereira Martins a leo que jompre- knifica, do ex- duais os Sigico Ielo aos faa hrriados AA parte de 1800, Jean-Baptiste Antoine de Monet aie de Lamarck (1744-1829) passou a publicar diversas yee obras que constituem virias verses daquilo que con- pits siderariamos atualmente como sendo uma teoria da ando- cevolugio organica. Teia ele feito alguma diferenciaga0 an entre corpos vivos e ndo-vivos? Como explicava a pré- tidades pria natureza e a origem da vida? Quais suas idéias eras sobre a origem ¢ 0 desenvolvimento dos diferentes, ada de grupos animais? Que possiveis reagées haveria entre me sua teoria quimica (teoria dos quatro elementos) ¢ as cee idéias evolucionistas? Nesta breve reconstrugio do que md seria a teoria original de Lamarck no que se refere aos mie animais, conclu-se que ele estabeleceu uma clara dis tingio entre corpos vivos € nio-vivos, mas procurou compreender a origem da vida a partir da matéria on Genk i inanimada e de fenémenos fisicos (naturais) conh« do Rio dos na época. Conforme suas concepcdes quimicas, 0 : fogo calorico seria elemento essencial para a manuten- cio da vida. wnt 36 Lamarck © a evolagio orginica: as rages entre 0 vivo «0 ndo-vivo Introdugao fean-Baptis -Antoi * LAMARCK J es causes de gues F seer + LANDRIE nto de vista filos ientifico, conviviam eareieley n ) mais amplo de © empirismo mais eure, Mer * Conforme, por exemplo, _restrito dos idedlogos' e al Tanto © meca- 1 Zale MARTINS, Lian AC. Pe: ‘ei v vol 2h MARTINS dilae AG. Pe nicismo newtoniano como concep¢oes vitalistas estavam oe 4A Lamarck's mathod and_bastante presentes em Paris e Montpellier. Isso transparece Pounecr metaphysics. Jahrbuch far “ios proprios diciondrios “cientificos” da época, como 0 telly 3a: Bape sol", Pista, Nouveau Dictionnaire d'Histoire Naturelle, editado por ? LAMARCK 1996 © MARTINS, Lilian Deterville, por exemplo.? A antiga concepgio quimica dos pies A;C, Tern & MARTINS, quatro elementos, em suas diferentes versoes, foi questio- Onaare Beet einenotoge ae nada ‘a de uma quimica bastante diferente — a Ideas for » Imarck. Trent/Form/Aséo, que adotava uma nova nomenclacura Nature as fe Vol 19, p. 115338, 1996. i a Study: of th + Conforme, por exemple, 1803), Tra MARTINS, Lilian AC. Pet Comin reir, Lamarck eo vitalsmo Sania frances Pespcllam, vol. 3, . Bly p. 25-67, 199% ¢ Note-se que MARTINS, Lilien A.C. Pee ; wa visio sea, Lamarck Vey © que lida em parte com o He a oncepaio. de natorzat uma ro rando que. In LOREN. —_s€culo, XV. rmentos © nit Pablo & TULA mmo admit MOLINA, Fernando (ed). ($0 de Lamaze Pars tanto, seré necessrio lidar também gues 3 epee neler com obras de sua fase pré-evolucionista, pois é nelas, prin- hes tar er ermal" Universidad Nacio- __cipalmente, que aparecem suas concepgdes sobre 0. nio- pave fats p sal de Quilmes Ediciones, yibo, 26). Para & 2002. p. 355-364, = — i i A obra quimica de Lamarck tiptoe ina tempo antes As concepges quimicas de Lamarck sio descritas Piatt sistematicamente em trés obras: Recherches sur les causes des a avoute principaux faits physiques (publicada em 1794, mas escrita taire de Chin dezoito anos antes); Réfutation de la théorie pnenmatique re (1796); © Mémoires de Physique et d’Histoire Naturelle reine (1797; 1799). tworis de pir ‘Uma anélise das obras acima_mencionadas_mostra Bor er prin ue, faqio dam Ele dedicou um espaco (AMARCK consideravel para explicar as raz6es que 0 ean aera) : sua 5, procurando fazer uma Nas oben LAMARGK, Jean-Pere An- apontando “os erros notiveis nas quais ela marc pasou toine de Monee Mémoire de repousa” e ridseatcoes iateagel i fo maura de ime ino Hane POU © comparandora, com a prOpria teoria que veio & Evaro relle Piss: Chee UAwteur, Chaar de pirética.> Parecia-lhe que as “antigas idéias” pro- le trie pre 1797, pf 399 e segints. piciavam uma explicagio melhor para os fatos e eram parte 2 Gitncie & Ambiente 36 1.1829), co bas- ado de >ramen- nviviam 10 mais > meca- 2stavam \sparece como 0 do por ica dos uestio- cnte -a aclatura aides se volucio- com o veriguar a evolu- também 's, prin- 0 nio- -escritas uses des + escrita matique ‘aturelle mostra quimi- espaco manter da teo- was ela 2 velo a as" pro- sm parte * LAMARCK. Recherbes su ley cxnses des prncpane fis physiques, Pate: Maradsn, 2 fois, 1798, vol I, p. Sid. LANDRIEU, Marcel. Lic marek, le fondateur du ceive Memos dele Soe 18 Zoloigue de France, 1908. Vol. 2 pe 1463, p- 163. LAMARCK. Mémoires de Physigue ot dHinoire Natu. relledpe 28:244. LAMARCK. Rechercher sur Tey caer des principe foi phyniqus. vol I, p23 SCHELLING, F. W. J. von Ideas for 4 Philorpy of ture as Inroduction 1 the Sindy of hs Seer {179% 1803), "Trad. E- Re Hares © T Heath, PB Cambridge Cambridge Univeriey Pres, 2001. Book Lp. 57 9 Note-se que Lamarck adots- a's visio de Empédocles, Plato « Arinttler conde: rando que estes eram cle- rentos € no somportos, co- tno admitiam or principals {utoicos do Final Jo séelo SIX (LAMARCR: Recher. ches sr ler canes de princi Dass fats physiques. po 3K 26). Para Antoine Laueent Lavoisier a ids dos quatro elementos consists cm "uma hipotese imaginada ht mito tempo anter que st ovene a5 primeitas nogoes da fisica Experimental © da guimica™ (LAVOISIER. Tate lemon: tare de Chimie. 3 Pats Déterile, 1801. Discours pelininaire, p- XV). Mais arde ele chamou sua tera de pics rip) por scr principalmenre fae Enmentads sobre + consie- tagio. da matéris do Togo (AMARCK. Le rfueation dele shore pcsratigue, Poe wiss Agasse, 1796p. 6)- "Nae obrat subsegientes La march pasou 2 chamat 0 fox fo nacre de jogo etreo (ver TAMARCK. Le rduuation de la ehione preumatiqu. p26). Lilian Al-Ciueyr Pereira Martins integrante de uma teoria geral que ele tinha sobre a fisica e a quimica aplicadas aos fendmenos da natureza, a fisiologia dos seres vivos, a formacio dos seres brutos e suas relagdes entre i “ "ark sobre a fsa @ 2 quimia foi nu, Sts is nfo foram cits em nenhuma memoria cientifica € seu nome nao foi mencionado em nenhuma histéria da quimica.? Algumas idéias quimicas de Lamarck e suas relagdes com a hist6ria natural fe substancia e a tendéncia 3 decompo- sicao sempre acabariam superando a tendéncia de formar combinagées ou conservi-las. O proprio processo de com- binacio j4 acarretaria perdas de substincia, representando uum processo de destruigio que aumentaria com o passar do tempo. Podemos notar, nessa visio, alguma semelhanca com nossa perspectiva atual sobre a lei fisica do aumento de entropia; no entanto, 0 trabalho de Lamarck é muito ante- ———_ la promo- om a morte dos fais idéias envolvem ‘uma concepcio de natureza como o resultado da auuagio de) formando uma goaidade, Esse tipo de visio da natureza como o resultado de um equilibrio entre forcas ou tendéncias opostas também aparece em outros autores da época, como, por exemplo, em F. W. J. Schelling,’ um dos representantes da Naturphilosophie. “de acordo com os conhecimentos positivos”, sr quatro elementos Desses, 0 uma matéria simples, que entraria na composigio de todos os animais e da maioria dos vegetais. Esse elemento em que seria JeneirotJuibo de 2008 B "LAMARCK. Rechercher sar le prncpens fut Psu. vol 1, pe 26:49-53. "Seria a base do earvdo, do enxofre, combustvel e iimi= 0 da Sus Seria 0 azot0 dos fhimbérn seu hedvogenio fo (AMARCK. Le rection de le shone proumatiqu. p29) | + Sera @ principio dos fcidos © dos sas solve na gua, 30 “combustivel, Seria 0 eatbono dos quimicor pneamitior frequencemente seu oxigen (LAMARCK. Le rjcation dele thérie pematigue. 28. 29) 'SLAMARCK. Li ration de le shore pmeumatique. p. 3: 8 \ HALL Thomas, Ides of Life and Matter” Chicago/Lon- don: University of Chicago Press, 1969. 2 vols, vol. 2, p. 1. Y LAMARCK, Rechercher sr dee primi fats pigsqus voll 2, p 18886 SS BICHAT. Rechercher phyrio- lope te fe moe SPE ttae pats, Cone foxme MARTINS, Lian A CTR Lemarck e 0 lime frances ps1. “ Lamarck ¢ 4 evolusto orice: at relages ene 0 vivo e 0 nio-vio Em obra subseqiente, Lamarck passou a chamar 0 fogo no estado natural de oo ato © fogo em expansio d », dividindo 0 fogo fixo cm dois pos: (@ que tipos de moléculas agregadas nos corpo’, provocaria seu afastamento e maior atragio daquele corpo pelos corpos vizinhos. Na maior parte das operagbes quimicas, o calérico causaria dilatacio, acarretando rompimento na agregacio das moléculas, que podiam chegar até a se separar. Por ou- to lado, se 0 cal6rico estivesse bastante aderido a0 corpo, isso dificultaria sua combinagio com outros corpos."* Por volta de 1815, em Histoire naturelle des animaux sans vertebres, Lamarck passou a mencionar em seus escri- tos o termo éxido, que fazia parte da nova nomenclatura quimica que havia proliferado, No entanto, como Thomas Hall assinala, continuou aceitando até o fim de sua vida 0 cal6rico como uma substincia sutil de extrema importincia para os fenémenos naturais."* Concepgées sobre vida e origem da vida no perfodo anterior a 1800 Lamarck compreendia sse principio (ou seja, residia no ibe & Ambiente 36 LAMARCK les prinipan vol. 2, pe 2 * LAMARCK Physique et valle ps 255 2 LAMARCK Physique et pelle. 317 = LAMARCK. les princpans vole 2, po 2d ® LAMARCK, a theorie p 359. 2 LAMARCK. Physique ett rely a ia aparece on {ey nes det Physique. Vo “LAMARCK. Physique et relly 3384 “LAMARCK, Phasique etd roles p. 380. 2 LAMARCK. loeque 2 vs Bey 189 lo. ps 103, 0 uni is cor- feulas. orpos se sob ansio, 10 nos sgundo mar o pansio le que nou de postos corpos alérico egacio Yor ou- corpo, rimanx 5 escri- vclatura thomas vida 0 ntancia reendia hy cujo fisicas tir sem } como Igios.”” jitalista, pnéme- Fran- jiderava dos os helhan- YLAMARCK. Recherches sar les principans faite physiques val 3, pe 213-214 SLAMARCK, Mémoires de Physique er d'Histove Natu relle p. 255, BN LAMARCK. Mémoires de Physique et d'Histoire Natu relle. p. 317, S LAMARCK. Recherches rar Tes principane faite physiques voll 2, pr 288 ® LAMARCK. Le riftation de la théorie pnewmatique. p. 359, MLAMARCK, Mémoires de Physique er d'Histove Natu relle p. 319; 324, Essa idéia ji aparece em: Recherches sur "ey causes des principane fats Physigues. vol. 2, pe 380, SLAMARCK. Mémoires de Physique et d'Histoire Natw relle'p. 338; 340; 342 MLAMARCK. Mémoires de Physique et d'Histoire Natw relle.'p. 380 Y LAMARCK. Philosophie 200- logigue. 2 vols. Pais: Libraire Savy, 1837. 2 vol, 2 edie io, p. 103, Lilian AL-Chueyr Pereira Martins fES)AEIES” Assim, nao admitia a idéia da geracio espont: nea ~ que passou a aceitar posteriormente, a partir de 1800 ~ nem a transformagio das espécies. Um pouco mais tarde Lamarck conceituou a vida como “o movimento que resulta da execucio dos Srgios essenciais” e a morte como o resultado da “cessagio de qualquer movimento orginico”,? conceitos que também ver ao encontro das concepgées vitalistas de Bichat, A teoria dos corpos brutos No ((periodo anterior a 1800) em diversas obras, Lamarck apresentou suas idéias a respeito do que seria. um corpo bruto e sobre o processo de formagio desses corpos. Definiu_o corpo bruto como “todo. corpo. ¢ toda matéria que no fazem mais parte de um ser vivo; toda massa que rio é organizada e dotada de vida; todo corpo que néo € ‘mais vivo, ainda que possa apresentar os restos da organiza- Go de que gozava”'. Explicou ainda, em nota de rodapé, que, a partir do momento em que um corpo perde a vida, passa a pertencer ao reino mineral, Os seres brutos ou inorginicos se diferenciam dos seres vivos por ndo apresen- tarem movimentos particulares, enquanto esses iltimos sio dotados do movimento vital ou orginico, transmitido de geragio a geracio.” Por outro lado, ao contrario dos ani- mais © vegetais, que comporiam eles mesmos suas substin- cias e conseqientemente formariam eles mesmos as. maté- rias que 0s constituem sem desnaturé-las, os seres brutos nfo teriam essa faculdade.? Para Lamarck, os corpos brutos ¢ as matérias inorgt- nicas (chamados de minerais) nao se formaram em uma mesma época e esto em processo_ de continua formacio. Os minerais se originaram a partir de restos vegetais. ou animais, ou seja, resultaram da alteragio de outros compos- tos pré-existentes.* Os minerais sio produtos diretos ou indiretos dos despojos dos corpos vivos." Ja os metais completos ou na tivos vio-se formar pela adigio ou actimulo do fogo carbi nico sobre os compostos terrosos apropriados.* Tal con- cepgio é semelhante Aquela dos defensores do flogisto, para 05 quais o metal 6 produzido pela adigao de flogisto 4 sua cal (aquilo que chamamos de éxido). Em sua fase evolucionista, Lamarck continuou consi- derando os corpos vivos como a fonte inicial de todas as matérias compostas.” Com isso queria dizer que os_seres vivos sio capazes de realizar sintese e os seres inorginicos JeneivolJunbo de 2008 15 MLAMARCK. Hydrogeology. Trad. Alberto Carorsi. Ure bana: University of Mlinois Press, 1968. p. 91 MCAROZZI, A. Nota de fodapé. In: LAMARCK Hydrogeoiogy. p. 91 Ja na Flore Fransoite, La track fer uma diferencia nite os corpor inorgincon € Srpinicos (EAMARCR. Flo: re Franoite. Pacis: Imprime- Fle Royale, 1778. 2 vols, vol tsp. DLAMARCK, Histoire nate tele det snimaver sans were Bre. Tome Elton reve et faugmeniée de notes présen- fant fe ts nowverat dock ie cence ves endl jute (qu ce jour, par M. M. Bh Deshayes'er Hi Milne Edwards, 1 sols. Paris Balter 1835-1840. vol 1, P3738. SLAMARGK. Esptce. In DETERVILLE, FE. (ed.) Nowweuu Dictionnaire of toire Navel, applique sz ‘brs, 27 Agricul 4 Peo eos mele doin, 2 Te Medicine, exe. Pat woe Societe de Natoraisees ot Ayrcaltcurs. 204. 36 vols Paris Deverill, 1816-1819. woh 10, pe 450-451, 1817 SSLAMARCK, Mémoires de Pipa isa Nae dip. 276. O sentimento Teria ® faculdade particular dos anima, cj sede ets em SIgons orgion tomo © cfre- Sromeda inh never Gisribuem, A iriagio dese etleepia| tice arloet! Sager em felagfo 208 compos Stor (LAMARCK, He Inoires de Phyngue et d'His Tove Naturelle p 300) Lamarck ¢ 4 evolusio orginica: as relates entre 0 vivo « 0 ndo-vivo (ae) o que nio significa que nao existissem substincias quimicas antes da aceita atualmente. Principais diferencas entre os corpos vivos € os corpos inanimados , nesse sentido, nao houve mu- fangas significativas, exceto com relacio 4 origem da vida. 0: Segundo ele, fo infers Os primeiros manifestam individualic especifica apenas na molécula integrante que constitui sua espécie. Nem todos tém o mesmo género de origem; sio formados por aposigio de moléculas, decomposigoes par- ciais, alteragdes de certos corpos ou pela combinacio de matérias diversas em contato; néo apresentam tecido celu- lar, mas um estado de agregacio em suas moléculas; néo tm necessidades a serem satisfeitas para a sua conservagio; nao possuem faculdades, apenas propriedades; seu fim, bem como sua origem, devem-se a circunstancias fortuitas ou acidentais; ndo produzem em si substincias, nio tém exci- tacio; no passam por juventude, velhice e morte." Além Mistae cae orem races CommeYos acres} ieee tenet coasts em varias colegdes de individuos totalmente semelhantes entre si.” Lamarck diferenciou os dois ramos que constituem 60s seres vivos. © primeiro dele, representado pelos vege- tais, caracteriza-se por uma organizagio mais simples e, como vimos, pode formar combinagées primeiras ov dire. tas. Os vegetais s6 apresentam movimentos essenciais. O segundo ramo € constituido pelos animais, cuja organizacéo mais complexa; podem mover-se voluntariamente e sio dotados de sentimento™. Citncia & Ambiente 36 + LAMARCK, la shore pe 5 LAMARCK, le eho pe > LAMARCK. le thfone pre > LAMARCK. Phin ale 3 tm I dan Lamarchee Fevers brinape fai 2, proposigoe * LAMARCK les eawer ds physiques. vol » LAMARCE Poyuone ar relly ise “° LAMARCK, a thorie pen “! LAMARCK, elle des ani bres. vol. 1 gas re- ios". aceita larozzi, antas € stancias } novos jos boas de } consi- hure os jve mu- ts vida feriores halidade fitui sua fem; sio, pes’ par- liio de Ho celu- nao tem Ho; ndo im, bem pitas ow Em exci- 1 Alem fonsttu- \elhantes: stituem Jos vege- les , ou dire- ciais, O iach fe € sio MLAMARCK. Le (a chore pmenmatigue. p. 381 OS LAMARCK. Le rifation de la théorie prewmatique. p. #05. 2B LAMARCK. La rifitation de le thfoie pratique. p. 433. SLAMARCK, Mémoires de Pips ot disor nate relly. i63-t64, Esta sera tna Ids aturers segundo Lamarck, e jt aparecs nat Recherches gor ie canes det rnin fats peso Be proposes 65) 685 OFLAMARCK, Recherches sur ler caer des principe fats Pope W012, pr I03-208 SLAMARCK. Mémoires de Physique ot d'Hitove naan ree © LAMARCK. La réfitation de lu thor pcumatine. p46 S LAMARCK. Histoire natu rele des animaux sans ver bres. vol 1, p. 60-61 Lilian AL-Chueyr Perera Manns Sob ponto de vista quimico, o naturalista francés atribuiu 4 matéria mineral uma quantidade muito menor de principios fluidos ¢ voléteis, uma quantidade maior de prin- cipios terrosos ¢ freqiientemente um mimero pequeno de princfpios combinados.* J4 a matéria animal conteria em maior proporcio o fogo fixo (principalmente carbdnico) ¢ principios voliteis, como a agua e 0 ar, sendo estes bem mais conectados do que na matéria vegetal. Os animais tém uma tendéncia maior 4 decomposigio em relagio aos vege- tais. Lavoisier e seus seguidores acreditavam que a princi pal diferenca entre vegetais e animais seria a presenca do azoto (nitrogénio) nestes dltimos. Lamarck nao acreditava, como os quimicos pneuméticos, na existéncia de algum principio particular na matéria animal que nio estivesse presente também na matéria vegetal. Para ele, 0 azoto dos quimicos pneuméticos € 0 fogo fixo carb6nico combinado a0 ar € a0 fogo calérico.* Ao se referir a0 ciclo vital, Lamarck esclareceu que todos os seres vivos passam durante sua existéncia por erés periodos (crescimento, cessagio do crescimento e decadén- cia) cuja duragio varia conforme a natureza das espécies ou dos individuos.” Nas obras de sua fase pré-evolucionista, apresentou uma discussio acerca do ciclo vital dos seres vivos que no aparece nas obras de sua fase evolucionista. Procurou explicé-lo através da tendéncia a destruicio ine- rente 2 todo composto da natureza e que seria mais intensa nos seres orginicos.”" Mais tarde considerou que esse pro- cesso se devia & existéncia de uma diferenga entre as maté- rias assimiladas ou fixadas pela nutrigio e aquelas dissipadas pelas perdas.” diferenciou o vivo do nio-vivo nos seguintes termos: enhuma faculdade suspende seu efeito ou repara os desgastes [...]". Em fase posterior, esclareceu que todo ser vivo apresenta um certo estado em Sia anes prchzi por ‘a STERN «poss 'No corpo inorginico, mesmo com a introducio dessa causa, nio seria possivel o fendmeno da vida, A individualidade do corpo vivo reside no conjunto de diver- sas moléculas integrantes, enquanto que a individualidade do corpo inorginico esta em cada molécula inorginica sozi ha.*! Janeiro) Jumbo de 2008 v “7A presenga ov austncia de ‘ossos forum dos eritérios villiaados pela sstemaica de Lamarck. Os termos invert brado ¢ versbyado que wil amos atualmente foram por cle propostos, © BURKHARDT, Richard W. The Spirit of Spstem. 2° od Cambridge, MA: Harvard Universiey Press, 1995. p. 102, MLAMARCK. Histoire nate. relle det animaux sant vertt- bres. volt, p77 SLAMARCK, Philosophie oologiqne. Paris: Libraire Scheider Freres, 1907. vol, 1 p28 “LAMARCK. Hittoire natu: relle des animaux sans verte. bres. vol. p60, 8 Lamarck « a evlucto orginica: as relagbes entre 0 vivo € 0 nio-civo Concepeées evolucionistas ‘ sobre vida e origem da vida ‘As concepg6es de vida que Lamarck apresentava nas obras de sua fase pré-evolucionista sio muito diferentes daquelas em que defendia a existéncia de uma evolucio orginica: Possiveis motivos para essa mudanga de pensamento nado serio discutidos neste trabalho, mas certamente tm relagio ‘com seus estudos sobre o que ele chamou de invertebra- dos. © que Lamarck denominava “matéria do fogo” em sua fase pré-evolucionista, vai ser a causa do movimento orgénico e também das mudancas orginicas em sua fase evolucionista.® Uma visio geral da teoria da progressio A partir de 1800, Lamarck admite que o Supremo Autor de todas as coisas (Deus) crion a natureza (um con junto de objetos metafisicos constituido por leis e movie mento), a qual originou progressivamente todos os seres vivos, vegetais e animais, sem a intervencio divina. Para isso, néo foi necesséria a criagio de nenhum germe ou es- pirito primitivo (alma, espirito), pois ele acredita que a vida € um fenémeno essencialmente fisico.** Fundamentado nos fendmenos fisicos conhecidos na época, Lamarck procurou explicar a vida, bem como sua corpos teriam aspecto gelatinoso e receberiam em seu inte- rior, vindos do meio, fluidos atrativos e repulsivos (cal6- ricos), que iriam abrindo intersticios entre suas moléculas, formando cavidades. Os fluidos sutis (forga repulsiva) for- sariam_as_paredes mais viscosas em todos os pontos. Ciacis © Ambiente 36 © LAMARCE sell des an Bre. volt 48 Para Laman paregam ind eager 20 pudica © O> fe devem 1 ausa mectr Memoires Hise» LAMARCK Botanigne vol tp. LAMARCK relle des an Bre. vol A ida de ala animal ct coloca io priviley Sia tupert te de cena teristien do mio do sea oh de uma t thomem ¢ ¢ dis coisas AESCH, von. Nata German Ro Yorks AMS 5 MARTINS, teoria da pr mais de Len sio de Me has: UNTC MART © papel da dos animal marek. fn M. & GAF (eds). Anais ds Saciedes Historia de Janeiro: Soc de" Histor 4997. p. ac 5 Conforme » ALCP Lar les da varia Epistene, vo 54, 199% L fans verte 132 Lilian Al-Chueyr Persia Martins grandes grupos pode ser constatado um aumento da com- © LAMARCK. Histoire natn. plexidade no tocante aos érgios essenciais, aparelhos e sis- relle des anima sami vert temas. No entanto, a escala de perfeigao’ crescente nao é re eee Tinear, apresentando ramificagdes, devido a ago das cir- “Para Lamarck, as floras veg a eat aememE’ —cunstincias produzindo determinados grupos menores. Por fa cxistam fendmenos que exemplo: algumas racas de moluscos gastrépodes (caracdis) paresam indicar iso como ® gram providas de antenas por estarem submetidas a circuns- paler e Onli senttion cas ——‘tancias diferentes de outras, que nio as apresentavam, Sse devem unicamente a uma Os primeiros animais e vegetais jé surgiram distintos causa mecinics (LAMARCK. spceas |f eure Memonves de Phyriqne et na natureza (ou seja, os vegetals ndo sairam dos animais, d'ivoire Navel nem 0 oposto), pois formaram-se de materiais cuja compo- PaMgARCK, Dictomnaie de “Sigdo quimica era diferente. Por essa razao, animais e vege- vole 1p. i}. tais nao fazem parte de uma cadeia Gnica, mas constituem LAMARCK. Histoire natn dois (FaRHOS distint6s,/eparados pela origem, cuja nica se- ee etna ce oor melhanga € a simplicidade inicial.t” Como os vegetais nio fae apresentam irritabilidade,** so inferiores aos animais. La- 8° ida de constrir uma es Gilsanimal en que ofhoncn Marck esclareceu que se tratava de um proceso extrema- testi colocado. em uma posi mente lento e gradativo.” Sa Pipher eben rhe A partir dos seres mais simples formaram-se diferen- te de certo modo uma carsc tes grupos (“massas”) em diferentes graus de perfeicao, :mo terstica do romantimo sle- _egnsrituindo uma escala em cuja extremidade inferior esta- “on SC soe iam os animais mais simples e, na extremidade superior, os fe de tumaa integragio entre o m is simpl ove fomem'e 3 erdem sstwal (mais eomplexos, situando-se, em seu limite superior, 0 ores ae solsas (ver 4 respeito 3 transformaca fs Bareoterd Reset ceeete —homem.® A transformagio de um nivel para outro est Para fon, Naterai Science ss _sempte acontecendo, ou sein, Gita tS asaaaTEaaER German Romantssin. Xow nam a se transformar e a tornar-se mais complexos. Entre- vida Yorks AMS Prem, p53; tanto, nem todos os seres de um dado grupo passam para 31 MARTINS, Lilian AC. B.A Pai a teoris de progressto dos an ‘um nivel superior, apenas alguns. Os seres vivos mais sim- sna mais de Lamarck (Disscra- ples sempre estio sendo formados por geragio espontinea sua Gio de Menrado}. Campi. Pu agitetaw st tat: UNICAMP, 1993." iam Se; MARTINS, LA-c. Constatando certa regularidade nos fatos observados, mais © papel da geasto espont Lamarck procurou explicé-los através de leis, que aparecem em IAS EYEE em mimero de quatro nas obras que constituem as duas dos animais de J.B. La q ; ge s ada tnarck. Jee ALVES, Tsidoro verses finais de sua teoria.*? Os drgio’ surgidos déstifiados as NUS GARCIA, Flom Mag diferentes fung6es sio mantidos conforme as circunstin- sses Ge Sociedade Brasiorw de _cidS, aS quais geram necessidades que, por sua vez, criam ite Hiséra de Ciencia, Rio de Tabitos. As circunstincias, juntamente com a tendéncia que Beefscioa ds Clas a matureza possui para o aumento de complexidade, deter- ulas, 997. p06 minam 0 desenvolvimento € a conservagio dos érgios. for- *Conforme MARTINS, Lian Gonforme um Fgi0 seja utilizado com maior ou menor a amr cles aisto freqiiéncia, ele se desenvolve € cresce ou pode degenerar e ier da variagto die especie, satay ree oe z acias Epitone wok 2 se 3.p33. —_Muesmo desaparecer, As modificagées que foram adquiridas wan- +H, 1997, LAMARCK. is ‘em um individuo, desde que as condigées que as causaram ale ‘one matarel a Su" —permanecam e sejam comuns aos dois sexos, serio transmi- mou i, tidas aos descendentes. ses Janeiro/funbo de 2008 9 20 Lamarck € 4 evlugio orgiica: as relages ente 0 vivo ¢ 0 nio-civo Consideragées finais A passagem da fase pré-evolucionista para a fase evo- lucionista foi marcada pela mudanga significativa de algumas idéias de Lamarck, em especial pelo abandono de algumas concepgdes como a fixidex das espécies, a incapacidade da natureza de produzir a vida, ou mesmo, 0 préprio conceito de vida. Contrariando sua antiga posigio, que encerrava ele- ‘mentos vitalistas, Lamarck passou a acreditar que a vida era um fenémeno fisico (natural) e podia ser explicada por fe- nOmenos conhecidos na época (0 caldrico ¢ a eletricidade), Entretanto, varias concepcdes suas foram conservadas, co- mo as idéias quimicas baseadas nos quatro elementos, sendo © fogo (em suas diversas formas) 0 mais importante; ow a questéo da origem dos minerais, por exemplo. Essas ¢ ou- tras nogées estario intimamente relacionadas 3 sua teoria de evolugio, que representou a fase madura de sua obra. Lamarck acreditou que os seres vivos mais simples, que nao existiam antes, foram inicialmente produzidos pot geragio espontinea e que assim continuavam a ser produ: dos. Isso ocorreria na Agua, em lugares dimidos, com a pre- senca de luz, através de forgas de atracio e repulsio pela agio de fendmenos conhecidos na época: 0 calético © a elecricidade. Lamarck estava, portanto, explicando a origem da vida a partir do néo-vivo. Entretanto, desde 0 prinetpi ele diferenciou de modo preciso os corpos vivos entre si pois considerava que os animais e vegetais, desde sua ori- gem, estavam separados e constituidos de materiais diferen- tes. Por conseguinte se teriam formado dois ramos distin- tos, que no se encontravam em nenhum ponto, diferen- ciando-se também claramente dos seres brutos. Assim, ele nao admitia a idéia de uma cadeia continua dos seres, como Leibniz. ou Bonnet, que juntavam os seres brutos aos vivos ¢ exibiam uma transigio entre os animais e vegetais através dos zo6fitos ou animais-planta. Lamarck apontou uma série de diferengas entre os seres vivos (animais e plantas) ¢ os seres brutos. Havia, no entanto, um ponto que relacionava os minerais (seres brutos) aos animais e plantas (seres vi- vos): sua origem, Isso porque os minerais eram formados a partir dos residuos de animais e plantas, E possivel encontrar varias relagées entre 0 vivo € 0 nio-vivo. Por exemplo: todos os corpos existentes na natu- reza setiam constituidos pelos quatro elementos, em pro- porgoes diferentes. © mais importante elemento, 0 fog0, teria a capacidade de afastar as moléculas que formavam os corpos vivos ¢ nio-vivos, sendo que nos primeitos essa Ciencia & Ambiente 36 Lilla AL-Chue ting ¢ gradus Naturaly doure Biolégicss na 3 professors do 1 fudos Pos: triads Cine pesquisadora Historia ¢ Tec (UNICAMP), Lacpm@uolice ise evo- algumas algumas dade da ‘oneeito ava ele- vida era por fe- cidade). das, co- s, sendo te oua ws € ou- coria de bra, simples, dos por >roduzi na pre- sio pela tice a origem rrincipio entre si, sua ori- diferen- s distin diferen- ssim, ele 18 vivos $ através, as) € os lacionava seres vie smados a vivo eo ma natu- em pro- © fogo, aavam os: itos essa Lilian Al-Chueyr Pereira Ms tins € graduada em Historia Natural, doutora em Cigncias Biolégicas na drea de Genética, professora do Programs de Es” furdor Pés-Graduatos eon His. triads Ciéneia (PUC/SP) pesquiradors do Grupo de Mistdria'e Teoris ds Ciencia (UNICAMP) Lacpm@uolcombr Lilian ALChueyr Perea Martins expansio produziria 0 calor. Os seres vivos diferenciaram- se dos seres brutos por se nutritem, se reproduzirem, por serem dotados de irritabilidade e, em alguns casos especiais, de sentimento Embora as idéias fisico-quimicas de Lamarck, a0 que tudo indica, tenham tido pouco impacto e praticamente ne- nhuma aceitagio na ocasiio de sua proposta, harmonizavam- se com suas idéias acerca da evolucio orginica. A ideia de forcas opostas de polaridade ¢ dinamismo que atuavam ao mesmo tempo, aparece em virios momen- tos na obra de Lamarck, tanto em sua fase pré-evolucionista como em sua fase evolucionista. Na primeira fase, tais for- gas atuariam no processo de formagio dos primeitos corpos por meio da cletricidade, que exerceria uma acio repulsiva ~ afastando as moléculas ~ ¢ uma acio aglutinadora — atrain- do e aproximando as moléculas. Ou ainda, com respeito 3 formacio dos grandes grupos taxonémicos que constitui- lam uma escala de perfeicio, atuaria uma tendéncia para 0 aumento de complexidade, tornando cada vez mais aperfei oados os drgios, aparelhos, sistemas, a0 mesmo tempo em ue agiria a a¢io modificadora do meio, aleerando essa ten- déncia em relagio a pequenos grupos taxonémicos que es- tivessem sujeitos a circunstincias diferentes JaneivolJunbo de 2008 n

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