Você está na página 1de 7

DESAFIOS E TENDÊNCIAS

NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA
Ivanir de Jesus Henemberg
Fevereiro/2005

As Demandas da Nova Educação Básica para a Formação de Professores.


- Potencializar o desenvolvimento das pessoas
- Construir individualidades autônomas e solidárias
- Construir a convivência inclusiva e produtiva
- Construir competências para usar as linguagens e viver na sociedade do conhecimento e da
informação.

Suporte Legal para a Formação de Professores.

Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:

I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;

II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;

III - zelar pela aprendizagem dos alunos;


(Grifo nosso)

IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento;


V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos
dedicados ao planejamento,
VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade.

Art. 61. A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e
modalidades de ensino e as características de cada fase do desenvolvimento do educando, terá como
fundamentos:
(grifo nosso)
I - a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço;
II - aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades.

Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de
licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como
formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do
ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal.

Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão:


I - cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o curso normal superior, destinado
à formação de docentes para a educação infantil e para as primeiras séries do ensino fundamental;
II – programas de formação pedagógica para portadores de diplomas de educação superior que queiram se
dedicar à educação básica;
III – programas de educação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis.
Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se um ano após a publicação desta Lei.

Parágrafo 4o – Até o fim da Década da Educação somente serão admitidos professores habilitados em nível
superior ou formados por treinamento em serviço.

Dois pontos são dignos de nota no Decreto 3276/99:


- a exigência contida no Artigo 5º, § 2º, de que as diretrizes para a formação dos professores atendam às
diretrizes para a formação dos alunos e tenham por referência os parâmetros curriculares nacionais,
formalizando a vinculação entre formação e exercício profissional, base legal do presente documento;
- a importância atribuída ao estudo dos objetos de ensino na formação do professor para atuação
multidisciplinar na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, característica distintiva dos
cursos normais superiores.

Decreto 3276/99
Dispõe sobre os Cursos de Formação de Professores

Dispõe sobre a formação em nível superior de professores para atuar na educação básica, e dá outras
providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI, da
Constituição, e tendo em vista o disposto nos arts. 61 a 63 da Lei ri' 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
DECRETA:

Art. 1o A formação em nível superior de professores para atuar na educação básica, observado o disposto nos
arts. 61 a 63 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, far-se-á conforme o disposto neste Decreto.

Art. 2o Os cursos de formação de professores para a educação básica serão organizados de modo a atender
aos seguintes requisitos:

I-compatibilidade com a etapa da educação básica em que atuarão os graduados;

II - possibilidade de complementação de estudos, de modo a permitir aos graduados a atuação em outra etapa
da educação básica;

III - formação básica comum, com concepção curricular integrada, de modo a assegurar as especificidades
do trabalho do professor na formação para atuação multidisciplinar e em campos específicos do
conhecimento;

IV - articulação entre os cursos de formação inicial e os diferentes programas e processos de formação


continuada.

Art. 3o A organização curricular dos cursos deverá permitir ao graduando opções que favoreçam a escolha
da etapa da educação básica para a qual se habilitará e a complementação de estudos que viabilize sua
habilitação para outra etapa da educação básica.

§ 1o A formação de professores deve incluir as habilitações para a atuação multidisciplinar e em campos


específicos do conhecimento.

§ 2o A formação em nível superior de professores para a atuação multidisciplinar, destinada ao magistério na


educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, far-se-á exclusivamente em cursos normais
superiores.

§ 3o Os cursos normais superiores deverão necessariamente contemplar áreas de conteúdo metodológico,


adequado à faixa etária dos alunos da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental, incluindo
metodologias de alfabetização e áreas de conteúdo disciplinar, qualquer que tenha sido a formação prévia do
aluno no ensino médio.

§ 4o A formação de professores para a atuação em campos específicos do conhecimento far-se-á em cursos


de licenciatura, podendo os habilitados atuar, no ensino da sua especialidade, em qualquer etapa da educação
básica.

Art. 4o Os cursos referidos no artigo anterior poderão ser ministrados:


I - por institutos superiores de educação, que deverão constituir-se em unidades acadêmicas;
II - por universidades, centros universitários e outras instituições de ensino superior para tanto legalmente
credenciadas.
§ 1o Os institutos superiores de educação poderão ser organizados diretamente ou por transformação de
outras instituições de ensino superior ou de unidades das universidades e dos centros universitários.

§ 2o Qualquer que seja a vinculação institucional, os cursos de formação de professores para a educação
básica deverão assegurar estreita articulação com os sistemas de ensino, essencial para a associação teoria-
prática no processo de formação.

Art. 5o 0 Conselho Nacional de Educação, mediante proposta do Ministro de Estado da Educação, definirá
as diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores da educação básica.

§ 1o As diretrizes curriculares nacionais observarão, além do disposto nos artigos anteriores, as seguintes
competências a serem desenvolvidas pelos professores que atuarão na educação básica:
I - comprometimento com os valores estéticos, políticos e éticos inspiradores da sociedade democrática;
II - compreensão do papel social da escola;
III - domínio dos conteúdos a serem socializados, de seus significados em diferentes contextos e de sua
articulação interdisciplinar;
IV - domínio do conhecimento pedagógico, incluindo ás novas linguagens e tecnologias, considerando os
âmbitos do ensino e da gestão, de forma a promover a efetiva aprendizagem dos alunos;
V - conhecimento de processos de investigação que possibilitem o aperfeiçoamento da prática pedagógica;
VI - gerenciamento do próprio desenvolvimento profissional.

§ 2o As diretrizes curriculares nacionais para formação de professores devem assegurar formação básica
comum, distribuída ao longo do curso, atendidas as diretrizes curriculares nacionais definidas para a
educação básica e tendo como referência os parâmetros curriculares nacionais, sem prejuízo de adaptações
às peculiaridades regionais, estabelecidas pelos sistemas de ensino.
(Retificação publicada no DOU no 234 E, Seção 1, 8/12/99, p. 16)

Art. 6o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.


Brasília, 6 de dezembro de 1999; 178o da Independência e 111o da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Paulo Renato Souza
DOU
QUESTÕES A SEREM ENFRENTADAS PARA MELHORAR A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

No campo institucional

Segmentação da formação dos professores e descontinuidade na formação dos alunos da educação básica

Submissão da proposta pedagógica à organização institucional

Isolamento das escolas de formação

Distanciamento entre os cursos de formação e o exercício da profissão de professor no ensino fundamental e


médio

Distanciamento entre as instituições de formação de professores e os sistemas de ensino da educação básica

No campo curricular

Desconsideração do repertório de conhecimento dos professores em formação

Tratamento inadequado dos conteúdos

Desarticulação entre conteúdos pedagógicos e conteúdos de ensino

Falta de oportunidades para desenvolvimento cultural

Tratamento restrito da atuação profissional

Concepção restrita de prática

Inadequação do tratamento da pesquisa

Ausência de conteúdos relativos às tecnologias da informação e das comunicações

Desconsideração das especificidades próprias dos níveis e/ou modalidades de ensino em que são atendidos
os alunos da educação básica

PRINCÍPIOS ORIENTADORES PARA UMA REFORMA DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES


Competência: uma concepção de competência é nuclear

As competências tratam sempre de alguma forma de atuação, só existem "em situação" e, portanto, não
podem ser aprendidas apenas pela comunicação de idéias. Para construí-las, as ações mentais não são
suficientes - ainda que sejam essenciais. Não basta a um profissional ter conhecimentos sobre seu trabalho; é
fundamental que saiba fazê-lo.

Coerência: uma qualidade imprescindível

A simetria invertida

Concepção de aprendizagem

Concepção de conteúdo

Concepção de avaliação

Pesquisa: elemento essencial

DIRETRIZES PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

DIRETRIZES GERAIS

A formação de professores para a educação básica deverá voltar-se para o desenvolvimento de competências
que abranjam todas as dimensões da atuação profissional do professor

Organizar um curso de formação de professores a partir da concepção de competência implica:


a) definir o conjunto de competências necessárias à atuação profissional;
b) tomá-las como norteadoras tanto da proposta pedagógica quanto da organização institucional e da gestão
da escola de formação. É com essa finalidade que estão elencadas neste item.

Competências referentes ao comprometimento com os valores estéticos, políticos e éticos inspiradores da


sociedade democrática.

Competências referentes à compreensão do papel social da escola

Competências referentes ao domínio dos conteúdos a serem socializados, de seus significados em diferentes
contextos e de sua articulação interdisciplinar.

Competências referentes ao domínio do conhecimento pedagógico

Competências referentes ao conhecimento de processos de investigação que possibilitem o aperfeiçoamento


da prática pedagógica

Competências referentes ao gerenciamento do próprio desenvolvimento profissional


A escola de formação de professores para a educação básica deve, sempre que necessário, responsabilizar-se
por oferecer aos futuros professores condições de aprendizagem dos conhecimentos da escolaridade básica,
de acordo com a LDBEN e as Diretrizes Curriculares Nacionais.

Na formação de professores para a educação básica devem ser contemplados os diferentes âmbitos do
conhecimento profissional do professor.

Cultura geral e profissional

Conhecimento sobre crianças, jovens e adultos

Conhecimento sobre a dimensão cultural, social, política e econômica da educação

Conteúdos das áreas de ensino

Conhecimento pedagógico

Conhecimento experiencial

A seleção dos conteúdos das áreas de ensino da educação básica deve orientar-se por, e ir além daquilo que
os professores irão ensinar nas diferentes etapas da escolaridade.

Os conteúdos a serem ensinados na escolaridade básica devem ser tratados de modo articulado com suas
didáticas específicas.

A avaliação deve ter como finalidades a orientação do trabalho dos formadores, a autonomia dos futuros
professores em relação ao seu processo de aprendizagem e a habilitação de profissionais com condições de
iniciar a carreira

DIRETRIZES PARA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

Os cursos devem ser organizados de forma a propiciar aos professores em formação estímulo e condições
para o desenvolvimento das capacidades e atitudes de interação e comunicação, de cooperação, autonomia e
responsabilidade.

Os cursos devem ser organizados de forma a propiciar aos professores em formação vivenciar experiências
interdisciplinares.

O tempo destinado pela legislação à parte prática (800 horas) deve permear todo o curso de formação, de
modo a promover o conhecimento experiencial do professor.
Parecer CNE nº 05/97

A organização dos currículos deve contemplar atividades curriculares diversificadas.

A organização dos currículos de formação deve incluir uma dimensão comum a todos os professores de
educação básica
Formação comum a todos os professores de atuação multidisciplinar

Formação comum a todos os professores especialistas

Formação específica a todos os professores dos anos iniciais do ensino fundamental

Formação específica de professores da Educação Infantil

Formação específica dos professores especialistas por áreas/disciplinas

Opções de formação em campos específicos de atuação.

Educação de crianças e jovens em situação de risco;


Educação de jovens e adultos correspondente aos anos iniciais do ensino fundamental;

Aos anos finais do ensino fundamental e ao ensino médio;


Atuação em escolas rurais ou classes multisseriadas.

Você também pode gostar