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FÍSICA GERAL

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INTRODUÇÃO

Prezado aluno,

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora
que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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SUMÁRIO

1 MOVIMENTO E REPOUSO ................................................................................. 9

1.1 Movimento...................................................................................................... 9

1.2 Unidades de medida .................................................................................... 10

2 VELOCIDADE E ACELERAÇÃO MÉDIAS ......................................................... 11

2.1 Variação espacial e temporal ....................................................................... 12

2.2 Aceleração ................................................................................................... 13

3 EQUAÇÃO DO MOVIMENTO ............................................................................ 15

4 O CÁLCULO DIFERENCIAL E A EQUAÇÃO DE MOVIMENTO ........................ 18

5 CONSERVAÇÃO DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO (MOMENTO)............... 22

6 LEIS DE NEWTON – PARTE I ........................................................................... 26

7 LEI DE NEWTON – PARTE II............................................................................. 29

8 LEIS DE NEWTON - APLICAÇÃO ..................................................................... 32

9 A FORÇA PESO ................................................................................................. 35

9.1 A aceleração gravitacional ........................................................................... 36

10 FORÇAS ATUANDO SOBRE UM CORPO ..................................................... 38

10.1 Força motriz e atrito .................................................................................. 39

11 FORÇAS SOBRE UM PLANO INCLINADO .................................................... 42

12 GEOCENTRISMO E HELIOCENTRISMO ...................................................... 46

12.1 Heliocentrismo no final da Idade Média .................................................... 47

13 GRAVITAÇÃO ................................................................................................. 50

13.1 Evolução das ideias .................................................................................. 51

14 ENERGIA ........................................................................................................ 53

14.1 Tipos de Energia ....................................................................................... 53

14.2 Trabalho .................................................................................................... 55

15 ENERGIA CINÉTICA....................................................................................... 56

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15.1 Energia e Trabalho ................................................................................... 56

16 CALOR E SUA PROPAGAÇÃO ...................................................................... 59

16.1 Uma análise microscópica ........................................................................ 59

16.2 Evitando a transmissão de calor ............................................................... 62

17 A EVAPORAÇÃO ............................................................................................ 63

17.1 O fenômeno microscópico ........................................................................ 64

18 DILATAÇÃO TÉRMICA ................................................................................... 66

19 DILATAÇÃO VOLUMÉTRICA DE SÓLIDOS E DE LÍQUIDOS ....................... 69

19.1 Dilatação dos líquidos ............................................................................... 71

20 ONDAS ............................................................................................................ 72

20.1 Algumas Características ........................................................................... 73

20.2 Outras Características .............................................................................. 74

20.3 Ondas estacionárias ................................................................................. 75

21 O SOM ............................................................................................................ 76

21.1 A produção do som ................................................................................... 77

21.2 A propagação............................................................................................ 77

21.3 A percepção .............................................................................................. 78

22 A LUZ .............................................................................................................. 78

22.1 Natureza da Luz........................................................................................ 78

22.2 Propagação retilínea da luz ...................................................................... 79

22.3 Raio de luz ................................................................................................ 80

22.4 Fonte de luz .............................................................................................. 81

22.5 Refração da Luz........................................................................................ 82

22.6 Absorção da Luz ....................................................................................... 83

23 AS CORES ...................................................................................................... 83

23.1 Interação da luz com os objetos ............................................................... 84

23.2 Subtração de cores ................................................................................... 85

7
23.3 Adição de cores ........................................................................................ 86

24 MATÉRIA E CARGA ELÉTRICA ..................................................................... 87

24.1 Cargas elétricas ........................................................................................ 88

24.2 Condutores e Isolantes ............................................................................. 90

25 FORÇA ELÉTRICA ......................................................................................... 90

25.1 Campo elétrico .......................................................................................... 93

26 APARELHOS ELÉTRICOS E SUAS CARACTERÍSTICAS ............................. 95

26.1 Corrente Elétrica ....................................................................................... 95

26.2 Aplicação .................................................................................................. 96

27 OUTRAS CARACTERÍSTICAS DOS APARELHOS ELÉTRICOS .................. 97

27.1 Energia potencial elétrica .......................................................................... 97

27.2 Potencial elétrico ....................................................................................... 98

27.3 Potência .................................................................................................... 99

27.4 Frequência ................................................................................................ 99

28 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 100

BIBLIOGRAFIA BÁSICA ......................................................................................... 100

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1 MOVIMENTO E REPOUSO

A velocidade é algo do nosso cotidiano. Todos os dias vemos e andamos em


veículos que têm sua velocidade marcada constantemente. Todos os veículos
automotivos informam a velocidade em que se encontram no momento em que se
movimentam. Além disso, vemos pelas ruas placas de trânsito com indicação da
velocidade máxima que devemos percorrer.

Fonte: estudopratico.com.br

1.1 Movimento

O movimento é tão comum quanto à velocidade. Entretanto, é preciso defini-


lo muito bem. Para fazê-lo vejamos um exemplo.
O jovem Teobaldo está indo para a escola. Como mora longe da escola, ele
vai de ônibus. Ainda bem que ele vai sempre sentado, pois é um dos primeiros a pegar
o ônibus. Enquanto está andando, ele olha para as outras pessoas no ônibus, que
também estão sentadas e se pergunta o seguinte: “Será que as demais pessoas do
ônibus estão em repouso ou em movimento? ”.
Ele foi à escola a fim de assistir à aula de Física para tentar esclarecer sua
dúvida.
Antes de respondermos à dúvida de Teobaldo, vamos definir o que é
movimento.

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Um corpo está em movimento quando sua distância a um referencial está
mudando. Assim, só poderemos responder à pergunta de Teobaldo se escolhermos
um referencial.
Podemos dizer que as pessoas no ônibus estão em movimento, ou que em
repouso, dependendo do referencial que escolhermos. Por exemplo, se Joãozinho for
o referencial, as demais pessoas estarão em repouso, pois a distância entre
Joãozinho e cada uma das pessoas não varia, ou seja, é sempre a mesma. Entretanto,
se o nosso referencial for o Zezinho, que está em pé no ponto de ônibus, diremos que
as pessoas do ônibus estão em movimento, pois, como o ônibus está andando, a
distância entre Zezinho e as pessoas do ônibus varia.
O movimento sempre depende de um referencial. O Zezinho, que ainda está
esperando o ônibus, está em repouso em relação ao solo. Mas em relação ao sol? A
Terra está em movimento, e, além da Terra, o sol também está em movimento. A
nossa galáxia está em movimento. Portanto, não existe um referencial absoluto.
Vemos assim que o movimento sempre depende de um referencial. Da
mesma forma, veremos que a velocidade também depende de um referencial.
Vários pesquisadores, como o próprio Isaac Newton, fizeram muitas deduções
de Leis Físicas considerando a existência de um espaço absoluto, ou seja, de um
referencial absoluto. Entretanto, este ponto de vista acabou sendo abandonado,
principalmente, com a evolução da Física e um conhecimento um pouco mais
aprofundado do nosso Universo.

1.2 Unidades de medida

Quando estamos andando de carro, costumamos medir a velocidade em


quilômetros por hora, mas quando vemos algum esporte (corrida de 100 m, natação...)
muitas vezes é comum utilizarmos metros por segundo.
Em outros países, muitas vezes são utilizadas outras unidades de medida.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a distância costuma ser medida em milhas,
pés ou polegadas. Nós costumamos usar o metro como unidade de medida de
distância. Além do metro, usamos as suas variantes que são: quilômetro (1000 m),
centímetro (0,01 m) e milímetro (0,001 m).
Em Física é comum usarmos as unidades do Sistema Internacional (SI).

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Neste sistema a distância é medida em metros e o tempo em segundos. Ou
seja, estamos em vantagem em relação aos norte-americanos, pois eles são
obrigados a usar o nosso sistema de unidades.
Tanto o conceito de velocidade quanto o de aceleração são muito conhecidos
por todos nós. Quando andamos em algum veículo, ou mesmo a pé, costumamos
medir a nossa velocidade. Estes conceitos são tão comuns a todos nós que é difícil
determinar quando é que eles surgiram.
Entretanto, uma boa medição da velocidade e da aceleração são mais
recentes. Galileu Galilei (1564 – 1642) foi o primeiro a medir a aceleração de um corpo
caindo. Mas já se sabia que a velocidade de um corpo caindo aumentava. Além disso,
já se sabia tratar matematicamente os problemas que envolvessem velocidade e
aceleração.

2 VELOCIDADE E ACELERAÇÃO MÉDIAS

A velocidade serve para medir se estamos muito rápido ou muito devagar. Ela
mede a distância que percorremos num certo intervalo de tempo. Por exemplo:
quantos quilômetros percorremos em uma hora, ou quantos metros nos deslocamos
em um segundo.

Fonte:aulas-fisica-quimica.com

Qual carro está mais rápido: um que está a 25 m/s ou outro que corre a 72
km/h?
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Para respondermos a esta pergunta precisaremos deixar ambas as
velocidades no mesmo sistema de unidades. Neste caso deixaremos ambas em
metros por segundo.
Sabemos que um quilômetro é o mesmo que 1.000 metros, que uma hora
corresponde a 60 minutos e cada minuto possui 60 segundos. Assim, em uma hora
temos 60x60 segundos = 3600 segundos.
Logo, a velocidade de 72 km/h será:

v = 72 km = 72.000 m = 20 m / s
1h 3600 s

Portanto, o carro a 25 m/s está mais rápido do que o outro carro a 72 km/h.
Agora vamos tratar de conversão de unidades. É muito comum termos de
mudar as unidades de uma velocidade. Se quisermos, por exemplo, comparar a
velocidade de um atleta (medida em metros por segundo) com a velocidade de um
carro (medida em quilômetros por hora), temos de converter a velocidade de um deles
para a mesma unidade do outro. Vamos tratar de um problema assim.
Um atleta olímpico corre a prova de 100 metros rasos em cerca de 10
segundos. Se utilizarmos este valor (10 segundos) como sendo exato, qual seria a
velocidade deste atleta?
Em metros por segundo, temos:
100𝑚
𝑣= = 10 𝑚/𝑠
10𝑠
Para obter o resultado em quilômetros por hora, pegamos a velocidade em
metros por segundo e multiplicamos por 3.6003.600, depois é só notar que 1.000
metros é o mesmo que 1 quilômetro e que 3.600 segundos equivalem a 1 hora. Assim:

v = 10 m = 10 m × 3600 = 36000 m = 36 km = 36 km / h
1s 1s 3600 3600 s 1h

2.1 Variação espacial e temporal

A velocidade é a medida de deslocamento num certo intervalo de tempo.


Para expressar variação, em Física, é comum utilizarmos a letra grega ∆ (letra
delta maiúscula). A posição espacial pode ser expressa pelas letras x, ou y, que indica
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a variação que ocorre respectivamente no eixo das abscissas ou das ordenadas.
Entretanto, quando não queremos indicar um eixo para a variação, podemos usar a
letra s (de space em inglês – espaço).
Assim, a variação espacial (quando não queremos indicar um eixo) costuma
ser indicada por ∆s. Já a variação no tempo costuma ser indicada como ∆t.
Logo a velocidade, que é o deslocamento espacial dividido pela variação no
tempo, fica assim:
Δ𝑠 𝑠 − 𝑠0
𝑣= =
Δ𝑡 𝑡 − 𝑡0
O índice 0 indica inicial. Quando escrevemos S-S0, estamos escrevendo:
posição final menos a inicial. O mesmo vale para o tempo.

2.2 Aceleração

Quando analisamos as características de um carro, é comum querermos


saber em quanto tempo o carro (partindo do repouso) consegue atingir a velocidade
de 100 km/h... Atualmente, vários carros conseguem ir de 0 a 100 km/h em menos de
10 segundos.
Em Física existe uma grandeza para representar esta característica de um
carro: a aceleração. Todo corpo que se movimenta sofre, em algum momento, a
aceleração (ou desaceleração).
A aceleração é medida de variação da velocidade num certo intervalo de
tempo. Ela é escrita como:
𝑑𝑣
𝑎=
𝑑𝑡
Queremos saber a aceleração de um carro que consegue partir do repouso e
atingir a velocidade de 100 km/h em 10 segundos. Há um pequeno problema, pois
temos duas unidades de tempo diferentes: hora e segundos. Para resolvê-lo
precisamos escolher em qual unidade vamos escrever este valor. Queremos escrever
nas duas unidades, ou seja, em km/h2 e em m/s2.
Sabemos que uma hora tem 3.600 segundos, portanto um segundo é o
mesmo que 1/3600 horas. Veja que um segundo é apenas uma pequena fração de
uma hora. Assim, a sua aceleração será:

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(100 − 0) 𝑘𝑚/ℎ
𝑎= = 36.000 𝑘𝑚/ℎ2
10
(3600) ℎ

Se quisermos escrever a aceleração utilizando as unidades do Sistema Internacional,


fazemos assim:
100 000 𝑚
100 𝑘𝑚/ℎ 3600 𝑠 = 2,78 𝑚/𝑠²
𝑎= =
10𝑠 10𝑠

Esta é a aceleração do veículo. Apesar de podermos escrever em qualquer


unidade, faz mais sentido falarmos em metros por segundos. Isto porque a aceleração
dura apenas alguns segundos. Muito menos do que uma hora.

Fonte: fisica3gg.blogspot.com

As medidas que tratamos hoje (velocidade e aceleração), tais como


calculadas hoje, são chamadas de velocidade média e aceleração média.

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3 EQUAÇÃO DO MOVIMENTO

Veremos uma aplicação da equação de 1º grau. Agora, quando um aluno


perguntar para que serve a equação do primeiro grau e a do segundo grau, você
poderá responder:
“Para andar de carro”.

Pronto, chegamos finalmente à equação de primeiro grau. Vamos usá-la para


descrever o movimento de qualquer corpo em movimento. Mas é importante entender
o que a equação diz. Ela é bastante simples. Primeiramente, vemos que para t = 0 a
posição do móvel será s = s0. Ou seja, s0 é simplesmente a posição inicial deste
móvel.
A posição do móvel num instante t qualquer será igual à posição inicial mais
o deslocamento deste móvel. O deslocamento é igual à velocidade vezes o intervalo
de tempo decorrido no percurso.
Vamos ver agora um exemplo em que vamos escrever uma equação de
movimento de um atleta.
Um atleta está realizando um treinamento numa pista de atletismo com 2.000
metros de comprimento. Esta pista tem várias marcas no chão que servem de
indicação de quanto o atleta já correu. Estas marcas estão a cada 100 metros. O atleta

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começa a correr a partir do ponto onde está marcado 200 m, com uma velocidade
média é de 9 m/s. Escreva a equação do movimento e diga qual será a sua
posição depois de 2 minutos de corrida.

Gráfico

Vamos analisar um gráfico da velocidade em função do tempo de um móvel.


Por meio deste gráfico será possível descobrir o seu deslocamento. Sabemos que o
deslocamento é simplesmente o produto da velocidade pelo intervalo de tempo em
que o móvel permaneceu se deslocando. Olhando para o gráfico abaixo vemos que o
deslocamento é simplesmente a área do gráfico.

Fonte: MENEZES, 2006.


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Esta informação será útil para deduzir a equação do movimento de um objeto
em movimento uniformemente variado, ou seja, quando a aceleração for diferente de
zero.

Movimento Uniformemente Variado (Aceleração 0)


Acabamos de ver a equação de movimento de um móvel que tem velocidade
constante e que o deslocamento é dado pela área do gráfico da velocidade. Assim,
vamos analisar o gráfico da velocidade em função do tempo quando o móvel está
sujeito à aceleração.
O gráfico pode ser este:

Fonte: MENEZES, 2006.

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Um carro está a uma velocidade de 36 m/s, quando o motorista avista um
obstáculo à sua frente freia o veículo. O veículo já se deslocou 500 metros desde o
instante que estava em repouso, consideraremos então está como a posição inicial.
O motorista freia e a desaceleração sofrida pelo veículo é de 3 m/s2. Escreva a
equação do movimento. Descubra quanto tempo o veículo levou para parar e qual é
a sua posição final.

Portanto, o veículo levará 12 segundos até que ele consiga parar.


Agora queremos saber qual será a posição do veículo quando ele parar. Utilizamos a
equação do movimento substituindo o instante t por 12, ou seja:
s = 500 + 36 × 12 − 1, 5 × (12) 2 = 716m

4 O CÁLCULO DIFERENCIAL E A EQUAÇÃO DE MOVIMENTO

Equação de Movimento

Isaac Newton (1643 – 1727) e Gottfried Wilhelm von Leibniz (1646 – 1716)
são os pais do Cálculo diferencial e integral. É claro que outros antes deles já haviam
feito algumas contribuições para alguma coisa que viria a ser este cálculo mais
avançado. Entretanto, foram os dois que deram uma forma completa para o Cálculo.

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Apesar de os dois serem os pais desta área do conhecimento, os dois
contemporâneos o desenvolveram independentemente. Surgiram muitas discussões
entre ambos, pois cada um acreditava que o outro havia plagiado o seu trabalho. Hoje
se pode observar que os dois chegaram ao mesmo resultado por caminhos diferentes,
o que mostra a originalidade de cada um dos trabalhos.

Velocidade e Aceleração médias

Você já sabe que a velocidade média de qualquer móvel é simplesmente a


divisão do seu deslocamento pelo intervalo de tempo que ele levou para se deslocar,
ou seja:

Velocidade e Aceleração instantâneas

Quando estamos estudando a velocidade ou a aceleração instantânea


devemos fazer com que o intervalo de tempo tenda a zero.

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Fonte: MENEZES, 2006.

O gráfico acima apresenta a posição em função do tempo. Portanto, a


inclinação deste gráfico nos dá a velocidade do móvel em diversos instantes de tempo.
A reta r nos dá a velocidade média do móvel entre os instantes t1 e t2. Note que a
velocidade média entre estes dois intervalos de tempo é dada por:

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Se um carro se desloca segundo a equação:
x = 2 + 3t (estamos adotando o Sistema Internacional)

Este exercício é simples e poderia ter sido resolvido sem utilizar as derivadas.
Um veículo se desloca segundo a equação: x = 2 + 4t + 6t2 – 8t3 (Sistema
Internacional)
A sua velocidade será a derivada desta expressão. Lembre-se da regra básica da
derivação. O expoente “cai” multiplicando o termo, subtraindo um ao expoente, assim:

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Portanto, a sua velocidade será dada por:

5 CONSERVAÇÃO DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO (MOMENTO)

Nesta aula veremos a conservação do momento. A Física possui várias leis


de conservação. Estas leis de conservação são princípios nos quais nos baseamos
para deduzir outras propriedades. Isto significa que não podemos deduzir estas leis.
Elas existem e são descobertas por meio da observação da natureza.

Experimento 1
Faça um experimento. Arranje dois carrinhos de brinquedo iguais. Deixe um
parado e jogue o outro contra o primeiro. O que acontece? Eles vão se chocar e vão
continuar andando. Note que a velocidade de qualquer um
dos dois carrinhos é menor que a velocidade inicial do carrinho que foi jogado.

Fonte: MENEZES, 2006.

Vemos algo interessante, ou seja, que a soma das velocidades se conservou,


pois, a soma das velocidades iniciais é de 10 m/s e a soma das velocidades finais
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também possui o mesmo valor. Entretanto, não é a velocidade total que se conserva,
como veremos a frente. Neste caso, isto aconteceu porque a massa dos dois veículos
é igual.

Experimento 2
Vamos repetir o experimento, mas agora com um carrinho grande e um
pequeno. Vemos que, neste caso, a velocidade total deste sistema não se conservou;
pior que isto, a velocidade total aumentou.

Fonte: MENEZES, 2006.

Por que será que no caso anterior ocorreu uma conservação da velocidade e
agora não? Temos uma pista, mudamos a massa de um dos carrinhos.
Vemos que o carrinho menor foi empurrado com mais facilidade do que o carrinho
grande. Então, o que se conserva não é a velocidade, mas alguma grandeza que
depende da velocidade e da massa dos veículos. Mas que grandeza é essa?
Apresento para você o momento, que é representado pela letra q e é o produto da
massa pela velocidade:

Agora que sabemos que o momento depende da massa e da velocidade dos


corpos que estão interagindo, vamos analisar os experimentos que fizemos.
No primeiro exemplo a massa dos carrinhos era a mesma. Digamos que a massa
fosse 1kg para facilitar as contas. Assim o momento inicial era:

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Ou seja, a massa do carrinho 1 vezes a sua velocidade inicial mais a massa
do carrinho 2 vezes a sua velocidade inicial. O momento final é a soma dos momentos
finais individuais, sendo que cada um dos momentos é o produto da massa pela
velocidade final:

Vemos que o momento se conservou. Faça as contas e verifique que o


momento da segunda batida também se conservou. Para estas contas utilize que a
massa do carrinho menor é a metade da massa do outro carrinho.

Experimento 3
Vamos complicar um pouco o experimento. Agora os dois carrinhos estarão
em movimento. Pegue dois carrinhos iguais e jogue um contra o outro.
Provavelmente você precisará da ajuda de algum amigo para fazer isto.

Fonte: MENEZES, 2006.

Se vocês jogarem os carrinhos com a mesma velocidade, eles vão se chocar


e voltar para trás, mas com uma velocidade menor. A velocidade diminui porque parte
da energia destes carrinhos foi convertida em outra energia. Com o choque, parte da

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energia cinética (energia de movimento) foi convertida em energia sonora e energia
térmica.

Vamos estudar apenas a conservação do momento.


Estávamos dizendo que o momento se conserva, mas aqui aconteceu uma
coisa estranha. Parece que o momento não se conservou. Parece que o momento
total do sistema diminuiu, assim como as velocidades também diminuíram.
Mas espere. Quando consideramos a velocidade temos de levar em conta o
seu sinal. Fazendo isto vemos que o momento inicial era:

Isto: o momento inicial era zero, assim como o momento final:

Portanto, o momento total se conservou como sempre deve ocorrer.


O conceito de momento se originou através de vários filósofos e cientistas.
René Descartes (1596 – 1650) se referiu ao produto da massa pela velocidade como
sendo uma quantidade conservada.
Segundo ele, Deus teria criado o universo com uma certa quantidade de e de
repouso. Estas quantidades permaneceriam imutáveis, ou seja, sempre as mesmas
com o passar do tempo.
Entretanto, Galileu Galilei aproximadamente na mesma época utilizou o termo
“ímpeto” (em italiano), que julga tratar-se da mesma grandeza. Posteriormente, Isaac
Newton utilizou o termo “motus” (latim) para designar o momento.
Esta ideia de atribuir à divindade não está mais presente na Física, mas era
muito comum na época. O próprio Isaac Newton utilizou diversas vezes a divindade
para justificar vários fenômenos Físicos.

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6 LEIS DE NEWTON – PARTE I

De agora em diante não analisaremos simplesmente os movimentos, pois nos


preocuparemos com o que faz os objetos se moverem.
Forças
Estamos acostumados com as forças no nosso dia-a-dia. Sabemos que as forças são
necessárias para colocar objetos em movimento. Entretanto, veremos nesta aula uma
definição mais formal do que é força. Veremos
Vamos, primeiramente, observar que força é uma grandeza vetorial. Isto
significa que devemos nos preocupar não apenas com o módulo do seu valor, mas
também com a direção e o sentido no qual a força é aplicada.
No desenho abaixo, vemos duas pessoas puxando uma caixa. Se a caixa
estiver parada, podemos dizer que a força que as duas pessoas estão aplicando tem
a mesma intensidade. Entretanto, elas têm sentidos opostos (o que é o mesmo que
dizer que uma tem sinal positivo e a outra tem sinal negativo). Desta forma, quando
somamos as duas forças, a resultante será nula.

Fonte: MENEZES, 2006.

Imagine que temos um corpo sob a ação de três forças, tal como a figura a
seguir. Para encontrarmos a força resultante aplicada sobre este corpo, devemos
realizar uma soma vetorial. Para fazer esta soma devemos fazer tal como na figura
abaixo, ou seja, escolhemos qualquer um dos vetores e fixamos sobre corpo. Os
demais vetores devem ser colocados um a um, de forma que um vetor fique na
sequência do outro.

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Fonte: MENEZES, 2006.

Fonte: MENEZES, 2006.

Leis de Newton
A seguir, veremos a forma exata, como as leis de Newton, escritas, como elas
costumam ser enunciadas nos dias de hoje e uma breve explicação:
1ª lei de Newton (lei da inércia)
Lex I: Corpus omne perseverare in statu suo quiescendi vel movendi uniformiter in
directum, nisi quatenus a viribus impressis cogitur statum illum mutare. (Todo corpo
continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em uma linha reta, a
menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças imprimidas sobre ele).
Todo corpo em repouso (movimento) tende a permanecer em repouso
(movimento).
Se o corpo estiver em movimento, ele permanecerá em movimento (seguindo
uma linha reta). Este corpo somente mudará sua velocidade, ou a direção da sua
velocidade, se for aplicada alguma força sobre este corpo.
Entretanto, se o corpo estiver em repouso, assim ele permanecerá, a não ser
que alguma força seja aplicada sobre ele.

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2ª lei de Newton (princípio fundamental da dinâmica)
Lex II: Mutationem motis proportionalem esse vi motrici impressae, etfieri
secundum lineam rectam qua vis illa imprimitur.
(A mudança de movimento é proporcional à força motora imprimida, e é
produzida na direção da linha reta na qual aquela força é imprimida.)
A força resultante que age em um corpo é igual ao produto da sua massa pela
sua aceleração: F = m.a
Se algum corpo não estiver acelerando é porque a soma de todas as forças
aplicadas sobre ele é igual a zero. Isto é o que acontece com a maioria das coisas
que estão a nossa volta. Se um objeto está parado, ou se ele
se move com velocidade constante, isto significa que a soma de todas as forças
aplicadas sobre ele tem resultado nulo.
Entretanto, se algum corpo estiver em movimento acelerado, isto ocorre
porque a resultante das forças é diferente de zero.

3ª lei de Newton (princípio da ação e reação)


Lex III: Actioni contrariam semper et aequalem esse reactionem: sine corporum
duorum actiones in se mutuo semper esse aequales et in partes contrarias dirigi.
(A toda ação há sempre oposta uma reação igual, ou, as ações mútuas de
dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas a partes opostas.)

Se eu faço uma força de 10 unidades (por enquanto não importa que unidade
é esta) sobre uma parede, está parede faz uma força de 10 unidades sobre mim. As
duas forças possuem o mesmo módulo (10 unidades). No entanto, elas possuem
sentido contrário. Se eu empurro a parede para o norte, a parede exerce uma força
sobre mim para o sul.

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Nesta aula abordei as leis de Newton. Para uma melhor fixação faça os
exercícios propostos.

7 LEI DE NEWTON – PARTE II

Introdução Histórica
O inglês Isaac Newton (1643 – 1727) foi um dos maiores cientistas de todos
os tempos. É o criador do Cálculo Diferencial e Integral. É claro que o alemão Gottfried
Wilhelm Von Leibniz (1646 – 1716) também desenvolveu o Cálculo de maneira
independente e por outros caminhos.
Isaac Newton era um grande pesquisador e estudou vários assuntos na
Matemática (como o binômio de Newton) e na Física.
Obviamente é o pai das leis que hoje são conhecidas como as Leis de Newton,
como também é o autor da Teoria da Gravitação Universal, que dá uma fórmula
matemática para a interação entre os astros. Vemos, portanto, que somente a partir
de Newton é que se tornou possível descrever matematicamente o comportamento
de um planeta ou de um satélite.
Sua principal obra foi a publicação do Philosophiae Naturalis Principia
Mathematica (Princípios Matemáticos da Filosofia Natural - 1687) em três volumes.
Nesta obra ele publicou as suas três leis e, a partir delas, enunciou a lei da gravitação
universal, com a qual generalizou e ampliou as constatações de Johannes Kepler
(1571 – 1630). Essa demonstração foi a maior evidência a favor de sua teoria. Essa
obra tratou essencialmente sobre física, stronomia e mecânica (leis dos movimentos,
movimentos de corpos em meios resistentes, vibrações isotérmicas, velocidade do
som, densidade do ar, queda dos corpos na atmosfera, pressão atmosférica etc.).

1ª lei de Newton (lei da inércia)


A primeira lei de Newton (princípio da inércia) não é uma ideia dele. Esta ideia
já era discutida por Galileu Galilei. Entretanto, com a adição das outras leis, Newton
deu um status maior ao princípio descrito por Galileu.
É claro que o princípio da inércia desconsidera o atrito. Se o atrito agir sobre
um corpo em movimento, este terá sua velocidade alterada. Entre tanto, se uma nave
espacial estiver se deslocando pelo vazio do Universo, está permanecerá em

29
movimento retilíneo sem mudar a sua velocidade. Sua velocidade somente será
alterada se houver alguma força atuando sobre ela.

2ª lei de Newton (princípio fundamental da dinâmica)


A segunda lei de Newton trata de causa e efeito. Se algum corpo tem sua
velocidade alterada, devemos procurar o motivo para esta alteração, pois o princípio
da inércia já nos disse que qualquer corpo tende a manter o seu movimento. Portanto,
se um corpo tem uma dada velocidade, esta não se alterará, até que alguma coisa
aconteça, fazendo com que ocorra uma aceleração (variação da velocidade).
A aceleração é o efeito. Devemos procurar uma causa para que ela ocorra.
Newton percebeu que uma aceleração, ou desaceleração, ocorre somente quando
alguma força é aplicada sobre o corpo que teve sua velocidade alterada.
Quando um corpo tem velocidade constante (ou está em repouso – note que
estar em repouso implica ter velocidade constante) poderíamos pensar que nenhuma
força está sendo aplicada sobre este corpo. Este pensamento, apesar de ser razoável,
não está correto.
Imagine duas pessoas num “cabo de guerra”. Quando as duas puxam a corda,
esta pode se deslocar (juntamente com as pessoas). Digamos que neste nosso
exemplo as duas pessoas começaram a puxar juntas a corda e com uma mesma
força. Se as pessoas e a corda estiverem paradas, isto não significa que nenhuma
força está sendo aplicada à corda, mas significa que a resultante das forças é nula.
Assim, se um corpo possui velocidade constante podemos dizer que a resultante de
todas as forças aplicadas sobre este corpo é igual a zero.

3ª lei de Newton (princípio da ação e reação)


O princípio da ação e reação diz que, se um corpo A empurra o corpo B com
uma força de 10 unidades, o corpo B estará empurrando o corpo A com uma força de
10 unidades, mas com sentido contrário.
Para entender o princípio da ação e reação, observe a figura a seguir (dois
carros se chocando). Observe que um dos motoristas está com o cinto de segurança
e o outro não, o que provoca uma diferença razoável.

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Fonte: no-mundo-da-matemagica.blogspot.com

Entretanto, vamos analisar outra coisa neste choque. Suponha que antes do
choque o carro da esquerda estivesse parado e o da direita andando. Com o choque
os dois carros se amassam. Por que isto acontece?
Se o carro da direita está andando, no momento do choque ele aplica uma
força F sobre o outro carro. Entretanto, o carro da esquerda que está parado (pelo
princípio da ação e reação) também aplica uma força sobre o outro carro.
Desta forma, o carro da direita também se amassa. Se não ocorresse assim,
ou seja, se não houvesse na natureza o princípio da ação e reação, somente o carro
parado amassaria. O carro em movimento não sofreria nenhuma força e ficaria intacto.
Vamos partir para outro exemplo. Imagine o seguinte experimento. Um
menino está num balanço indo para um lado e para o outro. Uma brincadeira bastante
comum. Entretanto, este balanço está numa plataforma sobre a água. Imagine que a
plataforma tem a mesma massa que o menino (algum tipo de fibra superleve) e que a
massa da estrutura do balanço é desprezível. Sendo assim, quando o menino está
indo para frente, a plataforma vai para trás e vice-versa.
Para que o menino começasse a se movimentar, ele teve de empurrar a
plataforma. Quando ele se senta no balanço e empurra com os pés a plataforma para
frente, a plataforma vai para frente. Mas o menino vai para trás. Por quê?

31
Fonte: chainimage.com

Ele vai para trás, porque a plataforma o empurrou. Ação e reação. Se o


menino empurra a plataforma para frente, a plataforma reage empurrando o menino
para trás.

8 LEIS DE NEWTON - APLICAÇÃO

Introdução
Lembre-se da terceira lei de Newton. Ela diz que a resultante das forças
aplicadas sobre um corpo é igual ao produto da massa pela aceleração (F = m.a).
Esta equação será bastante utilizada nesta aula.

Unidade de grandeza
Sabemos que no Sistema Internacional de unidades:
• a massa é medida em quilogramas (kg);
• a aceleração é medida em metros por segundo ao quadrado (m/s2).

Para o produto destas duas grandezas, foi criada uma nova unidade, uma
unidade do Sistema Internacional para medir força. Esta unidade é o Newton,

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expressa pela letra N. Esta unidade, obviamente, recebe este nome devido a Isaac
Newton.
Para criar uma aceleração de 1 m/s2 num corpo com uma massa de 1kg,
teremos de aplicar uma força de 1 newton.

F = m.a = 1 kg. 1 m/s2 = 1 N

Exemplo 1
Força de um movimento circular
Vimos que sempre que a velocidade é alterada, existe uma força alterando a
velocidade, ou seja, causando uma aceleração. É interessante notar que sempre que
houver um movimento circular (velocidade mudando de direção), haverá uma força.
Na figura abaixo vemos uma bolinha girando sobre uma mesa. Esta bolinha
faz um movimento circular graças a um barbante que a prende a um ponto da mesa.
Caso o barbante se rompesse, esta bolinha seguiria uma linha reta, pois, como vimos,
segundo o princípio da inércia (1ª lei de Newton) todo corpo em movimento tende a
permanecer em movimento retilíneo.

Fonte: MENEZES, 2006.

Vemos, portanto, que há uma força puxando a bolinha para o centro. Esta
força não altera o valor da velocidade, mas altera a sua direção.
Vimos que sempre que há uma força, existe também uma aceleração. Como
a força puxa a bolinha para o centro deste círculo, a aceleração que a bolinha sofre é
para o centro do círculo e é chamada aceleração centrípeta.

33
Exemplo 2
Força de um corpo acelerando
Partindo do repouso, um corpo de massa 3 kg atinge a velocidade de 20 m/s
em 5s. Queremos encontrar a força que agiu sobre o corpo. Primeiramente vamos
encontrar a aceleração:

Lembre-se que a força é dada pelo produto da massa pela aceleração,


portanto:
F = m.a = 3 x 4 = 12 N

Exemplo 3
Forças em um corpo parado
Quando um corpo não está acelerando, você poderia pensar que não há
nenhuma força sendo aplicada ao corpo. Mas isto não é necessariamente verdade. A
única coisa que podemos dizer, quando um corpo está parado, é que a resultante de
todas as forças aplicada ao corpo é nula. Por exemplo, quais são as forças que agem
sobre você quando você está em pé e sem se mover?
Quando você está parado (a), duas forças estão agindo sobre você. A força
peso (ou simplesmente peso) e a força normal. A força normal é uma força aplicada
por um corpo que impede que você vá para baixo. Esta força pode ser exercida pelo
chão ou pela cadeira ou qualquer outra superfície sobre onde você esteja.
A força normal é uma força que é perpendicular ao plano onde os corpos se
apoiam. Por este motivo é que é chamada de força normal.
Vamos fazer como ocorre em todos os elevadores e considerar que sua
massa é de 70 kg. Como a aceleração gravitacional é de 9,8 m/s2, o seu peso é:

P =m.g = 70 x 9,8 = 686 N


Como a resultante das forças é nula, podemos afirmar que a força normal está
dirigida para cima e tem o mesmo valor que o peso. Se você estiver de pé no chão, o

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chão exerce sobre você uma força que é igual ao seu peso. Por isso você não acelera,
a resultante das forças é nula.

Exemplo
Forças em um corpo com velocidade constante
Quando um corpo está com velocidade constante, a resultante das forças que
age sobre o corpo é nula. Note que não há aceleração, portanto podemos afirmar que
a velocidade é nula. Entretanto, neste caso, costumam existir mais do que duas forças
envolvidas.
Imagine uma bicicleta com velocidade constante. Neste caso existem 4 forças
agindo sobre a bicicleta: duas na vertical e duas na horizontal.
As forças na vertical são: peso e normal (como vimos antes). As forças na
horizontal são: atrito e tração exercida pelo ciclista. As forças na horizontal estão em
equilíbrio (mesma intensidade, mas com direções opostas), pois a bicicleta não
acelera.

9 A FORÇA PESO

Introdução
O peso é uma força que a Terra exerce sobre todos nós. Mas por que existe
esta força? A resposta mais simples é a de que matéria atrai matéria. Mas podemos
nos perguntar agora: por que matéria atrai matéria? Bom, vamos explicar isto no
próximo parágrafo.
Qualquer corpo cria ao seu redor um campo. Um campo é algo semelhante a
um perfume, pois seu cheiro se espalha e fica mais suave à medida que a distância
aumenta, até que chega um ponto em que não podemos mais senti-lo.
O planeta Terra cria um campo ao seu redor. Qualquer corpo que estiver
presente neste campo “sente” a presença da Terra e, por isto, começa a cair. Sim eles
se atraem mutuamente: matéria atrai matéria. A Terra atrai você para baixo, e você
atrai a Terra. Estas forças ocorrem com a mesma intensidade devido ao princípio da
ação e reação.

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Se a atração que eu exerço sobre a Terra é igual à atração que a Terra exerce
sobre mim, por que é que a Terra não se desloca assim como ocorre comigo?
Lembre-se que força é igual ao produto da massa pela aceleração. A massa
da Terra (6 x 1024 kg) é muito maior que a massa de qualquer um de nós (cerca de
1023 vezes maior), portanto, apesar da força ser a mesma, a aceleração que nós
exercemos sobre a Terra é muito menor (cerca de 1023 vezes menor) que a
aceleração que a Terra exerce sobre nós. Se a aceleração é menor, isto significa que
o deslocamento também é menor. Assim, o deslocamento que nós provocamos sobre
a Terra é imperceptível.
Apenas como um lembrete veja que ao deslocamento para um corpo que
parte do repouso sujeito a uma aceleração (a) é dado por:

Galileu Galilei – o experimentador


Galileu Galilei (1564 – 1642) foi o grande experimentador. Realizou diversos
experimentos, demonstrando os vários erros da Física aristotélica. Segundo
Aristóteles, as leis naturais poderiam ser provadas por meio da Lógica. Para Galileu,
o experimento era a prova.
O experimento de Galileu tornou-se famoso, quando mostrou que Aristóteles
estava errado ao dizer que corpos pesados caem mais depressa que os leves. Fala-
se que Galileu teria subido ao alto da Torre de Pisa e soltado (ao mesmo tempo) duas
bolas, uma de mosquete (mais leve) e uma de canhão (mais pesada). Para surpresa
de todos as duas atingiram o solo ao mesmo tempo. Alguns dizem que o experimento
não ocorreu, mas, com certeza, este conhecimento é devido a Galileu.

9.1 A aceleração gravitacional

A aceleração gravitacional é comumente representada pela letra g. Portanto,


a aceleração que qualquer corpo sente devido ao campo gravitacional da Terra é
sempre o mesmo: cerca de 9,8 m/s2.
Assim como o cheiro do perfume fica mais fraco com a distância, o mesmo
ocorre com o campo gravitacional. Sobre a superfície terrestre ele é mais intenso. À
medida que subimos e nos afastamos da superfície, ele fica
mais fraco. Portanto, se você quiser ficar mais leve, suba uma montanha. Note que

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sua massa continuará a mesma. Entretanto, devido à diminuição da aceleração
gravitacional, seu peso será menor.
A aceleração gravitacional está presente em qualquer planeta, ou satélite
natural. A aceleração gravitacional da Lua é de 1,6 m/s2, bem menor que a da Terra.
Isto acontece porque sua massa é bem menor.

Exemplo 1
Vamos calcular a força que a Terra exerce sobre um corpo de 10 kg situado sua
superfície. Como a aceleração gravitacional é de 9,8 m/s2, a força que a Terra exerce
é: P = m.g = 10 x 9,8 = 98 N.
Note que utilizamos a letra P para representar esta força. Esta letra foi
utilizada, porque a força que a Terra exerce sobre qualquer corpo é chamada de peso.

Exemplo 2
Na Terra, a aceleração da gravidade é em média 9,8 m/s2 e na Lua 1,6 m/s2. Para
um corpo de massa 5 kg, determine:
a) O seu peso sobre a Terra será simplesmente:
P = m.g = 5 x 9,8 = 49 N.
b) Para calcular o seu peso na Lua, teremos de usar a aceleração
gravitacional da Lua, que é de 1,6 m/s2, portanto:
P = m.g = 5 x 1,6 = 8 N.
Vemos que, apesar da massa ser a mesma, o peso do corpo é menor na Lua
do que na Terra. Note que o peso na Lua é cerca de um sexto do peso do corpo aqui
na Terra.
É pelo motivo apresentado acima que os astronautas andam saltitando. Todos
nós aprendemos a andar na Terra. Se nós tivermos de andar em outro lugar, vamos
fazê-lo assim como na Terra. Portanto, eles acabam fazendo uma força excessiva
para andar e o corpo se eleva mais do que o necessário.
Quando os astronautas voltam, eles já não estão acostumados a andar pela
Terra, ou seja, a força que eles têm de fazer é muito maior do que a força que eles
faziam fora da Terra. Assim, eles terão de adquirir mais força na caminhada. Este
fenômeno se acentua quando o astronauta fica muito tempo fora do nosso planeta.

37
10 FORÇAS ATUANDO SOBRE UM CORPO

Introdução
Vamos começar analisando um exemplo muito simples: uma caixa parada
sobre o chão. Pelo que já dissemos até aqui, você sabe que, quando um corpo está
em repouso (ou com velocidade constante), a resultante das
forças aplicadas sobre ele é nula. Como a soma de todas as forças é zero e o corpo
tem massa, deve haver mais alguma força além da força gravitacional agindo sobre
esta caixa. Mas qual é a força que está agindo contra o peso?

Fonte: MENEZES, 2006.

Quem está segurando a caixa, impedindo-a de ir para baixo é o chão.


Portanto, é o chão que está fazendo uma força sobre a caixa. A força que o chão
exerce sobre a caixa é exatamente igual ao seu peso. Se esta força fosse diferente
do peso, a resultante de todas as forças não seria mais nula e a caixa estaria sendo
acelerada.

Sobre um corpo parado agem pelo menos duas forças, a saber: o peso
e a força normal.
A força de contato entre dois corpos é chamada de força normal. Ela recebe
este nome porque é perpendicular à superfície de contato entre os dois corpos.
Portanto, o nome normal vem da Geometria Analítica.
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Note na figura acima que o tamanho dos dois vetores é o mesmo. Isto ocorre
porque a força normal e o peso têm a mesma intensidade, mas têm sentidos opostos.

10.1 Força motriz e atrito

Agora vamos observar quais são as forças que atuam sobre uma caixa em
movimento. Para que a caixa entre em movimento, é necessário que se aplique uma
força sobre ela. Se quisermos que a caixa deslize sobre o chão, a força deverá ser
aplicada sobre a caixa, na horizontal. Esta força aplicada à caixa para que ela se
movimente costuma ser chamada de força motriz.

Fonte: MENEZES, 2006.

Entretanto, não é sempre que uma caixa se move ao ser empurrada. Para ela
comece a se mover, é necessário que a força aplicada seja suficiente para vencer o
atrito. Por mais lisas que sejam a superfície da caixa e a superfície do chão, quando
vistas num microscópio, percebe-se que elas são bastante irregulares. Na figura
acima vemos uma caixa sendo colocada sobre o chão.
Quando um objeto é colocado sobre o chão, as irregularidades deste objeto
se encaixam sobre as irregularidades do chão, o que causará um travamento, uma
resistência e dificultará o movimento. Esta dificuldade no movimento é uma força
contrária à força motriz e é chamada de força de atrito. Note que a força de atrito é
sempre contrária à força motriz.

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É claro que o atrito depende do material. Se a caixa for de borracha, ela se
deformará bastante de forma a se adaptar mais facilmente às irregularidades do chão.

Uma caixa em movimento


Agora que você já sabe quais são as forças que agem sobre uma caixa em
movimento, vamos analisar estas forças.
Como vimos antes, a força normal é igual ao peso. Portanto, quando
calcularmos o peso, já teremos calculado o valor de duas forças.

Fonte: MENEZES, 2006.

A força motriz, em geral, não é calculada: ela é dada. Já a força de atrito deve
ser calculada. Como vimos, ela depende do material e depende também da força
normal. Um corpo com massa muito elevada terá um atrito maior. Além de depender
do material, a força de atrito depende também do formato do objeto. Repare que uma
chuteira é cheia de travas no seu solado que servem para aumentar o atrito.
Você deve estar se perguntando: por que este sujeito falou que a força de
atrito depende da força normal? Não seria muito mais fácil dizer que a força de atrito
depende da força peso? Foi dito hoje que a força normal é igual à força peso.
Entretanto, não é sempre que isto ocorre. Mas este detalhe será visto na próxima aula.

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Equações
Sabemos que a força pelo (P) é dada pelo produto da massa pela aceleração
gravitacional e que a força normal (N) é igual ao peso. Assim: N = P = m.g
A força de atrito, como já foi dito, depende da força normal do material de que
são feitas ambas as superfícies e do formato das superfícies. A força normal já está
calculada e os demais fatores são colocados numa única constante  (letra grega mi).
Esta constante é chamada de coeficiente de atrito e o seu valor já embute o material
de que são feitas as superfícies, assim como o formato destas.

Exemplo
Suponha que a caixa que estamos arrastando durante toda a aula tenha 20
kg e que estamos fazendo uma força de 100 N para arrastar a caixa. O coeficiente de
entre o chão e a caixa é de 0,3. Calcule a força resultante.
Temos que calcular o peso e a normal:
N = P = m.g = 20 x 9,8 = 196 N
Agora vamos calcular a força de atrito:

41
11 FORÇAS SOBRE UM PLANO INCLINADO

Introdução
As principais forças mecânicas presentes num objeto que se move sobre um
plano inclinado estão apresentadas na figura abaixo. Podemos ver a força peso
representada por P, a força normal à superfície, por N, a força que atua puxando o
bloco rampa acima, por F e a força de atrito entre as superfícies do bloco e da rampa,
por Fat.

Fonte: MENEZES, 2006.

Estamos vendo um objeto que se desloca sobre um plano inclinado. A única


diferença entre estes dois problemas está na força normal, e, consequentemente, na
força de atrito. Veja que a força normal não está na vertical, mas ela continua
perpendicular à superfície de contato.
Existe outra pequena diferença no problema que estamos tratando hoje em
relação ao que tratamos na aula passada. Agora é necessária uma força maior para
deslocar o objeto plano acima e menor para deslocá-lo plano abaixo em relação a
força necessária para desloca-lo no plano horizontal.

O que muda
Vamos ver o que muda na nossa análise. Mas, antes disso, vamos fazer uma
mudança nas coordenadas. Continuaremos trabalhando com dois eixos, porém, antes
tínhamos um eixo na horizontal e outro na vertical. Agora é mais conveniente (facilita

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as contas) utilizar um eixo paralelo ao plano que o bloco se desloca e outro
perpendicular a este.
Sabemos que o bloco não se desloca na direção perpendicular ao plano.
Dessa forma, a resultante das forças nesta direção deve ser zero. Existem apenas
duas forças neste eixo: a força normal e uma parte do peso.
Vamos decompor a força peso P em duas componentes, Px, paralela ao plano
da rampa e Py, perpendicular ao mesmo.

Fonte: MENEZES, 2006.

Projetando P nas direções x e y respectivamente, teremos as componentes:

̂
𝑷𝑥 = 𝑷𝑠𝑒𝑛𝜃 𝒙
̂
e 𝑷𝒚 = 𝑷𝑐𝑜𝑠𝜃 𝒚

No plano horizontal (inclinação 𝜃 = 0) temos:

𝑵+𝑷=𝟎

Com 𝜃 > 0 (plano inclinado), temos

𝑵 + 𝑷𝒚 = 𝟎

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Logo, o módulo do vetor normal (N) será igual ao módulo do vetor componente
na direção y da força peso (Py). Note que os vetores N, P e Py acima estão denotados
por letras em negrito enquanto os seus módulos não.

𝑁 = 𝑃𝑦

O vetor força de atrito no plano inclinado continua com a mesma dependência


da normal, logo,

𝑭𝒂𝒕 = 𝜇𝑵

Exemplo
Suponha que o bloco mostrado na figura acima tenha 15 kg de massa e o
módulo da força F com que é puxado para cima da rampa seja de F=200 N (Newtons).
Assume que o coeficiente de atrito µ entre o bloco e a rampa é de 0,5 e a o ângulo de
inclinação ϴ da rampa (como mostrado na figura) é de 30º. Assuma também que a
aceleração da gravidade no local da rampa é em média 9,8 m/s2. Queremos encontrar
a aceleração deste bloco.
Calculemos inicialmente o módulo do peso (P):

𝑃 = 𝑚. 𝑔 ⇒ 𝑃 = 15 × 9,8 = 147 𝑁(𝑁𝑒𝑤𝑡𝑜𝑛𝑠)


Forças atuando na direção y: Normal N e componente y do peso Py.
Sabemos que o bloco não se desloca na direção vertical y (perpendicular ao
plano), logo Py deve ser anulada pela força normal N na soma vetorial. Portanto:

𝑭𝒓𝒚 = ∑(𝑓𝑜𝑟ç𝑎𝑠 𝑛𝑎 𝑑𝑖𝑟𝑒çã𝑜 𝑦) = 0

̂
𝑵 + 𝑷𝒚 = 𝟎 𝒚
𝑁 = 𝑃𝑦 = 𝑃𝑐𝑜𝑠𝜃
√3
𝑁 = 147 . cos 30° = 147 × ≅ 127 N (𝑁𝑒𝑤𝑡𝑜𝑛𝑠)
2

̂
𝑵 ≅ 127 N (𝑁𝑒𝑤𝑡𝑜𝑛𝑠)𝒚

Forças atuando na direção x: Força F, força de atrito Fat e Px.

44
Sabemos que o bloco se move na direção x, logo a força resultante nessa
direção é um vetor não nulo.

𝑭𝒓𝒙 = ∑(𝑓𝑜𝑟ç𝑎𝑠 𝑛𝑎 𝑑𝑖𝑟𝑒çã𝑜 𝑥) ≠ 𝟎

𝑭𝒓𝒙 = 𝑭 + 𝑭𝒂𝒕 + 𝑷𝑥

Calculemos agora a força de atrito Fat entre as superfícies:

1 √3
𝐹𝑎𝑡 = µ𝑁 ≅ × 147 × ≅ 63,7𝑁(𝑁𝑒𝑤𝑡𝑜𝑛𝑠)
2 2
𝑭𝒂𝒕 ≅ −63,7 𝑁(𝑁𝑒𝑤𝑡𝑜𝑛𝑠)𝑥̂

E a componente x da força peso:

1
𝑃𝑥 = 𝑃𝑠𝑒𝑛30° ≅ 147 × ≅ 73,5𝑁(𝑁𝑒𝑤𝑡𝑜𝑛𝑠)
2
̂
𝑷𝒙 ≅ −73,5𝑁(𝑁𝑒𝑤𝑡𝑜𝑛𝑠)𝒙

Da Segunda Lei de Newton sabemos que a força resultante que atua sobre
um corpo é o produto de sua massa pela sua aceleração. Voltemos então ao cálculo
da força resultante sobre o bloco a fim de encontrarmos a aceleração.
𝑭𝒓 = 𝑭𝒓𝒙 + 𝑭𝒓𝒚

̂ , temos
como 𝑭𝒓𝒚 = 𝟎𝒚

𝑭𝒓 = 𝑚 . 𝒂 = 𝑭𝒓𝒙 = 𝑭 + 𝑭𝒂𝒕 + 𝑷𝑥
𝑚 . 𝒂 = 𝑭 + 𝑭𝒂𝒕 + 𝑷𝑥
̂ − 63,7𝑥̂ − 73,5𝒙
𝑚 . 𝒂 ≅ 200𝒙 ̂
62,8 𝑚
𝒂≅ ̂ ≅ 4,2 𝑚⁄𝑠 2 𝒙
⁄𝑠 2 𝒙 ̂
15
𝒂 ≅ 4,2 𝑚⁄𝑠 2 𝒙
̂

Encontramos assim a aceleração do bloco ao subir a rampa.


45
̂
E a força resultante que calculamos no processo é 𝑭𝒓 = 𝑚 . 𝒂 = 62,8 𝑁𝒙
É interessante notar que, quando a inclinação for zero, o bloco andará com
mais facilidade do que no caso da subida, ou seja, conforme o ângulo aumenta, é
necessário aumentarmos também a força F para que o bloco suba. Já, se
estivéssemos interessados na descida do bloco, a componente Px contribuiria a favor
do movimento.

12 GEOCENTRISMO E HELIOCENTRISMO

Conhecer as ideias sobre gravitação, bem como as leis propostas por Kepler.

Os gregos e o geocentrismo
Ptolomeu, filósofo grego que viveu no século III a.C., coletou em seu livro Almagesto
uma grande síntese de toda a cosmologia grega geocêntrica. O sistema geocêntrico
colocava a Terra no centro do universo e os outros astros – ou viajantes – girando ao
seu redor.

Fonte: MENEZES, 2006.

46
Neste modelo geocêntrico, as coisas pareciam não funcionar muito bem.
Entretanto, foi percebido na Grécia que a velocidade de rotação dos planetas variava,
assim como a sua distância. Então, Apolônio de Perga (século III a.C.) criou um
modelo onde existiam ciclos sobre ciclos. Cada planeta estaria num ciclo inserido
noutro ciclo.
Este modelo complicado conseguia descrever o movimento dos planetas
conhecidos. Entretanto, com o passar dos séculos, observou-se que este modelo não
descrevia muito bem o que estava ocorrendo. Portanto, foram inseridos mais ciclos
neste modelo. Ou seja, um ciclo dentro de ouro ciclo, dentro de outro ciclo, assim por
diante. O modelo era basicamente o mesmo, mas a sua complexidade estava se
tornando algo extremamente grande. Conseguia-se prever as órbitas dos planetas,
mas às custas de muitas contas.

12.1 Heliocentrismo no final da Idade Média

O modelo geocêntrico foi abalado por Nicolau Copérnico (1473 – 1543)


cientista polonês. Em 1514, Copérnico começou a divulgar um modelo matemático
em que a Terra e os outros corpos celestes giravam ao redor do Sol, tese que ficou
conhecida como heliocentrismo. Com o sol sendo o centro do universo, os cálculos
ficam mais simplificados. Não eram necessários ciclos dentro de ciclos ou pelo menos
os números de ciclos ficavam reduzidos.
Nesse primeiro momento não se encontram muitas críticas por parte do clero
católico. Críticas sistemáticas de religiosos católicos só ocorreram quase um século
depois, com Galileu Galilei (1564 – 1642) numa época em que a Igreja Católica
endurecia sua doutrina para fazer frente à Reforma Protestante.
Galileu, devido a sua insistência de que o Sol era o centro do sistema solar,
acabou tendo sérios problemas com a igreja. Foi condenado em 1633 pela Inquisição
e teve de passar o resto da vida em prisão domiciliar. Para não acabar na fogueira,
ele desmentiu as ideias que ele mesmo propôs.
Como já dissemos numa aula passada, Galileu foi o grande experimentador.
Ele foi um dos primeiros a apontar um telescópio para o espaço. Com isto, ele
conseguiu ver os satélites de Júpiter. Isto ia ao encontro de um mundo heliocêntrico.
A Terra não era mais o centro.

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Em 1600, o maior astrônomo da Europa era um príncipe dinamarquês
chamado Tycho Brahe (leia-se Tico Brae) (1546 - 1601) possuía um observatório
numa ilha situada entre a Dinamarca e a Suécia. Foi o maior astrônomo experimental
até então, compilou inumeráveis dados das posições dos planetas, com uma precisão
sem paralelo para a época.
Em 1582, o Papa Gregório XIII reformou o calendário, corrigindo-o em dez
dias, com base nos cálculos de duração do ano efetuados por Tycho Brahe. Este é o
calendário que usamos até hoje, chamado de calendário gregoriano.
Brahe era um homem de personalidade difícil e aparência assustadora. Em
um duelo, havia perdido parte do nariz e usava uma prótese de metal.
Tycho não defendia o sistema de Copérnico mas propôs um sistema em que
os planetas giram à volta do Sol e o Sol orbitava em torno da Terra. Mas ele precisava
de um teórico, alguém que soubesse matemática o suficiente para transformar seus
dados em um novo modelo do cosmo. Também não ajudava o fato de Brahe dedicar
tempo demais às festas e à bebida.
Foi quando entrou em cena o jovem astrônomo alemão Johannes Kepler
(1571 - 1630). Brahe convidou o jovem brilhante para ser seu assistente. O príncipe
queria a ajuda dele para provar que a Terra era o centro do cosmo. Mas essa história
teve um fim muito diferente, pois tratava-se de dois astrônomos talentosos com dois
objetivos muito diferentes. A convivência de Brahe e Kepler não foi fácil.
No início, Brahe tentou dificultar o trabalho de Kepler, impedindo o acesso do
jovem discípulo ao que ele mais queria os dados astronômicos tão preciosos. Aos
poucos, Kepler foi ganhando a confiança do chefe. Mas a convivência dos dois durou
apenas 18 meses.
Um dia, Tycho foi convidado para jantar na casa de um barão. Como sempre,
ele bebeu demais, a ponto de se intoxicar seriamente, e, no seu leito de morte, ele
implorou a Kepler: “Por favor, não me deixe ter vivido em vão”.
Após a morte de Brahe, Kepler “herdou” seu posto e seus dados, dedicou aos
estudos vinte anos seguintes. Os registros dos movimentos de Marte permitiram ao
discípulo Johannes Kepler descobrir as leis dos movimentos dos planetas, que deram
suporte à teoria heliocêntrica de Copérnico.
Com base nos trabalhos e observações de Tycho Brahe, em 1609, Kepler
enunciou as Leis do movimento planetário conhecidas como leis de Kepler.

48
Leis de Kepler
Baseadas nas observações de Brahe, Kepler propôs:

Fonte: MENEZES, 2006.

1ª Lei de Kepler (órbitas elípticas)


Os planetas descrevem órbitas elípticas, com o Sol num dos focos.
Esta lei definiu que as órbitas não eram esféricas como se supunha até então.
Muitos reagiram contrários a esta lei por dois motivos. Primeiramente, esta lei afirma
que as órbitas não são circulares. Todos acreditavam que as órbitas eram circulares
(ou mesmo círculo dentro de círculo), assim como havia sido proposto pelos gregos.
Qualquer outra forma diferente do círculo estaria afastada da perfeição ou simetria.
Outra crítica a esta lei também está relacionada à simetria. Uma elipse possui
dois focos. Num dos focos estava o Sol e no outro não havia nada (vácuo).

2ª Lei de Kepler (lei das áreas)


O raio vetor que liga um planeta ao Sol descreve áreas iguais em tempos
iguais.
Esta lei determina que os planetas se movem com velocidades diferentes
dependendo da distância que estão do Sol. Cada uma das áreas na figura ao lado é
percorrida num mesmo intervalo de tempo. Assim, a velocidade do planeta é maior
quando ele está próximo do Sol e menor quando se afasta.

49
Fonte: MENEZES, 2006.

3ª Lei de Kepler (o período de revolução aumenta com o raio médio)


Os quadrados dos períodos de revolução (T) são proporcionais aos cubos das
distâncias médias (R) do Sol aos planetas.

13 GRAVITAÇÃO

Conheceremos um pouco mais a gravitação e como Isaac Newton generalizou


as leis propostas por Kepler.

Isaac Newton organizou tudo


Isaac Newton, no início do século XVII, quis entender o mecanismo que fazia com que
a Lua girasse em torno da Terra. Estudando os princípios elaborados por Galileu
Galilei e por Johannes Kepler, Newton conseguiu elaborar uma teoria a qual dizia que
todos os corpos que possuíam massa sofreriam uma atração mútua entre eles.
Newton juntou a física de Kepler com a física da Galileu. Ele mostrou que a
mesma força que faz uma maçã cair no chão faz a lua girar em torno da Terra e os
planetas girarem em torno do Sol.

Força gravitacional
Surgiu, então, a teoria da Gravitação Universal. Quaisquer dois corpos se atrairiam,

50
mas quando dois corpos separados por uma distância d, um de massa m e o outro de
massa M, a atração entre eles é dada por:

Onde G é a constante universal da atração gravitacional.


Quaisquer dois corpos se atraem mutuamente. Sabemos que o Sol atrai a
Terra e que a Terra atrai o Sol. Mas os livros, ou qualquer outro corpo, também se
atraem. Obs.: Não é necessário que os livros sejam de Física para que se atraiam.
Entretanto, se segurarmos um livro em cada mão, não sentiremos uma
atração entre eles. Isto ocorre porque a constante gravitacional é muito pequena. Seu
valor é de:

13.1 Evolução das ideias

Da primeira lei de Kepler, Newton percebeu que o Sol atrai os planetas,


fazendo com que suas trajetórias não se afastem muito. Isto ocorre da mesma forma
que a Terra atrai os corpos sobre ela.
Da segunda, essa força é também inversamente proporcional ao quadrado da
distância entre o sol e o planeta. Ou seja, quanto mais perto o planeta está, maior é a
força de atração do Sol.
Da terceira, devido ao sol, a força que age constantemente sobre o planeta,
além de ser central, estar dirigida para o Sol e ser inversamente proporcional ao
quadrado da distância, é diretamente proporcional à massa do planeta.

51
Estas deduções não são óbvias nem mesmo evidentes. Newton, para chegar
à conclusão que chegou, teve de utilizar o Cálculo que ele tinha acabado de inventar.

Já sabemos a massa de cada um dos corpos envolvidos no problema (a Terra


e o satélite). Precisamos determinar a distância entre os dois. A distância é medida
do centro de massa de um corpo ao centro de massa do outro. Portanto mediremos a
distância do centro da Terra até o satélite. Esta distância é igual ao raio da Terra mais
a altura da superfície em que se encontra o satélite. Portanto, a distância entre os dois
é:

52
Note que o peso do satélite mudou bastante com a altitude.
O futuro
Depois de Newton, um cientista não podia mais se limitar a descrever um
fenômeno da natureza. Era preciso explicá-lo matematicamente e confirma-lo por
meio de uma experiência. Esse foi o início da idade da razão: o Iluminismo.
A constante de gravitação universal (G) não deve ser confundida com g (em
minúscula), que representa a intensidade da aceleração da gravidade terrestre.
A mecânica celeste mostrou sua eficiência na descoberta do planeta Netuno
em 1846. Baseados nas perturbações da órbita do planeta Urano, astrônomos
puderam calcular a presença de um outro corpo celeste influenciando seu movimento.
A teoria heliocêntrica teve sua origem na Grécia, muito antes de Copérnico.
O astrônomo grego Aristarco de Samos (310 a.C. - 230 a.C.?) Foi o primeiro a propor
que a Terra gira em torno do Sol. Entretanto, não se sabe muito a respeito da sua
proposta. Esta afirmação é conhecida através de uma referência feita por Arquimedes.

14 ENERGIA

A energia está presente no nosso dia-a-dia. Todos nós ouvimos falar de


energia e a utilizamos. Mas o que é energia?
Se você olhar no dicionário, encontrará algo mais ou menos assim: energia é
a capacidade de realizar trabalho. É importante notar que está sendo utilizada a noção
de trabalho existente na Física. Como a Física define trabalho?
Estas questões aqui apresentadas são muito importantes. Entretanto, antes
de respondê-las, vejamos exemplos práticos para que tudo isso fique mais claro.

14.1 Tipos de Energia

Utilizamos a energia elétrica diariamente. Ela está presente em vários


equipamentos, que convertem esta energia em algum outro tipo de energia.
Uma lâmpada, por exemplo, converte energia elétrica em energia luminosa.
Mas nem toda a energia elétrica que ela recebe é convertida em energia luminosa.
Você já deve ter notado que as lâmpadas se aquecem, principalmente as
incandescentes. As lâmpadas fluorescentes se aquecem bem menos. Elas se

53
aquecem, porque parte da energia que elas recebem é transformada em energia
térmica. As lâmpadas fluorescentes se aquecem bem menos, ou seja, nestas
lâmpadas não ocorre muita perda de energia.
Dizemos que ocorre perda de energia sempre que parte da energia recebida
é transformada num tipo de energia que não é aquela desejada. No caso da lâmpada,
queremos que ela produza energia luminosa, mas ela acaba produzindo também calor
(energia térmica). Você já deve ter escutado que a lâmpada fluorescente é econômica.
Isto ocorre, porque ela sofre menos perda de energia. Isto acontece, porque apenas
uma parte pequena da energia elétrica que ela recebe é transformada em energia
térmica.
Existem outros exemplos de energia que podem ser encontradas na nossa
casa. Muitas vezes queremos converter energia elétrica em energia térmica. Dois
exemplos disso são: o chuveiro elétrico e o ferro de passar roupa.
A energia elétrica pode também dar origem à energia mecânica, ou energia
cinética. É o que ocorre nos motores. Vários equipamentos que usamos possuem
motores elétricos: o liquidificador, o ventilador, o CD player etc.
Vimos que a energia elétrica pode dar origem a várias outras. Mas de onde
vem a energia elétrica? Aqui no Brasil a energia elétrica que chega por intermédio dos
fios é produzida em usinas hidrelétricas. Nestas usinas a energia mecânica é
transformada em energia elétrica. Para se construir uma usina hidrelétrica, é
necessário fazer uma represa. Quando a água é represada, estamos acumulando
energia mecânica. Esta energia mecânica acumulada é chamada energia potencial.
Quando a água é liberada, esta energia potencial é convertida em energia cinética. A
água em movimento passa por turbinas que convertem a energia cinética da água em
energia elétrica.
Outra forma muito comum de energia é a energia química. Um combustível
(gasolina, por exemplo) guarda energia química. Através da queima deste
combustível, esta energia química é convertida em energia mecânica. O combustível
queima dentro do motor e produz gases que ocupam um volume maior que o original.
Com este aumento de volume, um pistão é empurrado. Esta energia mecânica que o
pistão recebe é transferida para as rodas do veículo a fim de fazê-lo andar.
Existe mais uma forma de energia bastante comum que é a energia sonora.
Esta pode ser produzida, por exemplo, num alto-falante, que converte energia elétrica

54
em energia sonora. Já um microfone faz exatamente o contrário do que o alto-falante,
ou seja, ele converte energia sonora em energia elétrica.

14.2 Trabalho

Considere um exemplo. Uma pessoa tem duas caixas (20 kg cada) que estão
no chão. Esta pessoa deseja colocar as caixas sobre o guarda-roupa (2 metros de
altura). Ela poderia erguer as duas caixas de uma só vez e colocá-las sobre o guarda-
roupa. Entretanto, isto seria muito cansativo e ela pensa na possibilidade de erguer
uma caixa de cada vez.
Para facilitar ainda mais o trabalho que ela tem de fazer, ela resolve colocar
primeiramente cada caixa sobre uma escrivaninha (1 metro de altura). Depois disto
cada caixa é erguida até o topo do guarda-roupa.
Note que esta pessoa facilitou o seu trabalho duas vezes. Primeiramente,
decidiu subir cada caixa separadamente. Assim, o seu trabalho em cada etapa seria
apenas metade do trabalho inicial. Para facilitar ainda mais, ao invés de erguer a caixa
a uma altura de 2 metros, esta pessoa ergueu cada caixa a uma altura de um metro,
e, posteriormente, ergueu cada uma das caixas de mais 1 metro. Desta forma em
cada etapa o seu trabalho será apenas um quarto do trabalho original. Entretanto o
seu trabalho total será o mesmo.
O conceito de trabalho em Física é igual ao apresentado acima, ou seja, o
trabalho depende da força realizada, assim como do deslocamento. Quanto maior a
força que realizamos, maior será o trabalho, assim como o deslocamento. Um
deslocamento maior implica num trabalho maior.
Para equacionar isto, o trabalho é dado por:

T=F.d

Ou seja, trabalho (T) é igual ao produto da força (F) pelo deslocamento (d).
No Sistema Internacional (SI) o trabalho é medido em joules (J). Portanto uma força
de 1 Newton fazendo um corpo se deslocar por 1 metro produz um trabalho de 1 joule.
Agora vamos calcular o trabalho realizado no exemplo acima. Para erguer as
duas caixas a uma altura de dois metros, precisamos multiplicar a força pelo

55
deslocamento. A força que a pessoa teve de fazer deve ser pelo menos igual ao peso
das caixas (P = m.g = 40 x 9,8 = 392 N). Assim, o trabalho realizado é:
T = F. d = 392 x 2 = 784 J.
Para erguer apenas uma caixa a altura de 2 metros, o trabalho é:
T = F. d = 196 x 2 = 392 J.
Para erguer uma caixa a uma altura de 1 metro, o trabalho é:
T = F. d = 196 x 1 = 196 J.
Vemos que o trabalho pode ser dividido em partes menores.

15 ENERGIA CINÉTICA

Conhecer a energia mecânica, como ela é definida, assim como o trabalho


necessário para provocar a energia cinética. Comentamos na aula passada que
energia é a capacidade de realizar trabalho. Energia e trabalho são medidos na
mesma unidade. No Sistema Internacional (SI) energia e trabalho são medidos em
joules (J).

Energia Cinética
A energia cinética é uma grandeza associada ao movimento de um corpo. Ela
depende da massa (m) e da velocidade (v) de um corpo, ou seja:

Vemos, portanto, que um corpo em repouso (v = 0) não possui energia


cinética. Quanto maior sua velocidade, maior será sua energia cinética.

15.1 Energia e Trabalho

Sempre que um corpo sofre uma variação de energia cinética, é porque


alguém (ou alguma coisa) exerceu trabalho sobre este corpo. O que estamos falando

56
é que a energia cinética final será igual à energia cinética inicial mais o trabalho que
foi exercido sobre este corpo. Assim:

Quando a energia cinética final é menor que a inicial, o trabalho exercido sobre
o corpo é negativo. Isto significa que a energia cinética diminuiu, portanto, alguma
outra forma de energia foi aumentada.
Quando a energia cinética final é maior que a inicial, o trabalho exercido sobre
o corpo é positivo. Isto significa que a energia cinética aumentou. Portanto, algo (ou
alguém) transferiu energia para o objeto em questão.

Exemplo 1
Vamos tomar como exemplo uma bola de gude (massa de 10 g) jogada com
velocidade de 10 m/s... Qual é energia cinética desta bola?
A sua energia cinética é simplesmente:

Exemplo 2
Continuando com a bola de gude, vamos considerar que ela para após 3 metros de
deslocamento. Isto ocorreu devido ao atrito. Sua velocidade inicial era de 10 m/s e
sua velocidade final é zero. Sua energia cinética inicial foi calculada no exemplo
anterior. Sua energia final é zero, pois a velocidade final é nula. Ela perdeu energia.
O que aconteceu com a sua energia?
A energia do universo sempre se conserva. Portanto, se a energia cinética da
bola de gude diminuiu, a energia teve de aumentar em algum outro lugar. Mas qual é
o corpo que está em contato com a bola? O chão. O atrito que ocorre quando a bola
se desloca pelo chão faz com que o chão e a bola de gude se aqueçam. Este
aquecimento pode ser mínimo, até mesmo imperceptível, mas ele ocorre. Assim, a
energia cinética foi convertida em energia térmica.

57
O chão exerce uma força de atrito, desacelerando a bola de gude. Portanto,
o atrito exerce um trabalho sobre a bola de gude. O trabalho que o atrito exerce sobre
a bola faz com que a energia cinética diminua. É importante notar que em outros casos
o trabalho pode fazer com que a energia do corpo aumente. Vamos calcular o trabalho
exercido pelo atrito:

O trabalho é negativo, porque a energia cinética da bola de gude foi reduzida.


Se a sua energia aumentasse, o trabalho seria positivo.

Exemplo 3
Vamos considerar um carro freando. Se a massa do carro for de 1.000 kg e sua
velocidade for de 72 km/h (20 m/s), sua energia cinética será de:
1.0 x 202/2 = 200.000 J
Sua velocidade final é zero, portanto a sua energia final será nula. Qual o
trabalho que a força de atrito exerce sobre o carro?

Novamente, a energia cinética foi reduzida, portanto o trabalho é negativo.


Entretanto, a quantidade de energia envolvida neste exemplo é muito maior do que
no exemplo anterior. Assim, uma grande quantidade de energia cinética foi convertida
em energia térmica. Neste caso é possível perceber o aquecimento.
Se você quiser, faça o experimento com uma bicicleta. Quando você freia a
bicicleta, você pode perceber facilmente que as peças do freio e a roda são aquecidas.
Portanto, a energia cinética foi convertida em energia térmica.

Exemplo 4
Vamos considerar um carro acelerando. Se a sua velocidade inicial é nula, sua
energia cinética também é nula. Se a sua velocidade final for de 72 km/h (20 m/s) sua
energia final será de 200.000 J, como já vimos no exercício anterior.
58
O trabalho que o motor está exercendo sobre o carro será:

Note que agora o trabalho é positivo. Isto ocorre porque a energia cinética
aumentou. Portanto, o motor do carro está produzindo energia cinética.
Lembre-se que o motor do carro utiliza um combustível (energia química),
queimando-o. Na queima do combustível, a energia química é transformada em
energia térmica. O gás formado por ar e combustível se expande, empurrando um
pistão. A energia térmica foi convertida em energia cinética. O movimento do pistão é
energia cinética que será levada para as rodas do carro.

16 CALOR E SUA PROPAGAÇÃO

O calor é a energia térmica que flui de um corpo para outro em virtude da


diferença de temperatura entre eles. Pode ser adicionado ou removido de uma
substância. Logo, não há sentido em dizer que um corpo tem mais calor que outro. O
calor é uma energia que se transfere de um sistema para outro, sem transporte de
massa.
Todo corpo tem uma certa quantidade de energia interna que está relacionada
ao movimento aleatório de seus átomos ou moléculas. Esta energia interna é
diretamente proporcional à temperatura do objeto.
Calor é medido em calorias (cal) ou joules (J). Sendo que joules é a unidade
usada no Sistema Internacional.
Existem três formas de propagação do calor. São elas: condução, convecção
e irradiação.

16.1 Uma análise microscópica

Vamos primeiramente entender o que são essas coisas. Para isso, vamos
analisar o que é o calor do ponto de vista microscópico, ou seja, como as moléculas
se comportam com a variação térmica. Quando uma substância é aquecida, suas
59
moléculas ficam mais agitadas, ou seja, aumenta sua energia cinética e elas começam
a se chocar mais fortemente umas contra as outras.

Fonte: MENEZES, 2006.

Observe a figura ao lado em que as moléculas da água ficam organizadas e


pouco agitadas, quando no estado sólido. Entretanto, ao passar para o estado líquido,
a energia cinética das moléculas aumenta. Quanto mais calor uma substância
qualquer recebe, mais agitadas ficam suas moléculas.
Assim, já é possível entender como o calor se propaga por condução. Quando,
por exemplo, um líquido quente é colocado em contato com recipiente frio, as
moléculas do líquido quente chocam-se contra as moléculas do recipiente frio. As
moléculas do recipiente ganham energia cinética, enquanto as do líquido a perdem.
Desta forma, o calor é transferido de uma região para outra.

60
Fonte: MENEZES, 2006.

Vamos entender agora como é que funciona a propagação de calor por


convecção. Como vemos na figura ao lado, as moléculas na parte superior do
recipiente estão mais espaçadas. Isto ocorre, porque elas têm mais agitação térmica,
ou seja, estão a uma temperatura mais elevada. O agito térmico faz com que as
moléculas fiquem mais espaçadas, reduzindo a densidade da substância.
Na parte mais fria do líquido as moléculas ficam mais juntas, com uma densidade
maior.
Vamos entender agora como é que funciona a propagação de calor por
convecção. Como vemos na figura ao lado, as moléculas na parte superior do
recipiente estão mais espaçadas. Isto ocorre, porque elas têm mais agitação térmica,
ou seja, estão a uma temperatura mais elevada. O agito térmico faz com que as
moléculas fiquem mais espaçadas, reduzindo a densidade da substância.
Na parte mais fria do líquido as moléculas ficam mais juntas, com uma densidade
maior.
Quando estamos tratando de um líquido, as moléculas mais quentes na parte
superior tendem a evaporar. Este líquido na parte superior se esfria e, se o líquido na
sua parte inferior estiver sendo aquecido, a parte inferior começa a ficar mais quente
e sobe. Este aquecimento na parte inferior e o esfriamento na parte superior fazem
com que se inicie um movimento circular que recebe o nome de convecção.

61
Vejamos agora como se dá a transmissão de calor por irradiação. Toda
molécula emite radiação, perdendo, dessa maneira, energia cinética. A radiação que
é emitida por uma molécula do líquido pode atingir uma outra molécula do próprio
líquido, ou uma molécula do recipiente, ou qualquer outra molécula, mesmo que está
esteja muito afastada do recipiente. Observe as figuras abaixo. Primeiramente, vemos
uma molécula emitindo radiação, desta forma ela perdeu energia cinética. Logo a
seguir temos uma molécula recebendo radiação, portanto ela está ganhando energia
cinética.

Fonte: MENEZES, 2006.

Entre o sol e a Terra praticamente não existem matéria, ou seja, existe vácuo.
Portanto, o calor chega até nós devido à irradiação, pois as outras formas de
propagação de calor ocorrem somente quando há matéria.

16.2 Evitando a transmissão de calor

Em 1895, Edward Deware inventou a garrafa térmica. Ela nada mais é do que
um recipiente utilizado para manter a temperatura de algum líquido. Com ela você
pode garantir que uma bebida permaneça quente por algumas horas. Ou também
deixá-la fria por um longo intervalo de tempo.

62
Fonte: MENEZES, 2006.

As garrafas térmicas possuem basicamente um vaso de vidro com paredes


duplas separadas por uma distância de aproximadamente um centímetro. Entre essas
duas paredes o ar é quase que totalmente retirado, formando um quase vácuo. Dessa
forma, não ocorre transmissão de calor por condução (não há matéria!). Também não
ocorrerá convecção entre as paredes de vidro da garrafa térmica, já que praticamente
não há matéria no seu interior.
Ainda resta a irradiação. Para que possamos evitá-la, o vaso de vidro deverá
ser espelhado. Assim, a radiação, que é emitida pelas moléculas do líquido, será
refletida pelo espelho e retornará para o líquido.
Para finalizar, a tampa da garrafa térmica é feita de um material isolante
térmico, que evita parte das trocas de calor entre os meios interno e externo.

17 A EVAPORAÇÃO

Para entender como ocorre a evaporação de um líquido, vamos recorrer a um


experimento bem simples. Se você colocar água sobre sua pele, você sentirá que ela
ficou mais fria. A água evapora absorvendo calor da sua pele, fazendo com que você
sinta sua pele mais fria. Se ao invés de água você utilizar álcool, você sentirá mais frio
ainda, pois ele evapora a uma temperatura mais baixa.

63
17.1 O fenômeno microscópico

Para entender melhor esse fenômeno, vamos recorrer ao comportamento


microscópico, assim como na aula passada. Você deve se lembrar que o calor deve
ser compreendido como o agito térmico das moléculas. Assim, quando as moléculas
se chocam umas contra as outras, algumas têm energia cinética muito maior que as
demais. Vamos considerar um líquido. Se esta molécula estiver próxima à superfície
ela pode desprender-se das demais e escapar para a atmosfera. Em outras palavras
podemos dizer que esta substância está evaporando.

Fonte: MENEZES, 2006.

Portanto, uma molécula com energia cinética muito grande foi embora. À
medida que isso ocorre, as moléculas que restarem terão uma energia cinética muito
pequena, ou seja, uma temperatura mais baixa. Assim, podemos explicar a sensação
de frio que a água ou o álcool nos fazem sentir. A substância (colocada sobre a pele)
rouba calor do nosso corpo e as moléculas com maior energia escapam. Esse
processo continua se repetindo e o calor da nossa pele vai se perdendo.
O suor
O nosso corpo sempre realiza o experimento de evaporação de água, muitas
vezes, sem que percebamos. Logo após suarmos, as moléculas de água (presentes
em nosso suor) com maior energia cinética acabam escapando (evaporando),
deixando o suor que ainda restou sobre nossa pele mais fria do que antes. É desta
forma que o suor abaixa a temperatura do nosso corpo.

64
Fonte: MENEZES, 2006.

Para que as moléculas de água consigam escapar da superfície da nossa


pele, é necessário que a umidade relativa do ar não esteja muito elevada, pois, caso
contrário, o suor permanecerá sobre nossa pele sem levar o calor embora. Se a
umidade do ar for muito alta, existirão muitas moléculas de água no ambiente.
Sabemos que as moléculas de água (do nosso suor) com maior energia
escapam. Entretanto, com a umidade muito elevada, várias moléculas de água do
ambiente se chocarão com a nossa pele. Assim, haverá um equilíbrio entre moléculas
saindo e moléculas chegando. Portanto, o suor ficará sobre a nossa pele sem que a
temperatura baixe.
Existe uma outra forma de eliminar calor do nosso corpo. Quando a
temperatura do ar à nossa volta é mais baixa que a da nossa pele cedemos calor para
o meio que nos circunda. Entretanto, se o ar estiver parado, o ar próximo a nós estará
mais quente do que aquele que se encontra um pouco mais distante. Portanto, é
importante que ocorra a movimentação do ar a nossa volta.

A água em ebulição
A água, ao nível do mar, ferve a 100° C. A uma maior altitude, a água ferve a
uma temperatura mais baixa, isso ocorre porque a pressão atmosférica é mais baixa.
Com a pressão mais baixa, as moléculas do ar ficam mais espaçadas. Assim, as
moléculas da água têm menor dificuldade de escapar do recipiente e entrar em
ebulição.

65
Quando a pressão atmosférica é maior, a densidade do ar é maior. Assim,
quando uma molécula de água escapa do recipiente para o ar, existe uma
probabilidade de ela se chocar com uma molécula do ar e voltar para o recipiente.
Vemos na figura abaixo que, à medida que a pressão atmosférica é reduzida,
a evaporação ocorre com maior facilidade. Quando a pressão atmosférica é alta, o
número de moléculas é grande. Assim, é muito difícil para uma molécula do líquido
escapar, pois, quando ela escapa, ela pode se chocar com uma molécula do ar e voltar
para baixo.

Fonte: MENEZES, 2006.

Aplicação da pressão
Já que uma pressão mais alta torna mais difícil a evaporação da água, se
adicionarmos alguma pressão além da pressão atmosférica, a evaporação será mais
difícil. Esta dificuldade na evaporação da água faz com que a agitação das moléculas
aumente, ou seja, a temperatura aumentará e a água ferverá a uma temperatura mais
elevada. Esse é o princípio da panela de pressão.

18 DILATAÇÃO TÉRMICA

Como vimos na aula anterior, quando um objeto é aquecido, a agitação dos


seus átomos e moléculas aumenta. Aumentando a agitação destas partículas elas
ficarão um pouco mais afastadas umas das outras. Desta forma o objeto aquecido
aumenta de tamanho.

66
Dilatação linear
Quando consideramos um objeto muito comprido, geralmente estamos
interessados apenas na dilatação superficial. Somente a dilatação em uma das
coordenadas é importante, as outras podem ser perfeitamente desprezadas. Um
exemplo disso é quando estamos usando uma régua. Apenas uma das dimensões é
utilizada.
A dilatação linear depende de três parâmetros. Primeiramente ela depende do
comprimento: uma régua de 60 cm, quando aquecida, vai dilatar mais do que uma de
20 cm. A dilatação também depende da variação da temperatura: quanto maior o
aumento na temperatura, mais deverá se dilatar a régua. Por fim, a dilatação também
depende do material em que é feita a régua. Colocando todas as informações numa
equação, obtemos:

O comprimento final da régua é dado por:

67
Portanto, devido a esta enorme variação na temperatura, a régua sofreu uma
variação de 0,5 milímetros. Esta variação pode parecer mínima e sem importância,
mas deve ser levada em consideração em vários tipos de
construções.
Um exemplo típico é o trilho de trem. O trilho é feito como uma sequência de
várias barras metálicas. Estas barras ficam um pouco afastadas umas das outras,
para que, se houver uma variação, o trilho não seja forçado a ir para a lateral
(entortando-se).

Dilatação superficial
Vamos estudar agora o caso da dilatação de placas, objetos que possuem
duas dimensões grandes. A terceira dimensão é muito menor que as outras e é então
desprezada. A área do objeto pode ser escrita como o produto das duas dimensões
principais, assim:

68
Você pode notar que a variação é pequena, entretanto, esta pequena variação
pode ser significativa em vários casos, como peças que devem se encaixar com
precisão.

19 DILATAÇÃO VOLUMÉTRICA DE SÓLIDOS E DE LÍQUIDOS

Continuando a aula anterior vamos ver um outro caso de dilatação dos sólidos,
assim como a dilatação dos líquidos. Esta última é essencial para a construção dos
termômetros.
Como vimos em outras aulas, o aumento da temperatura de um corpo causa
um aumento da agitação térmica das suas moléculas. Esta agitação, por sua vez,
causa uma dilatação do objeto que sofre o aumento da temperatura.
Na aula anterior vimos alguns casos em que apenas a variação de algumas
dimensões é importante. Assim, no caso linear, apenas a variação de uma dimensão
era importante. No caso superficial, as variações de duas dimensões eram levadas
em consideração. Hoje vamos considerar casos em que todas as dimensões do objeto

69
são grandes, ou seja, são importantes. Assim, todas elas serão consideradas nesta
dilatação.

Dilatação volumétrica
Vamos estudar agora a dilatação de objetos tridimensionais. O volume do objeto é
escrito como o produto das três dimensões, assim:

70
19.1 Dilatação dos líquidos

Nos líquidos, a variação é bem maior do que nos sólidos. Neste caso vamos
considerar sempre o volume, pois não é possível desprezar nenhuma das dimensões.
Um sólido possui forma e volume bem definidos, mas os líquidos não possuem forma
definida, apesar do se volume ser bem definido.
Como vimos em aulas anteriores, nos líquidos as moléculas conseguem se
mover com muito mais facilidade do que nos sólidos. Com isto, uma variação de
temperatura nos líquidos causa um afastamento maior das moléculas do que nos
sólidos. Portanto, o coeficiente de dilatação volumétrica dos líquidos é bem maior do
que a dos sólidos.
O coeficiente de dilatação volumétrica da água é de 1,3 x 10-4°C-1 e o do
álcool é de 11 x 10-4°C-1. Estes coeficientes são bem maiores que os dos sólidos.

71
Um termômetro é feito de um tubo de vidro com um capilar e um bulbo. No
interior do tubo há um líquido, geralmente álcool misturado com uma pequena porção
de corante.
Vamos considerar um termômetro feito como um tubo de vidro com um capilar
de 1 mm2. Vamos determinar a variação do álcool neste tubo.
O coeficiente de dilatação volumétrico do vidro é de 24 x 10-6°C-1. Como este
coeficiente é cerca de 50 vezes menor do que o do álcool vamos desprezá-lo. Note,
entretanto, que, se a dilatação do vidro fosse levada em consideração, o capilar
(espaço no interior do tubo de vidro) também se expandiria, e, assim, obteríamos uma
altura menor para o álcool.
Um volume de 1 centímetro cúbico sendo aquecido, sofrendo uma variação
de 1°C, estaria sujeito a:

20 ONDAS

Uma onda é uma variação periódica de alguma grandeza física, ou seja, a


variação periódica de uma variável qualquer.
Fisicamente, uma onda é um pulso que se propaga por intermédio de um meio
(líquido, sólido ou gasoso) ou através do vácuo. O som somente se propaga por meio
de materiais. Entretanto, a luz pode também se propagar no vácuo.
Uma onda pode ser longitudinal quando a oscilação ocorre na direção da
propagação ou transversal quando a oscilação ocorre na direção perpendicular à
direção de propagação da onda.

72
Fonte: pt.slideshare.net

20.1 Algumas Características

As ondas possuem uma velocidade de propagação. O som, por exemplo, é


uma onda e se propaga com diferentes velocidades nos diferentes meios.

Material Velocidade (m/s)

Ar (21º C – nível do mar) 344

Água 1435

Aço 5.100

Os gases, quando têm sua temperatura variada, sofrem uma variação de


volume muito maior do que os líquidos e que os sólidos. Como a distância das suas
moléculas varia bastante com a temperatura, a velocidade do som varia muito mais
nos gases do que nos líquidos. Por este motivo, foi colocada a temperatura do ar. Nos
gases, a velocidade do som varia muito em função da temperatura.
Além da velocidade existem mais algumas características importantes de uma
onda. Duas delas são o comprimento de onda e a frequência.
O comprimento de onda é a distância entre picos (máximos) ou vales
(mínimos). É usualmente representado pela letra grega lambda (λ).
Se fizermos ondas na superfície da água, ela terá o aspecto tal como
mostrado no esquema abaixo. A distância entre dois máximos nos dará o seu
comprimento de onda. A periodicidade no tempo (o número de oscilações que

73
ocorrem num determinado intervalo de tempo) é a frequência da onda, que é o inverso
do seu período.

Fonte: MENEZES, 2006.

O período de oscilação é o tempo que uma onda leva para que complete um
ciclo completo. O período () se relaciona com a frequência (ƒ) da seguinte forma:

As três grandezas discutidas acima (velocidade de propagação, comprimento


de onda e frequência), relacionam-se assim:

Ou seja, a velocidade de propagação (ν) de uma onda é igual ao produto do


comprimento de onda (λ) pela frequência (ƒ).

20.2 Outras Características

Uma onda senoidal que se propaga num meio é descrita por:


74
Onde Α é a amplitude da onda, ν é a frequência, λ é o comprimento de onda
e φ é a fase. Note que todos os termos no interior da função cosseno são
adimensionais.

20.3 Ondas estacionárias

As ondas que descrevemos em algumas partes desta aula são as ondas não-
estacionárias. Estas ondas se propagam, deslocando-se por um meio.
Uma onda estacionária não se propaga pelo espaço, ou seja, ela apresenta
nós e ventres que ficam sempre no mesmo lugar. A figura abaixo apresenta várias
ondas estacionárias. As ondas estacionárias ocorrem, por exemplo, nas cordas de
instrumentos musicais.

Fonte: MENEZES, 2006.

Na primeira corda vemos a presença de 2 nós (nos extremos da corda) e 1


ventre. Na segunda corda vemos 3 nós e 2 ventres. Na terceira vemos 4 nós e 3
ventres. Na última corda vemos 5 nós e 4 ventres.
75
21 O SOM

O som nada mais é do que ondas que se propagam pelos meios materiais. O
meio mais comum por onde o som se propaga é o ar. Quando o som se propaga pelo
ar, o que ocorre é uma variação de pressão que se propaga de uma fonte emissora
até um receptor.
Como vemos na figura abaixo as principais propriedades de uma onda são:
sua amplitude, sua frequência e sua forma. Essas propriedades caracterizam
totalmente uma onda sonora. Na figura abaixo vemos o comprimento de onda (λ) e a
amplitude (y) da onda.
A frequência da onda é o número de vezes que a onda oscila em certo
intervalo de tempo. Geralmente é medida em hertz (Hz) que indica o número de
oscilações por segundo. É muito comum utilizar o período para caracterizar uma onda.
O período é simplesmente o intervalo de tempo que leva para que a onda realize uma
oscilação completa.

Fonte: MENEZES, 2006.

A figura acima nos mostra uma onda senoidal. A maioria dos sons que
ouvimos não possui este formato. Elas são bem mais irregulares, entretanto se
repetem periodicamente.

76
21.1 A produção do som

Todos os sons são produzidos por corpos que vibram. Os sons podem ser
gerados por vibrações de cordas, como num violão. Num tambor, a vibração é de uma
membrana; nos instrumentos de sopro (corneta, flauta, etc.), o que vibra é uma coluna
de ar, colocada em movimento pelo sopro do instrumentista.
Nossa voz também é resultado de uma vibração. Quando falamos ou
cantamos, o ar que sai dos pulmões põe em movimento as cordas vocais, que são
pequenas membranas localizadas no interior da laringe.
Nossa voz também é resultado de uma vibração. Quando falamos ou
cantamos, o ar que sai dos pulmões põe em movimento as cordas vocais, que são
pequenas membranas localizadas no interior da laringe.

21.2 A propagação

O som se propaga por qualquer meio material, sendo ele sólido, líquido ou
gasoso. O som somente não se propaga pelo vácuo. Para que ocorra a transmissão
do som é necessário que o meio material vibre; propagando a vibração do emissor do
som até o receptor. Note que a luz (que pode ser entendida como uma onda) não
precisa de um meio material para se propagar, podendo se deslocar pelo vácuo. O
estudo da luz será feito numa aula futura.

Fonte: MENEZES, 2006.

77
Quando o som se propaga pelo ar, a pressão do ar varia. Ela aumenta e
diminui com a mesma frequência que o som. Se o som tem frequência de 400
oscilações por segundo, a pressão do ar em que o som se propaga varia com esta
mesma frequência.

21.3 A percepção

Ao penetrar no ouvido as ondas fazem a membrana do tímpano vibrar. Esta


vibração é conduzida pelas demais estruturas, sendo finalmente convertidas por
algumas células em impulsos elétricos. Este sinal elétrico é então transmitido ao
cérebro por meio de um nervo. O cérebro finalmente interpreta este sinal como som.
Conforme já mencionado, uma onda sonora possui três características que
podem ser interpretadas por nós. Estas características são: a amplitude, a frequência
e a forma da onda.
A frequência da onda sonora determina se ela é grave ou aguda. Nós, seres
humanos, ouvimos sons na faixa de 20 Hz (sons graves) a 20.000 Hz (sons agudos).
A amplitude da onda determina a sua intensidade (volume). Já a forma que a onda
possui nos indica qual foi à fonte emissora do som. Ou seja, dependendo da forma da
onda saberemos se o som foi emitido por um cachorro, um violão, uma criança etc.

22 A LUZ

Iremos aprender nesta aula sobre a luz, saber como ela se propaga e como
interage com a matéria.
No estudo da óptica procuraremos abordar, com objetividade, o estudo da luz
e dos fenômenos luminosos em geral, tais como: o comportamento da luz, a reflexão
da luz e a refração da luz.

22.1 Natureza da Luz

Em 1675 Isaac Newton, num artigo, considerou a luz constituída por um


conjunto de corpúsculos materiais em movimento, cujas trajetórias seriam retas.

78
Huygens sugeriu que os fenômenos de propagação da luz seriam
mais bem explicados se a luz fosse considerada uma onda.
No início do século XIX a teoria de Newton foi definitivamente abandonada,
passando-se a considerar a luz como uma propagação ondulatória graças aos
trabalhos do inglês Thomas Young. No entanto, evidências mais recentes mostram
que a luz pode (em alguns experimentos) ser interpretada como corpúsculos de
energia chamados fótons, apresentando uma natureza dual (dualidade partícula-
onda), segundo teoria do francês Louis de Broglie.

22.2 Propagação retilínea da luz

Um dos fatos que podemos observar facilmente sobre o comportamento da


luz é que, quando ela se propaga em um meio homogêneo, a propagação é retilínea.
Sabendo-se que a luz se propaga em linha reta, podemos determinar o tamanho e
posição da sombra de um objeto sobre um anteparo. Na figura ao lado, uma pequena
lâmpada emite luz que se propaga em linha reta em todas as direções. Um objeto
opaco, colocado em frente à lâmpada, interrompe a passagem de parte desta luz,
originando a sombra num anteparo.

Fonte: MENEZES, 2006.

79
22.3 Raio de luz

Raio de luz é uma linha que indica a direção e o sentido de propagação da


luz.

Fonte: MENEZES, 2006.

Uma importante propriedade da luz é a independência que se observa na


propagação dos raios ou feixes luminosos. Após dois feixes se cruzarem, eles seguem
as mesmas trajetórias que iriam seguir se não tivessem se cruzado, isto é, um feixe
não interfere no outro.

Fonte: MENEZES, 2006.

80
22.4 Fonte de luz

As fontes de luz podem ser:


1) Primária ou corpo luminoso: é aquela que produz a luz que emite.
Exemplos: estrelas, ferro incandescente, vela acesa e lâmpada ligada.
2) Secundária ou corpo iluminado: é aquela que não produz a luz que emite,
apenas a reflete. Exemplos: a lua, um papel, a pele, a madeira etc.

Meios de propagação
Quanto à propagação da luz os meios são classificados em:
1) Meios Transparentes: permitem a propagação da luz. Exemplos: vácuo, ar,
vidro, água etc.
2) Meios Opacos: não permitem a propagação da luz. Exemplos: madeira,
metal, tijolo etc.
3) Meios Translúcidos: que permitem que a luz os atravesse. Entretanto, a luz
passa de forma difusa. Exemplos: vidro fosco, papel vegetal etc.
Interação da luz com a matéria
Ao interagir com a matéria, a luz pode ser: refletida, refratada ou absorvida.

Reflexão da Luz
Quando raios paralelos de luz incidem sobre uma superfície, ocorre a reflexão
especular ou regular se os raios refletidos forem também paralelos entre si. Em caso
contrário, a reflexão é difusa ou irregular.

Fonte: MENEZES, 2006.

81
A reflexão regular será predominante quando a superfície refletora for plana e
bem polida como um espelho. A reflexão difusa ocorre em superfícies irregulares e
porosas.
Note que o ângulo de incidência é sempre igual ao ângulo de reflexão:

22.5 Refração da Luz

A velocidade da luz depende do meio de propagação. A velocidade da luz


assume valores diferentes em diferentes meios de propagação tais como: vácuo, ar,
água, vidro etc.
A luz sofre refração quando passa de um meio para outro, modificando sua
velocidade. A refração é acompanhada por um desvio na trajetória da luz,
consequência da mudança de velocidade. O único caso de refração no qual a luz não
sofre desvio é quando incide perpendicularmente à superfície de separação dos
meios.

Fonte: MENEZES, 2006.

82
De uma forma geral, o fenômeno da refração é acompanhado pela reflexão
da luz. Assim, o raio de luz incidente na superfície divide-se em dois raios, um
refratado e outro refletido.

Fonte: MENEZES, 2006.

22.6 Absorção da Luz

É importante também dizer que ocorre em qualquer meio material o fenômeno


da absorção da luz, em que parcela da energia luminosa é transformada em energia
térmica. A absorção da luz somente não ocorre no vácuo, pois não há matéria com a
qual a luz possa interagir.

23 AS CORES

A luz nada mais é do que uma parte daquilo que é chamado radiação
eletromagnética. Esta radiação é interpretada como a propagação de ondas (ou
partículas) em meios transparentes e no vácuo.
A radiação eletromagnética está distribuída num espectro muito amplo, muito
além daquele que conseguimos enxergar. A região que pode ser vista pelos olhos é
chamada de luz visível ou, simplesmente, luz.
O olho humano distingue a radiação eletromagnética do vermelho ao violeta.
Sabemos que uma onda é descrita pela equação:

83
Onde ν é a velocidade da onda, λ é o seu comprimento e f é a sua frequência.
A luz apresenta uma velocidade de 300.000 km/s (ou 3 x 108 m/s – no Sistema
Internacional de Unidades). Portanto, se soubermos a frequência de uma determinada
cor, saberemos também o seu comprimento de onda.
A luz vermelha é a que apresenta menor frequência. A radiação
eletromagnética com frequência logo abaixo desta é chamada de infravermelho, e não
é vista pelos olhos humanos.

Cor Comprimento da Onda

Violeta 380-450 nm

Azul 450-495 nm

Verde 495-570 nm

Amarelo 570-590 nm

Laranja 590-620 nm

Vermelho 620-750 nm

Da mesma forma, a radiação eletromagnética com frequência logo acima da


violeta é chamada de ultravioleta e também não é vista por nós.
Os seres humanos enxergam luz que apresente um comprimento de onda de
380 nm até 750 nm1. O espectro visual varia de uma espécie para outra. Por exemplo,
as cobras conseguem enxergar no infravermelho, enquanto as abelhas enxergam no
ultravioleta.

23.1 Interação da luz com os objetos

A cor dos objetos é percebida somente quando este objeto é iluminado. Ao


ser iluminado, um objeto interage diferentemente com as várias frequências da luz.

84
Algumas são absorvidas, outras refletidas e outras ainda são refratadas. Portanto,
para que a visão se processe são necessários: a luz, um objeto (que reflete a luz) e
olho.
Uma maçã vermelha não emite luz vermelha. Ao invés disso, ela absorve
todas as cores de luz que incidem sobre ela, exceto a luz vermelha que é refletida. A
luz vermelha é, portanto, a única que vem diretamente da maçã até os nossos olhos.
Assim, nós a enxergamos como sendo vermelha.
É por este motivo que uma roupa de cor preta, quando exposta ao sol, fica
mais quente que uma roupa de outra cor. Ela absorve todo o espectro da radiação
visível, não emitindo nenhuma luz.

23.2 Subtração de cores

Pode parecer contrário à nossa intuição começar com a subtração e não com
a adição. Entretanto, este fenômeno é mais comum para nós, pois está mais próximo
dos experimentos que fazíamos de misturar tintas quando éramos crianças.
Neste experimento temos três tintas diferentes: uma que emite a cor amarela,
outra que emite a cor magenta e outra que emite a cor ciano. Estamos trabalhando
com estas cores, porque são exatamente as cores utilizadas por uma impressora.
Misturando estas tintas, obteremos exatamente aquilo que está mostrado na
figura abaixo. Isto acontece, porque a tinta amarela emite luz: vermelha, laranja,
amarela e verde. A tinta magenta emite luz: azul, magenta e vermelha. Quando você
mistura estas duas tintas, somente serão emitidas as cores que estão presentes nas
duas tintas. Neste caso a luz emitida será a vermelha.

85
Fonte: MENEZES, 2006.

Quando você estudou Teoria dos Conjuntos (em Matemática) aprendeu a


operação de intersecção. Isto funciona como uma intersecção. Somente as cores que
são emitidas pelas duas tintas é que serão emitidas pela mistura das duas. Isto ocorre
porque as moléculas de uma tinta absorvem algumas frequências luminosas e as
moléculas da outra tinta absorvem outras frequências. Assim, quando misturamos as
duas tintas, uma quantidade maior de frequências será absorvida.
Se você se lembra bem das experiências de misturar diferentes tintas, deve
estar achando estranha está figura. Você deve se lembrar que misturando azul com
amarelo você obteria verde (e não preto). Isto se deve à qualidade da tinta. Na tinta
que você utilizava, o espectro de luzes que cada tinta emitia era maior. No caso que
estamos trabalhando, a tinta azul emite simplesmente a cor azul, isto ocorre porque
ela já é a mistura de duas cores, o que fez reduzir o espectro total.
Como já vimos antes, a tinta amarela não emite a luz azul. Já a tinta azul
(magenta com ciano) emite somente o azul. Portanto, a mistura não emitirá nenhuma
luz, absorverá todo o espectro visível e resultará em preto.

23.3 Adição de cores

A adição de cores é observada quando sobrepomos duas luzes de cores


diferentes. Este experimento tornou-se muito comum desde o surgimento do aparelho
de TV em cores. E continua comum hoje nos monitores de computador e mesmo nos
mais modernos aparelhos de TV. Um aparelho de TV é composto por diversos
quadradinhos e cada um deles possui três emissores de luz (vermelho, verde e azul).
A partir destas três cores é possível formar todo o espectro visível.

86
Se utilizarmos três lanternas com celofane sobreposto à lâmpada podemos
repetir o que acontece na tela de um televisor. Cada uma das lanternas terá um
celofane diferente (vermelho, verde e azul). Aponte as lanternas para uma parede
branca. O resultado será tal como mostrado na figura ao lado. Isto deve ser feito num
quarto escuro.

Fonte: MENEZES, 2006.

Neste caso ocorre uma soma, ou seja, ambas as cores são emitidas para os
nossos olhos. O olho faz uma média das luzes que ele recebe. Quando recebemos as
três cores, o resultado será branco.

24 MATÉRIA E CARGA ELÉTRICA

A história da eletricidade tem início na Grécia antiga. Tales de Mileto foi o


primeiro a relatar o fenômeno de transferência de cargas elétricas por atrito. Segundo
Tales, ao se esfregar âmbar (uma resina fóssil) com pele de carneiro, observou-se
que pedaços de palha eram atraídos pelo âmbar.
É interessante saber que a resina fóssil âmbar, em grego, é chamada de
eléktron (ελεκτρον). Portanto, a eletricidade recebeu este nome devido ao âmbar. A
princípio acreditava-se que esta era uma propriedade do âmbar. Posteriormente foi
verificado que a eletricidade está presente em todos os materiais.
Na Grécia antiga não se sabia exatamente o que estava ocorrendo, mas hoje
sabemos que todos os corpos são formados por átomos e que estes são compostos
por partículas carregadas e neutras (prótons, elétrons e nêutrons).

87
A ideia de átomo é antiga, vem da Grécia. Nesta época, alguns filósofos
diziam que a matéria não poderia ser dividida indefinidamente, haveria um limite
máximo e este limite foi chamado de átomo que, em grego, significa indivisível.
Em torno de 1800, John Dalton, um cientista inglês retornou com a ideia de
que a matéria era formada por átomos. Ele, assim como os gregos, disse que os
átomos eram indivisíveis. Este modelo foi sendo alterado por outros cientistas.
Em 1903 Joseph Thomson (outro cientista inglês) verificou que os átomos
eram compostos por cargas positivas e negativas. Ele supôs que as cargas estavam
distribuídas ao acaso.
Em 1911, Ernest Rutherford (um cientista neozelandês) descobriu que os
átomos são formados por um núcleo positivo e uma eletrosfera envolvendo este
núcleo.
Este modelo foi alterado por Niels Bohr (cientista dinamarquês) que propôs
que os elétrons possuíam níveis nos quais eles ficavam. Esta foi a origem de uma
outra área da Física, a Mecânica Quântica.
O que nos interessa saber é que a matéria é composta por um núcleo e uma
eletrosfera. No núcleo ficam as partículas neutras e as positivas, respectivamente
nêutrons e prótons. Na eletrosfera ficam os elétrons.

24.1 Cargas elétricas

Voltemos à experiência realizada por Tales de Mileto. Por que é que, depois
de esfregar âmbar com pele de carneiro, os pedaços de palha eram atraídos pelo
âmbar? Como isto pode ser explicado?
Antes de explicarmos, faça o seguinte experimento: pegue um canudo plástico
e um guardanapo de papel e esfregue um contra o outro; ambos ficarão eletricamente
carregados. Tanto que será possível fazer o canudo ficar preso a uma parede por
algum tempo. Você poderá conseguir que o canudo fique preso à parede por alguns
minutos até que ele caia.
Vamos detalhar estes processos. Tudo isto está relacionado à distribuição de
elétrons no átomo. Todos os átomos possuem várias camadas, tal como ilustrado na
figura abaixo. Alguns átomos e moléculas perdem facilmente elétrons, enquanto
outros recebem elétrons com mais facilidade.

88
Fonte: MENEZES, 2006.

O canudo plástico é feito de polipropileno, que possui grande tendência em


receber elétrons. O guardanapo é feito de papel (celulose), que tem alguma tendência
em ceder elétrons. Quando esfregamos um contra o outro, os elétrons são transferidos
de um para o outro. Acabamos de provocar o que é chamado de eletrização por atrito.
Com relação ao experimento feito por Tales de Mileto, podemos dizer que o
âmbar tem tendência a receber elétrons, enquanto a pele de carneiro tende a ceder
elétrons.

Fonte: MENEZES, 2006.

89
Quando um corpo carregado é aproximado de um corpo neutro, as cargas
do corpo neutro tendem a se organizar diferentemente. Quando o canudo carregado
negativamente é aproximado da parede, os elétrons da parede tendem a se afastar
do canudo carregado negativamente. Isto ocorre, porque cargas iguais se repelem,
enquanto cargas opostas se atraem. Portanto, o excesso de elétrons do canudo faz
com que os elétrons da parede se afastem do canudo, assim como mostrado na figura
ao lado.
Como as cargas opostas estão próximas uma da outra, a parede e o canudo
se atraem. Como nenhum dos dois materiais é bom condutor, os elétrons não migram
facilmente do canudo para a parede. Mas, mesmo assim, ocorre a migração dos
elétrons. Conforme os elétrons vão migrando do canudo para a parede, a atração
entre os dois diminui, até que a atração não é mais suficiente para manter o canudo
preso à parede. O canudo então cai.

24.2 Condutores e Isolantes

Em muitos materiais, os elétrons estão fortemente ligados ao seu átomo.


Alguns exemplos são: madeira, plástico, borracha, cerâmicas etc. Como estes
elétrons não se movem, estes materiais não conduzem eletricidade.
Portanto, estes materiais são chamados isolantes.
A maioria dos metais possui elétrons que não estão tão presos ao átomo.
Estes são chamados de elétrons livres. Exemplos são: cobre, alumínio, prata, ouro,
ferro etc. Estes elétrons livres movem-se através do metal, saindo de uma região que
tenha excesso de elétrons, indo para uma região onde haja falta de elétrons.
Como os elétrons movem-se com facilidade nos metais, eles são utilizados
nos fios para conduzir os elétrons que são responsáveis pelo funcionamento da
imensidão de equipamentos eletrônicos disponíveis nos dias de hoje.

25 FORÇA ELÉTRICA

Agora vamos conhecer a interação entre as cargas elétricas, as forças que


agem entre estas cargas, assim como o campo gerado por uma carga elétrica.

90
Acompanhe. Os opostos se atraem. Esta frase não fala de romance, pelo menos não
aqui.

Fonte: MENEZES, 2006.

Na última aula falamos sobre os dois tipos existentes de carga elétrica: carga
positiva e carga negativa. Estas cargas diferentes se atraem, enquanto cargas iguais
se repelem.

Força elétrica
A força elétrica é uma força a distância, assim como a força gravitacional.
Qualquer uma destas forças (gravitacional e eletrostática) ocorre entre corpos que
estão espacialmente separados. Lembre-se que a força gravitacional é dada por:

Dois corpos, um com carga e outro com carga, sofrem uma força que pode
ser de atração ou de repulsão. Quanto maior a distância, menor a força entre as duas
cargas. As duas forças (gravitacional e eletrostática) se comportam da mesma forma,

91
ou seja, a sua magnitude cai com o inverso do quadrado da distância. Entretanto, a
força gravitacional é uma força de atração, enquanto que a força eletrostática pode
ser de atração ou de repulsão.
Esta força entre as cargas em repouso é comumente chamada de força
eletrostática, ou seja, força entre cargas elétricas em repouso.
A carga, no Sistema Internacional, é medida em Coulomb (C), em
homenagem ao cientista francês Charles Coulomb que estabeleceu
experimentalmente a expressão acima. A distância é medida em metros e a constante
elétrica vale:

Exemplo 1
Suponha que temos dois corpos carregados positivamente, cada um deles
com carga de 1 Coulomb, afastados a uma distância de 1 metro. Qual é o valor da
força eletrostática entre estes dois corpos?

A força entre estes dois corpos é de repulsão, pois ambos possuem cargas
positivas.

Exemplo 2
Sabendo que a carga de um elétron é de 1,6 x 10 -19 C, determine a força de
repulsão entre dois elétrons que se encontram a uma distância de 10-10 m.

92
25.1 Campo elétrico

Além de calcular a força entre dois corpos carregados, é comum calcular o


campo elétrico gerado por uma carga num local do espaço. Se uma carga é colocada
num ponto do espaço, na região que circunda está carga criasse um campo. Qualquer
outro corpo que for colocado nesta região sente a influência deste campo e ocorre
uma força de atração ou de repulsão. Se forem colocadas duas cargas próximas uma
da outra (uma carga fixa e uma carga de teste q), a força que uma exercerá sobre a
outra será:

O campo elétrico que a carga Q produz é simplesmente a força eletrostática


dividida pela carga de teste, ou seja:

Uma grande vantagem de utilizar o campo elétrico é que podemos calcular


apenas
uma vez o campo e verificar a força exercida em diferentes cargas de teste.
Por definição, as linhas do campo elétrico saem da carga positiva e se dirigem
para a carga negativa. Podemos pensar que uma linha de campo representa o
caminho que percorreria uma carga positiva. A figura ao lado mostra que a intensidade
do campo cai com a distância.

93
Quando se coloca mais de uma carga elétrica numa região espacial, as linhas
de campo ficam deformadas. Abaixo é mostrado como ficam as linhas de campo
quando são colocadas duas cargas de sinais contrários, ou duas cargas de mesmo
sinal.

Fonte: MENEZES, 2006.

94
26 APARELHOS ELÉTRICOS E SUAS CARACTERÍSTICAS

Todo aparelho possui várias informações embutidas nele. Entretanto, estas


informações não são entendidas pela maioria da população. Portanto, veremos o
significado das informações que estes aparelhos nos dão.
Uma tarefa interessante para você fazer agora é selecionar alguns aparelhos
na sua casa e anotar as informações que aparecem na parte de trás. Geralmente
aparece uma tabela, por exemplo:

Voltagem 110 V

Potência 1.100 W

Corrente 10 A

Frequência 50 ~ 60 Hz

Talvez alguns aparelhos possuam mais informação do que estas, enquanto


outros terão um número menor de informações. Mas as informações acima são
bastante comuns, e, ao longo desta unidade, entenderemos todas elas.

26.1 Corrente Elétrica

Já sabemos que os átomos dos metais possuem elétrons livres. Estes


elétrons se movimentam pelo metal, afastando-se de uma região que possua excesso
de elétrons, indo para uma região onde haja falta de elétrons. Portanto, os elétrons se
deslocam da região negativa para a região positiva. Assim, quando ligamos uma pilha
a um circuito elétrico, os elétrons começam a se mover. A pilha fornece elétrons de
um lado e os retira do outro. Se a pilha for colocada em contato com um material
isolante, os elétrons não fluirão; entretanto, se um condutor entrar em contato com os
dois lados da pilha, os elétrons vão transitar pelo metal.
A corrente elétrica é isto: elétrons percorrendo um condutor. Geralmente,
utilizamos um fio metálico para conduzir a corrente elétrica.

95
Note que unir as pontas de uma pilha não serve para nada. Precisamos
colocar mais coisas no meio do caminho.
Veremos, ao longo desta unidade, que os componentes elétricos são
colocados de forma a produzir vários efeitos diferentes. Um dos componentes mais
simples é um resistor (chamado popularmente de resistência), que converte energia
elétrica em energia térmica. Ele é usado no chuveiro, no ferro de passar roupa e em
outros equipamentos.
Existem também os capacitores. Eles são utilizados para armazenar elétrons.
Os capacitores conseguem produzir corrente elétrica muito maior que a bateria. No
capacitor os elétrons migram de um lado para o outro de forma muito mais rápida que
na bateria. Esta corrente elétrica bastante elevada é utilizada para acender o flash das
máquinas fotográficas.
A corrente elétrica é medida no Sistema Internacional em ampère (A), em
homenagem a André-Marie Ampère, cientista francês. Ele foi um dos primeiros a fazer
um grande estudo das inter-relações entre a eletricidade e o magnetismo.
A corrente elétrica mede a quantidade de carga que passa por uma região
num certo intervalo de tempo. Um ampère é simplesmente um Coulomb por segundo.

Exemplo
Sabendo que a carga de um elétron é de 1,6 x 10 -19 C, determine o número
de elétrons que passam por um fio, por onde passa uma corrente de um ampère.
Resposta: O número de elétrons que passam pelo fio a cada segundo é de:
6,25 x 1020.

26.2 Aplicação

Um lugar onde é bastante comum ver a especificação da corrente máxima é


numa tomada. Se você comprar uma tomada, repare que aparece o número de
ampères que está tomada suporta. Numa tomada que suporta 10 ampères, você verá
escrito: 10 A.
Quando estudarmos os resistores em maiores detalhes, você verá que uma
corrente elevada é capaz de aquecer um fio. Portanto, alguns aparelhos que utilizam

96
uma corrente elétrica elevada devem utilizar tomadas específicas, que aguentem o
número de elétrons que deverão passar por ali.
Um superaquecimento num fio ou numa tomada pode fazer com que ela
derreta, perdendo sua utilidade e podendo causar um incêndio. Portanto, é muito
importante utilizar fios e tomadas que aguentem a corrente que passará pelo
equipamento que será utilizado.

27 OUTRAS CARACTERÍSTICAS DOS APARELHOS ELÉTRICOS

A corrente elétrica é apresentada em alguns aparelhos elétricos. Mas o lugar


mais comum de vermos esta informação é numa tomada.
Hoje veremos que, além da corrente elétrica, a voltagem, a potência
consumida e a frequência são informações muito importantes. Mas para que
possamos entender estas propriedades precisaremos entender o que é e
como medir a energia elétrica.

27.1 Energia potencial elétrica

Quando estudamos Mecânica aprendemos sobre energia cinética e energia


potencial mecânica. A energia cinética é a energia de um corpo em movimento. A
energia potencial mecânica é a energia que um corpo parado possui a qual pode levá-
lo ao movimento.
Uma bola de basquete sendo segurada por uma pessoa acima da sua cabeça
possui energia potencial. Se a pessoa soltar a bola, ela começa a cair. Sua energia
potencial se transformou em energia cinética.
Da mesma forma, se um corpo carregado estiver numa região de campo
elétrico, este corpo estará em movimento ou estará preso por alguma coisa. Se ele
estiver sendo impedido de se mover, ele possui energia potencial. Como o corpo
carregado está inserido num campo elétrico, dizemos que esta é uma energia
potencial elétrica.
A energia potencial elétrica, assim como qualquer outra energia, é medida no
Sistema Internacional em joules (J). O nome desta unidade é uma homenagem ao

97
cientista inglês James Prescott Joule, que realizou vários estudos sobre calor e
energia.

27.2 Potencial elétrico

O potencial elétrico é muito usado no dia-a-dia. Com certeza, você utiliza o


potencial elétrico provavelmente sem saber.
Para calcular a energia potencial mecânica de um corpo, você precisa saber
qual é a massa deste corpo, analogamente; para saber a energia potencial elétrica de
um corpo, você precisa saber a sua carga elétrica. Portanto, a energia potencial
elétrica depende da carga do corpo.
Para que possamos saber a energia potencial de um corpo, foi criado o
potencial elétrico. O potencial elétrico é simplesmente a energia potencial elétrica de
um corpo dividida pela sua carga. Portanto, está grandeza é a mesma
independentemente da sua carga. Se existe um campo elétrico, podemos calcular o
valor do potencial elétrico. Se quisermos, então, saber a energia potencial elétrica de
uma partícula carregada colocada neste campo, basta multiplicar o potencial elétrico
pela carga da partícula.
Como dissemos há pouco, o potencial elétrico é utilizado no nosso dia a- dia.
Ele é medido em volts (V). Todos os equipamentos a nossa volta possuem a descrição
da sua voltagem.
Podemos chamar de voltagem, tensão, ou diferença de potencial esta
grandeza que vem descrita em todos os aparelhos. É chamada de diferença de
potencial e não de potencial elétrico, porque cada um dos fios possui um potencial
diferente. O que importa para o funcionamento dos aparelhos é a diferença entre os
dois potenciais nos dois fios. O potencial que é aplicado a cada fio não é importante,
desde que a diferença de potencial seja aquela que esperamos receber, ou seja, 110
V ou 220 V.
No Sistema Internacional, o potencial elétrico é medido em volt, em
homenagem ao cientista italiano Alessandro Volta, que inventou a pilha. Um volt
corresponde a um joule por Coulomb.
É muito importante conhecer a tensão do local onde moramos, assim como
dos aparelhos. Alguns aparelhos permitem que sua tensão seja alterada através de

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uma chave seletora, enquanto outros não possuem uma tensão fixa. Atualmente,
existem aparelhos que se ajustam automaticamente à tensão do local. Isto é bastante
comum em televisores.
Se um aparelho for ligado numa tensão menor, ele ficará fraco ou não
funcionará. Entretanto, se um aparelho for ligado numa tensão maior, ele queimará.

27.3 Potência

Potência é a quantidade de energia por unidade de tempo. Quando falamos


da potência de um equipamento elétrico, estamos falando da quantidade de energia
que este aparelho consome num certo intervalo de tempo.
No Sistema Internacional, a potência é medida em watt em homenagem ao
cientista escocês James Watt, que contribuiu bastante para a melhoria do motor a
vapor. Um watt é simplesmente um joule por segundo. Desta forma, um chuveiro que
tem um consumo de 5.500 watts está consumindo 5.500 joules de energia a cada
segundo.

27.4 Frequência

Esta não é uma unidade de grandeza nova para vocês. Já vimos a frequência
e sabemos que no Sistema Internacional ela é medida em hertz (Hz). Mas por que
será que ela está aparecendo aqui?
A tensão que recebemos em nossas casas é alternada. Portanto, ora a
corrente flui num sentido, ora flui no outro sentido. A corrente alterna várias vezes por
segundo. No Brasil, a frequência de oscilação da tensão é de 60Hz (60 vezes por
segundo). Em alguns países, a frequência produzida pelas usinas é de 50 Hz.
Certos equipamentos, como motores, são fabricados levando-se em conta a
oscilação da tensão (e da corrente) que chega até as residências. Portanto, é
importante que esta característica seja respeitada. Entretanto, a frequência é a
mesma em todo o país. Você somente terá que se preocupar com a frequência de um
equipamento se você importar algum tipo de aparelho eletrônico que seja ligado à
tomada.

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28 REFERÊNCIAS

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

HALLIDAY, D; RESNICK, R; WALKER, J. Fundamentos de Física 1. 6ª ed. Rio de


Janeiro: LTC, 2003.

HALLIDAY, D; RESNICK, R; WALKER, J. Fundamentos de Física 2. 6ª ed. Rio de


Janeiro: LTC, 2003.

TIPLER, P.A. Física. Volume 1, 4a ed., Rio de Janeiro: LTC, 2000.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

H. MOYSÉS NUSSENZVEIG. Curso de Física Básica: 1 MECÂNICA. 4ª


Ed., Edgard Blücher, 2002.

CHAVES, ALAOR E SAMPAIO, J. F. Física Básica - Mecânica. 1ª Ed., LTC, 2007.

SEARS, FRANCIS, YOUNG, HUGH D., FREEDMAN, ROGER.

A., ZEMANSKY, MARK WALDO. Física 1 - Mecânica. 12ª Ed., Addison


Wesley, 2008.

GOLDSTEIN POOLE & SAFKO. Classical Mechanics. 3rd. Ed., Addison Wesley,
2002.

LUIZ, ADIR MOYSÉS. Física 1- Mecânica. 1ª Ed., Editora Livraria da Física, 2006.

MENEZES, M. De. Física Geral. Santos: UNIMES VIRTUAL, 2006.

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