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CB Sarva Ane Stroy — SP — Seti fs, fava aban far soe) Pte itr eid ne ied Po Dit dep oda La ler Gro Sasi lo Gute de roi eda! Us Pedi) Cs oes ais Paper de gins ai ii de oa Gay ea isa Gai ‘tee dram (st gaa gut ies Sumario — Fabio Konder Comparato. Pare | A PROTECAO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS E 0 DIREITO BRASILEIRO A CONSTITUICAO BRASILEIRA DE 1988 E 0S TRATADOS INTERNACIONAIS DE PROTECAO DOS DIREITOS HUMANOS, A incorporagao dos tos Humanos pelo Capitulo 2 0 DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS E A REDEFINICAO DA CIDADANIA NO BRASIL 8. Conclusao Considerando a investigacdo desenvolvida, pode-se afirmar que o Poder 0 Federal cumpre com seu papel 20 elaborar normas que, em sua ‘atendem ao objetivo de protegio as pessoas com deficiéncia © Poder Executivo, por sua vez, elabora pr tempo deixa de cumpri-los e observa-los, sendo certo que é 0 Poder que mais Viola os direitos deste grupo. © Poder ludiciario, por seu turno, tem acompanhado a evolugao norma- fa e vem reconhecendo e dando efetividade a estes direitos, & ele, com sua rca vinculante, um importante meio para fazer com que o Poder Executivo. cumpra as obrigagdes constitucionais e intemacionais as quais est adsttito, Contudo, este Poder s6 pode agir mediante provacacao. O grande problema, nesta esfera, € existéncia de sérios obstéculos ao acesso a justi¢a — causar dos muitas vezes pelo préprio ludici Porém, a maior dificuldade esta na auséncia de conscientizagao da so- cledade, bem como no desenvolvimento de uma cultura inclusiva, os mais iF respeito as pessoas com deficiéncia. Nesse sen- ‘A luta das pessoas com deficién- cia nao se restringe apenas as esferas de Poder, é preciso muito mais: com- batero preconceito e motivar a conscientizagio nao apenas do Poder Publica, mas de toda a populagao” amas, mas ao mesmo Portadores de Sindrome da Tlidomida, DIREITOS HUMANOS, ESTADO E TRANSFORMACAO SOCIAL Parte V Carino 18 A RESPONSABILIDADE DO ESTADO NA CONSOLIDAGAO DA CIDADANIA* 1. Introdugio Ap sabilizago do Estado, no icional do Estado brasileiro, em conformidade com a ordem jui mbém sob esse prisma, sero tragados os contornos da concep¢ao de 1988, de cidad t Desen racic gada @ respo direitos fund: Por a relacao entre Est 2. Delineando o Pert Desvendar abe alirmar que a ordem con 18 apresen- ico da transigao der bem como da i 1988 represent petuou no Brasil de 1964 a 1985, A partir da Constituigdo de 1988, ha uma redefinigao do Estado brasilet- ro, bem como dos Desde 0 seu preambulo. a Carta de 1988 pr ‘0 ‘destinado a assegurar 0 exer Prossegue a Constituicdo de 1988 afirmando, ineditamente, em seus primeiros artigos — especialmente os arts. 18¢ 3° do texto — ios fun- damentais, que demarcam os fundamentos € os objetivos da Repiiblica Fe- derativa do Brasil. Dentre os fundamentos que alicercam o Estado brasileiro, nos expressos termos do art. 19, le icdo, destacam-se a cidadania e dignida- de da pessoa humana da Con: Por sua vez, construir uma sociedade livre, justa e solidéria, garantir 0 desenvolvimento nacional, erradicat a pobreza e a marginalizaco, reduzir as desigualdades sociais e regionais e promover o bem de todos, sem precon- ceitos de origem, raga, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discri- ‘minagdo, constituem os objetivos do Estado, consagrados no art. 3° da Carta de 1988, Infere-se desses dispositivos qua acentuada 6 a preocupagao da Cons- cdo de 1988 em assegurar a dignidade e o bem-estar da pessoa humana como um imperativo de justica social. A busca do texto em resguardar 0 di- reito & dignidace humana é redimenstonada, na medida em que, enfatica- mente, privilegia a tematica dos diteitos fundamentais. Constata-se uma nova topografia constitucional, tendo em vista que 0 texto de 1988, em seus primeiros capftulos, apresenta avancada Carta de di- reitos e garantias,elevando-os, inclusive, a cléusula pétrea’, o que, mais uma vez, revela a vontade const mentais? icional de priorizar os direitos e gar jas funda- Todavia. a Carta de 1988 ndo se atém apenas em alterar a topos! © garai Carta de 1988 a incorpor lusos, aqueles pertinentes a determinada classe ou categoria social e estes pertinentes a todos e a cada um, caracterizados que so pela indefinicao objetiva e indivi- atribuida a0 Capitulo | do Titulo Il da Constituigdo de 1988 —“Dos direitos deveres individuals e coletivos”— com a Constituicio anterior, que consa- grava tao somente direitos e garantias individuaist Atente-se, ademais, que a Constituigao de 1988, no intuito de reforcar a imperatividade das normas que traduzem di {05 € garantias fundamentais, lidade imediata das normas definidoras de hos termos de seu art. 58, § 18. Inadmissf vel, por consequéncia, torna-se a inércia do Estado quanto & concretizacao de direito fundamental, uma vez que a omissao est tucional, al viola a ordem consti- ido em vista a exigéncia de acao, o dever de agir no sentido de fundamental. Implanta-se um constitucionalismo concretiza (0s fundamentais, ‘Ao mesmo tempo que consolida a extensdo de titularidade de direitos, acenando a existéncia de novos sujeitos de direitos, a Carta de 1988 também consolida o aumento da quantidade de bens merecedores de tutela, mediante a ampliacao de direitos sociais, econémicos e cul lembrar que, ao Constituigdes Liberas, ja Constituicio de 1934 e seguintes (com excedéo da Carta de 1937) podem ser classificadas como Constituigdes Sociais’ Ainda qué assim o seja, a Carta de 1988 expande, consi universo de direitos sociais, integrando-os na declaragao dos di mentais. Observe-se, em contrapartida, que a Cat ao situar alguns preceitos de cunho soci mica e social, ndo fazia qualquer alusao exp ‘mente ditos, envolvendo em sua declaragao de di s tos da nacionalidade. os direitos politicos, os partidos politicos, os dl ¢ garantias individuais ¢ as medidas de emergéncia, do estado de sitio e do estado de emergéncia (Capitulos | a V do Titulo Il, dedicado & Declaragao de Diteitos), Nesse passo, a Constituicdo de 1988, além de afirmar no art. 68 que so direitos sociais a educacio, a satide, o trabalho, o lazer, a moradia, a seguran- ca.a previdencia social, a protegdo & maternidade ¢ & 0s desamparados, ainda apresenta uma ordem social com um amplo uni vetso de norma que enunciam programas is seguidos pelo Estado e pela sociedade. A titulo de exem Gimese determinados disp constantes da ordem socal, que fixam, der 105 do cidadéo, a satide (art. 196), a educagao (art. 205), a ci as préticas desportivas (att 217), a ciéncia ea tecnologia (art. 218), dentre outros. Aessa ordem social conjuga-se uma ordem econémica que, fundada na iva, tem por fim assegu ituigdo de 1988 busca combinar a livre iniciativa e concorréncia (arts. 12, 1, e 170, 1¥) coma atuagao do Estado, seja como agente normativo e regulador da atividade jo de Weimar.que inet ;gou a dimensbo dos direitos fundamentals, no foi incorporada & Carta de 1934, Com a tutela dos direitos lacategoria de direitos que asinalamo primado dasocie- Roberto Grau, 2 quem 0 modelo definido na ordem econ6mica na Constitui- so de 1988 é um modelo aberto que, ap erpretagao dinamica € capaz de instrumentalizar as mudangas da realidade social, poclendo ser escrito como modelo de bem-estar' Saliente-se, ademais, que a ordem econémica na Const faz opcao pelo sistema capitalista, que, todavia, ndo est em © modelo de Estado voltado ao bem-estar social, cunhado no titulo definidor da ordem social dessa mesma Carta. Esclarega-se; 0 Estado de bem- social ndo se confunde com o Estado socialista e com o regime da proprie- dade coletiva dos meios de producao, mas implica um modelo de Estado que ize 0 direito a prestagSes positivas, o que resulta no desafio de ar utdriae fiscal condizente com esse modelo — nscende ao objeto desta investigacio. ‘Aluz da Carta de 1988, reforca-se a ideia de que a pa limprescindivel sob muitos aspectos, particularmente no campo social, sendo hoje impensével um retorno a0 modelo absentefsta, Como realga Celso Bas- ‘0 problema todo cifta-se a compaginar um em dimensdes mais amplas que as a ele eralismo cléssico, nem por isso chega ao ponto de asfixiar idade da empresa privada. A esse modelo se dé o nome 0m isso significando a convivéncia de um Estado provedor em muitos aspectos, mas ainda assim nao castrador do dinamismo da socie dade. A partir dele sabe-se que o desenvolvimento social néo se pode dar com 85 costas voltadas para o Estado nem se estabelecer a pureza da sociedade Acrganizacio desta passa necessariamente pelo Estado. O problema é como controld-lo de molde a impedir que enverede pelo corporativismo"* cao de 1988 ule ipagio estatal é ‘aem-se do sistema constitucional de 1988 0s delineamen- tos de um Estado intervencionista, voltado ao bem-estar social. Consagta-se @ preeminéncia ao social. Com 0 Estado Social, como observa Paulo Bonavi- des’, 0 Estado-inimigo cede lugar ao Estado-amigo. o Estado-medo ao Esta- *GRAU, Eros Roberto. A erdem soninie mt Paulo Revista dos Tt 991, p 325, tak de 1988. interpretagaoe cites. 2. ec So inclu a desregulamentagéo e pr se questionamento, ver Lués Roberto Barroso, Acre reonimica CCongresso Nacional dos Procuradores de Estado, Mat gado de Emendas Constituicao de 1988, especialmente as promulgadas a partir de 1995. A andlise deste legado permite constatar que é 0 cédigo neo: eral que tem inspirado as aludida: siva descaracterizago da Carta de 1988, O desmant iclonais do modelo de Estado consagrado pela Carta de 1988 faz-se claro quando do exame das emendas promulgadas! do-canfianga, o Estado-hostilidade ao Estado-seguranga. As Constituigbes tenciema se transformar num pacto de garantla social. Assim, o Estado Cons- snal Democratico de 1988 nao se identifica com um Estado de direito reduzido a simples ordem de organizagao e processo, mas visa a legi- se como um Estado de justiga social, concretamente realizavel © texto constitucional de 1988 confirma, nesse sentido, o esgotamento do modelo liberal de Estado, em face do aumento de bens merecedores de Este excessiv tutela, que exige a eficiéncia de um Estado de Bern-Estar Social intervencio= nista e planejador, Ao ates izacdo das molduras jurf- ‘sob o impacto das diretrizes do proces- ncia do paradigma liberal-individualista, fundado so de globalizagao econémica, Acentua-se a abertura da economia bra no Estado liberal nao jicamente, voltado ao resguar= do dos dominios da privacidade e a tutela dos direitos e liberdades de cunho individual, a Carta de 1988 busca responder a emergéncia de um novo padrdo josidade, bem como a exigéncia de novos direitos fundamentais decor Da Constituigo de 1988 emerge uma ordem ria dos intervencionistas, cuja dinamica est condicionada a eficiéncia e competéncs na obtengdo de resultados, que se subordinam & concretizacdo de politica = pébilcas Res sen, best xiao er end 6d 95 oe re oa. 7 ae © desafi tucionalismo inaugurado em 1988 é implemer ee capital na) Par eae refeente a pesaul- dos Estados intervencionistas em um cont laa de recursos miners) da Emenda 7 de 195 (quealterou a sistemetica con marcado pela globalizagao econdmica’®e por eras. Tester relerete&ordenaco de transportes dro, aqutico eters da Emenda de 1999 nha-se, assim, a gradativa redefinigdo do papel do Estado, que transita d see atcrtasstematicaconstivconal elerent aos serios de telecomunicages|da Emer agente interventor para um agente regulador da ordem econdmica, em vit ide de dos sucessivos processos de privatizagao. A respeito, basta atentat a0) ia, que corpora esta mesma lgiea content 0 processo de globaizaco econdmica tem- promissos assumidos pelo Estado brasile’ rea da protesdo e promocao rasileiro, la protega 8 naa ‘i i politicas pibblicas que a0 grupos sociais que, por exemplo, sofram : 1. A responsabilidade do Estado na consolidagao da cidadania esta condicionada ao fortalecimento de estratégias que sejam capazes de imple- mentar os trés elementos essenciais & cidadania plena, quals sejam, a indi idade e a universalidade dos direitos h eo processo de especi \umanos 1¢80 do sujeito de di 12. O sucesso da atuagao do Estado 3 es io do Estado e de suas instituigdes, no que tan- a conslidecao da cidadania, std absolutamente condiioned 3 tarefa de repensar ¢ reimaginar a atuacéo estatal, sob uma nova I6gica e referéncia Essa referéncia é a concep¢o inovadora de cidadania, cotidiano como suprema norma juridica. Neste tépico conclusivo sera sus- tentada a absoluta preponderdncia do principio da dignidade da pessoa hu- mana no sistema constitucional br enquanto principio fundamental a prevalecer em relagio a todos os demais, doando especial sentido e racio- nalidade & ordem juridica inaugurada em 1988. Capitulo 19 A FORCA NORMATIVA DOS PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS FUNDAMENTAIS: A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA* Flavia Piovesan e Renato Stanziola Vieira ‘0 Constitucional Brasileiro Constitucional ocidental, desde o fim da Segunda Guerra tem sofrido profundas transformagdes quer em sua parte dogmatica, quer em sua consequente aplicagao, sobretudo no que concerne & protecso conferida & pessoa humana, Ao ctistalizar a I6gica da barbérie, da destruigo e da descartabilidade A proposta deste capitulo enfocar o especial momento que vive © da pessoa humana, a Segunda Guerra Mundial simbolizou a ruptura com telacio aos direitos humanos, significando o Pés-Guerra a esperanga de re- construgao destes mesmos direitos. 1. Introdugdo Nesse intento, serd ramente delineada a atual E justamente sob o prisma da reconstrucao dos direitos humanos que titucional bra: 0, influenciado que fora, principalmente, pelas Cartas € possivel compreender, no Pés-Guerra, de um lado, a nova feicdo do Direi alema de 1949, portuguesa de 1976 e espanhola de 1978, Em seguida, seré Constitucional ocidental e, por outro, a emergéncia do chamado "I bem como seu desenvolvi- s Humanos”, tamanho o Impacto gerado pelas at ica ocidental. Seré avaliado dades ento cometidas. jnariamente, sob a perspectva privatista, como fonte subsidiaria do Direlto, passaram, sob a perspectiva sta, a assumir o cardter de normas impositivas preponderantes nos Vale dizer, no ambito do Direito Internacional, comeca a ser delineado ‘um constitucionalismo global, vocacionado a !ar 0 poder do Estado, mediante a cria- cons 3s. Note-se que estes tucional contemporénea, serdo abordados os conceitos de normas, princfpios e regras. ‘que fizeram nascer as, Ao fim, culminar-se-é com a andlise da forga normativa dos prineipios tado e preservar dire constitucionais fundamentais, quer como comandos valorativos a orientara Pe sa cers 6 Ambliodis Dl interpretacéo principiolégica da Cor a ra, quer como comandos BT roc5o de textos constitucionals dotados de uma fungao pratica, norteadora do processo de aplicacéo do Di- imo de sua implementacéo no fo de um apar internacional de pi Observarse, desde logo, ino-americana, a abertura das ‘semente do movimento doco onal na FUCSPL io ¢assegurada, nem a separa Constituigdes a principios € a incorporagao do valor da dignidade humana demarcarao a feigao das Constituigdes promulgadas ao longo do processo de democratizacdo politica — até porque tal feigSo seria incompativel com a vigéncia de regimes militares ditatoriats. A respeito, basta acenar 8 Consti de 1988, em particular a previsao inédita de principios fun- eles 0 principio da dignidade da pessoa humana, Isto €, conquanto essa radical transformagao date jé da década de 40, 1noaso brasileiro somente em 1988 € que se erigiu um sistema constitucional consentneo com a pauta valorativa afeta a protegao ao ser humano, em suas mais vastas dimens6es, em tom do re- conhecimento de sua dignidade int no constitucionalismo brasileiro das Constituigdes alema (Lei Fundamental — GrundGesetz, 23 de maio de 1949), px pela linguagem dos direitos humanos e da protegao a dignidade humana. A partir dessa nova racionalidade, passou-se a tomar 0 Direito Consti tucional nao s6 como o tradicional ramo politico do sistema juridico de cada nagao, mas sim, notadamente, como 0 seu | referencial de justiga Cabe também anotar 0 verdadeiro sentido antropolégico’ constante de todos esses documentos, por conta do explicito compromisso de proteco ao ser humano e de seus valores coletivos, em suas varias possibilidades. E tal pa- itucional mais abrangente, pois mediante essa renovada dimenso é que se consolidou seu dpice sobre todas as demais idicas em cada Estado organizado'. Com isso, © Direito Constitu- isto portuguesa, em lgfo perfeltamente pet ia quaisquer dvidas se quea adore como adi 1095, p. 244), Acerca, a contribuigbo da obra de Ana Paula de Bat principio da Dignidade da Pessoa Humana funda reformulagao na ional. Basta atentar lo de exemplo, ao rol dos principios que cada Constituicao passou a elencar como fundamentais, com preponderancia para io da dignidade da pessoa humana’. E a importancia desta radical ambiental, dentre outros, Reconhecendo este nova infuvo, ves, -AConsttuigio nasce do fundo de profunda crise que abala as instituigbes e convulsiona a sociedade.\. Ea Constitucdo co tagem. Andou, Imainou, inovou, ousou, viv. destroga fabus.tomow o partido dos que s6 se salvam pela le. A Constituigio duraré com a democracia es com a democracia sobrevivem para mudanga merece ser examinada, {4 que nao s6 motiva o estudo da peculiar \confundivel que & com aquela inaugurads fica, gramatical, sistematica) — te quatro acepgies a relagao de dependén: fundamento do itas’: a) acepcdo ontoldgica, pela qual hé verdadeira © principio e 0 que dele deriva (0 primeiro é 0 10}; b) acepgao légica, pela qual o principio funciona sucional — com: 15 proposigbes (seria ele 0 seu ponto de partida, dotado ‘pios fundamentals de cada Cons- 0 proposicoes (seri como também porque o estudo dos principios Fundam’ ne, pores de generalidade quando em comparacao com 0 dele surgido); ¢) acepcao tituigdo revela seu nécleo, donde oe ‘ronal6gica, no sentido de antecedente ¢ posterior (prs e posterus), e necessariamente, molda todo 0 censrio juridico sucesso temporal entre ambos; d) normativo, donde iz da norma posta, 0 seu fundamento de validade, de necesséria consonancia desta com aquele. ; jomam-se 05 principil como 05 pr= A importancia da acepgdo normativa dos Desde Aristételes, em sua Metafsia, tomam-se 05 P Rican iene sfundamentos do objeto estudado, como causas do devir’. Esse, contudo, cs a acepeao ldgica, é a que [ust ios fundamentos . : eee go diico sentido que se Ihesatribuiu, na filosofia, havendo sabidamen 3. 0s Principios e sua Relagdo com 0 Direito ios, que claramente se adamente tem merecido a0 detenca dos juristas e tem recentemente motivado reito Constitucional*. Pesquisas orientadas a ‘que aqui se estuda sdo responséveis pela preservagao e busca a forca normativa da Constituigao, contribuintes também de uma interpre Gres mos os ats aerials aes mismo mae tacio principiol6gica do ordenamento juridico nacional como um todo a Com efeito, ao se tratar de princi cipos€35 causes 8008 mas cognoe Com (doa tos coisas star cone "idico, ndo mais se esté a referit aos _ Leonel Vallando, da Lei de Introdugao a0 Cédigo Civil, de igungerf escrita; mas, antes se est areferir aos prnct matia por exceléncia do Diteto, elementos conta quer pelo legislador, quer pelo aplicador da ico no presente panorama ju icfpios gerais de direito” do art. 4, 12, como fonte sul ia a lei ios constitucionais, fonte pri- vets, porquanto &em razio deles e por cidas, ¢ ndo éles por meio do quel Potto Alegre: Globo, 1969).A respit. ‘ca cldssiea, no oe falava em fundamentoe sim em a0 caso concreto. aque ‘went, 0 de pont de partida de um movimen epee ‘Nero erate ors, Dono dele 4d, Buenos Aes ES Aina lena po exemple também consi es mane do ur. de an ie cel ue dvr se deiiarin Rule Moreo. nau fs? ed. Suenos Aes Ed Nolte gene que ela de incio twoncabegadosarimais) 01501 ang imenente da gg, 0 dua ac (0s pase reo sas Seombat) Asin nda qv a pla pode ser exp re aja ccna de movimento de Vansormalo Expressamente, Supt lair provindo do (0 retornar — "Hier muss ich ve wieder hinetzukommen"® also aus dem po: Enaltecendo os principios gerais de Direito, em relacdo ao direito jé positivado, destacam-se os ensinamentos de Et considerar seu curso de Direito Ci io Betti, sobretudo a se rado na Universidade de Roma, a seminal Interretazione dla legge € -mbora ainda tratando de principios de direito na seara privatista, esse estudioso assume que possulriam eles uma icade um critérioteleol6gico de inter pretagao. A respeito: “clertamente que ‘principios’ designa cual pone conceptualmente a acabamiento, a consecuencia que deriva y asi a norma completa y formulada, es el pensamiento, la idea germi- nal, el criterio de valoracién que le norma acta poniéndola en obra, median- mulaci6n. Lo que guatda relacién com el problema la norma, inspirando su matijuris,en sentido teleologico, ra el criterio de solucion”® préctico resuel en cuanto sumini Até esta parte logrou-se vislumbrar como a doutrina do direito privado desenvolveu a interpetacao do [dgica, permeando os textos k cando até mesmo lastro no direito natural, No entanto, com os ensinamentos de Josef Esser, professor de Tubingen nos idos de 1956 e sua obra Gnundsatz und Norm in der rcitrlichen Fortbilgund des Privatrechis™, a tratativa dos prinefpios 1ndio mais como do direito, mas sim da Constituigao, comeca a ser delineada com maior densidade Ao reiterar as criticas a pretensa completude do direito positivado, en- sina 0 autor alemao que é a jurisprudéncia quem “cria’ o ditelto; e o faz me- diante “decisdes segundo formando-se assim uma verdadeira isprudeéncia de princfpios’ \raduxida para o espanhol sob o tiulo inerpreacién de a ey de los actos juridis irad € prologo de José Lulz de los Moos, Madd Rewsta de Derecho Privat, 1975). Para que secon firme, em curtas linhas, 0 que se vem a afrmat,atente-se para pedprio autor ds ls. 9, 1166 125 daobra poy norma ena labora juice dre fpios, até ent&o no escritos, em principios positivos, procedimento pelo ual: a) reconhece-se, fitmemente, a forca normativa de principios para as decisées judiciais a cada caso concreto; b|refuta-se o ensinamento de que o diteito positivo necessariamente contém, in germen, os principios que sdo pela decisao exarados, Isto é:nega-se que 0s principios sejam simplesmente “des- cobertos” do sistema lectica juridica, en el otorgar 2 lo positivo el nimbo de lo lgico, no hd hecho outra cosa hasta ahora que enmascarar la funcién de los principios™. Assim ensinando, aber- tamente assume o autor a possibilidade de riscos ao dogma da seguranga iuridica, mas prefere aqueles, em detrimento da mantenga de tal conceito, pois privilegia a adaptacao a vida concreta, mutavel, em nitida postura asse- melhada 20 direito da “common law’ Merece ainda realce a segui iGao do autor, que id significa uma apro- ximacdo com o ponto de vista hoje consolidado: "Esta questién no es uno de tantos seudoproblemas insolubles entre las posiciones jusnaturalistas y po- sitivistas, sino que es susceptible de una contestacién en todo punto realista, si en lugar de precipitarnos a dar una respuesta unitaria y prematura empe- zamos por establecer las pertinentes dis capciosa ‘Todo principio es derecho positive der del mbito en que hé sido positivizado. Pues de aqui deducirfan unos que lo importante es saber si ha sido formulado en alguna parte, en Gitmo extremo texto constitucional, mientras que ottos sélo considerarfan como posi- ién su expresién pormenorizada en una norma o institucién creada por isprudencia. Ambas actitudes son falsas. Los i0s no es- critos son los més fuertes, aun en el campo de lo positive. Donde més evi- dente es esto, es en materia constitucional, donde vemios a cada paso como siguiente, también en el derecho constitucional existem principios no escritos vlidos, pues son presupuestos positives y necesarios de aquél. Las bases de la organizacién de una determinada forma estatal son ‘derecho constitucional no escrito’, es mas, por lo regular representan ‘normas constitucionales de rango superior, que pueden convertiren ‘anticonstitucionales' a otras dispo- siciones secundarias. Justamente el concepto ‘material’ de constitucién des ‘cansa en la admisién de semejantes principios inmanentes y obligatorios” Culmina esse autor em esclarecer, com Goldschmidt: “un derecho sin princt pios no puede haber existido jamés”. Com Karl Larenz, o entendimento da ciéncia to, sem pendor para o jusnatui maior precisao. * haver ganhado, enfimn, sua maior mais fortificar a ideia de uma doutt para qualquer andi ica una materia que leera dada, yaconsista ésta ‘ova en las concepciones dominantes dela clase social evenctuaimente directora, Toda funda de dca de derecho, elenca 0 que nomeia de principios do. fato de serem tais, gozam de plena vigéncia norm: de ionais avultam em magnitude e também em abrangéncia, Os préprios principios constitucionais, atente-se, so damentais ao sistema juridico e, segundo Larenz, exerceriam uma funcao de bloqueio, na exata medida em que: “cuando un ordenamiento, como ocurre com el nuestro, ha elevado determinados principios al rango consti basta que se compruebe que una norma es inconciliable con tales para que haya que rechazar su validez™. de un Derecho posi da en el tiempo como las nes, aunque el comienzo de la ‘encla no pueda siempre fijarse en un momento temporal determinado con pt ‘curte con las reglas del Derecho consuetudinario, y tienen vigencla en 1o-fundameatosde tea juridica Dies Picaso, Madrid Civitas, 1992, p.195) ” Dao just, p. 30. Hole, contuda, esee entendimento, que & época prSpria signiicou grande aranco, jd se enconta suplantado, pois a anise dos principlos constitucionals,hodiemamente, tional, 1, compariha-se da visa isaueete Dresipoe «subminso ~eigel ate do aio, xo descumpa ~ de gowenador¢ foremanie alt see oft da braids pores ible conse se com Gio et, Conatno eer, We posed do por Fescinscene rlo fe mod tie do cir de oma poten simplexmere pnt seu comandes em usar consequences int 204205) lade interpret ana Ainda, plenamente apto a denotar a superago entre o jusnaturalismo ‘eo juspositivismo, bem comoa culmindncia normativa de um principio cons- titucional, consagra o artigo 20, Ill, da Lei Fundamental de Bonn: “art. 20: cia; (3): ‘0 poder legislativo est cobedecer 1a a possibilidade de donde, a partirda doutrina que vem a ser mente pata o Direito, e nao necessariamente para a Lei. Por isso, vema icdo de Larenz: “nessa formula expressa-se que ‘lei’ ¢ ‘diteito’ no s8o por certo coisas opostas, mas ao di ‘esponde, em comparagdo com a um contetido suplementar de sentido” Formulou, também, Larenz, uma dentre os quais ndo se excluem os consti iam a motivacao da lei, guias para a legiferacéo, situando- -se numa etapa primeira, na concretizagéo dos dizeres constitucionais, tals como a autodeterminacao, a busca pela plena igualdade; ja os segundos, ‘gozando de maior concretude, incidiriam imediatamente, conforme as situa (es faticas, tais quais © noa bis i idem; nulla poena sine lege”. ipo da separacao de poderese ‘sua formulagSo na Le! Fundamental, no sentido de que a admit {dale e a0 Diteto. Com isso recusa-se, segundo a opi ‘A formula mantém a consiglo de a de sentido e que pode operar como correctivo da lei escrita;aché-lo © <étarefa da jurisprudéncla”[BvefGE. 34, 269,287. \n Karl, Larenz, Metal, cit ls. 923). O mes ro na dissertagio de mestrado de Oscar Viena ‘Weia, Supromo Tuna Fedral ca, 2 ed, $30 Paulo: Malheiros, 2002, Confira: “se. ainda, Luis Alonso Heck, © Tunal Cnsttconl Federale dsomolinento dos princes costae ions, Porto Alegre: SAFE, 19, fs, 209-210. tao presente texto a andlise minudente dessa classifcacio. A respeit, ver Mase de Carlos Eduardo Lopez Rodrigue, Intute __s2legio, tradugoe intredugao de Pedro Cruz Villalon, 2. ed, Madrid, Cnt de Estudos Co Deste modo, logrou-se sustentar que o norte de qualquer interpretacao ica ndo pode mais simplesmente ater-se as classicas tendén- istas ou jusnaturalistas; quer porque a assungdo acabada de totalmente os valores trazidos pela antag6nica, como principalmente porque sequer ha de ser essa a metodologia a ser adotada. mples e isoladamente, em sis- constitucional que se entende razodvel, visando, ao final, assentar as razSes da defesa intransigente da forga normativa dos pr 's fundamentals cons- tantes da Constituigao brasileira, com destaque para a dignidade da pessoa humana, 5. A Atual Hermenéutica Constitucional: a Concretizagio Foi a partir das ligGes de Konrad Hesse, juiz do Tribunal Constitucional da Reptblica Alema, professor dentre outros de Friedrich Muller na Univer dade de Freiburg, que surgiu a nogao de concretizagao das normas con: ionais. Assim, 0 ditame hoje consagrado de que: “interpretacdo constitucio- nal € concr Konkretizierung’). Exatamente aquilo que, como contetido da Constituiga0, ainda nao € univoco, 6 0 que deve ser determina- do mediante a incluso da realidade a ser ordenada. Assim, interpretagao tem caréter ctiador: 0 contetido da norma sé se tora completo com sua inter tagdo; aatividade interpretativa permanece vinculada norma. Nas palavras de seu seguidor, Gomes Canotilho, a ideia de concretizacdo, primeiramente esbocada por Konrad Hesse, pode ser assim explicada: “proceso de densifi- cagio de regras e principios constitucionais, A concretizacéio das normas constitucionais implica um processo que vai do texto da norma (do seu enun- ado) para uma norma completa — norma juridica — que, por sua vez, sera apenas um resultado intermédio, pois sé com a descoberta da norma de decisdo para a solugao dos casos juridico-constitucionais teremos o resulta- do final da concretizacdo. Essa ‘concretizacao normativa’ é, pois, um trabalho técnico-juridico: &, no fundo, o lado ‘técnico’ do procedimento estruturante Elements dedrtoconsttconal da Rapala Fedenati da Aonants, trad. Luis Monso Heck, Porto ‘Alegre: SAFE, 1998, . 61. Ha também as mesmas passagens na obra Eis de derch consttcona onal, 1992, 40-41 au dda normatividade. A concretizagao, como se vé, nao é igual a interpretagio do texto da norma; é, sim, a construgo de uma norma jurtdica Desde logo, bastante claro parece que tanto a compreenso da norma constitucional como a sua final concretizagéo somente ocortem em face de problemas concretos, E dizer: o intérprete deve relacionar a norma que se pretenda aplicdvel ao proprio problema posto, ou, novamente com Hesse: “N80 existe interpretagao constitucional desvinculada de problemas concretos”*. ideia de normas propositad: icamente todas as hipstese: ser, pois, mais que nenhuma outra lei, & da Constituigo que, com primazia, se exige perenidade, ductibilidade, para fazer face 8s mudangas socials e as em cada sociedade. E isso porque a obsolescéncia da norma cons- J se mene substrato de qualquer ordem juridica, Por conta dessa! cipalmente, chegou Friedrich Muller a averbar que os m \acBo (Auslgung) concebidos por Sevigny néo se amoldam ao Direito ional; e, em nenhuma hipétese, ao direito pablico, ndo passando de um” mal-entendido” o pretenso encaixe daquela metodologia nessa seara"” es da Constituigao ndo so nem completas nem itude da Constituigo pode ter a sva razdo nisto, que no € necesséria uma regulacao juridico-constitucional. A Constituigdo no codiica, sendo ela regula somente —muitas vezes, mais pontual e s6em determinagao; todo o resto é tacitamente pressuposto ou deixado a cargo da configuracdo ou concretizacao pela ordem juridica restante. Por causa disto, da Lei Fundamental da Ropablica Federal da Alemanha, Porto Alegre: Sintese, 1999, , 33-39 lz @ Constituicao de antemao no propoe a pretenszo de uma auséncia de la- cunas ou até de unidade sistematica". A ideia, et textos const iais significa que devam eles ser, em verdade, abertos ao tempo, Nesse mesmo sentido, as modetnas Constituigées impdem-se verdadel- Tamente como ordens moralmente imperativas, consubstanciam elas o refe- }es se plasmam os valores, principios e regras que se entendeu coletivamente serem prevalentes. Por tais previsdes, as Constituigdes séo, nas palavtas de Hesse, ‘a prdpria ordem juridica da comunidade’ Por se construir dessa maneira a atual metodologia da norma constitu cional, é que modernamente se tem distinguido, a partir da seminal obra de Friedrich Muller, entre o programa (Normprogranm) e 0 ambito da norma (Normerch, aiados ambos aos fatos que vém a justiicar ov néo sua inci- déncia, Assim, nas palavras do autor: °O texto da norma nao ‘contém’ @ nor- matividade ea sua estrutura mat © autor, hipcteses em que, conscientemente, 's quais a parte econdmica da Consttuiio, as atvidades de pat ‘quer ordenar.¢ evident e calculvel de antemo”( ‘aemplo, a5 previsbes da Lei 9709, de 18-11-1998, acerca dos do plebscto, "2 popular a Lei n, 9.096, de 19-9-1995, acerca dos partidos politicos: a Let n, 10.257, de 10-7-2001 reulamentando os arts, 182 e 183. Carta “ Constitucién y derecho consttucional, in Manual de derecho canstitucional (coautoria com rst Benda; Werner Maihofer. Hans-lochen Vogel: Wolfgang Heyde, traducio eapresentacio de Antonio Lépes Pina, Madrid: Instituto Vasco de Administacién Publica Marcial Pons Ediciones Jurdicas y Sociales, 1996). fs. 5. Sobre sere movalmente rtas, vem “Este no constitaye un fin fens mismo, no se rata de ordenar por ordenar lo importante es el contenido de dicho ordena Imiento: debe ser el moralmente te Ms. 40). Poder ser lembrados como teal margen del pensamientoy a accién humanos.Igvalmer Inustiicado resutaremitiese aun positivism escéptco, para el que alguno, Derecho es cualquier regulacién que haya sido detinida como ‘ompetentes | La funcindiretiede la Cons bie todo, en los derechos fundamentales — dotarls de fuerza vinculante para tod el Imentojurdico, Por su parte, esta Constitucin contribuye, sea como eslabén de union, a garantizar a existencia de un ordenamien aia lidades legitimas e legais da concret nada do direito no amago do seu quadro. Conc icos em textos de normas do possuem ‘significado’, enunciados ndo possuem ‘sentido’ segundo a o olhar se izador ativo' do ‘destinatério' e com isso a ‘di buicgo funcional dos papéis’ que, gracas a ordem juridico-positiva do orde- namento juridico e constitucional, foi institufda para a tarefa da concretizag3o igao € do ica, enfim, a teoria de Muller, um adensamento da concretizagao proposta por Hesse, na medida em que, partindo-se do “programa da norma’, a final concretizacao da norma constitucional: “o Ambito da norma é um fator coconstitutivo da normatividade. Ele ndo é uma soma de fatos, mas um nexo formulado em termos de possibilidade real de elementos est idade social na perspectiva seletiva e valor e concretizacao que as- também a uma raion aco da norma dependa, em larga medida, daa “quanto mais uma norma é abera,carecendo, por conseguinte, de concretizacio posterior ‘dos degios eel Por se a importancia da analise do dominio 1 e move numa escala cvjos inagdo maxima do texto da norma nos casos de preceitos em que o imperat forte (xs. praes,definigbes, rnrmas de organizagao de competénca) acontece nos pracetos que reenviam para elementos no ‘ou que contém ‘conesitos ho das desigualdades de riquezae de ren- fecepgio dessa teonia no 44 Por tal percurso, concretizando-se a norma constitucional, advém a normatividade. Assim, claro resta que a “notmatividade” nao est no texto em si, mas no resultado da jungao entre seu teor abstrato e sua aplicagao a rea- idade escolhida, culminando pela formulaggo de uma “norma de decisto™ Somente mediante a juncao entre o “programa da norma’, como ordem j dica, € 0 “Ambit da norma’, como a realidade normatizada, extrai-se sua concretude. Em virtude das caract cchamada concretizaydo de suas normas — sobretudo pela densidade, genet dade e carga material contidas em textos constitucionais, 6. Os Principios, os Valores e as Regras Para que se atinja maior clareza na compreensdo dos principios consti- tucionais fundamentais, imprescindivel 6 o estudo das concepgdes de Ronald Dworkin e Robert Alexy, pioneiros que foram na tratativa dos principios. A partir de seu Taking Riots Seriously, publicado ainda nos idos de 1977", professor americano Ronald Dworkin, em critica ao que nomeou de “mode- lode regras", pontificou que a “norma” (norm), em sentido lato, alberga como, a essdncia da epg normat japassando os métodos: "Naumann; revsio de Paulo Bonavides € Alegre: SAFE, 1995, p. 28 * Consutou-se 16. ed.. Cambridge, Massachusets: Harvard University Press, 1997 415 cespécies tanto as "regras' (rules} quantoos ios" (principles) Isso porque, ‘em sua concep¢ao, com a qual se concorda, dentro do esquema das normas, a regra segue o sistema do “tudo-ou-nada’ (all or nothing fashion), sendo que a sua incidéncia ou no a cada caso concrete liga-se puramente a uma quest3o de vigéncia. Com isso, a incidéncia de uma dada regra ao caso concreto, por si, exclui a de outras, que ndo se amoldam perfeitamente aquela situag2o, Com 0s prinefpios, por outro lado, normas que também eles so, a dimensio 6 id de valor, de peso, donde a incidéncia de um deles nao necessariamente afasta a incidéncia de outro, Por tal diversidade, é que se solidifica a nogdo de que enquanto a con- vivéncia de regras é antindmica, a de principios é necessariamente conflitual enquanto as regras se autoexcluem, os principios coexistem; enquanto no modelo estrito das regras ha relagio de exclusdo total de uma, em face da incidéncia de uma outra, com os prinefpios ocorre algo diverso, pois que se configura um balanceamento, uma harmonizagao entre ambos, um jufzo de ponderagao™, De sua sorte, Robert Alexy, em seu Theorie der Grundrechte, ndo s6 como borou a ligdo de Dworkin, encarecendo 0 aspecto deontoldgico dos principios, como bastante contribuiu para @ diferenciagdo deles, em face dos valores. Assim, num primeito momento: “tanto las reglas como los principios son normas porque ambos dicen lo que debe ser. Ambos pueden ser formulados con la ayuda de las expresiones dednticas basicas del mandato, la pet yla prohibici6n. Los principios, al gual que las reglas, son razones pa concretos de deber ser, aun cuando sean razones de un tipo muy Las distincién entre reglas y principios es pues una distinci6n entre dos tipos de normas' Enfatizou ainda mencionado professor que. enquanto 0 conflito de regras deve ser resolvido por uma “cléusula de excecdo" — o que ¢ facilmen- igivel, com arrimo novamente em Dworkin, pois se imagina tal cléu- de rodape a. 24), > Traduzido para o espanhol, so 0 titulo Tora ds ders fundamentals, trad. Emesto Garé Valdez, Madrid Cent 416 sula facilmente como regra de espec da norma —, a colisao de prinefpios cia condicionada’, dependente exclusivamente do peso, da importancia maior ou menor de cada um dos principios em cote|o”. Ainda relacionando- 1s de \g30 da norma’. Quanto a distingao por ele sustentada, entre principio e valor, vem que se € certo que os princfpios possuem carga deontol6gica, no sentido de proi- bicdo,facultatividade ou permissao de condutas, os valores expressam somen- teum critério axiolégico, donde sao 0s dltimos passivels de anélise como algo métrico, 0 que no se d com os pr Assim, a Constituicio br. boa", ou a Constituigdo € “melhor do que a que tinhamos" o valor, diferente- mente dos principios, em conclusao, pode ser neutro, positive ou nega ntetiza-se: “la diferencia entre principiosy valores se reduce ast 2 un punto. Lo que en el modelo de los valores es prima face el mejor es, en modelo de los principios, prima facie debido; y lo que en el modelo de los va- amente lo mejor es, en el modelo de los principios, defi .92. Nas palavias de Ana Paula de Barellos, nesse ponto. 0 que im- \dade soca de cada um dos princpios em colo (A fara ‘Assim: “como la aplcacion de prncpios valids, cvando son aplicables, std ordenada y como para la aplicacion en el caso de ealsin se requiere una ponderacin, el carécter de p eles normas lusfundamentales implica que. cuando entran en clisién con principios opuestos, ‘ts ordenada una ponderaci6n. Pero, eso 8 sentido esricto es deducible del cardcter de p ari des drs Alexyestabelece intima conexio com a mésima de proporcionalidade também por “razoabilidade” ver, a respeto, Luts Roberto Barroso, Intra io de las notmas de derecho fundamental - P.94). No desenvolvimento da andlise dae normas la, con sus tres maximas parcales de la adequaciin,necesidad (postulado del ‘medio mis benigno) de la proporcionalidad en sentido est ‘rpiamente dicho) se infer Igicamente del carter dep (Mord bs ders, cit, 112 Ainda acerca da andlise dos valores. especificamente © texto de 1988, vela-se a erica io de 1988, Revita de Informagdo Lupsnina do Senado Federal n 109, rasa, 1991 I, Ve também o pardgrafo Unico"; colisao interna do proprio art. 58, X* Percebe-se, sem qualquer dificuldade, pautada por seus principios € det implementar ao Direito Constitucional decisdes assim carreadas. se porventura se defrontarem com notmas consti tucionais aparentemente antinémicas, ou prestigiadoras de resolugbes anta- gonicas, tém seu lastro mais seguro no cume do texto, em seu primeiro t vamente debido. Ast, pues. I los valores se diferencian sélo en virtud de su cardcter deontolégico y axiolégico™, Aponte-se, ainda, com fulcro nessa disting4o, que, por meto dos estudos sobretudo de Ronald Dworkin, parece haver se solidificado definitivamente a rnogdo de que, nos casos de vagueza da lei, de conceitos indeterminados, de ncia de normas de igual tularmente em quest6es cons- no se soluciona a questo com sim com supedéneo nos pri exemplos de colisdo entre o art, 5°, 1V, com 0 58, X; 0 art. 58 XXII, com 05 arts, 182 € 191%; 0 art. 5°, XXIV, com os arts. 182 e 184%; o art. 5%, LXVII, com 0 mesmo artigo, em seus §§ Ie 2%; o art. 170, caput com seus, Roberto Grau, em seu 0 ira puto eo dete presupesio (2. ed. S80 istingo, prefere, sequindo Habermas, tratar de nem permanecerinsensivel ante a exigéncia de presev ie desses pressupostos e ordem arlologica que devem norteare condicionar, enquarto referencias de compuls6ria bsensncla atividade estatal de regulamentagSo e de controle das péticas econémicas |)" rgumentou naquela oportunidade:.. Portanto, embora um dos fundamentos da 4 todos existéncia digna, em Din 319-DE. Revita Timasta de uriprdin. * Tatouse, aqui, de decisto proterda recentemente (em 21-2-2002) pelo Supremo Tribunal Federal, quando da apreciacdo da Reclamagio n. 2.040-DF. no rumoroso “Caso Gloria Trew Estando essa cantora mericana custodiada, no aguardo do término de seu procedimento de ‘como o determinant & solugdo da questo ali susitada. A respel 1 Mls, 259-246, {a doesclarecimento da verdade quanto’ partiipacio dos pl senal,levando em conta ainda, que o exame de DNA aconteceré se fisia da extradtanda ou de seu “© Por fim, em adendo’d focada por Flavia Plovesan i is fundamentais. Inegavel, assim, seu imo papel como norte para a compreensao da teleologia consti- principios e as regras encontra-se somente na gene! em relacao & concretude das dltimas”. Ora, esse Direito Constitucional brasileiro, quer porque jd se comprovou facilmente sua -ago de anélise, pelo que nesse t6pico se demonstrou, quer pela natu- re2a mesma da norma constitucional, genérica por exceléncia—chame-se de regra ou de principio -, pois € nutrida do escopo de perenidade e abrangéncia, Repisando: a Constituicao é repleta de normas propositalmente abertas, que nao descem a minticlas, e nem por isso se Ihe retiraa vis normativa que detém, Acoeréncia argumentativa, ao lado da intransigente defesa da normatividade e supremacia da Constituico como um todo, se tome, a partir da “concepgio fraca dos principios", como nao impositivos, justamente os comandos que foram 0 norte da prdpria Constituigao Federal; (05 que so reconhecidos pelo proprio texto como fundamentais, se, ainda, que hd do Ditelto Constitucional, conforme se fami contemporaneo, com as distingdes aqui estudadas*, Com efeito, de posse dessas nogies, hd de se concluir que “afirmar que principio constitucional & norma imper Imposto coativamente pela ordem jul mente, como se passa com as demais normas j 130 se realize espontanea- idicas™. ia, que a toma por concepgiofraca dos prncios ima por Dworkin, Alex C= Tal ascussao €lembrad por Elson siglo 8 “concepo forte dos principios’. adotada 05 — entre eles. os constituconais por exceléncia —. a despeito de sua genera ineterminacdo quanto aos efeitos e melos para atng-lo, possuem necessaiamente um "nce bsico determinado”.E, nessa esfera, segundo a opine da autora. chegam eles mesmos ase assemelhar &s proprias regras,¢ © consecrio légico do “tudo-ou-nada’. A partir do ndceo, € {quea indeterminacao e generalidade avultam-se, equ passa entdo avaler a rexsapropriamen- fs constituclonals fundamentals — com pyivilégo indsfrcado 1 neleo basco dos prin 420 7. 0 Principio Constitucional Fundamental da Dignidade da Pessoa Hu- mana Se, noatual cendrio do Direito Constitucional ocidental, pode-se depre- ‘ender que a hermenéutica que mais contribui para a efetividade das Consti- tuigdes € aquela qui legia e potencializa a forga normativa de seus princfpios fundamentais (a serem levados em conta desde o prim bre da norma abstrata até 0 momento da decisao dos casos concretos estd o pri ga mesmoa transcender o: tado neste texto, a respeito da evolugao do: jurfdicos* assen- iarelacionada aos prinetpios icionalista surgida ap6s a Segunda Guerra ‘Mundial, passa o iclonal, por suas caracte tadas, a tutelar esse valor absoluto, na forma de princi e330 hur na — 6a prdpria ponderagio que especialmente o da dignidade da pessoa Com todas as ‘Cérmen Lucia Antunes Rocha (0 pri da domiade da pss mana ca xsi sea texto mimeogratado, em paestraproferida na XVllConferéncia Nacicnal da Order dos Advogads do Brasil, Rio de lane! 9) “Dignidade & 0 pressuposto da ela de justiga human, porque ela é que dita a condigo superior do homem como sede le mereclmento pessoal ou socal por merect-1a, pois ela 6 inerente vida e, nessa contingén is, para a mesma autora, a dignidade humana consubs- incipiomatizdo con tanciaverdadeiro “supe nalsmo contempornes' ‘onso da Iva em seu Par © Ver Ana Paula de Barcelos. A fia jai, a pessoa humana como um valor abs Kant. Assim, aquelerelativo atibui ‘lente; o que € relat existe apenas como melo, esubmete-se a um “prego de mercado 140 ‘lor absoluto, 6 esse é que poss “dgnidade” (Wand), na medida em que supera qualquer reg, inadmite substituigio, 6 um fim em sip. 146) 42 Trata-se, o principio em tela, pela prevaléncia que Ihe concedem os ordena- mentos constitucionais que vem sendo estudados, de verdadeiro principio fundamental da ordem juridica”. Por tamanha envergadura, afirma-se, no entendimento mais engajado com a ordem constitucional implantada, que “principio constitucional que é, © respeito a dignidade da pessoa humana obriga irrestrita e incontornavel- mente o Estado, seus dirigentes e todos os atores da cena politica governa- ‘mental, pelo que tudo que o conti icamente nulo™*.J4, no ambito estritamente constitucional, “nenhum principio € mais valioso para compen- diar a unidade material da Constituico que © principio da dignidade da pessoa humana”. A positivagio dessa esfera de intangibilidade ética, que se consubstan- cia na dignidade da pessoa humana, como caracterfstica imanente ao ser humano e sua racionalidade, segundo a quase unanimidade da doutrina, deu-se inauguralmente com a GrundGesetz de 1949". E, sobre aquele docu- ‘mento normativo hist6rico, o entendimento que evidentemente se construiu em favor de sua incondicionalidade, de sua culminancia como norma impo- sitiva, deve valer para a Carta brasileira, moldada naquele modelo, conforme 6 i cedigo. Por conta disso, to impre: | quanto a colagao das de Konrad Hesse nesse aspecto, é seu acatamento para 0 cenéi -constitucional que — inauguralment de entrada da Lei Fundamental normaliza 0 e, na maneira da sua realizaco, indispon violabilidade da dignidade do homem e a obrigacao de todo o poder estatal “ Ana Paula de Barcellos. A efi ura, cit. p. 206, De sua sorte afitma José Alonso da Silva “do ¢ apenas um principio da ordem rnémicae cultural, Daf sua nat nal (A fcr p14) sistema constitucional hé de ser, portanto, maxima, e 4 howwer teconhecidamente um principio supremo no itono da hieraraula das normas, esse princfpio ndo deve ser outro sendo aquele em {que todos 0 angulos éicos da personalidade se achamn consubstanciados" (p. 233), " Com efeto,todes os autores aqui estudados isso afimam com seguranga,dexcegio de Edin Pereira de Farias, que parece entender como testo inaugural a posit p51) tal mandamento a Cons- 422 ula legitimidade, apés um periodo de inumanidade e sob o signo da ameaca atual ¢ latente a ‘dignidade do homem’, est no respeito e na protegio da humanidade, A imagem do homem, da qual a Lei Fundamental parte no arti- {90 18, ndo deve, nisso, nem individual nem col ou dada outa interpretagio. Para a ordem con: ohomem no é nem particula isolada, individuo despojado de suas limitagoes hist6ricas, nem sem realidade da ‘massa’ moderna, Ele é entendido, antes, como ‘pessoa’: de valor prop mento, mas também simul ménio e familia, igrejas, grupos socials e politicos, das sociedades politicas, ‘nao em ultimo lugar, também do Estado, com isso, situado nas relacoes inter -humanas mais diversas, por essas relagdes em sua individu; essencialmente moldado, mas também chamado a coconfiguré mente convivéncia humana. Somente assim, entendido nao s6 como barteita ou obrigagao de protegéo do poder estatal, 0 contetido do artigo I¢ da Lei fundamental e os direitos do homem, dos quais 0 povo alemdo por causa deste contetido, ‘como base de cada comunidade humana, declara-se parti- dério (artigo 19, alinea 2, da Lei Fundamen e autodeterminagao, sobre a ordem constituida, pela Lei Fundament da vida estatal deve assentar-se™ Como se tem percebido, para além de se configurar em pi itucional fundamental, a dignidade da pessoa humana possui um guid que a individualiza de todas as demais normas dos ordenamentos aqui estudados, dentre eles 0 brasileiro. Assim, deitando seus prdprios fundamentos no ser humano em si mesmo, como ente final, endo como meio", em reagdo a su- ccesso de horrores praticados pelo prdprio ser humano, lastreado no préprio TS HESSE. Konrad, Eemonts, ct, p. 108-111, A mesma ttilha seguiu a Carta Portuguesa | se vie aqui, sendo que, para aquele contexto,veja-se Canotilho [Dirt costituina, cit, p. 221): em relerencla & Carta de Espanta e seus dispositivos também nesse estudo[é referenciades, con salte-e Francisco Fernandes Segado, El sistema consttucional espaol in Las stoma as trsamerans, Garcia Belaunde, émandee Segado e Hernande2 Valle (orgaizador Eaitoral Dykinson, 1992 essa, expressamente, a dovtrina de Kant, apontada por por Carme reforca a necessdria doutrina da forga normativa dos principios constitucionais fundamentais, A dignidade humana simboliza, deste modo, um verdadelto superpr 8. Conclusées Conclui-se, por conta do estagio em que se encontra o constitucionalis- ransformagies experimentadas pelo 1, destacando-se nesse con- se estudar e aplicar 0 Direito Constitucional sem que se confira prevaléncia 2 tOnica principiologica que este detém, com especial realce ao principio da dignidade humana — principio que nutre todo o sistema j [esse sentido, hd que se ater aos comandos constitucionais consagrados nos arts, 18 20 4° da Carta de 1988, com nitida prevaléncia para o postulado da

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