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6,67(0$6$*52)/25(67$,6
VIÇOSA
MINAS GERAIS - BRASIL
FEVEREIRO – 2000
OMAR DANIEL
'(),1,d2'(,1',&$'25(6'(6867(17$%,/,'$'(3$5$
6,67(0$6$*52)/25(67$,6
ii
$*5$'(&,0(172
iii
%,2*5$),$
iv
&217(Ò'2
Página
v
Página
2. MATERIAL E MÉTODOS..................................................................... 43
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................ 46
4. CONCLUSÕES....................................................................................... 51
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................... 52
vi
(;75$72
vii
partir do quarto ano, com o abate e a reposição dos animais feitos bianualmente.
Coletaram-se dados para atender às exigências dos indicadores biofísicos e
socioeconômicos definidos na primeira etapa. Os valores dos indicadores, dispos-
tos nos raios de gráficos tipo radar, geraram áreas que passaram a representar
índices de sustentabilidade (IS). Também, foram realizadas simulações visando
obter os IS para a idade final prevista para o ciclo do sistema. A aplicação desta
metodologia resultou na proposição de 57 indicadores de sustentabilidade
biofísica e 48 de sustentabilidade socioeconômica. Além disto, foram obtidos os
valores reais de 5,64 e 24,24 para os IS biofísica e socioeconômica para o quinto
ano do sistema, e os valores simulados de 9,61 e 90,17 para o final do ciclo, no
11o ano. Esta tese é composta de seis artigos, nos quais constam as conclusões de
cada um. Porém, de forma resumida, podem ser citadas as seguintes conclusões:
a) o uso dos grupos de indicadores obtidos mostra-se viável, em função da
facilidade de aplicação, do baixo custo com levantamentos de campo e análises
laboratoriais e da rápida obtenção dos resultados; b) o uso do gráfico tipo radar
permite a geração de IS biofísica e socioeconômica; c) o IS obtido por meio dos
procedimentos metodológicos utilizados é bastante sensível às alterações nos
indicadores; e d) quando foram comparados os valores padronizados dos
indicadores, por meio do desvio-padrão, com os valores não-padronizados,
concluiu-se pela superioridade destes nos cálculos dos IS e no monitoramento da
sustentabilidade.
viii
$%675$&7
This study was developed basically in two stages. The first had the
objective of defining groups of biophysical and socio-economical sustainability
indicators for agroforestry systems. This methodology contemplates the
following steps: a) system definition; b) identification of significant categories of
indicators; c) identification of significant elements in each category; d)
identification and selection of descriptors for the indicators; e) definition and
acquisition of indicators; f) indicators analysis. So, was obtained a high number
of indicators, which were submitted to specific approaches for reduction to two
minimum sets for evaluation of the biophysical and socio-economical
sustainability. In the other stage a case study was carried out using an
agrossilvipastoral system, with the main objective of testing the application of
the previous methodology. This system consists on (XFDO\SWXV intercropping
with rice in the first year, soybean in the second year, sowing of %UDTXLDULD
EUL]DQWKD in the third year, and catle raising from the fourth year, with the killing
and replacement of the animals done bi-annually. Data were collected to attend
ix
demands of the biophysical and socioeconomical indicators defined in the first
stage. The values of the indicators, disposed in the rays of radar type graphic,
generated areas that represent sustainability indexes. Simulations were also
achieved seeking to obtain anticipated sustainability indexes for the final age for
the system cycle. The application of this methodology resulted in the proposition
of 57 biophysical and 48 socio-economical indicators of sustainability. Besides,
was obtained the real values of 5,64 and 24,24 for the biophysicaI and socio-
economical indexes for the 5th year of the system, and the simulated values of
9,61 and 90,17 for the end of the cycle, in the 11st year. This thesis is composed
of six articles with individualized conclusions. However, in a summarized way,
the following conclusions can be mentioned: a) the use of the sets of indicators
obtained is viable, in function of the application easiness, of the low cost with
field surveys and laboratory analysis, and of the quick obtaining of the results; b)
the use of the radar type graphic allows the generation of biophysical and socio-
economical sustainability indexes; d) when value of the indicators standardized
by means of the standard deviation were compared with not standardized values,
it is concluded by the superiority of these last ones in the calculations of the
sustainability indexes and in its monitoring.
x
,1752'8d2
1
quanto na disponibilidade e no uso de tecnologias agrícolas. Essas disparidades
podem aumentar no futuro, pois a UHYROXomRYHUGH, que triplicou a produção de
alimentos nos últimos 40 anos, poderá não se repetir (HINRICHSEN, 1997).
Com a finalidade de reduzir a escassez de alimentos no futuro,
HINRICHSEN (1997) relatou algumas estratégias possíveis para ampliar a
produção agrícola, além do planejamento familiar: agricultura sustentável em
solos tropicais; promoção da agricultura urbana; desenvolvimento de novos
cultivares de grãos altamente produtivos; e manejo de recursos para prevenir
poluição e degradação.
Segundo a quase totalidade da literatura que trata de temas relacionados
com a preocupação em perenizar de maneira saudável a vida na Terra, a
humanidade deve se adaptar a uma nova conjuntura, que tem como base o
desenvolvimento sustentável.
Especificamente no campo do desenvolvimento da agricultura sustentá-
vel, Harwood (1990), citado por SANDS e PODMORE (1997), exemplificou
ações gerais que se subordinam à sustentabilidade: a) incrementar a produtivi-
dade, salvaguardando a capacidade inerente do solo por meio da manutenção da
matéria orgânica, das rotações de culturas e da ciclagem de nutrientes;
b) prevenir/minimizar a degradação ambiental, protegendo águas superficiais e
subterrâneas ou eliminando o uso de pesticidas e fertilizantes sintéticos;
c) assegurar a capacidade para sobreviver indefinidamente, minimizando as
perdas de solo, reduzindo o uso de energia proveniente de combustível fóssil e
mantendo a diversidade genética, a rentabilidade e a estrutura das comunidades.
A mudança de comportamento da humanidade para assumir essas e
outras atitudes conservacionistas tem sido a meta atual de grande parte dos
estudiosos do desenvolvimento sustentável, incluindo governos e organizações
não-governamentais em todo o mundo.
Nesse contexto enquadram-se os sistemas agroflorestais (SAF), que
prometem auxiliar os produtores rurais a aumentar a produtividade, a
lucratividade e a sustentabilidade da produção de suas terras (MacDICKEN e
VERGARA, 1990).
2
Embora os SAF não possam ser descritos como sistemas naturais, eles
são mais semelhantes a estes que os monocultivos, por darem ênfase à biodi-
versidade e à conservação de recursos. Além disto, apresentam um enfoque
interdisciplinar que requer a combinação de fatores sociais, ecológicos e
econômicos (ANDERSON e SINCLAIR, 1993), enquadrando-se no conceito de
desenvolvimento sustentável defendido por WCED (1987).
Entretanto, existem muitas críticas e dúvidas às propaladas vantagens
dos SAF, justificando-se pela escassez de resultados que comprovem a sua
eficiência em comparação com sistemas agrícolas tradicionais. A comparação
entre estes sistemas só tem validade se for monitorada ao longo do tempo, pois a
base da sustentabilidade apresenta caráter intergeracional.
Esse monitoramento pode ser feito com base nos indicadores de
sustentabilidade, visando consumir o mínimo possível de tempo, recursos finan-
ceiros e trabalho (HREN et al., 1995). Para CURRENT et al. (1995), levando-se
em conta a escassez de informações, monitorar sistemas agroflorestais,
particularmente do ponto de vista ambiental, pode ser útil na adoção destes
sistemas de uso da terra.
Diante do exposto, desenvolveu-se este estudo com os objetivos de:
a) propor indicadores de sustentabilidade para sistemas agroflorestais, conside-
rando os componentes ambiental, social e econômico; b) aplicar tais indicadores
em um estudo de caso de sistema agroflorestal em desenvolvimento, com a
finalidade de testar e aperfeiçoar a metodologia proposta; c) testar a aplicabili-
dade de uma metodologia para geração de um índice de sustentabilidade; e
d) desenvolver metodologia de avaliação de sustentabilidade aplicável em
qualquer modelo de SAF, de maneira rápida e econômica, com o mínimo de
técnicas e métodos de maior sofisticação e sem necessidade de alta
especialização de mão-de-obra técnica.
A edição dos artigos a seguir foi baseada nas normas da Revista Árvore,
com adaptações às normas vigentes no Conselho de Pós-Graduação da
Universidade Federal de Viçosa.
3
5()(5Ç1&,$6%,%/,2*5È),&$6
IWLA - Izaak Walton League of America. Food supply: averting a global food supply
crisis. 6XVWDLQDELOLW\ &RPPXQLFDWRU, Gaithersburg, v.1, n.2, 1998. não-paginado.
4
$/7(51$7,9$$800e72'23$5$'(7(50,1$d2'(80
Ë1',&('(6867(17$%,/,'$'(
$/7(51$7,9(72$0(7+2')25'(7(50,1$7,212)$1
,1'(;2)6867$,1$%,/,7<
5
this work is the develop an alternative method to found in the literature, with the
purpose of reducing operational costs and which can be used by not so
specialized users. Considering the reduction of the volume of calculations, the
facility to understand the intermediary steps, and the facility of application of this
alternative method to obtain the sustainability index, it was concluded that this is
more adequated to reach the goal of generating a more simplified evaluation
methodology.
,1752'8d2
6
Concomitantemente, surgiu o termo sustentabilidade, que conta com
vários exemplos de definições: LIVERMAN et al. (1988), BRKLACICH et al.
(1991), DOVERS e HANDMER (1993), MOORE e JOHNSON (1994) e
BARTUSKA et al. (1998). Entretanto, o conceito de Conway (1986), citado por
FAETH (1994), apresenta-se de forma simples e resumida, porém, é suficiente
para a interpretação do termo: "sustentabilidade é a habilidade de um sistema em
manter sua produtividade quando este encontra-se sujeita a intenso esforço ou
alterações". Pode-se, então, entender desenvolvimento sustentável como sendo o
promotor da sustentabilidade (IWLA, 1997). Ambos os conceitos estão envol-
vidos por relações sociais, econômicas e ambientais (DOUGLAS, 1985;
SENANAYAKE, 1991; SAP, 1997).
A avaliação da sustentabilidade, em todas as suas relações, é necessária
para determinar o grau de compromisso que o promotor ou executor de uma
atividade, que envolve o consumo de bens renováveis ou não, tem com as
gerações futuras. Esta avaliação depende de diversos níveis de informações, que
podem ser classificadas em forma de pirâmide. Na sua base estão os dados não-
processados, de pouco valor para as tomadas de decisão, enquanto no nível mais
alto estão os índices, tal como o índice de preço ao consumidor, que são os
resultados da combinação de diferentes indicadores. (HAMMOND et al., 1995;
MANNIS, 1996).
BERTOLLO (1998), após ampla revisão de literatura, listou exemplos
de indicadores de sustentabilidade ambiental, enquanto no campo socioeco-
nômico podem ser consultados os trabalhos de DOBBS e COLE (1992),
ALTIERI S. (1994), UN (1995), CURRENT et al. (1996) e SCHERR (1995).
Para produzir índices de sustentabilidade com a finalidade de monitorar
os padrões de sustentabilidade em ecossistemas naturais e também para aqueles
alterados pelo homem, ULGIATI e BROWN (1998) propuseram analisar fluxos
de energia. Embora as fórmulas finais propostas pelos autores sejam simples,
nem sempre a obtenção de seus componentes o é.
Uma alternativa tem sido a elaboração de gráficos tipo radar, que repre-
sentem toda a coleção de indicadores medidos em um sistema. CALORIO (1997)
produziu metodologia para cálculo de um índice de sustentabilidade a partir
7
desses gráficos. Segundo LIGHTFOOT et al. (1993), esse tipo de diagrama
produz informações visuais que são úteis para comparar sistemas ao longo do
tempo e do espaço.
Com a finalidade de reduzir custos operacionais e gerar procedimentos
metodológicos que possam ser utilizados por usuários pouco especializados, este
trabalho teve como objetivo a adaptação de um método de cálculo alternativo ao
de CALORIO (1997), mais simples e rápido, a ser aplicado ao gráfico tipo radar,
visando gerar um índice de sustentabilidade (IS).
0$7(5,$/(0e72'26
5 + (x n − x )
vp n = (1)
S
em que
vpn = valor do indicador n padronizado;
xn = valor original do indicador n;
x = valor médio de todos os indicadores;
8
Figura 1 - Gráfico tipo radar, utilizado para gerar um índice de sustentabilida-
de (IS), segundo CALORIO (1997): In - indicadores, α - ângulo for-
mado entre as linhas de comprimento de dois indicadores adjacentes,
vpn - valor padronizado do indicador e Sn - área do triângulo n.
dn = (vp ) + (vp )
n
2
n +1
2
− 2 × (vp n × vp n +1 ) × cos α (3)
9
em que
dn = lado desconhecido do triângulo;
vpn e vpn+1 = valores padronizados dos indicadores n e n+1; e
α = ângulo formado entre dois indicadores.
c.2. cálculo do semiperímetro do triângulo:
vp n + vp n +1 + d n
pn = (4)
2
em que
pn = semiperímetro do triângulo n;e
vpn, vpn+1 e dn = lados do triângulo.
c.3. cálculo da área do triângulo:
Sn = p n (p n − vp n ) × (p n − vp n+1 ) × (p n − d n )
(5)
d) cálculo do índice de sustentabilidade:
N
IS = ∑ Sn
n =1 (6)
A alternativa proposta substituiu o passo F, utilizado anteriormente para
obtenção da área de cada triângulo (Sn) identificado no gráfico (Figura 2),
resumindo os cálculos aos seguintes procedimentos:
c - cálculo da área de cada triângulo identificado no gráfico, a partir do
valor padronizado de dois indicadores adjacentes e do ângulo definido no passo
anterior (b):
c.1. obtenção do ângulo β :
β = 180 − 90 − α (7)
c.2. cálculo da área do triângulo**:
Sn =
( vp n
× hn )
(8)
2
sendo h n = cos β × vpn +1 (9), então
Sn =
( vp n
× cos β × vpn+1 )
(10)
2
** todas as variáveis descritas encontram-se relacionadas na Figura 1, sendo intuitivas
as suas definições.
10
Figura 2 - Gráfico tipo radar (proposta alternativa), utilizado para gerar um
índice de sustentabilidade (IS): In - indicadores, hn - altura do
triângulo formado pela interface entre dois indicadores, α - ângulo
formado entre as linhas de comprimento de dois indicadores
adjacentes, β - ângulo formado entre a linha de altura hn e a linha de
comprimento do indicador In+1, vpn - valor padronizado do indicador e
Sn - área do triângulo n.
5(68/7$'26(',6&8662
11
Quadro 1 - Índice de sustentabilidade (IS) para cinco indicadores hipotéticos,
gerado tanto por meio do método alternativo quanto pelo método de
CALORIO (1997), após a correção da fórmula
Dimensão do
indicador Dimensão
Indicador (I) Área (S)
padronizada (vp)
(tamanho do raio)
1 15 2,17 1,14
2 10 1,10 0,80
3 12 1,53 0,59
4 1 -0,81 0,51
5 11 1,32 1,36
IS 4,39
12
Quadro 2 - Fórmulas utilizadas em planilha eletrônica para o cálculo do índice de
sustentabilidade (IS) para cinco indicadores hipotéticos, por meio do
método alternativo
Indica- Dimensão do
Dimensão padronizada (vp) Área (S)
dor (I) indicador
Colunas
Linhas
A B C D
=(5+(B1-
=(ABS(C1)*COS(RADIANOS($B$7))*
1 1 15 MÉDIA($B$1:$B$5)))/DESVPADP($
ABS(C2))/2
B$1:$B$5)
=(5+(B2-
=(ABS(C2)*COS(RADIANOS($B$7))*
2 2 10 MÉDIA($B$1:$B$5)))/DESVPADP($
ABS(C3))/2
B$1:$B$5)
=(5+(B3-
=(ABS(C3)*COS(RADIANOS($B$7))*
3 3 12 MÉDIA($B$1:$B$5)))/DESVPADP($
ABS(C4))/2
B$1:$B$5)
=(5+(B4-
=(ABS(C4)*COS(RADIANOS($B$7))*
4 4 1 MÉDIA($B$1:$B$5)))/DESVPADP($
ABS(C5))/2
B$1:$B$5)
=(5+(B5-
=(ABS(C5)*COS(RADIANOS($B$7))*
5 5 11 MÉDIA($B$1:$B$5)))/DESVPADP($
ABS(C1))/2
B$1:$B$5)
6 IS =SOMA(D1:D5)
7 α =360/A5
8 β =180-90-B7
Além das alterações nas fórmulas de cálculo dos triângulos Sn, foi
necessário o uso do módulo ( ) de vp na fórmula (10), para gerar apenas os
valores absolutos das dimensões padronizadas dos indicadores, pois quando
existem poucos números extremos dentro dos cálculos da padronização podem
surgir resultados negativos. Para o gráfico isto não provocou alterações na forma
do polígono do IS, porém, evitou a subestimação do seu valor.
13
Quadro 3 - Fórmulas utilizadas em planilha eletrônica para o cálculo do índice de sustentabilidade (IS), para cinco indicadores
hipotéticos, por meio do método Ude CALORIO (1997)
=(5+(B1- =RAIZ(C1^2+C2^2-
1 1 15 =(C1+C2+D1)/2 =RAIZ(E1*(E1-C1)*(E1-C2)*(E1-D1))
MÉDIA($B$1:$B$5)))/DESVPADP($B$1:$B$5) 2*(C1*C2)*COS(RADIANOS($B$7)))
=(5+(B2- =RAIZ(C1^2+C2^2-
2 2 10 =(C2+C3+D2)/2 =RAIZ(E1*(E2-C2)*(E2-C3)*(E2-D2))
MÉDIA($B$1:$B$5)))/DESVPADP($B$1:$B$5) 2*(C2*C3)*COS(RADIANOS($B$7)))
14
=(5+(B3- =RAIZ(C1^2+C2^2-
3 3 12 =(C3+C4+D3)/2 =RAIZ(E1*(E3-C3)*(E3-C4)*(E3-D3))
MÉDIA($B$1:$B$5)))/DESVPADP($B$1:$B$5) 2*(C3*C4)*COS(RADIANOS($B$7)))
=(5+(B4- =RAIZ(C1^2+C2^2-
4 4 1 =(C4+C5+D4)/2 =RAIZ(E1*(E4-C4)*(E4-C5)*(E4-D4))
MÉDIA($B$1:$B$5)))/DESVPADP($B$1:$B$5) 2*(C4*C5)*COS(RADIANOS($B$7)))
=(5+(B5- =RAIZ(C1^2+C2^2-
5 5 11 =(C5+C1+D5)/2 =RAIZ(E1*(E5-C5)*(E5-C1)*(E5-D5))
MÉDIA($B$1:$B$5)))/DESVPADP($B$1:$B$5) 2*(C5*C1)*COS(RADIANOS($B$7)))
6 IS
7 α =360/A5 =SOMA(F1:F5)
14
Deve ficar claro que o IS foi obtido a partir dos valores padronizados dos
indicadores, segundo a fórmula (1). Tal fato permite eliminar os efeitos de escala
e de unidade de medida (DOUGLAS, 1990; TORRES, 1990) e, ainda, obter um
gráfico interpretável, que é útil em comparações de monitoramento ao longo do
tempo.
Nesse ponto é importante ressaltar que CALORIO (1997) acrescentou a
constante 5 à fórmula de Z, provavelmente com a finalidade de evitar valores
padronizados iguais a zero, quando o valor de um indicador fosse igual à média
de todos. Poderia ter sido utilizada qualquer constante. A diferença para a
fórmula original é que, embora a variância continue sendo igual a 1, a média
passa a ser diferente de zero. O usuário deve apenas considerar que a constante
utilizada deve ser sempre a mesma em um processo de monitoramento ou de
comparação, tendo em vista que esta constante altera a escada do IS.
Nas simulações feitas na planilha eletrônica de cálculos, verificou-se
que, sem o artifício da padronização, a existência de valores originais de
indicadores elevados e outros baixos pode fazer com que os pontos do diagrama
referentes a estes últimos tornem-se praticamente ilegíveis. Na Figura 3 tem-se
um exemplo deste caso, em que (a) apresenta os extremos 1 e 150, podendo-se
notar que os quatro triângulos formados entre I1 e I2, I2 e I3, I3 e I4 tornaram-se
invisíveis. Este problema foi contornado com o uso da padronização dos valores
dos indicadores, conforme se observa em (b).
Outro fato importante a ser registrado é que neste trabalho foi utilizado o
desvio-padrão populacional (DESVPADP, nos Quadros 2 e 3). Tal procedimento
foi realizado, pois, em geral, no processo de avaliação da sustentabilidade, é feita
uma seleção prévia de indicadores que passam a ser considerados ideais e
suficientes, os quais são todos utilizados, ou seja, os cálculos são baseados em
uma população de indicadores.
Pelo fato de no método estudado serem utilizadas fórmulas para padro-
nização dos indicadores, as quais incluem a aplicação do desvio-padrão, é possí-
vel que esta metodologia apresente problemas se for usada em monitoramento.
15
Figura 3 - Gráfico tipo radar utilizado para gerar um índice de sustenta-
bilidade (IS), demonstrando a dificuldade de interpretação visual na
presença de valores com amplos extremos (a) e a sua correção por
meio da padronização (b).
16
5()(5Ç1&,$6%,%/,2*5È),&$6
17
DOVERS, S.R., HANDMER, J.W. Contradictions in sustainability.
(QYLURQPHQWDO&RQVHUYDWLRQ, Switzerland, v.20, n.3, p.217-222, 1993.
18
TORRES, O.A.D. Tipificacion de fincas en la comarca de San Gil, Colombia,
com base en una encuesta dinamica. In: ESCOBAR, G., BERDEGUÉ, J.
7LSLILFDFLRQ GH VLVWHPDV GH SURGXFLRQ DJULFROD. Santiago de Chile:
RIMISP, 1990. p.201-219.
19
6867(17$%,/,'$'((06,67(0$6$*52)/25(67$,6
,1',&$'25(6%,2)Ë6,&26
6867$,1$%,/,7<,1$*52)25(675<6<67(06%,23+<6,&$/
,1',&$7256
20
category natural resource base presented the highest number of indicators,
followed by operational activities and external resources; and b) for the three
categories cited, the first one ranked highest in number of indicators in the
elements soil, flora and fauna, the second in technical management and the third
in flora, fauna, energy and water.
,1752'8d2
21
(LINARES e SELIGMAN, 1992) ou rural. Especificamente relacionado com a
agricultura, que é o principal suporte da sustentabilidade, pode-se classificar seu
ambiente nos seguintes níveis: global, nacional, regional, de propriedade, de
ecossistema e de sistema de produção (CAMINO V. e MÜLLER, 1993), sendo
este último também denominado agroecossistema (ALTIERI, 1987).
É vasta a literatura relacionada à avaliação da sustentabilidade
desenvolvida em nível de propriedade ou acima, com menos exemplos para
ecossistemas e agroecossistemas, de modo a verificar em que grau um sistema de
produção de soja, milho, feijão ou árvore contribui para um desenvolvimento
sustentável. As diferentes práticas agrícolas atuais abrangem desde os modelos
alternativos, considerados sustentáveis (PASCHOAL, 1995), até os modelos
intensivos de produção, que comportam inúmeras externalidades negativas,
contrastando com o sucesso na produtividade e no suprimento de alimentos para
a humanidade (SHIKI, 1995).
Dentre os modelos alternativos, ou tecnologias agroecológicas sustentá-
veis, destacam-se o uso de leguminosas, o controle biológico, a manutenção da
diversidade e os sistemas agroflorestais (SAF). Estas tecnologias são capazes de
criar agroecossistemas produtivos menos dependentes de recursos externos a eles
(KAIMOWITZ, 1996), estando baseadas em princípios e processos que
satisfazem requisitos ambientais (Knight, 1980, citado por ALTIERI, 1991),
combinando tanto elementos do conhecimento tradicional, quanto da ciência
moderna (ALTIERI, 1991).
Os sistemas agroflorestais, especificamente, preenchem muitos requisitos
da sustentabilidade, por incluírem árvores no sistema de produção agropecuária,
por utilizarem recursos existentes e práticas de manejo que otimizam a produção
combinada e por gerarem numerosos serviços (TORQUEBIAU, 1989).
No entanto, embora os sistemas agroflorestais apresentem vantagens que
superam as desvantagens (COUTO, 1990; MacDICKEN e VERGARA, 1990;
ANDERSON e SINCLAIR, 1993; ESTRADA, 1995; REICHE C., 1995;
URREA, 1995), estas últimas têm gerado dificuldades na sua adoção, como é o
caso do maior uso de mão-de-obra em alguns sistemas (CAVENESS e KURTZ,
22
1993), ou o insucesso na produção de madeira, em outros (CURRENT et al.,
1996).
Há necessidade, portanto, de dispor de metodologia para avaliar os níveis
de sustentabilidade de sistemas agroflorestais, o que permite a identificação da
sua verdadeira vocação como agroecossistemas sustentáveis. Um dos meios mais
utilizados para atingir esta meta é o uso de indicadores biofísicos e socioeconô-
micos, envolvendo tanto o sistema em análise quanto outros, sejam agrícolas ou
não (AVILA, 1989).
Assim, o objetivo deste estudo foi a produção de um amplo rol de
indicadores biofísicos potenciais, que possam abranger os sistemas agrissil-
viculturais, agrissilvipastoris e silvipastoris (terminologia proposta por DANIEL
et al., 1999) e, tanto quanto possível, ser adaptáveis às diversas estruturas de
sistema de produção encontradas no campo.
0$7(5,$/(0e72'26
23
Definição do sistema
Análise de indicadores
Procedimentos de monitoramento
24
3) ,GHQWLILFDomR GH HOHPHQWRV VLJQLILFDWLYRV HP FDGD FDWHJRULD: um elemento é
uma parte de uma categoria, significativa do ponto de vista da sustenta-
bilidade. Exceto o elemento "energia", identificado na Figura 2 e que está
sendo proposto neste trabalho, todos os elementos de recursos endógenos ou
exógenos foram citados por AVILA (1989) e WEBER (1990), enquanto
aqueles relacionados à operação dos sistemas foram propostos por AVILA
(1989) e ampliados por CAMINO V. e MÜLLER (1993).
4) ,GHQWLILFDomRHVHOHomRGHGHVFULWRUHVGHILQLomRHREWHQomRGHLQGLFDGRUHV:
a) 'HVFULWRUHV: descritores são características significativas de um elemento,
os quais estão subordinados aos principais atributos de sustentabilidade de
um sistema e ao seu nível de agregação. Assim, tais descritores podem ser
diferentes mesmo entre sistemas similares.
6LVWHPD
&DWHJRULDV
25
b) ,QGLFDGRUHV: indicador é uma medida do efeito da operação do sistema
sobre o descritor (TORQUEBIAU, 1989). Isto significa que se um dado
descritor recebeu influência positiva da operação do sistema, este tende a
ser sustentável, e vice-versa. Para cada descritor relevante, deve-se definir
pelo menos um indicador.
c) ,GHQWLILFDomR GH GHVFULWRUHV H LQGLFDGRUHV: o desenvolvimento do grupo
de descritores e indicadores para sistemas agroflorestais foi baseado na
estrutura metodológica demonstrada na Figura 3, que é auto-explicativa.
Para facilitar a execução da fase 3 desta figura, aplicou-se a estrutura
conceitual observada na Figura 4.
5) $QiOLVHGHLQGLFDGRUHV:esta fase pode ser subdividida em:a) significado do
indicador; b) o que, como, onde e quando medir; c) insumos QHFHVViULRV para
o cálculo; d) limitações do indicador; e) valores-limites do indicador; e
f) apresentação e interpretação dos resultados.
6) 3URFHGLPHQWRV GH PRQLWRUDPHQWR: estes procedimentos podem ser descritos
para cada indicador selecionado ou para todo o conjunto.
5HYLVmRWHyULFD ,GHQWLILFDomRGH
UHODFLRQDGDDRVLVWHPD HQIRTXHVSDUDRVLQGLFDGRUHV
Ecologia Meio ambiente FRPDSOLFDo}HVSRWHQFLDLV
Sustentabilidade Outros SDUDRVLVWHPDHPHVWXGR
(VWXGRVJHUDLV
$YDOLDomRGH
'HILQLomRGHGLUHWUL]HV VREUHDVFDUDFWHUtVWLFDV
HQIRTXHVSDUDRVLQGLFDGRUHV
SDUDDVHOHomRGH GRVLVWHPD
LQGLFDGRUHV Diretrizes para os indicadores
Biofísicas Culturais
Características do sistema
Sociais Econômicas
6HOHomRGHGHVFULWRUHV
HLQGLFDGRUHVPDLV
VLJQLILFDWLYRV
26
Sistemas agroflorestais
Componentes biofísicos
Abióticos Bióticos
DESCRITORES/
INDICADORES Sistemas
Terres- Aquá-
Ar Água Solo
tres ticos
- Sistema agrissilvicultural, sistema agrissilvipastoril e sistema silvipastoril.
- Envolve os compartimentos flora, fauna e microorganismos.
27
de sustentabilidade ambiental, tendo como base BERTOLLO (1998), que
realizou uma significativa revisão sobre o tema, resultando nas seguintes
características essenciais para escolha de um indicador: relevante para os
objetivos e as metas do problema; relevante para a orientação e o
planejamento global do projeto/pesquisa; relevante para os compartimen-
tos social, cultural e, ou, biofísico da área em questão; capaz de fornecer
um quadro representativo das condições, em função de sua correlação com
outros parâmetros do sistema; apropriado para a escala espacial da área em
consideração; sensível às alterações temporais e espaciais; cientificamente
confiável; mensurável e de aplicação prática; apoiado por dados de alta
qualidade; relacionado com conceitos históricos de qualidade ambiental,
social ou econômica; orientado para os temas dominantes e preocupações
da sociedade e dos envolvidos diretamente; claro e de fácil compreensão
pelos tomadores de decisão; e relevante para os propósitos dos
administradores ambientais. Um potencial indicador foi selecionado para
participar da relação final, desde que se relacionasse com pelo menos uma
das diretrizes citadas.
iii) 6HOHomR GR JUXSR GH GHVFULWRUHV H LQGLFDGRUHV PDLV VLJQLILFDWLYRV, esta
etapa foi subdividida em duas fases:
1. 5HYLVmR GH OLWHUDWXUD: foram localizados descritores e indicadores
significativos relacionados ao tema, o que permitiu uma primeira
aproximação dos resultados, com o auxílio da parte correspondente aos
componentes biofísicos, na estrutura conceitual indicada na Figura 4.
2. &RQVXOWD D HVSHFLDOLVWDV: uma equipe de sete pessoas ligadas a siste-
mas agroflorestais e meio ambiente teve a oportunidade de revisar e
ampliar a lista de descritores e indicadores gerados a partir da revisão
de literatura.
Na seleção deste grupo, foram realizadas visitas a três sistemas
agroflorestais em desenvolvimento, visando registrar impressões a respeito das
características que poderiam se enquadrar nas diretrizes citadas no item (b-ii), ou
que seriam úteis na definição dos indicadores mais significativos.
28
5(68/7$'26(',6&8662
29
Quadro 1 - Conjunto de indicadores biofísicos de sustentabilidade para sistemas
agroflorestais
30
Quadro 1, Cont.
31
Quadro 1, Cont.
32
Quadro 1, Cont.
33
Quadro 2 - Quantificação dos indicadores biofísicos de sustentabilidade para
sistemas agroflorestais (SAF)
34
Dentro da categoria recursos endógenos, a maioria dos indicadores
obtidos está relacionada com os elementos solo (29,7%), flora (28,4%) e fauna
(21,6%). TORQUEBIAU (1989), quando estudou a sustentabilidade para um
sistema agroflorestal específico, os pomares domésticos (KRPHJDUGHQV), obteve
maior concentração de indicadores no elemento solo. Quanto aos outros dois
elementos, é natural que sejam proporcionalmente mais representados, pois no
compartimento biofísico da avaliação o trabalho é concentrado nos fatores
ambientais e, neste caso, estes dois elementos são os principais componentes do
meio ambiente.
Na categoria operação do sistema, o elemento manejo técnico comportou
89,6% dos indicadores, comparado com o rendimento técnico, pois a tendência
dos entrevistados e da literatura em geral é dar ênfase aos trabalhos de manejo
das culturas envolvidas nos sistemas agroflorestais como sendo atividades
geradoras de impacto ao componente biofísico. O rendimento técnico é, portanto,
apenas a conseqüência deste manejo.
Para a categoria recursos exógenos, foi selecionado o maior número de
indicadores biofísicos entre os elementos flora, fauna e água. Tais elementos são
parte essencial do meio ambiente, e mesmo pertencendo a sistemas exógenos,
sejam eles dentro da mesma unidade de produção ou distantes, são capazes de
afetar o sistema em avaliação, de forma direta ou indireta. Nota-se, no entanto,
que o elemento energia não foi considerado, tendo em vista sua pequena
influência nas tomadas de decisão relacionadas com qualquer sistema em análise,
especialmente se o recurso exógeno em questão pertencer a outra propriedade ou
a outro proprietário.
É importante ressaltar que os números citados não refletem o peso dos
indicadores obtidos sobre a sustentabilidade do sistema, pois neste trabalho os
objetivos foram a obtenção e a divulgação de um amplo rol de indicadores
biofísicos, com condições para serem aplicados em qualquer composição
agroflorestal, dando suporte aos tomadores de decisão quando da implantação do
monitoramento ambiental.
35
Para uma fase mais detalhada, deve-se trabalhar na geração de um
número mínimo de indicadores significativos (conforme recomendam DE
CAMINO e MÜLLER, 1996) para os sistemas agrissilviculturais, agrissilvi-
pastoris e silvipastoris. Tal fato não impedirá que os profissionais envolvidos na
área de monitoramento ambiental de atividades agroflorestais disponham do rol
aqui apresentado (Quadro 1) e que, com seus conhecimentos técnicos natos,
possam selecionar e até mesmo incluir aqueles indicadores que melhor se
adaptem às suas condições específicas de monitoramento.
&21&/86®(6
5()(5Ç1&,$6%,%/,2*5È),&$6
36
AVILA, M. Sustainability and agroforestry. In: HUXLEY, P.A. (Ed).
9LHZSRLQWVDQGLVVXHVRQDJURIRUHVWU\DQGVXVWDLQDELOLW\. Nairobi, Kenya:
ICRAF, 1989. 9p. paginação irregular.
DANIEL, O., COUTO, L., GARCIA, R., PASSOS, C.A.M. Proposta para
padronização da terminologia empregada em sistemas agroflorestais no
brasil. 5HYLVWDÈUYRUH, Viçosa, v.23, n.3, p.367-370, 1999.
37
DOVERS, S.R., HANDMER, J.W. Contradictions in sustainability.
(QYLURQPHQWDO&RQVHUYDWLRQ, New York, v.20, n.3, p.217-222, 1993.
38
SAP - Southern African Perspectives. Sustainable development and
environmental assessment. 6SODVK, Lenexa, v.13, n.1, p.10-16,19-20, 1997.
39
3523267$'(80&21-81720Ë1,02'(,1',&$'25(6
%,2)Ë6,&263$5$2021,725$0(172'$6867(17$%,/,'$'(
(06,67(0$6$*52)/25(67$,6
352326$/2)$0,1,0806(72)%,23+<6,&$/,1',&$7256
)25021,725,1*7+(6867$,1$%,/,7<,1$*52)25(675<
6<67(06
40
work intended some selection approaches that were already applied the proposals
of indicators existent in the literature. The objective went to proposition of a
minimum number of indicators that can assist the demand of monitoring of the
environmental sustainability of agroforestry systems, with or without the animal
component. The conclusions were: the category endogenous resources behaved
the largest number of indicators in the biophysical component; the largest
concentration of indicators in the category endogenous resources meets in the
elements fauna, flora and soil; the element technical management presented
larger abundance of indicators in the category operation of the system; all the
elements of the category exogenous resources presented practically the same
number of indicators; the animal component of the agroforestry systems demands
larger number of indicators; most of the suggested indicators just depends on
direct observations and a minority just needs laboratorial analyses; most of the
suggested indicators is of fast and of not very onerous application; the
agroforestry systems without the animal component is easier and less onerous
for monitoring.
,1752'8d2
41
ou o natural, de uma geração para outra (DE CAMINO e MÜLLER, 1996) e
também intragerações (BARTUSKA et al., 1998). Na interpretação de
FRANKLIN (1995), sustentabilidade refere-se à manutenção do potencial do
sistema para produzir a mesma quantidade e qualidade de bens e serviços
perpetuamente.
Alguns aspectos essenciais do desenvolvimento agrícola, subordinados à
sustentabilidade, podem ser caracterizados pelos seguintes temas (SANDS e
PODMORE, 1997): incremento da produtividade, salvaguardando a produtivi-
dade inerente do solo, por meio da manutenção da matéria orgânica, das rotações
de culturas e da ciclagem de nutrientes; da prevenção/minimização da degrada-
ção ambiental, protegendo águas superficiais e subterrâneas ou eliminando o uso
de pesticidas e fertilizantes sintéticos; assegurar a capacidade para sobreviver
indefinidamente, minimizando as perdas de solo, reduzindo o uso de energia
proveniente de combustível fóssil; manter a diversidade genética; e manter a
rentabilidade e a estrutura das comunidades.
No desenvolvimento sustentável, três fatores resumem a capacidade de
sustentabilidade dos sistemas e envolvem os temas citados por SANDS e
PODMORE (1997), além de: o econômico, o social e o ambiental (BENSIMÓN,
1991; SAP, 1997). Esta capacidade de ser sustentável pode ser avaliada em
qualquer atividade humana, estando relacionada ao ambiente em estudo, seja
urbano ou rural. Sua avaliação, para o caso da agricultura, que é considerada o
principal suporte da sustentabilidade, pode ser operada nos níveis: global,
nacional, regional, de propriedade, de ecossistema e de agroecossistema
(CAMINO V. e MÜLLER, 1993).
Por não contemplarem os princípios básicos da sustentabilidade, os
atuais modelos intensivos de produção primária são considerados não-susten-
táveis. Dentre os modelos alternativos sustentáveis e de princípios agroecoló-
gicos, destacam-se os sistemas agroflorestais (SAF). Esta tecnologia, dentre
outras, segundo KAIMOWITZ (1996), gera um agroecossistema produtivo
menos dependente de recursos externos, além de satisfazer requisitos ambientais
(Knight, 1980, citado por ALTIERI, 1991). Segundo TORQUEBIAU (1989), o
42
atendimento de muitos desses requisitos ocorre em função do uso de recursos
endógenos e de práticas de manejo que otimizam a produção combinada e por
gerarem numerosos serviços.
Vários autores, ao fazerem paralelos entre os SAF e os sistemas agrícolas
tradicionais, citam que as suas vantagens superam as desvantagens (COUTO,
1990; MacDICKEN e VERGARA, 1990; ANDERSON e SINCLAIR, 1993;
ESTRADA, 1995; REICHE C., 1995; URREA, 1995).
Entretanto, há controvérsias quanto às afirmações de que os SAF em
geral sejam realmente sustentáveis (MacDICKEN e VERGARA, 1990). Estes
autores citam outras fontes que afirmam que nem todas as combinações de
árvores e cultivos agrícolas ou animais alcançam os objetivos da sustentabi-
lidade, do incremento na produção e dos benefícios para a pobreza rural. Tal fato
induz à necessidade de dispor de procedimentos metodológicos para avaliar os
níveis de sustentabilidade dos sistemas agroflorestais.
O uso de indicadores biofísicos (DANIEL et al., 1999a) e socioeco-
nômicos (DANIEL, 1999) é atualmente a metodologia mais utilizada para avaliar
a sustentabilidade de sistemas de produção em geral, pois fornecem um simples
meio de explicá-la e de aumentar a consciência pública para a necessidade de
mudanças de comportamento diante do desenvolvimento (HART, 1995).
Portanto, desenvolveu-se este estudo, cujo objetivo foi a seleção de um
grupo mínimo de indicadores biofísicos que possam ser úteis na avaliação e no
monitoramento da sustentabilidade de sistemas agroflorestais
0$7(5,$/(0e72'26
43
autores listaram 117 indicadores, visando oferecer ampla possibilidade de
adaptação desses indicadores às diversas variações de SAF atualmente existentes.
De modo a atender ao objetivo deste trabalho, que foi a geração de um
conjunto mínimo de indicadores biofísicos de sustentabilidade para SAF, foram
aplicados à lista de indicadores de DANIEL et al. (1999a) os critérios de seleção
listados e explicitados no Quadro 1.
As características de 1 a 13 são as mesmas aplicadas por DANIEL et al.
(1999a), para selecionar os 117 indicadores citados em seu trabalho. Tais
características, com algumas modificações, foram extraídas de BERTOLLO
(1998).
Para redução dos indicadores listados por DANIEL et al. (1999a), foram
acrescentadas as características de 14 a 19, tendo como balizamento uma 20ª
característica, que foi a manutenção de no mínimo um indicador para cada
descritor definido pelos autores. Esta 20ª característica não consta do Quadro 1,
porque foi considerada específica para este trabalho, ou seja, como estes critérios
e características fazem parte de uma proposta aberta de critérios de seleção de
indicadores de sustentabilidade para qualquer sistema, outros usuários poderão
desejar excluir algum descritor. Assim, a retirada dessa última característica
confere flexibilidade à proposta.
Os critérios utilizados no Quadro 1 foram os mesmos aplicados nos
trabalhos do 7KH 6WDWH (QYLURQPHQWDO *RDOV DQG ,QGLFDWRUV 3URMHFW (SEGIP,
1995) da Universidade da Flórida, que os divide em dois tipos básicos:
a) critérios essenciais: critérios que um indicador deve atender (relevân-
cia, representatividade, escala apropriada, qualidade dos dados,
mensurabilidade, importância, suporte de decisões, e ambigüidade); e
b) critérios preferenciais: critérios que um indicador pode atender
(sensibilidade, resultabilidade, custo, integrabilidade, compreensi-
bilidade, previsibilidade ou tendência).
Portanto, neste trabalho, os indicadores listados por DANIEL et al.
(1999a) que não tenham atendido a um ou mais dos critérios preferenciais não
necessariamente foram excluídos.
44
Quadro 1 - Características e critérios de indicadores de sustentabilidade para
sistemas em geral
Critérios de Seleção
Previsibilidade ou tendência
Qualidade dos dados
Compreensibilidade
Suporte de decisões
Representatividade
Escola apropriada
Mensurabilidade
Resultabilidade
Integrabilidade
Ambigüidade
Sensibilidade
Importância
Relevância
Características dos indicadores
Custo
1 Relevante para os objetivos e metas do problema X
7 Cientificamente confiável X
45
5(68/7$'26(',6&8662
46
Quadro 2 - Conjunto mínimo de indicadores biofísicos de sustentabilidade para
sistemas agroflorestais
Continua...
47
Quadro 2, Cont.
48
O Quadro 3 apresenta a quantificação dos indicadores listados no
Quadro 2, onde se observa que foram encontrados 57 indicadores biofísicos de
sustentabilidade, sendo a mesma quantidade para os sistemas que apresentam o
componente animal e 45 para os sistemas que apresentam apenas os componentes
agrícola e florestal. A utilização de atividade de criação de animais no sistema
agroflorestal resultou no acréscimo de 12 indicadores. Este incremento para os
sistemas com componente pastoril se deve ao aumento da complexidade das
relações ecológicas entre os componentes e à necessidade de monitorá-las, pois,
nestes casos, dos 12 indicadores a mais, dez estão especificamente correlacio-
nados com o elemento fauna.
Embora os valores obtidos sejam bastante reduzidos em relação aos ori-
ginais de DANIEL et al. (1999a), ainda superam em muito as sugestões de outros
autores. TORQUEBIAU (1989) obteve 24 indicadores, enquanto CAMINO V.
e MÜLLER (1993) recomendam entre 6 e 8.
49
Por ordem de grandeza da representatividade dos indicadores, verificou-
se que 56,1, 31,6 e 12,3% pertencem, respectivamente, às categorias: recursos
endógenos, operação do sistema e recursos exógenos. O maior peso dos recursos
endógenos já era esperado, tendo em vista ser esta categoria a base dos recursos
disponíveis para a produção do sistema.
Ao comparar a categoria recursos endógenos com o número total dos
indicadores, verifica-se que ela representa 56,1% dos indicadores obtidos e que a
maioria está relacionada com os elementos fauna (19,3%), flora (15,8%) e solo
(12,3%), o que é natural, tendo em vista que estes são importantes representantes
do compartimento ambiental em qualquer ecossistema.
Fazendo o mesmo tipo de comparação com a categoria operação do
sistema, tem-se que o elemento manejo técnico comportou 26,3% do total de
indicadores, enquanto para o rendimento técnico a proporção foi de 5,3%.
Com relação à comparação dessa categoria com o total (31,6%), já era
esperado que ela não superasse a categoria recursos endógenos (56,1%), pois
estes caracterizam o próprio sistema de produção e são a fonte de todas as
influências sobre os fatores biofísicos.
Analisando os números dentro da categoria operação do sistema, conclui-
se pela superioridade dos indicadores para manejo técnico (83,3%), em relação
ao rendimento técnico (16,7%), já que o rendimento é apenas a conseqüência do
manejo (DANIEL et al., 1999a).
A categoria recursos exógenos apresentou poucos indicadores, em
função de sua menor intensidade, porém, sua atuação não é menos importante no
sistema endógeno, devendo-se ressaltar que todos os elementos tiveram
praticamente o mesmo número de indicadores.
No Quadro 4, encontra-se o número de indicadores resultantes,
distribuídos por SAF e por modo de avaliação dos indicadores.
Embora extensa, se comparada às recomendações dos autores citados, a
quantidade de indicadores constantes no Quadro 3 não é exaustiva, e também não
inclui altos custos no processo de avaliação, pois a maioria deles é obtida por
meio de avaliação direta, sejam eles por simples respostas (sim/não), como é o
caso do "terraceamento", ou por observação direta, como o "número total de
componentes".
50
Quadro 4 - Quantidade de indicadores biofísicos distribuídos por sistema e por
modo de avaliação
Sistemas
Modo de avaliação dos indicadores
Agrissilviculturais Agrissilvipastoris Silvipastoris
Resposta binária
Verificação 23 25 25
(sim/não)
direta
Observação direta 13 22 22
Instrumental 6 6 6
Laboratório
Campo 3 4 4
Total 45 57 57
&21&/86®(6
51
nos elementos fauna, flora e solo; o elemento manejo técnico apresentou maior
abundância de indicadores na categoria operação do sistema; todos os elementos
da categoria recursos exógenos apresentaram praticamente o mesmo número de
indicadores; o componente animal dos sistemas agroflorestais é visto como
gerador da necessidade de acréscimo na quantidade de indicadores; a maioria dos
indicadores sugeridos depende apenas de observações diretas, e apenas uma
minoria necessita de análises laboratoriais; a maioria dos indicadores sugeridos é
de aplicação rápida e pouco onerosa; os sistemas agroflorestais sem o
componente animal são mais fáceis e menos onerosos de ser monitorados.
5()(5Ç1&,$6%,%/,2*5È),&$6
52
DANIEL, O. Sustentabilidade em sistemas agroflorestais: indicadores socioeco-
nômicos. In: DANIEL, O. 'HILQLomR GH LQGLFDGRUHV GH VXVWHQWDELOLGDGH
SDUD VLVWHPDV DJURIORUHVWDLV. Viçosa: UFV, 1999. (Tese, Doutorado em
Ciência Florestal) - Universidade Federal de Viçosa.
DANIEL, O., COUTO, L., SILVA, E., JUCKSCHI, I., GARCIA, R., PASSOS,
C.A.M. Sustentabilidade em sistemas agroflorestais: indicadores biofísicos.
5HYLVWDÈUYRUH, Viçosa, v.23, n.4, p.381-392, 1999a.
53
REICHE C., C. Economic and institutional analysis of agroforestry projects in El
Salvador. In: CURRENT, D., LUTZ, E., SCHERR, S. (Eds.). &RVWV
EHQHILWV DQG IDUPHU DGRSWLRQ RI DJURIRUHVWU\: project experience in
Central America and the Caribbean. Washington: World Bank, 1995. p.81-
95. (World Bank Environment Paper Number 14).
54
6867(17$%,/,'$'((06,67(0$6$*52)/25(67$,6
,1',&$'25(662&,2(&21Ð0,&26
6867$,1$%,/,7<,1$*52)25(675<6<67(0662&,2
(&2120,&$/,1',&$7256
55
as sustainable, coming as alternatives to the intensive systems of production. To
monitor the sustainability of agricultural activities, including AF, differents
authors emphasizes the biophysical indicators, in detriment of the socio-
economical indicators. Seeking to define defining a list of socio-economical
indicators that can be adapted to the several models of AF a study was
developed, consolidated by specialists recommendations and wide literature
review. The conclusions were: the categorie operation of the systems had the
largest number of indicators in the component socioeconômico, with larger
concentration in the endogenous operations of the system, followed for a long
distance by the endogenous and exogenous resources; the largest number of
indicators suggested in the category operation of the system meets in the
descritores health and nutrition, employments, habitation and sanity and
economic analysis; in the category operation of exogenous systems, they were
certain larger number of indicators for the descriptors commercialization and
rural infrastructure; practically there was not difference among the number of
indicators obtained for the agroforestry systems agroflorestais with and without
the animal component.
,1752'8d2
56
Assim, para manter a sustentabilidade de um sistema, quando este sofre
alterações na sua base de recursos, são necessários mudanças de atitudes e o
direcionamento de ações por parte das gerações atuais, com a finalidade de
suprir, em nível razoável, as necessidades das gerações futuras. Este pensamento
está implícito no conceito de desenvolvimento sustentável emitido por WCED
(1987), podendo-se concluir, então, que este tipo de desenvolvimento é aquele
capaz de promover a sustentabilidade (IWLA, 1997). Tanto as definições de
sustentabilidade quanto de desenvolvimento sustentável estão baseadas em
relações sociais, econômicas e ambientais (DOUGLAS, 1985; SENANAYAKE,
1991; SAP, 1997). Outras definições de desenvolvimento sustentável foram
elaboradas e publicadas por Barbier (1989), citado por REDCLIFT (1996); por
Sansoucy (1991), citado por MURGUEITO R. (1992); por BELLIA (1996); e
por BARTUSKA et al. (1998), as quais, de modo geral, pregam a integração e a
eqüidade inter e intrageracional.
Sustentabilidade, portanto, é um conceito que pode ser aplicado a
qualquer atividade desenvolvida pelo homem, e sua avaliação recebe diferentes
enfoques, dependendo do nível de estudo e do ambiente em questão, se urbano
(LINARES e SELIGMAN, 1992) ou rural. Especificamente relacionado com a
agricultura, que é o principal suporte da sustentabilidade, pode-se classificar seu
ambiente nos seguintes níveis: global, nacional, regional, de propriedade, de
ecossistema e de sistema de produção (CAMINO V. e MÜLLER, 1993), sendo
este último também denominado agroecossistema (ALTIERI, 1987).
As diferentes práticas agrícolas atuais abrangem desde os modelos
alternativos, como agricultura orgânica, biodinâmica, biológica, natural e outras,
consideradas sustentáveis (PASCHOAL, 1995), até os modelos intensivos de
produção, que comportam inúmeras externalidades negativas, contrastando com
o sucesso na produtividade e no suprimento de alimentos para a humanidade
(SHIKI, 1995).
Dentre os modelos alternativos, ou tecnologias agroecológicas
sustentáveis, destacam-se os sistemas agroflorestais. Estas tecnologias são
capazes de criar agroecossistemas produtivos menos dependentes de recursos
externos a eles (KAIMOWITZ, 1996) e estão baseadas em princípios e processos
57
que satisfazem requisitos ambientais (Knight, 1980, citado por ALTIERI, 1991),
combinando tanto elementos do conhecimento tradicional, quanto da ciência
moderna (ALTIERI, 1991).
Os muitos requisitos da sustentabilidade, preenchidos pelos sistemas
agroflorestais, estão em função da inclusão de árvores no sistema de produção;
do uso de recursos existentes; do uso de práticas de manejo que otimizam a pro-
dução combinada; e da geração de numerosos serviços (TORQUEBIAU, 1989).
No entanto, embora os sistemas agroflorestais apresentem vantagens que
superam suas desvantagens (COUTO, 1990; MacDICKEN e VERGARA, 1990;
ANDERSON e SINCLAIR, 1993; ESTRADA, 1995; REICHE C., 1995;
URREA, 1995), estas últimas têm gerado dificuldades na adoção desta
tecnologia, como é o caso de maior uso de mão-de-obra em alguns sistemas
(CAVENESS e KURTZ, 1993), ou o insucesso na produção de madeira, em
outros (CURRENT et al., 1996).
Há necessidade, portanto, de dispor de metodologia para avaliar os níveis
de sustentabilidade de sistemas agroflorestais, o que permite a identificação da
sua verdadeira vocação como agroecossistemas sustentáveis. Um dos meios mais
utilizados para atingir esta meta é o uso de indicadores biofísicos e
socioeconômicos, que envolvem tanto o sistema em análise quanto outros, sejam
agrícolas ou não (AVILA, 1989).
Em nível de ecossistemas e agroecossistemas, a literatura relacionada à
avaliação da sustentabilidade não dispõe de tantos trabalhos quanto nos níveis
global, nacional, regional e de propriedade. A dificuldade é maior com relação
aos compartimentos social e econômico, sendo a sustentabilidade ambiental a
que conta com maior esforço de pesquisa, o que justifica ainda mais a elaboração
de trabalhos desta natureza.
Em concordância com o exposto, o objetivo deste estudo foi a produção
de um amplo rol de indicadores socioeconômicos potenciais, que possam
abranger os sistemas agrissilviculturais, agrissilvipastoris e silvipastoris
(terminologia proposta por DANIEL et al., 1999b) e, tanto quanto possível, ser
adaptáveis às diversas estruturas de sistema de produção encontradas no campo.
58
0$7(5,$/(0e72'26
Definição do sistema
Análise de indicadores
Procedimentos de monitoramento
59
2) ,GHQWLILFDomR GH FDWHJRULDV VLJQLILFDWLYDV: uma categoria é um aspecto do
sistema, o que deve ser significativo do ponto de vista da sustentabilidade.
Segundo AVILA (1989), TORQUEBIAU (1989) e CAMINO V. e MÜLLER
(1993), para qualquer sistema e em qualquer nível de organização ou
agregação, podem ser utilizadas as seguintes categorias:
a) UHFXUVRV HQGyJHQRV: é a base de recursos do sistema, e os indicadores
desta categoria devem indicar se o sistema afeta ou melhora a base de
recursos;
b) RSHUDomR GR VLVWHPD: são as atividades necessárias à H[HTLELOLGDGH do
sistema, e os indicadores desta categoria devem mostrar se o manejo e o
seu desempenho são compatíveis com as exigências da sustentabilidade;
c) UHFXUVRVH[yJHQRV: recursos de outros sistemas, de entrada ou saída, que
podem ser afetados pelo sistema sob estudo; e
d) RSHUDomR GRV VLVWHPDV H[yJHQRV: atividades exógenas necessárias à
exeqüibilidade do sistema.
3) ,GHQWLILFDomR GH HOHPHQWRV VLJQLILFDWLYRV HP FDGD FDWHJRULD: um elemento é
uma parte de uma categoria, significativa do ponto de vista da sustentabi-
lidade. Exceto o elemento "energia", identificado na Figura 2 e que está sendo
proposto neste trabalho, todos os elementos de recursos endógenos ou
exógenos foram citados por AVILA (1989) e WEBER (1990), enquanto
aqueles relacionados à operação dos sistemas foram propostos por AVILA
(1989) e ampliados por CAMINO V. e MÜLLER (1993).
4) ,GHQWLILFDomRHVHOHomRGHGHVFULWRUHV'HILQLomRHREWHQomRGHLQGLFDGRUHV:
a) 'HVFULWRUHV: descritores são características significativas de um elemento,
os quais estão subordinados aos principais atributos de sustentabilidade de
um sistema e ao seu nível de agregação. Assim, tais descritores podem ser
diferentes mesmo entre sistemas similares.
b) ,QGLFDGRUHV: indicador é uma medida do efeito da operação do sistema
sobre o descritor TORQUEBIAU (1989). Isto significa que se um dado
descritor recebeu influência positiva da operação do sistema, este tende a
ser sustentável, e vice-versa. Para cada descritor relevante, deve-se definir
pelo menos um indicador.
60
6LVWHPD
&DWHJRULDV
61
5HYLVmRWHyULFD ,GHQWLILFDomRGH
UHODFLRQDGDDRVLVWHPD HQIRTXHVSDUDRVLQGLFDGRUHV
Ecologia Meio ambiente FRPDSOLFDo}HVSRWHQFLDLV
Sustentabilidade Outros SDUDRVLVWHPDHPHVWXGR
(VWXGRVJHUDLV
$YDOLDomRGH
'HILQLomRGHGLUHWUL]HV VREUHDVFDUDFWHUtVWLFDV
HQIRTXHVSDUDRVLQGLFDGRUHV
SDUDDVHOHomRGH GRVLVWHPD
LQGLFDGRUHV Diretrizes para os indicadores
Biofísicas Culturais
Características do sistema
Sociais Econômicas
6HOHomRGHGHVFULWRUHV
HLQGLFDGRUHVPDLV
VLJQLILFDWLYRV
Sistemas
Sistemas agroflorestais
Agroflorestais
Componentes socioeconômicos
e culturais
DESCRITORES/
institucionais
Econômicos
comerciais
Sistemas
Políticos
culturais
INDICADORES Técnicos
Sociais
Saúde
e
e
- Sistema agrissilvicultural, sistema agrissilvipastoril e sistema silvipastoril.
62
b) O passo 4 é o mais importante neste trabalho, pois é ele que concentra a
maioria das operações (Figura 3) para definição dos indicadores, assim
detalhadas:
i) (QIRTXHV SDUD RV LQGLFDGRUHV FRP DSOLFDo}HV SRWHQFLDLV: monitorar o
desempenho dos fatores sociais e econômicos, possibilitando intervenções
para a elevação dos níveis de sustentabilidade socioeconômica. Para
chegar à conclusão de que isto seria possível, foi realizada ampla revisão
de literatura, considerando todos os aspectos dos sistemas agroflorestais e
as possibilidades de monitoramento dos indicadores.
ii) $YDOLDomR GH HQIRTXHV SDUD RV LQGLFDGRUHV: nesta fase de geração do
maior número possível de indicadores, foram consideradas as peculia-
ridades dos sistemas agroflorestais, principalmente levando em conta os
componentes do sistema, ou seja, animais, culturas agrícolas e florestais, e
a sua composição no tempo e no espaço. Também, foram definidas as
diretrizes a partir das quais foram selecionados os indicadores de susten-
tabilidade socioeconômica, tendo como base BERTOLLO (1998), que
realizou uma significativa revisão sobre o tema, resultando nas seguintes
características essenciais para escolha de um indicador: relevante para os
objetivos e as metas do problema; relevante para a orientação e o planeja-
mento global do projeto/pesquisa; relevante para os compartimentos
social, cultural e, ou, biofísico da área em questão; capaz de fornecer um
quadro representativo das condições, em função de sua correlação com
outros parâmetros do sistema; apropriado para a escala espacial da área em
consideração; sensível às alterações temporais e espaciais; cientificamente
confiável; mensurável e de aplicação prática; apoiado por dados de alta
qualidade; relacionado com conceitos históricos de qualidade ambiental,
social ou econômica; orientado para os temas dominantes e preocupações
da sociedade e dos envolvidos diretamente; claro e de fácil compreensão
pelos tomadores de decisão; relevante para os propósitos dos
administradores ambientais. Um potencial indicador foi selecionado para
63
participar da relação final desde que se relacionasse com pelo menos uma
das diretrizes citadas.
iii) 6HOHomRGRJUXSRGHGHVFULWRUHVHLQGLFDGRUHVPDLVVLJQLILFDWLYRV, que foi
subdividida em duas fases:
1. 5HYLVmR GH OLWHUDWXUD: foram localizados descritores e indicadores
significativos relacionados ao tema, o que permitiu uma primeira
aproximação dos resultados, com auxílio da parte correspondente aos
componentes socioeconômicos, na estrutura conceitual indicada na
Figura 4; e
2. &RQVXOWDDHVSHFLDOLVWDV: uma equipe de sete pessoas ligadas a sistemas
agroflorestais e meio ambiente tiver a oportunidade de revisar e ampliar
a lista de descritores e indicadores gerados a partir da revisão de
literatura.
Na seleção deste grupo, foram realizadas visitas a três sistemas
agroflorestais em desenvolvimento, visando registrar impressões a respeito das
características que poderiam se enquadrar nas diretrizes citadas no item (b-ii), ou
que seriam úteis na definição dos indicadores mais significativos.
5(68/7$'26(',6&8662
64
Quadro 1 não representa a totalidade da matriz de indicadores, posto que esta é
inimaginável física e operacionalmente (CAMINO V. e MÜLLER, 1993).
Em uma outra fase do desenvolvimento de indicadores socioeconômicos
para sistemas agroflorestais, deverão ser acrescentadas novas diretrizes ou
critérios, para selecionar um número mínimo essencial. Segundo CAMINO V. e
MÜLLER (1993), que trataram de sistemas genéricos, a quantidade ideal de
indicadores de sustentabilidade encontra-se entre 6 e 8, porém, TORQUEBIAU
(1989), que trabalhou com sustentabilidade para pomares domésticos
(KRPHJDUGHQV), obteve 24 indicadores.
Nota-se, no Quadro 1, que não constaram deste trabalho indicadores
pertencentes ao elementos água, minerais, solo, flora, fauna, ar, energia, áreas
únicas, manejo técnico e rendimento técnico, os quais foram motivo de um
estudo específico, no qual foram tratados os indicadores biofísicos
(DANIEL et al., 1999a).
É importante ressaltar que, com os indicadores socioeconômicos, foram
utilizadas as quatro categorias constantes na Figura 2, o que não ocorreu com os
indicadores biofísicos de DANIEL et al. (1999a). Enquanto naquele caso os
autores justificaram que a operação de sistemas exógenos poderia ser suprimida
da análise, para este trabalho o uso desta categoria foi viável, tendo em vista as
características intrínsecas da sustentabilidade socioeconômica, pois esta
apresenta íntimo relacionamento externo, como a comercialização e infra-
estrutura rural.
No Quadro 2, observa-se que foram encontrados 65 indicadores
socioeconômicos de sustentabilidade, sendo a mesma quantidade para os
sistemas que apresentam o componente animal, e 63 para os sistemas que
apresentam apenas os componentes agrícola e florestal. A utilização de atividade
de criação de animais no sistema agroflorestal resultou no acréscimo de apenas
dois indicadores.
Foi pequeno o incremento de indicadores socieconômicos para os
sistemas agrissilvipastoris e para os silvipastoris, em relação aos sistemas que
não possuem o componente animal. Este baixo incremento justifica-se pelo fato
65
Quadro 1 - Conjunto de indicadores socioeconômicos de sustentabilidade para
sistemas agroflorestais
Continua...
66
Quadro 1, Cont.
67
Quadro 2 - Quantificação dos indicadores socioeconômicos de sustentabilidade
para sistemas agroflorestais (SAF)
68
elementos que compõem estas categorias, e menos com as categorias de recursos.
Tais elementos possuem descritores extremamente específicos, como a saúde e
nutrição, a agregação de valor, a produtividade, a administração e outros
relacionados no Quadro 1.
Mas enquanto nos indicadores biofísicos, conforme observado por
DANIEL et al. (1999a), há dificuldades de determinar aqueles relacionados à
operação dos sistemas exógenos, para os indicadores socioeconômicos a sua
representação atingiu 26,1%. Tal fato é explicado por meio do conjunto de
descritores obtidos nesta categoria (Quadro 1), os quais são formados pela
comercialização, agregação de valor, disponibilidade de crédito e pela infra-
estrutura rural disponível. Estes descritores e seus indicadores, em sua maioria,
são específicos de sistemas externos ao sistema sob análise ou até mesmo à
propriedade e não podem ser subestimados em uma avaliação de sustentabilidade
socioeconômica.
No trabalho pioneiro de TORQUEBIAU (1989), que estudou a sustenta-
bilidade para um sistema agroflorestal específico, os pomares domésticos
(KRPHJDUGHQV), foi identificado que a maior concentração de indicadores
também foi determinada para a categoria operação do sistema, com 77,8%, e o
restante deles para a operação de sistemas exógenos (22,2%).
É importante ressaltar que os números citados não refletem o peso dos
indicadores obtidos sobre a sustentabilidade do sistema, pois neste trabalho os
objetivos foram a obtenção e a divulgação de um amplo rol de indicadores
socioeconômicos, com condições para ser aplicados em qualquer composição
agroflorestal, dando suporte aos tomadores de decisão quando da implantação do
monitoramento ambiental.
Para uma fase mais detalhada, deve-se trabalhar na geração de um
número mínimo de indicadores significativos (conforme recomendam
DE CAMINO e MÜLLER, 1996) para os sistemas agrissilviculturais, agrissil-
vipastoris e silvipastoris, o que não impedirá que os profissionais envolvidos na
área de monitoramento socioeconômico de atividades agroflorestais disponham
do rol aqui apresentado (Quadro 1), e que com seus conhecimentos técnicos
69
natos possam selecionar e até mesmo incluir aqueles indicadores que melhor se
adaptem às suas condições específicas de monitoramento.
&21&/86®(6
5()(5Ç1&,$6%,%/,2*5È),&$6
70
BELLIA, V. ,QWURGXomR j HFRQRPLD GR PHLR DPELHQWH. Brasília: IBAMA,
1996. 262p.
DANIEL, O., COUTO, L., SILVA, E., JUCKSCHI, I., GARCIA, R., PASSOS,
C.A.M. Sustentabilidade em sistemas agroflorestais: indicadores biofísicos.
5HYLVWDÈUYRUH, Viçosa, v.23, n.4, p.384-392, 1999a.
71
ESTRADA, R. Economic and institutional analysis of agroforestry projects in
Honduras. In: CURRENT, D., LUTZ, E., SCHERR, S. (Eds.). &RVWV
EHQHILWV DQG IDUPHU DGRSWLRQ RI DJURIRUHVWU\: project experience in
Central America and the Caribbean. Washington: World Bank, 1995. p.114-
131. (World Bank Environment Paper Number 14).
72
SENANAYAKE, R. Sustainable agriculture: definitions and parameters for
measurement. -RXUQDO RI 6XVWDLQDEOH $JULFXOWXUH, Binghamton, v.1, n.4,
p.7-28, 1991.
73
3523267$'(80&21-81720Ë1,02'(,1',&$'25(6
62&,2(&21Ð0,&263$5$2021,725$0(172'$
6867(17$%,/,'$'((06,67(0$6$*52)/25(67$,6
352326$/2)$0,1,0806(72)62&,2(&2120,&$/
,1',&$7256)25021,725,1*7+(6867$,1$%,/,7<,1
$*52)25(675<6<67(06
74
shortage of works that consider the evaluation of the sustainability of these
systems. Being taken as base a list of indicators already existent in the literature,
intended some selection approaches, with the objective of proposing a minimum
set of indicators that for assist the demand of monitoring of the socio-economical
sustainability of agroforestry systems in general. The main conclusions were: the
category operation of the system behaved the largest number of indicators; the
largest concentration of indicators obtained in this category met in the descritores
health and nutrition, employments, habitation and sanitation, economic analysis,
commercialization and rural infrastructure; the evaluation of socio-economical
sustainability based on the proposed indicators values the aspect of justness
intragenerational; the descriptors inclusion related to the operation of exogenous
systems is essential to evaluate the sustainability of a system; most of the
suggested indicators just depends on direct observations and interviews, and a
minority just needs more detailed calculations or of accurate historical; most of
the suggested indicators is of fast and not very onerous application.
,1752'8d2
75
sustentabilidade, e pode ser avaliada em qualquer atividade humana, estando
sempre relacionada ao ambiente em estudo, seja urbano ou rural. Especifica-
mente na agricultura, a sustentabilidade pode ser avaliada nos níveis global,
nacional, regional, de propriedade, de ecossistema e de agroecossistema
(CAMINO V. e MÜLLER, 1993).
Embora nas atividades de produção primária haja muita polêmica sobre o
que é sustentável ou não, de modo geral, consideram-se não-sustentáveis os
modelos intensivos de produção, consumidores de grandes quantidades de insu-
mos não-renováveis ou poluentes do meio ambiente e exigentes em operações de
preparo do solo e maquinaria. Como alternativa, dispõe-se dos sistemas
agroflorestais (SAF), os quais são considerados tecnologias sustentáveis.
Essa tecnologia, dentre outras, segundo KAIMOWITZ (1996), gera um
agroecossistema produtivo menos dependente de recursos externos, além de
satisfazer requisitos ambientais (Knight, 1980, citado por ALTIERI, 1991).
Segundo TORQUEBIAU (1989), o atendimento de muitos destes requisitos
ocorre em função do uso de recursos endógenos e de práticas de manejo que
otimizam a produção combinada e por gerarem numerosos serviços.
Vários autores, ao fazerem paralelos entre os SAF e os sistemas agrícolas
tradicionais, citam que as suas vantagens superam as desvantagens (COUTO,
1990; MacDICKEN e VERGARA, 1990; ANDERSON e SINCLAIR, 1993;
ESTRADA, 1995; REICHE C., 1995; URREA, 1995).
Entretanto, há controvérsias quanto às afirmações de que os SAF, em
geral, sejam realmente sustentáveis (MacDICKEN e VERGARA, 1990). Estes
autores citam outras fontes, que afirmam que nem todas as combinações de
árvores e cultivos agrícolas ou animais alcançam os objetivos da sustenta-
bilidade, do incremento na produção e dos benefícios para a pobreza rural. Tal
fato induz à necessidade de dispor de procedimentos metodológicos para avaliar
os níveis de sustentabilidade dos sistemas agroflorestais.
O uso de indicadores biofísicos (DANIEL et al., 1999a) e socioeconô-
micos (DANIEL 1999) é atualmente a metodologia mais utilizada para avaliar a
sustentabilidade de sistemas de produção em geral, pois fornece um simples
76
meio de explicá-la e de aumentar a consciência pública para a necessidade de
mudanças de comportamento diante do desenvolvimento (HART, 1995).
Portanto, desenvolveu-se este estudo, cujo objetivo foi a seleção de um
grupo mínimo de indicadores socioeconômicos que possam ser úteis na avaliação
e no monitoramento da sustentabilidade de sistemas agroflorestais
0$7(5,$/(0e72'26
77
Quadro 1 - Características e critérios de indicadores de sustentabilidade para
sistemas em geral
Critérios de Seleção
Previsibilidade ou tendência
Qualidade dos dados
Compreensibilidade
Suporte de decisões
Representatividade
Escola apropriada
Mensurabilidade
Resultabilidade
Integrabilidade
Ambigüidade
Sensibilidade
Importância
Relevância
Características dos indicadores
Custo
1 Relevante para os objetivos e metas do problema X
7 Cientificamente confiável X
78
Os critérios utilizados no Quadro 1 foram os mesmos aplicados nos
trabalhos do 7KH 6WDWH (QYLURQPHQWDO *RDOV DQG ,QGLFDWRUV 3URMHFW (SEGIP,
1995) da Universidade da Flórida, que os divide em dois tipos básicos:
a) critérios essenciais: critérios que um indicador deve atender (relevân-
cia, representatividade, escala apropriada, qualidade dos dados,
mensurabilidade, importância, suporte de decisões, ambigüidade); e
b) critérios preferenciais: critérios que um indicador pode atender
(sensibilidade, resultabilidade, custo, integrabilidade, compreensibili-
dade, previsibilidade ou tendência)
Portanto, neste trabalho, é possível verificar a permanência de indica-
dores listados por DANIEL (1999), mesmo que não tenham atendido a um ou
mais dos critérios preferenciais
As listagens dos indicadores encontram-se estruturadas segundo reco-
mendação de CAMINO V. e MÜLLER (1993), estrutura esta que também foi
utilizada por DANIEL (1999).
Vale a pena citar duas fusões de indicadores realizadas sobre a proposta
de DANIEL (1999), visando a simplificação, em função do objetivo deste
trabalho:
a) os dois indicadores pertencentes ao descritor "empregos" do elemento
"manejo e rendimento socioeconômico", relacionados com o número
de postos de trabalho, foram agrupados em um único, a "proporção
entre o número médio de postos de trabalho fixos e o número médio
de postos de trabalho oferecidos anualmente"; e
b) os três indicadores pertencentes ao descritor "habitação e saneamento
básico" do mesmo elemento anterior, relacionados com o número de
trabalhadores e as suas habitações, foram agrupados em "proporção
entre o número de trabalhadores que habitam em construções de boa
qualidade, de alvenaria ou madeira, e aqueles que habitam em tipos
piores".
79
5(68/7$'26(',6&8662
80
Quadro 2 - Conjunto mínimo de indicadores socioeconômicos de sustenta-
bilidade para sistemas agroflorestais
Continua...
81
Quadro 2, Cont.
82
Quadro 3 - Quantificação dos indicadores socioeconômicos de sustentabilidade
para sistemas agroflorestais (SAF)
83
Um aspecto que deve ser observado é a quantidade de indicadores
obtidos (Quadro 3). Embora tenha havido redução dos 65 originais listados por
DANIEL (1999) para 48 após a aplicação dos critérios expostos no Quadro 1,
estes ainda superam em muito as sugestões de outros autores. TORQUEBIAU
(1989) obteve 24 indicadores entre biofísicos e socioeconômicos, enquanto
CAMINO V. e MÜLLER (1993) recomendam que o número máximo oscile
entre 6 e 8.
Embora extensa, se comparada às recomendações da literatura, a
quantidade de indicadores constantes no Quadro 3 não é exaustiva e também não
inclui altos custos no processo de avaliação, pois eles são obtidos ou por meio de
entrevistas aos produtores e trabalhadores, o que pode inclusive ser feito por
amostragem, ou por meio de cálculos, os quais podem ser assessorados por
técnicos das empresas de extensão, para o caso de o sistema não ter condições de
manter uma equipe técnica própria.
São os cálculos do descritor análise econômica os que demandam mais
especialização por parte dos avaliadores, particularmente o valor presente
líquido, a taxa interna de retorno e a razão benefício/custo. No entanto, eles são
essenciais para determinar a viabilidade econômico-financeira do empreendi-
mento, oferecendo oportunidade para tomadas de decisões que possam modificar
a tendência do rendimento financeiro proporcionado até o momento da avaliação,
com vistas ao futuro.
Porém, muitas vezes, a comunidade envolvida nos sistemas de produção
agrícola não tem condições de oferecer os dados necessários para a estruturação
do fluxo de caixa, ou não possuem condições financeiras para a execução de uma
análise econômica, ou simplesmente esta questão não tem importância no seu
cotidiano, pois, muitas vezes, são obrigados a continuar a viver no campo, na
mesma atividade, independente de auferirem lucro sobre ela. Nesta situação, o
avaliador pode optar por utilizar os outros indicadores do descritor "análise
econômica": o período de reembolso, o valor da jornada de trabalho, o trabalho
investido e o retorno do trabalho, os quais não dependem da existência de um
registro periódico e são tão precisos e organizados quanto os indicadores
econômicos tradicionais.
84
Aspectos relevantes na operação de sistemas exógenos também foram
detectados (Quadro 2), ou seja, a comercialização, a agregação de valor, a
disponibilidade de crédito e a infra-estrutura rural. Sem que estes itens estejam
minimamente atendidos, em qualquer investimento na atividade rural, dificil-
mente o empreendimento se sustentará permanentemente. Entretanto, o descritor
"disponibilidade de crédito" nem sempre deverá ser incluído na avaliação de
sustentabilidade, já que, em alguns casos, o empreendedor não utiliza o sistema
de financiamentos externos para exercer sua atividade.
Os resultados demonstram que é possível utilizar uma relação de
indicadores que seja abrangente e de rápida aplicação, viável para representar a
sustentabilidade de um sistema, sem que se torne exaustiva e onerosa.
&21&/86®(6
5()(5Ç1&,$6%,%/,2*5È),&$6
85
ANDERSON, L.S., SINCLAIR, F.L. Ecological interactions in agroforestry
systems. )RUHVWU\$EVWUDFWV, Wallingford, v.54, n.6, p.489-523, 1993.
DANIEL, O., COUTO, L., SILVA, E., JUCKSCHI, I., GARCIA, R., PASSOS,
C.A.M. Sustentabilidade em sistemas agroflorestais: indicadores biofísicos.
5HYLVWDÈUYRUH, Viçosa, v.23, n.4, p.381-392, 1999a.
86
FAETH, P. Análisis económico de la sustentabilidad agrícola. $JURHFRORJtD \
'HVDUUROOR, Santiago, n.7, p.32-41, 1994.
87
$3/,&$d2'(80$3523267$'(021,725$0(172'$
6867(17$%,/,'$'($806,67(0$$*5,66,/9,3$6725,/
$33/,&$7,212)$352326$/2)6867$,1$%,/,7<
021,725,1*72$$*526,/923$6725$/6<67(0
88
indicators, to a agrosilvopastoral system introduced in the northwest area of
Minas Gerais State, this study was developed, with the objectives of to apply and
to test proposal of environmental and socioeconomical monitoring, and to
simulate possible alterations in the indicators. The main conclusions were: a) the
use of the values of the indicators without any transformation, for the calculation
of the sustainability indexes was more adapted to the monitoring than the
indicators standardized by the standard deviation; b) the proposed system of
evaluation of the sustainability generates indexes that can be applied in the
management of the sustainability of the agroforestry systems; c) the graphic radar
type is a good option for presentation of the indicators and indexes of
sustentabilidade in a didactic way; d) can be considered that the level of
environmental and socioeconomical sustainability of analyzed SAF are
intermediary.
,1752'8d2
89
agropecuário, por utilizarem recursos existentes e práticas de manejo que
otimizam a produção combinada e por gerarem numerosos serviços
(TORQUEBIAU, 1989).
Há, no entanto, dúvidas a respeito da sustentabilidade dos sistemas
agroflorestais. Segundo MacDICKEN e VERGARA (1990), a afirmação de que
a adoção de sistemas agroflorestais pode gerar benefícios para as populações
rurais está mais relacionada à intenção dos programas com base em tais sistemas,
do que realmente a uma descrição precisa do que os SAF podem alcançar. Os
autores, por várias razões, consideram que a sustentabilidade ao longo do tempo
é muito difícil de ser monitorada e avaliada.
Embora sejam abundantes as referências bibliográficas relacionadas ao
tema sustentabilidade, considerando muitas áreas da produção, são raras as
propostas apresentadas e que podem dar suporte ao monitoramento da
sustentabilidade em SAF. São de AVILA (1989) e TORQUEBIAU (1989) as
primeiras tentativas nesse sentido, entretanto, sem maiores aprofundamentos.
Um trabalho mais amplo, com base em metodologia sugerida por
CAMINO V. e MÜLLER (1993) e BERTOLLO (1998), foi desenvolvido por
DANIEL et al. (1999b, c), que propuseram uma relação de indicadores para ser
utilizados no monitoramento de SAF em geral, considerando tanto a sustenta-
bilidade ambiental, quanto a socioeconômica. Para facilitar e tornar mais rápidos
e econômicos os estudos de monitoramento, DANIEL (1999b, c) propôs também
um número mínimo de indicadores necessários para o acompanhamento da
evolução dos sistemas.
Um dos SAF de maior sucesso no Brasil, envolvendo o gênero
(XFDO\SWXV, é aquele conduzido pela Companhia Mineira de Metais (CMM).
Esse sistema apresentou viabilidade técnica e econômica nos estudos conduzidos
por DUBÈ (1999).
Aplicar e testar as propostas de monitoramento da sustentabilidade
ambiental e socioeconômica de DANIEL (1999b, c) em um sistema agrissilvi-
pastoril e simular possíveis alterações nos indicadores são os objetivos deste
trabalho.
90
0$7(5,$/(0e72'26
91
do sistema agrissilvipastoril analisado. Devem ser citados como exemplo os
indicadores biofísicos: indicador 51 - nível médio anual de turbidez dos cursos
d'água, a jusante da área do sistema (não há mananciais de água superficiais no
entorno do sistema); e indicador 54 - alteração da cadeia trófica, se os predadores
escaparem para o ambiente natural (não são utilizados predadores no sistema).
5(68/7$'26(',6&8662
92
(monitoramento atual); b) para condições simuladas sobre o mesmo sistema,
considerando os aumentos ou o estacionamento dos valores dos indicadores
(monitoramento 2≥); c) para condições simuladas sobre o mesmo sistema,
considerando a diminuição ou o estacionamento dos valores dos indicadores
(monitoramento 2≤). Os valores alterados para cada monitoramento e os
respectivos IS encontram-se nos Quadros 1 e 2.
A análise dos resultados apresentados nos Quadros 1 e 2 deixa claro a
impossibilidade do uso em monitoramento do IS calculado a partir de indicadores
padronizados. Tanto para a sustentabilidade biofísica, quanto para a
socioeconômica, o IS padronizado produziu resultados inversos ao esperado, ou
seja, quando foram aumentados os indicadores (monitoramento 2), o IS foi
reduzido, e quando foram diminuídos (monitoramento 3), o IS foi aumentado.
Tal fato é explicado porque, para a padronização, é utilizada a fórmula
(1), descrita a seguir, que contém como redutor da dispersão entre os indicadores
o desvio-padrão.
5 + (x n − x )
vp n = (1)
S
em que
vpn = valor do indicador n padronizado;
xn = valor original do indicador n;
x = valor médio de todos os indicadores;
S = desvio-padrão para todos os indicadores; e
5 = constante acrescentada por CALORIO (1997).
93
indicadores resulte diretamente em aumento no IS, e o inverso para quando os
valores diminuem. Foi o que aconteceu com as simulações 1 e 2, nos Quadros 1 e
2, quando foram utilizadas as dimensões não-padronizadas (normais) dos indica-
dores. O IS normal acompanhou o aumento ou a redução dos valores de tais
indicadores.
Monitoramentos
Número do Indicador
Atual Simulados*
Alterado
1 2 (≥) 3 (≤)
5 7,30 8,00 6,00
11 5,00 6,00 4,00
18 -7,00 -8,00 -5,00
29 -1,00 -2,00 0
32 -2,80 -3,00 -1,00
35 0 1,00 0
43 4,00 6,00 2,00
44 1,00 1,00 0
48 8,83 12,00 8,83
55 0 1,00 0
IS(b) normal 5,64 7,02 5,05
IS(b) padronizado 15,76 10,65 22,21
* simulados com valores maiores ou iguais (≥), ou menores ou iguais (≤), aos atuais.
94
Quadro 2 - Simulação de monitoramento da sustentabilidade socioeconômica de
um sistema agrissilvipastoril implantado na Companhia Mineira de
Metais, município de Vazante-MG, alterando-se os valores de dez
indicadores, referentes à lista proposta por DANIEL (1999c)
Monitoramentos
Número do Indicador
Atual Simulados*
Alterado
1 2 (≥) 3 (≤)
4 0 0,05 0
6 1,00 1,00 0
9 8,83 12,00 8,83
14 0,80 1,00 0,60
27 1,81 5,00 0,50
30 2,82 3,00 2,00
31 13,96 20,00 10,00
38 1,00 1,00 0
42 1,00 1,00 0
47 1,00 1,00 0
IS(s) normal 24,24 31,59 18,25
IS(s) padronizado 3,95 3,29 4,11
* simulados com valores maiores ou iguais (≥), ou menores ou iguais (≤), aos atuais.
$SOLFDomRGDSURSRVWDGHJHUDomRGHXPtQGLFHGHVXVWHQWDELOLGDGHHP
XPVLVWHPDDJULVVLOSDVWRULO
95
Quadro 3 - Valores dos indicadores propostos por DANIEL (1999b) e do índice
de sustentabilidade biofísica de um sistema agrissilvipastoril,
implantado na Companhia Mineira de Metais, município de
Vazante-MG
Característica Característica
Número do Dimensão do Número do Dimensão do
Especial de Especial de
Indicador1 Indicador Indicador1 Indicador
Medição2 Medição2
1 {-} nsa3 30 sim[0]/não[1] 1,00
(st ha.ano-1)
2 {-} nsa 31 nsa
÷10
3 sim[1]/não[0] nsa 32 {-} -2,80
4 original nsa 33 sim[1]/não[0] 0
5 cmolc.dm-3 7,30 34 sim[1]/não[0] 1,00
6 original 3,30 35 sim[0]/não[1] 0
7 original nsa 36 sim[0]/não[1] 0
8 sim[0]/não[1] 1,00 37 sim[0]/não[1] 0
9 sim[0]/não[1] 1,00 38 original 0
10 sim[0]/não[1] 1,00 39 sim[1]/não[0] 1,00
11 original 5,00 40 original nsa
12 original 1,00 41 {-} -1,00
13 sim[0]/não[1] 1,00 42 {-} 0
14 sim[1]/não[0] 1,00 43 original 4,00
15 {-} 0 44 sim[0]/não[1] 1,00
16 {-} 0 45 {-} nsa
17 original 0 46 original 2,00
18 {-} -7,00 47 original 1,00
(volume
19 sim[0]/não[1] 1,00 48 8,83
ha.ano-1)÷10
20 {-} 0 49 original 2,90
21 original 0 50 original 0,15
22 sim[1]/não[0] 0 51 {-} nsa
23 {-} 0 52 sim[1]/não[0] nsa
24 sim[0]/não[1] 1,00 53 sim[0]/não[1] 1,00
25 original 1,00 54 sim[0]/não[1] nsa
26 original 1,00 55 sim[0]/não[1] 0
27 original 0 56 sim[0]/não[1] 1,00
28 original 0 57 sim[0]/não[1] 1,00
29 {-} -1,00
IS(b) [considerando todos os indicadores aplicáveis] = 5,64
1
referente à tabela original de DANIEL (1999b);
2
transformações dos valores originais de alguns indicadores, visando a redução do efeito de
dispersão; valor correspondente a respostas sim/não; sinal do indicador; e
3
não se aplica às condições do sistema em análise.
96
Quadro 4 - Valores dos indicadores propostos por DANIEL (1999c) e do índice
de sustentabilidade socioeconômica de um sistema agrissilvipastoril,
implantado na Companhia Mineira de Metais, município de
Vazante-MG
Característica Característica
Número do Dimensão do Número do Dimensão do
Especial de Especial de
Indicador1 Indicador Indicador1 Indicador
Medição2 Medição2
1 Original nsa3 25 sim[1]/não[0] 1,00
2 sim[1]/não[0] nsa 26 original -17,99
3 {-} 0 27 original 1,81
4 {-} 0 28 original 0,89
5 original 3,00 29 {-} -5,00
6 sim[1]/não[0] 1,00 30 original 2,82
7 sim[1]/não[0] 1,00 31 original 13,96
8 original 0,15 32 sim[1]/não[0] nsa
-1
(st.ha.ano )
9 8,83 33 sim[1]/não[0] nsa
÷10
10 original 2,90 34 original 20,00
11 sim[1]/não[0] 1,00 35 sim[1]/não[0] 1,00
12 sim[1]/não[0] 1,00 36 sim[1]/não[0] 1,00
13 sim[1]/não[0] 1,00 37 sim[1]/não[0] 0
14 original 0,80 38 sim[1]/não[0] 1,00
15 sim[1]/não[0] 1,00 39 original nsa
salário médio
16 3,00 40 sim[1]/não[0] 0
÷100
17 original nsa 41 sim[1]/não[0] 0
18 original 0 42 sim[1]/não[0] 1,00
19 {-} 0 43 sim[1]/não[0] 0
20 sim[1]/não[0] 1,00 44 sim[1]/não[0] 0
21 original 0 45 sim[1]/não[0] 1,00
22 original 1,00 46 sim[1]/não[0] nsa
23 original 1,00 47 sim[1]/não[0] 1,00
24 original 1,00 48 sim[1]/não[0] 1,00
IS(s) [considerando todos os indicadores aplicáveis] = 24,24
1
referente à tabela original de DANIEL (1999c);
2
transformações dos valores originais de alguns indicadores, visando a redução do efeito de
dispersão; valor correspondente a respostas sim/não; sinal do indicador; e
3
não se aplica às condições do sistema em análise.
97
Nesses mesmos quadros, encontram-se as colunas de dados denominadas
“característica especial de medição”, que tem extrema importância para o correto
uso da metodologia, cujo conteúdo é assim definido:
- sinal negativo {-}: utilizado quando o aumento ou a redução no valor
absoluto do indicador, deve provocar efeito inverso no IS. Utilizando
o indicador 15 como exemplo, a “freqüência anual de incidência de
pragas em nível de dano econômico à vegetação”, verifica-se
claramente que o aumento na incidência de pragas deve representar
uma queda no IS, o que não ocorreria sem o sinal negativo;
- sim[0]/não[1]: embora nas listas originais propostas por DANIEL
(1999b, c) as respostas a alguns indicadores sejam sim/não, no
momento de inserir na planilha de cálculos eles devem ser converti-
dos a números 0 ou 1. Conforme pode-se observar no Quadro 3, nem
sempre é atribuído o mesmo número a uma resposta (ex: indicadores
13 e 14). Isto foi feito para que seja dado valor zero, representando
um aspecto ruim de um dado indicador, e valor um para aspecto bom.
Um exemplo, utilizando os indicadores 13 e 14:
13: “destruição da vegetação nativa existente no sistema, em
função do manejo de algum componente animal em regime aberto
(sim[0]/não[1])”. Se a resposta for sim, é um aspecto negativo,
resultando em redução do IS(b), e vice-versa;
14: “uso efetivo dos conceitos de máxima exploração da capacida-
de de sítio para cada componente vegetal, valorizando a ciclagem
de nutrientes e o aproveitamento da luz (sim[1]/não[0])”. Se a
resposta for sim, é um aspecto positivo, resultando no aumento do
IS(b), e vice-versa.
- ÷10 ou por 100: como foi abolido o uso de indicadores padronizados
em monitoramento, há necessidade de reduzir a dimensão de alguns
indicadores, para evitar deformação excessiva nos gráficos tipo radar
(a discussão sobre o gráfico encontra-se no item 3.4.), e diluição da
importância de indicadores de valores de menores dimensões;
98
- cmolc.dm-3: embora seja comum o uso da unidade mmolc.dm-3 para a
“capacidade de troca catiônica”, cmolc.dm-3 trabalha com valores dez
vezes menores, gerando os mesmos efeitos citados no item anterior;
- original: quando as unidades dos indicadores são as mesmas
propostas nas listas originais de DANIEL (1999b, c).
É importante registrar que essas “características especiais de medição”
são aquelas propostas pelos autores, as quais originaram um resultado
satisfatório. Entretanto, se o usuário da metodologia achar por bem alterá-las, de
modo a adaptá-las a condições específicas, ou até mesmo a outros sistemas de
produção, que não os SAF, ele pode fazê-lo, desde que de forma coerente. Neste
caso, o usuário deve se lembrar que, para que os diversos monitoramentos sejam
comparáveis entre si, há necessidade de que sejam utilizados sempre os mesmos
indicadores e características especiais de medição que foram aplicados desde a
primeira vez.
Outro fator de extrema importância para que os IS resultantes das
análises de sustentabilidade sejam confiáveis é a rigorosa padronização da coleta
de dados. Podem ser citadas como exemplos as amostragens de solo, das quais
são obtidos os valores de CTC e o teor de matéria orgânica (indicadores
biofísicos 5 e 6). As amostras com padrões distintos de coleta, análise e unidades
podem causar sérias distorções nos IS.
Os Quadros 3 e 4 indicam também os valores de IS(b) = 5,67 e IS(s) =
24,73. Esses são os índices de sustentabilidade ambiental e socioeconômica do
SAF da CMM, implantado em 1994.
Tendo em vista que é a primeira vez que é gerado um índice de
sustentabilidade para o SAF com as características iguais ao CMM, não há
parâmetros para colocar os valores obtidos em qualquer escala de qualidade, ou
seja, se o resultado é alto, médio ou baixo, por exemplo. Os IS atuais são
comparáveis entre os próximos monitoramentos dentro do próprio sistema, ou
entre IS obtidos de sistemas semelhantes.
99
Com as informações disponíveis no momento, não é possível dizer se o
SAF da CMM é mais ou menos sustentável, considerando a amplitude encerrada
no conceito, porque não há termo de comparação relativa.
Espera-se que, em virtude da facilidade e dos baixos custos (DANIEL
199b) para aplicação do sistema de monitoramento e geração do IS aqui
apresentados, em alguns anos comecem a surgir os termos de comparação
necessários para obtenção da escala de qualidade, com base na qual se possa
qualificar a sustentabilidade dos SAF.
100
variação das mudanças nos indicadores. Este passou de 5,64 para 9,61, corres-
pondendo a uma evolução de 1,7 vez, enquanto a média dos valores aumentou
1,5 vez.
Utilizando o mesmo raciocínio para a sustentabilidade socioeconômica
(Quadros 5 e 6), verifica-se que o índice de sustentabilidade [IS(s)] evoluiu
3,7 vezes, enquanto a média dos valores aumentou 2,3 vezes.
101
Quadro 6 - Valores simulados dos indicadores propostos por DANIEL (1999c) e
do índice de sustentabilidade socioeconômica de um sistema
agrissilvipastoril, implantado na Companhia Mineira de Metais,
município de Vazante-MG
$DSOLFDomRGRVJUiILFRVWLSRUDGDU
102
a b
c d
103
Os IS são uma generalização dos valores individuais dos indicadores de
sustentabilidade, dando idéia de conjunto. Portanto, pode ocorrer a necessidade
de avaliar individualmente as alterações em cada indicador. Neste caso, além do
uso dos próprios valores numéricos, pode-se dispor, com os gráficos, de uma
opção mais didática de apresentação e verificação das mudanças na sustenta-
bilidade, o que permite a tomada de ações individuais para levar os IS aos níveis
desejados.
$TXDOLILFDomRGRVtQGLFHVGHVXVWHQWDELOLGDGH
104
relacionada com sistemas específicos, ou seja, a escala gerada para um sistema
poderá não servir para outro.
Vale a pena, também, fazer um comentário sobre o SAF em avaliação,
que tem como componente arbóreo o eucalipto. Há muitas críticas ao uso deste
gênero vegetal em reflorestamentos (COUTO et al., 1998). As proposições e
discussões feitas neste trabalho não as levam em consideração e nem entram no
mérito das polêmicas, tendo em mente ser inevitável o uso dessa espécie arbórea
na produção de madeira para diversos fins, em função da sua precocidade e
qualidade dos produtos finais.
&21&/86®(6
105
5()(5Ç1&,$6%,%/,2*5È),&$6
COUTO, L., DANIEL, O., GARCIA, R., BOWERS, W., DUBÈ, F. 6LVWHPDV
DJURIORUHVWDLV FRP HXFDOLSWRV QR %UDVLO: uma visão geral. Viçosa: SIF,
1998. 49p. (Documento SIF, 17)
DANIEL, O., COUTO, L., SILVA, E., GARCIA, R., JUCKSCH, I., PASSOS,
C.A.M. Alternativa a um método para determinação de um índice de
sustentabilidade. 5HYLVWDÈUYRUH, Viçosa, (QRSUHOR), 1999a.
106
DANIEL, O., COUTO, L., SILVA, E., JUCKSCHI, I., GARCIA, R., PASSOS,
C.A.M. Sustentabilidade em sistemas agroflorestais: indicadores biofísicos.
5HYLVWDÈUYRUH, Viçosa, v.23, n.4, p.381-392, 1999b.
107
5(6802(&21&/86®(6
108
dos animais feita bianualmente. Coletaram-se dados para atender às exigências
dos indicadores biofísicos e socioeconômicos definidos na primeira etapa. Os
valores dos indicadores, dispostos nos raios de gráficos tipo radar, geraram áreas
que passaram a representar índices de sustentabilidade (IS). Também, foram
realizadas simulações para obter os IS para a idade final prevista para o ciclo do
sistema.
A aplicação desta metodologia resultou na proposição de 57 indicadores
de sustentabilidade biofísica e 48 de sustentabilidade socioeconômica. Além
disto, foram obtidos os valores reais de 5,64 e 24,24 para os IS biofísica e
socioeconômica para o quinto ano do sistema e os valores simulados de 9,61 e
90,17 para o final do ciclo, no 11o ano.
Esta tese é composta de seis artigos, nos quais constam as conclusões de
cada um. De forma resumida, podem ser citadas as seguintes conclusões: a) o uso
dos grupos de indicadores obtidos é viável, em função da facilidade de aplicação,
do baixo custo com levantamentos de campo e análises laboratoriais e da rápida
obtenção dos resultados; b) o uso do gráfico tipo radar permite a geração de IS
biofísica e socioeconômica; c) o IS obtido por meio da metodologia utilizada é
bastante sensível às alterações nos indicadores; e d) quando foram comparados os
valores padronizados dos indicadores, por meio do desvio-padrão, com os
valores não-padronizados, concluiu-se pela superioridade destes nos cálculos dos
IS e no monitoramento da sustentabilidade.
109
$3Ç1',&(
110
$3Ç1',&(
Pesquisadores/Técnicos Instituição/Empresa
Carlos Alberto Moraes Passos, Engenheiro Florestal Universidade Federal de Mato Grosso
Elias Silva, Engenheiro Florestal Universidade Federal de Viçosa
Ivo Jucksch, Engenheiro-Agrônomo Universidade Federal de Viçosa
Laércio Couto, Engenheiro Florestal Universidade Federal de Viçosa
Omar Daniel, Engenheiro Florestal Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Rasmo Garcia, Zootecnista Universidade Federal de Viçosa
Vicente de Paula Silveira, Engenheiro Florestal Companhia Mineira de Metais
No Dimensão do
Indicador Área
Indicador Indicador
Linhas
Colunas
A B C D
=SE(ÉNÚM(C1);(C1*COS(RADIANOS(90-
Nível médio de eutrofização dos
1 1 nsa1 (360/CONT.VALORES($A$1:$A$57))))*(SE
reservatórios e, ou, cursos d'água
(ÉNÚM(A2);C2;$C$1)))/2;"-")
Nível médio anual de turbidez dos Célula preenchida, copiando/colando o
2 2 nsa
reservatórios conteúdo da célula D1 na planilha eletrônica
Célula
Célula preenchida com o indicador preenchida com
3 3 Idem D2
correspondente o valor
correspondente
Idem B3 Idem C3 Idem D2
Existência de quaisquer prejuízos às
áreas de proteção exógenas, em função
57 57 1,00 Idem D2
da necessidade do cumprimento de
compromissos com o sistema em análise
IS(b) = =SOMA(D1:D57)
1
utilizado quando o indicador não se aplica às condições do sistema em análise.
111
Quadro 3A - Modelo de estrutura e cálculos na planílha eletrônica, para geração
do índice de sustentabilidade socioeconômica [IS(s)]
No Dimensão do
Indicador Área
Indicador Indicador
Linhas
Colunas
A B C D
=SE(ÉNÚM(C1);(C1*COS(RADIANOS(90-
Exposição do material arqueológico à
1 1 0,00 (360/CONT.VALORES($A$1:$A$57))))*(SE
visitação pública
(ÉNÚM(A2);C2;$C$1)))/2;"-")
Preservação de templos, cemitérios ou Célula preenchida, copiando/colando o
2 2 0,00
outras áreas consideradas sagradas conteúdo da célula D1 na planilha eletrônica
Célula
Célula preenchida com o indicador preenchida com
3 3 Idem D2
correspondente o valor
correspondente
Idem B3 Idem C3 Idem D2
As estradas de acesso à propriedade e ao
48 48 sistema são transitáveis durante todo o 1,00 Idem D2
ano
IS(s) = =SOMA(D1:D48)
1
utilizado quando o indicador não se aplica às condições do sistema em análise.
112