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MEMORIA POLITICA F POLITICA DE MEMORIAT lato erncas Anassentaralupa sabe tei resokante da cost entre men ria poder pesguisadercoloca-se em condi de compre: dlr tea de forges gue the confere sentido, Meméra © poder cengeme. Onde i per, I esitencs, esquecimento, O carter sltivo da memra implica oreconhe- cimento de sa wlnerabidade ag poltica de leer, weer, subraiyadicona, eel incl fragments no camp do me rmoxivel. ado plitica, por seu tem, mca, coin Foye, 0 Concurso da mernéria, sen par arma © nro cua eckosiodeln dlepende, seja para ancorar na pasado, em marcos findadotes capecilmente selecionadhn a eperinca que se deena mn present £2 apie politics, nda necessaramente parts, que scan cide meme, identiade e representa nacional pisotean dh a "mci flor de olvido" Andrade, 1976 p. 183), confundindo ientdade com portenciento (Sees, 19) eoperanda na se do de wansformar "oma representag do nacional na” marcn ex essa donacional,"una epresentago de mem" mem fa, como seo nacional ea meta pdessem ser enqurados fxados. Ages polos desssardem so, por excmpl, perp ds por insttgaes que tratam da proseragi eda disso do de wominado “pacino cura materiale materi” Ente ess jes, 0 pensar pre destcar os museus maconss hi meméria © hi {que operans a in 4 tempo como campos discursivos, centres de werprctagao e arenas politieas Nos museus nacional sobnetudo os historic, esti ein pasta preservagao, 0 uso ea transis inca cult el de represen. «le deteraninada he ral, composta de Iragmentos a que se atribui op tagao do nacional ‘eventos, narrados sob determina dtiea. sa heranga, medida que se articula com fotos, acontevimentos, procesos e anjun turas poltias, ¢ convertida em meméria politica. Por sua vez, a preservagio e a difusio dessa memoria ests atrelada 2 politica de ‘emer posta em curso pelas instituigdes muscologicas. (© tema é atraente € fem sido abordado de diversos angulos. Como presente capitulo, 0 pesquisador quer conttibuis, de modo singel, para a construgao de um now olhar, angado sabre o per- fume das Mores de memria. Em termas esteatégicos, visando a ‘uma maior precisdo e melhor delimitagio temporal e espacial, a pesquisa foi concentrada em um tnico documento au bem cub tural, Trata-se de uma pintura histériea, realizada por Aurélio de Figueiredo, em 1896, denominada “Compromisso constiicional fe que integra o acenvo do Museu da Republica, eriado em 196s, por ocasiso da transferéncia da capital federal do Rio de Janeito pata Bras. (O discurso expogrico do Museu da Replica atua como um ‘elemento mediaior entre 0 piblico e 2 obra concebida pelo artists que, por sua ver, to © 06 psteros. O Museu da Republica interpreta a obra que, Dor sua ver, interpreta o aconsecimento. Aurélio de Figueiredo, 40 pintar 0 “Compromisso copstituciona”, cinco anos depots do facontecimento, prada uma obra que qser babitar 0 imagindrio, social republican e dizer como aquele acontecimento provessou- se. O anista, por esse angulo, ¢ produtor prvilegiado de memoria politica, pois deseja reconstituir o acantecimento com seu estilo, Entre o publica visitante eo acontecimento, hi uma nt melbor, de representao de determinados inciona camo mediador entre o acontecimen- an rang ents (0 presente capitulo, dividido em quatco partes, cama 0 "Com- promisso constitucional” como base para uma investaacio que se ebruga sobre a: meméia politica no inicio da Republica, sobre © papel meditinico’ do artista e do museu € sobre a politica de preservacio (e uso) de representacaes de meméra,levada aefeito pelo Museu da Reptblica Meméria politica clea Bost (1998, p. 453), no quarto capttlo de seu lito, eselarece que a lembranga de “fstos publicos” apresenta un "pronunciado sahor de convengio” e um visivel “teor ideoldgico”. Na arena da ‘meméria politica, a Intervenao dos juzos de valor & notivel. Se ‘gundo Bosi “osujeito nio se contenta em narrar como testemt- nha histrica.‘neutrd. Ele quer também julgar, marcando bem 0 lado em que estava naguela altura da historia, e reafirmando sua Posigdo ou matizando-t ‘A meméria politica, an ser invocaca, ndo retonstitui 0 tempo passado, mas faz dele uma letura, banhada nas experiéneias ubie- tivas e subjetivas daquele que lembra, De acordo com a autora, "a ‘meméria dos acontecimentos politicos suseita uma palavra presa a situagdo conereta do sujeto” (id, t.,p. 454). Por mats natural que possa parecer, essa meméria € constiuso que se atwaliza no presente © profetase para o futuro, Para atualzarse e projtarse de um tempo em outro, a weméria Langa mao de diversas Fontes. Fstudando » pracesso de construgao e perpetuacio da "meméria politica, sociale histériea do trabalhismo”. JoZ0 Trajann Sento-Sé 999, p. og) observa que os meios de transmissio da meméria m0 possum apenas pela oralidade, mas também por histrias, relatos documentos. £0 rom tise fi gu empega pa rope do ai do wus ‘Sonor de mgter pero iit tie ei pao es ‘Somer scones © termo “documento” merece atengdo especial. Ainda que seu uso corriqueito estejaassociado & ideia de Fonte textual, ele tem sentido de suporte de informagao e, como indica Paul Otet, tado por Fonseca (1983 p. 5), aplicase a livros, revistas,jornas, desenos, filmes, discos, selos, medalhas, fotografas.escultur pinturas, monuments, eificios, espécies anima, vegetais € mi nneras etc. A origem latina do testa (doecere) indica que docu ‘mento ¢ aquilo que ensina algo a alguém, Neise sentido, parece claro que a transmissao de meméria politica, aa valer-se de docu ments, no sentido mais amplo do vocabulo, tem também uma in- tengo pedagéigca, um desejo de articulagdo entre 0 que foram ¢ 9 que vieram depois, uma vontade de formar e produzircontinui- Adades. Langando mao de miplas fontes documenta, os grupos politicos socais recorrem ao pasado pela via da meméria, nao tanto para remonti-lo, mae sim para reconté-o, 0 mesmo, como indica Seno-S¢ (1999, p. 99), para afar ‘alors socialnente companithados, eiterpeetardoos e conferind Uhes stualidade. Aspectos do seu pasado so veortados ¢ rarticu- lados num todo dotado de sentido. Este, contudo, rfere-se no s0- mente & hsttiapassada do grapo, mas a seu tempo presente. Fa sswaldide dos valores © das regres, projetados na histria coetiv, ‘que @ ment celebra, A obra "Compromisso constituciona!’.pintada por Aueélio de Figueiredo, enquadra-se perfeitamente na nogo de documen- to anteriormente apresentada. O artista, ao produzir uma pintura histérica monumental, eria um dacuamento que interpreta a acon tecimento que gostaria ce monumentalizar;o artista, longe da pee- tendida “neutralidade’, produr um cegistro de memséria politica republicana, impregnado de jutos de valor e de si relagio 3 sua posicae. ‘Compromisso constituciona y80 € apenas tinta a dleo sobre tela emoldurada, medindo tanto por tanto, e wuito menos ama fotografia do acontecimento; ele quer ser 0 discurso que re:0tta ee * pasado, conferindo-the sentido. Bie quer, «seu estilo, narar acongecimento purificado dos aspectos menos nobtes para as fu- tras geragdes; ele quer ser meméria e historia. O carster naratvo das pinturas de Aurélio de Figueiredo foi captado, com sutleza, pelo desenhista Brécos, em caricatura publicada no jomal Gaseta de Noticias, em que 0 artista aparece com um pincel sa orelha diteita e uma pena ne oretha esquerda, com uma paleta na mio ‘esquerdae um lvro na mo dieita. Ao pé da caricatura, eneontra- se.0 seguinte comentirio: “Cambes tinha pena e espada. Aurélio tem pena e pincel. Pinta excelentes romances ¢ escreve quadtos esplendidos”. Obra pintada para ser lida, Esse parece se? 0 caso de "Compromisso constitucional”, obra que leo acontecimento € _quer ser lida, apenas do ponto de vista estético, mas também dos pontos de vista histérco e politic. A caricatura de Brécos e seu comentitia remetem & pesqu sador ao primeiro capital de As palms e as coiss, le Michel Foucault (1966, p. 25} que, depois de ter desevto desalhadamente 4 pintura “Las meninas’, de Velizque, sem ter nomeado as ima- ‘Rens que li esto represents, resolve, entio, mesmo relutando, ‘pomei-las; mas, ainda assim, reconheve que palavras e pinnuras participam de ums “elagio infinta™ ‘ecwomarounens rotinen or MHMGal ve Foucault diz ainda: “Tate-se de duos cols iredutves wna outro: por mais gue se tent ier © que se v, 0 gue se 12 jana reside no que sedis por mais ‘que se tee fazer vee por imagens, por metforas,comparagBes, © fque se diz, o lugar em que estas resplandecem no € aquele que 08 ‘lho pre (id. th mas sim aque que as sequences sinatcas define [Em seguida, Foucault sustenta que 0 "nome préprio nesse jogo 6 apenas uty atificio’ que permite uma passagem veloz entre 0 tespago da fala eo espage dolar. recomendago do filsofo € pra que se ponham “de parte os omes proprios”e permanegam- eno infinito da tarefs trabalh aqui teal distancia, provisramenee, a ecomendagio Go filbsofo e proce os nomes praprios, querendo, nfo por como dlismo, saber como o artista estabeleceu a tecedura entre nomes, representagies visuas e acontecimento polio. Nao é sem sentido {gue alguns nomes sio identificadas e outros nao. Além disso, 3 pintura historia de um acontecimento, em nome da fxagio de seu cariter perene&, portanto, ideal” Mattos, 1999, p13) para maice alia e exaltagio do repistrado em suporte materiale trans formado em matéria de meméra, permitia pequenas licengas 04 traigbes. Antes de empreender uma leitura da obta de Aurélio de Figueis edo, & importante eompreender com José Murilo de Carvalho |n99¢) a formagao de urna iconegratia epublicana no Bast ‘Coo se sabe, processos de mudanca politica e social favore ccem a ressignficagio ea proiferagao de novas imagens, palaras, sons e objeto sos, com o fito de ocupar, no imagindrio social, Jugar dos velhossignos. A “batalha de simbolose slegon 4 denommina Carvalho (ib. p. 12), faz parte das Tutas polticas ¢ Ideologicas,

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