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Vilma - Há quanto tempo ocupa o lugar de Presidente?

Presidente da escola - Ai! Isso é uma pergunta difícil, eu tenho de fazer contas,
são… Quantos anos são, Celeste? Três… cinco…cinco anos! Penso que são cinco
anos. Cinco ou seis? Seis…seis anos! Seis anos como presidente do Executivo.

Cátia - E gosta do que faz?

Presidente da escola - Tem dias. É uma actividade diferente da actividade dos


docentes. É uma experiência diferente. Tem que se fazer um trabalho não só de
gestão diária do funcionamento da escola mas também de organização,
funcionamento da estrutura, resolução de muitos conflitos que é a parte mais difícil
do dia-a-dia, a gestão de conflitos e não só entre alunos. Por vezes, também em
contactos com a comunidade que é outra parte exigente deste trabalho. Tudo isto
faz com que os dias sejam todos diferentes e, por vezes, há dias em que chegamos
ao final com vontade de…desistir.

Nádia - Como é que gere a escola tendo em atenção o número de pessoas e as


diferenças de carácter?

Presidente da escola - Era isso que eu estava a referir, que os dias são todos …
diferentes. Como vocês sabem, Monte Gordo, é uma comunidade com
características muito especiais, não é? Devido ao contexto, à situação geográfica, à
zona onde está, a nossa escola tem algumas especificidades. É preciso dar alguma
atenção, a diferença faz parte do dia-a-dia, as pessoas são todas diferentes, os
alunos são diferentes, os professores são diferentes e é preciso dar atenção a essas
especificidades. Até porque estamos num agrupamento vertical de escolas e temos
alunos de vários níveis de ensino, que têm necessidades muito diferentes. Nós, aqui
no agrupamento, temos alunos do pré-escolar até ao 9.º ano…e isso faz com que
nos tenhamos de ter em atenção realidades muito diferentes. As necessidades dos
alunos do pré-escolar são muito diferentes em termos exigências, as actividades
pedagógicas desses alunos de…vigilância e de segurança, são completamente
diferentes das situações dos alunos de 3º ciclo, as exigências são diferentes, as
necessidades são diferentes e nos temos de ter atenção os diferentes contextos,
não só o contexto onde a escola esta inserida mas também as diferentes realidades
dentro da mesma escola. Somos uma escola sui generis porque…, ao contrário de
outros agrupamentos, os alunos estão nas faixas etárias dos 3 aos 15, ou nos
cursos profissionais, no caso dos CEF, podem ir até aos 16, temos alunos de 17
anos. Convivem todos no mesmo espaço, no mesmo pavilhão… no mesmo
refeitório, no mesmo bufete, nos mesmos espaços exteriores e o facto de pessoas
de faixas etárias tão diferentes, de ciclos de ensino tão diferentes conviverem no
mesmo espaço obriga-nos necessariamente a ter em atenção tudo isso porque são
exigências muito diferentes. Nós temos de ter em atenção estes aspectos, temos
que articular o dia-a-dia para que essas diferenças não se sintam, pelo contrário …
temos de fazer com que essas diferenças sirvam… sejam uma experiência rica de
trocas e partilhas, de convívio, de sociabilização entre todos, não é? … Transformar
a diferença numa coisa positiva…

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Vilma - Está de acordo com o novo regime de faltas? E com as aulas de
substituição?

Presidente da escola - Tu estás a fazer-me duas perguntas muito diferentes. Uma


sobre o regime de faltas… tem a ver com o novo estatuto, estás a referir-te ao novo
estatuto do aluno que foi… implementado… se eu penso que o novo estatuto do
aluno precisava de alguma ah… precisava de uma revisão. Sobretudo eu penso que
o Estatuto do Aluno tem a ver com a responsabilização de todos os parceiros e
quando eu falo da responsabilização de todos os parceiros estou a falar não só dos
alunos, professores como também dos encarregados de educação. Considero que
tem de haver uma grande responsabilização de todos ao actores envolvidos neste
processo, ah… (estás a distrair-me com tanto «flash» não estou habituada a esses
«flashes» …). Eu, como estava a referir antes de termos aqui parado para sessão
fotográfica do Pedro, penso que todos os actores têm de ser responsabilizados, os
alunos têm de ser responsabilizados porque têm direitos mas também têm deveres,
e o da assiduidade é um deles; os pais também têm de ser responsabilizados
porque sendo os alunos menores, e sendo isto uma escola básica todos os alunos
são menores, os pais também têm de se responsabilizar pela… a presença dos seus
filhos na escola, têm de ser responsáveis não só pela justificação. Eu parece-me… e
não estou de acordo com algumas normas e do estatuto, apesar de como
Presidente ter que o fazer cumprir, ou seja, o Presidente, o Conselho Executivo, a
Escola é gerida por uma série de órgãos, como o Conselho Executivo, o Conselho
Pedagógico, a Assembleia de Escola, mas a legislação também está a mudar.
Porém, complete ao Conselho Executivo executar as ordens e as normas não só que
vêm do Conselho Pedagógico mas também da lei… Portanto, independentemente
de eu concordar com ela ou não, a escola tem de aplicar a lei. Agora parece-me a
mim que é muito… complicado estarmos a dar o mesmo tratamento…a todas as
situações. Por exemplo…, podemos comparar o caso de situações de doença dum
aluno, casos que implicam um internamento… dum aluno que tem uma situação de
doença grave, complicada e que depois tem o mesmo tratamento do que um aluno
que, por negligência… ou por desinteresse da sua parte e negligência dos pais, falta
sistematicamente? Penso que estas duas situações são faltas de natureza diferente
e que deviam ter um tratamento diferente. Assim como também devia ser
salvaguardada a situação dos alunos que vão representar a escola…Muitas vezes,
os alunos vão representar a escola e isso contribui para a imagem da escola não só
na comunidade, como a nível regional, a nível das diferentes instituições; é o caso
dos alunos que são seleccionados para participar em competições nacionais e
temos tido situações a nível dos alunos dos grupos equipa, do Desporto Escolar, da
Matemática, concursos nacionais em que a escola tem tido alguma representação.
Considero que essas faltas, quando os alunos vão em representação da escola,
também deviam ser salvaguardadas, essas e outras. Penso que devia aqui haver
mais cuidado com esta diferenciação de faltas e não terem todas um tratamento
igual. Mas isto é a minha opinião, agora a escola tem de fazer aplicar a lei, não é?
Vamos ver…vamos aplicar durante este ano, houve uma adaptação do regulamento
da nossa escola e agora vamos ver como é que funciona até ao final do ano.

Vilma - E está de acordo com as aulas de substituição?


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Presidente da escola - As aulas de substituição… as aulas de substituição, aquilo a
que vocês chamam as aulas de substituição, que nada mais é do que o
desenvolvimento de uma actividade educativa quando algum professor falta; já
estão implementadas há três anos, sensivelmente, penso eu! Penso que este é o
terceiro ano…, tem-se notado que há uma diminuição de situações de indisciplina e
de perturbação dos espaços escolares. O que acontecia muitas vezes, na ausência
de professores em que os alunos não tinham uma actividade estipulada e não havia
nenhuma actividade programada ou planificada, os alunos acabavam por ficar na
rua. Assistia-se a uma maior degradação do parque escolar, assistia-se também a
um clima de mais indisciplina e… agora nota-se maior tranquilidade e isso contribui
também…, está também relacionado com aquilo que eu disse há pouco de
existirem dentro do agrupamento vários níveis de ensino com horários diferentes.
Por vezes, o facto de existirem horários diferentes também perturbava bastante o
funcionamento. Podiam ser alunos do 2.º ou 3.º ciclo, mas, como os alunos iam
brincar e jogar próximo das escolas do pré-escolar e do primeiro ciclo, perturbavam
aí… e nesse aspecto tem-se notado umas melhorias significativas. E mais, eu penso
que o facto dos alunos na ausência dum professor estarem a realizar uma
actividade educativa também contribui para melhorar as suas aprendizagens, não é
verdade? … Pode não ser nenhuma actividade específica, mas se for uma
actividade de âmbito geral serve também para o aluno adquirir competências, a
outros níveis, no aprender a estudar, no saber estar ou a nível mesmo da formação
cívica e, independentemente das actividades, penso que estamos sempre a fazer
aquisições. Bem, eu sei que, por vezes, os alunos também reclamam porque
precisam de algum tempo, para realização de trabalhos, trabalhos de grupo e que
utilizavam muitos deles esse tempo para se dirigirem à Biblioteca e fazerem os
trabalhos de pesquisa e impressão de trabalhos, etc. Tentámos adaptar isso com
um horário da Biblioteca diferente, este ano. Como os alunos não têm actividades à
quarta-feira à tarde, prolongámos aí o horário da Biblioteca para permitir, fora do
horário escolar dos alunos, um tempo em que eles podem recorrer e utilizar a
Biblioteca para a realização desses trabalhos e investigação

Cátia - Acha que este ano poderá haver festa de Halloween e Carnaval?

Presidente da escola - Poderá haver essas festas e todas as outras festas que os
alunos mostrarem interesse em desenvolver! O Concelho Executivo está sempre
aberto, receptivo e penso que também os directores de turma porque, para realizar
esse tipo de actividades têm de haver professores interessados em colaborar, não
é? Isso porque não são os professores que as organizam, essa organização é
conjunta, parte normalmente de uma ou de outra turma em colaboração com os
professores. O Concelho Executivo… tem simplesmente a competência ou a função
de ajudar nessa organização, a colaborar em termos de segurança, organização,
cedendo os recursos de que a escola dispõe, agora não é…não compete ao
Conselho Executivo organizar esse tipo de actividades, compete aos alunos. Desde
que os alunos se mostrem interessados, desde que se consigam organizar, muitas
vezes temos também assistido a situações em que os alunos mostram interesse em
desenvolver a actividade e depois tem dificuldades ao nível da concretização. Mas,
desde que os alunos se organizem, seja para esse tipo de actividades Halloween, do
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Carnaval, seja para outro tipo de competições desportivas, concursos de dança, ou
outras actividades de interesse, o Conselho Executivo está receptivo para apoiar
naquilo que for possível em termos de organização, mais em termos gerais de
segurança, de planeamento. Agora, todo o outro trabalho de planificação,
organização, dinamização, tem que ser…da parte, essa iniciativa tem de ser parte
dos alunos em articulação com os professores a nível das diferentes disciplinas ou
dos projectos que têm em desenvolvimento.

Nádia - Quando é que chega o material de Educação física? Vai demorar muito
tempo a chegar?

Presidente da escola - Que material de Educação Física?

Nádia - O que foi proposto o ano passado nas reuniões sobre os delegados de
turma, subdelegados…

Presidente da escola - Nas reuniões do ano passado, com os delegados, as


questões que foram levantadas não foram sobre material de Educação Física. E eu
estou a perguntar, eu estava a levantar esta questão porque este ano já foi
adquirido algum material de Educação Física, nomeadamente, para assegurar as
actividades internas de Desporto Escolar, como dança e educação física, a
aquisição do mini-trampolim, por exemplo. Portanto todo esse material desportivo
que foi solicitado pelos professores já foi adquirido porque estamos a ter uma oferta
desportiva diferente, como nunca tivemos, como é o caso da dança e da ginástica
desportiva e houve necessidade de adquirir alguns equipamentos específicos. No
ano passado, eu não me lembro de, nessas reuniões…, e eu estive em todas, de se
ter falado em relação ao material de Educação Física. O que eu me lembro que foi
referido foram algumas questões relativas a alimentação e às ementas e ah…às
instalações do pavilhão; tinha a ver com o melhoramento e o embelezamento
daquele espaço que são os balneários que vocês utilizam normalmente. Isso sim, foi
uma situação que foi focada nessas reuniões, em que os alunos mostraram algum
interesse por se responsabilizarem e melhorarem aquele espaço. Embeleza-lo
porque eles têm aquele aspecto…branco e foi perguntado se, no caso do balneário
das raparigas, poderiam pintar, pedirem autorização para pintar as portas, pintarem
os balneários, colocarem almofadas, etc. Portanto, foi isto que foi falado, que eu me
lembre, em relação a Educação Física ou então pode-me ter escapado, mas…eu
penso que era mais em relação aos balneários e às instalações propriamente. Do
material desportivo não tenho ideia, pode ter-me escapado, agora este ano já foi
adquirido bastante material a nível de Educação Física para dar resposta a estas
novas actividades.

Vilma - Quando é que chegarão os cartões magnéticos dos alunos?

Presidente da escola - Os cartões magnéticos dos alunos…é um projecto que está


previsto pelo Ministério no âmbito de um plano mais abrangente, de que vocês de
certeza que já ouviram falar, que é o Plano Tecnológico para a Educação e que visa
a implementação de várias medidas ao nível da escola. Tem a ver com não só com
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os cartões magnéticos mas também permite uma maior ligação com os
encarregados de educação porque os encarregados de educação podem ver,
através da Internet, o que é que vocês consumem na escola, que gestão é que
estão a fazer dos vossos cartões. Conseguirão também saber, quando vocês
faltarem, a que disciplinas é que faltaram. Portanto, permite uma série de aspectos
que são positivos. Mas a implementação desses cartões é cara e… a escola não tem
possibilidades, porque esta é uma escola que tem poucos recursos, não tem
possibilidades e não houve ainda o apoio de nenhuma instituição financeira nem da
autarquia para implementar este serviço. Assim, temos que esperar que o
ministério implemente isto, não é? Nas escolas, a implementação está prevista para
este ano lectivo, bem como a questão da videovigilância, de que vocês também já
ouviram falar e que está ligada a questões de segurança das e nas escolas.
Portanto, é a questão da vídeo-vigilância, os cartões magnéticos, a rede…o
alargamento da rede wireless a toda a escola e a questão dos portáteis para os
alunos. Inicialmente eram só para os alunos do 3.º ciclo agora vai ser alargado
também aos alunos dos 5.º e 6.º anos. O alargamento aos alunos do 1.º ano já
estava previsto pelo tal projecto Magalhães.

Cátia - Por que motivo não se pode fumar na escola?

Presidente da escola - Não se pode fumar na escola, assim como não se pode fumar
em qualquer instituição pública ou recinto público. Não é nenhuma invenção do
Conselho Executivo, nem do Conselho Pedagógico, nem dos professores, foi uma lei
que saiu. Penso que vocês têm conhecimento dessa lei que saiu em Janeiro, onde
consta a proibição de fumar em locais públicos…Hospitais, Centros de Saúde,
Finanças, em tudo o que é instituição pública e mesmo em alguns restaurantes ou
bares, desde que não tenham as condições exigidas em termos de exaustores ou
não tenham as dimensões exigidas, porque está cientificamente provado que o
fumo é responsável por grande percentagem dos casos de cancro do pulmão.
Fumar mata, não é? E então é por isso que é proibido fumar na escola. E era bom
esclarecer que é proibido não só dentro das salas mas em todo o recinto escolar.
Nós não devíamos estar a discutir se devia ser permitido ou não fumar na escola,
devíamos estar a discutir é o que é que se pode fazer para convencer as pessoas
que nós conhecemos a deixarem de fumar ou fazerem um programa através do
Centro de Saúde, e que é gratuito, para evitar esses consumos.

Nádia - Por que não estão à venda na escola produtos como a Coca-Cola?

Presidente da escola - Vocês, de certeza, que estão atentos às notícias e ouvem


falar, pelo menos nos meios de comunicação social, tem sido tratadas questões,
cada vez mais preocupantes, sobre a obesidade infantil, não é? Ah… agora faltou-
me o termo, ajudem-me, da comida rápida de determinados alimentos, de batatas
fritas e outros. Então, a escola tem a responsabilidade de respeitar, têm sido feitos
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programas de sensibilização aos encarregados de educação em colaboração com o
Centro de Saúde, com nutricionistas, sobre algumas regras de alimentação.
Começamos logo a fazer esse tipo de sensibilização, ao nível do pré-escolar, com o
tipo de lanche que os miúdos devem trazer, evitar o consumo de chocolates,
bolachas, de sumos com gás, etc. Isto, por um lado, é a sensibilização que está a
ser feita pela escola junto dos encarregados de educação sobre os hábitos
alimentares e alguns cuidados a ter. Depois há outras normas que nós temos
seguido não só no bar, e que têm de a ver com o consumo de bebidas com gás,
chocolates, batatas fritas, fritos como também no refeitório. Não sei se vocês
notaram, no refeitório também temos vindo a assistir gradualmente a uma
mudança das ementas, os fritos não existem nas nossas ementas, todas as
semanas existe…peixe e carne, peixe fresco. Um dia carne, vocês vêem, já se estão
a rir, vocês não gostam da ementa do dia em que há peixe, preferiam que fosse
pizza, não é? Mas não é, um dia temos carne, no outro dia peixe. Obrigatoriamente.
Temos que servir peixe. Um dia carne, um dia peixe e devemos variar ao máximo o
tipo de saladas e o tipo de legumes que acompanham essas refeições. Eu sei que
vocês preferem comer um hambúrguer com batatas fritas a comer um hambúrguer
com uma salada de couve roxa. Mas as nossas orientações são para diversificar ao
máximo o tipo de acompanhamento, ou seja, inserindo cada vez mais outro tipo de
legumes como a couve-flor, o feijão verde, os brócolos, a couve roxa…a couve de
Bruxelas, diversificando o tipo de acompanhamento, diversificando o tipo de salada
para ser um prato colorido com…a sua parte de carne ou peixe, depois os legumes.
Sei que nem todos os alunos gostam, sei que alguns são mais relutantes e este tipo
de ementa…e vocês que frequentam o refeitório vêem que muitas vezes a comida
vai fora, mas temos que insistir, temos que falar com os encarregados de educação,
temos que falar com os alunos, temos que ir divulgando… e temos que ir todos
experimentando um pouco estas novas saladas e essas novidades, tem a ver com a
saúde os hábitos alimentares saudáveis… Assim como também não se pode vender
bebidas alcoólicas, não é? Tudo isto tem a ver com a alimentação saudável e
hábitos saudáveis, estão previstos alguns projectos… nesse âmbito, este ano
também… todos os períodos vai haver um dia de alimentação saudável para os
alunos terem oportunidade de experimentar tipos de almoço, de pequeno-almoço
diferentes e de refeições diferentes e, tal como há pouco vocês falaram, naquelas
reuniões de delegados e subdelegados, no ano passado, foi sugerido pelos
subdelegados termos uma ementa paralela completamente vegetariana… (risos)
estou a ver que pelas vossas caras não ia ter muita receptividade, mas é uma coisa
que também vamos testar… uma ementa completamente vegetariana. Não será
todos os dias, não é? Porque nem todos têm esse tipo de hábitos mas… será uma
alternativa também… (risos).

Vilma - Por que motivo não se pode sair da escola para lanchar?

Presidente da escola - Não se pode sair da escola para lanchar… sair da escola
pode-se… pode-se sair da escola.

Vilma - À hora do lanche, pronto.

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Presidente da escola - À hora do intervalo, é ao que tu te referes… Ora bem, tem a
ver com a segurança…cada vez mais há questões graves de segurança, nós
estamos num meio relativamente calmo e relativamente tranquilo, não é uma
grande cidade… Monte Gordo é uma pequena vila… em que todos se conhecem
mas isso não acontece nas grandes cidades, não é? E há efectivamente questões
de segurança que têm a ver com consumos, com pessoas que circulam nas
redondezas das escolas… com raptos, com assaltos… e os pais quando deixam os
filhos nas escolas estão a entregar à escola a responsabilidade dos seus filhos, a
segurança o bem-estar dos seus filhos e a escola tem que zelar por essa segurança
e por essa responsabilidade. É uma responsabilidade que a escola assume, então
compete ao pai dizer, como responsável pelo filho, se esse aluno tem autorização
ou não para sair mas a única autorização de saída que está permitida é à hora do
almoço, o aluno tem autorização ou não para sair à hora do almoço ou ao final da
tarde… Os alunos só podem sair depois de terminar as aulas, compete ao pai ou
mãe ou ao encarregado de educação de cada um essa responsabilidade… É
basicamente por questões de segurança.

Cátia – Qual foi a pior decisão que tomou ao longo da sua carreira?

Presidente da escola - Da minha carreira toda? Ou enquanto elemento do


executivo? Não sei é… diariamente têm que se tomar tantas decisões que é difícil…
lembrar de uma…

Eliana interrompe - É uma pergunta difícil.

Presidente da escola - Não, não é uma pergunta difícil olha…uma decisão difícil foi
saber, por exemplo, quando nos candidatámos há dois anos, se nos haveríamos de
candidatar ou não… porque é um trabalho… exigente. Diariamente exige bastante,
como eu vos expliquei há pouco, todos os dias somos confrontados com situações
diferentes … Os dias, posso garantir-vos, são todos diferentes, posso vir com uma
ideia de realizar um trabalho e ter algumas coisas para responder ou para planificar
e depois pelas ocorrências, pelo dia-a-dia surgem outras coisas que exigem ter
resposta imediata. Portanto, a decisão de continuar a desempenhar estas tarefas foi
uma decisão difícil, teve de ser ponderada porque são muitas horas, é um trabalho
exigente e … a questão que também há pouco falámos que é a gestão dos
conflitos… exige bastante, foi uma decisão que não foi fácil… mas tem sido um
trabalho gratificante ah… pelos professores com quem temos tido oportunidade de
contar, trabalhar com os alunos é uma experiência gratificante, uma experiência
rica … Uns dias, os dias posso garantir que são sempre diferentes não há dois
iguais… (risos).

Nádia - Que seria para si uma escola perfeita?

Presidente da escola - Isso é uma pergunta muito difícil … Essa sim, que é uma
pergunta muito difícil … uma escola perfeita…

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Nádia interrompe - Acha que esta escola se aproxima de uma escola perfeita?

Presidente da escola - Não … temos vindo a fazer algumas alterações em conjunto,


os professores, os alunos que também penso que cada vez estão mais conscientes
e mais responsáveis e também, cada vez mais, têm um papel a desempenhar na
escola. Cada vez esse papel tem que ser mais assumido por todos, a escola não é
só pertença dos professores … Pertence a todos, e todos nós … professores, alunos,
auxiliares, pais, temos que colaborar para, em conjunto, melhorar… Sozinho,
nenhum destes grupos consegue melhorar só por si a escola … Temos, sim, em
conjunto de trabalhar de uma forma articular para dar resposta não só às
necessidades dos alunos … às necessidades da comunidade e construir uma escola
ideal. É difícil, não é fácil. Porque as exigências são diferentes, a legislação é
diferente…

Nádia - Pronto, é tudo… gostámos muito de entrevistá-la, foi um prazer enorme e


obrigada por nos ter recebido.

Presidente da escola - É a primeira vez que me entrevistam, fiquei muito contente,


só espero que depois … Essa questão do Pedro, que foi o fotógrafo… (risos) O
prazer foi meu, obrigada…

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