Por:
Júlio César da Silva, discente do curso de Administração da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais campus Poços de Caldas.
1. Introdução
Na década de 1980 e início dos anos 90, o Brasil passava por um período de
instabilidade econômica caracterizado por uma moeda instável e altas taxas de juros.
Nesta época era extremamente viável aos produtores, a estocagem dos produtos em
grandes quantidades, aguardando um melhor momento para disponibilizá-los ao
mercado. Outra prática recorrente neste período era a de manter grandes estoques da
matéria-prima utilizada na fabricação, uma vez que os preços oscilavam
constantemente, tornando-se difícil saber qual seria o preço de determinada matéria-
prima no dia seguinte.
Neste contexto, as questões de atendimento ao cliente e a operacionalidade dos
produtos, eram assuntos que não demandavam atenção (BERTAGLIA, 2005). O plano
Real permitiu a estabilidade econômica e propiciou a abertura do mercado brasileiro ao
mundo globalizado. Com o advento das privatizações de algumas empresas, até então
públicas, o Brasil passou a figurar como destino do capital mundial, atraindo
investimentos oriundos do exterior.
Com o fortalecimento da economia, a produção brasileira começou a ser
aquecida e as questões de atendimento ao cliente começaram a ser o foco de trabalho de
muitas organizações. O foco no cliente passou a constituir-se a ordem do dia, fazendo
com que as empresas, paulatinamente, se adaptassem às necessidades de seus clientes,
como forma de manter e ampliar seus mercados.
Conceitos até então desconhecidos pelas empresas brasileiras – como Supply
Chain Management – desde muito tempo, difundidos no exterior, chegam no Brasil para
auxiliar estas empresas no atendimento das necessidades de seus clientes. Assim, o
enfoque Logístico começa a tomar forma com um atraso de 10 anos em relação a outros
países (NOVAES, 2003).
Alvarenga (2000), salienta que antes da abertura econômica brasileira o setor de
logística era um departamento visto, quase exclusivamente, como apenas um setor de
remessa. Entretanto, agora ele faz parte de um momento novo, no qual, passa a ser um
assunto estratégico, determinando, em muitos casos, o lucro ou o prejuízo de um
negócio.
Segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Transporte (2006),
75% da malha rodoviária brasileira apresenta algum grau de imperfeição. Deste total
38.4% foram avaliadas como regulares, 24.4% como ruins e 12.2% como péssimos. E
evidenciou também que a falta de infra-estrutura incide diretamente nos custos
operacionais de uma empresa e torna-se um entrave para o crescimento econômico do
país.
Atualmente, o modo rodoviário é o meio mais expressivo usado para o
transporte de cargas no Brasil, atingindo quase todos os pontos do território nacional. A
respeito das condições da malha rodoviária, Alvarenga (2000), afirma que “se apresenta
bastante prejudicada, o que aumenta o tempo de entrega e encarece os custos
operacionais”.
Em contra partida, Ballou (1993), afirma que “à medida que serviços de
transporte mais baratos vão se disponibilizando, a estrutura econômica começa a
assemelhar-se à de uma economia desenvolvida, contribuindo para aumentar a
competição no mercado, influenciando diretamente na economia enquanto escala de
produção, refletindo nos custos de mercadorias e colaborando para a margem de lucro
da empresa”.
Nesta abordagem, o presente artigo constitui-se em uma análise dos fatores e
condições que podem colaborar para a redução do custo logístico na distribuição e no
transporte de cargas via sistema rodoviário. Para tanto, realizou-se uma revisão
bibliográfica dos principais autores quanto a referenciação teórica sobre a temática
logística, Supply Chain Management e logística reversa, em seguida, procura-se esboçar
uma argumentação crítica sobre a importância do processo logístico na atualidade e
concluir com uma exposição sobre os fatores de impacto do frete no custo logístico e
algumas particularidades presentes no transporte rodoviário.
2. Referencial Teórico
2.3 Competitividade
A Logística nos dias atuais é peça fundamental para uma empresa, no que tange
a competitividade frente a seus concorrentes, diferenciando a empresa no mercado e
agregando valor a seus produtos e serviços. A Logística também assume papel
importante no planejamento estratégico das empresas ajudando, tanto na formulação
quanto no cumprimento deste planejamento de forma que a empresa alcance os
objetivos propostos.
No atual cenário de crescimento da economia brasileira, nota-se a falta de
profissionais qualificados para as funções que envolvem a logística empresarial. Tal
fato, força alguns profissionais, que atuam na área, a procurar conhecimentos e
informação sobre este setor, tais como: cursos profissionalizantes de tecnologia em
nível superior, cursos do ensino superior que, embora não estejam diretamente
relacionado a temática mas que também já introduziram a disciplina de Logística em
seus currículos devido a exigências do mercado e a importância da discussão do tema.
Investimentos na infra-estrutura nacional impulsionada pelo governo tendem a
ser mais freqüentes, o que aquece a economia gerando empregos, melhorando a infra-
estrutura do país e ajudando a reduzir o Custo Brasil. A recuperação e expansão da
malha rodoviária, considerado o principal modal de transporte de cargas do país,
juntamente com a recuperação e expansão da malha ferroviária, que apresenta um custo
bem mais baixo em relação ao modal rodoviário, tende a figurar como prioridade no
Plano Acelerado de Crescimento (PAC), lançado pelo governo federal no início de
2008. Uma tendência, que já é realidade em alguns lugares do país e que pode espalhar
por outros lugares são as privatizações das malhas ferroviárias e rodoviárias. As
manutenções destes modais são de fundamental importância tanto para o fluxo de
velocidade de mercadorias, como também para a segurança da carga e das pessoas
envolvidas. Contudo, é importante ressaltar que tais privatizações podem acarretar em
alta nos preços dos produtos final em função da cobrança de pedágios.
A chegada de operadores logísticos internacionais que se fundem com empresas
nacionais visando uma melhor prestação do serviço, parece se firmar, e as parcerias
entre empresas e prestadores de serviços tendem a ser mais freqüentes, devido à alta
especialização destes operadores.
As empresas tendem a ser mais flexíveis e o controle das operações logísticas
geram necessidades de softwares que auxiliem na administração dos estoques, no
controle dos custos com os transportes, no gerenciamento da carga à distância e na
administração de pedidos para atender de forma mais rápida o cliente.
Na forma de trabalho atual das empresas a redução dos estoques aumenta o giro
de produtos e faz com que a logística se torne mais rápida e flexível, sendo que erros e
atrasos tornam-se inadmissíveis, pois acarretará impactos negativos em toda a cadeia de
abastecimento.
Outra tendência para o setor é a questão da Logística Reversa que visa
responsabilizar a empresa por toda a vida útil do produto. A importância da Logística
Reversa, a questão de proteção do meio ambiente e a responsabilidade social da
empresa frente à comunidade onde ela esta inserida, faz desta modalidade, uma
condição que deve ser observada pelas empresas a qual, sem dúvida, poderá implicar
em acréscimo na composição final do custo logístico.
4. Custos Operacionais no Processo Logístico
Para Ernest (2000), o processo logístico empresarial tem como meta garantir a
disponibilidade de produtos e materiais nos mercados e pontos de consumo com a
máxima eficiência, rapidez e qualidade, com custos controlados e conhecidos. Hoje,
considera-se que a logística pode ser aplicada em todos os setores de uma organização,
pois facilita o fluxo de produtos e serviços, na busca por qualidade com custos
competitivos, tendo como objetivo a confiança e a credibilidade dos clientes.
No Brasil, segundo Taylor (2005), o preço do frete responde por dois terços do
gasto logístico de uma empresa e entre 9 e 10% do Produto Nacional Bruto,
encarecendo o preço final do bem ou serviço. Nesta perspectiva, pode-se afirmar que a
composição do sistema de transporte, tais como, a frota, veículos,vias, terminais e o
plano de gerenciamento e operações que interagem entre si, são fatores e condições que,
impreterivelmente, impactarão significativamente nos custos operacionais do processo
logístico.
Outro fator importante diz respeito ao impacto financeiro do prazo de entrega.
Como são os processos logísticos de uma empresa que determinam o prazo e os pedidos
que serão atendidos, e por conseqüência, serão estes mesmos processos que
determinaram o prazo em que serão recebidos os valores acordados no processo
comercial, o que impacta diretamente o caixa da empresa.
No entanto, um funcionamento adequado e eficaz do sistema logístico de uma
empresa, em termos de planejamento estratégico, gestão e treinamento de recursos
humanos e uma gestão eficiente de informações podem contribuir para uma redução no
preço final dos produtos. A tais fatores é possível acrescentar a otimização da
capacidade de cargas dos veículos, a manutenção preventiva da frota e o investimento
em tecnologias, como impactantes na redução de custo logístico na distribuição e
transporte pelo sistema modal rodoviário.
6. Considerações Finais
ALVARENGA, A.C.; NOVAES, G.. Logística Aplicada. São Paulo: Edgard Blucher,
2000.