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Escola Secundária de Camões, 5 de Novembro de 2008

Exma. Senhora Ministra da Educação

Exmo. Senhor Director Regional de Lisboa e Vale do Tejo

Os professores da Escola Secundária de Camões, reunidos no Auditório Camões, em reunião geral,


consideram, de forma inequívoca, que o modelo de avaliação de desempenho de professores
introduzido pelo Decreto Regulamentar n.º 2/2008, é injusto, complexo, burocrático, não possibilita
qualquer avaliação formativa e tem como única finalidade a selecção. Este modelo de avaliação, em
vez de contribuir para uma alteração positiva das práticas dos professores e para gerar um clima de
colaboração fomenta o individualismo, perturba o funcionamento da escola e considera como
secundária a nossa função essencial – ser PROFESSOR.

Neste momento, não restam dúvidas que o modelo de avaliação é impraticável:

Os critérios que nortearam o concurso de acesso a professor titular geraram uma divisão artificial
entre professores, independentemente da sua competência pedagógica e científica, retirando
nomeadamente a credibilidade aos avaliadores;
Não é legítimo que a avaliação dos professores e a sua progressão na carreira se subordine a
parâmetros como o sucesso ou o abandono escolar, nem que se penalize o uso de direitos
constitucionalmente consagrados como sejam a maternidade, a doença, o nojo.
A complexidade do processo é de tal ordem que tanto avaliadores como avaliados se questionam
acerca da sua aplicabilidade e o tempo gasto acaba por relegar para segundo plano o trabalho
lectivo;
As orientações do Ministério são confusas, incoerentes e estão em alteração permanente o que só
dificulta a actuação da escola;
As recentes medidas avulsas de pretensa simplificação e flexibilidade, à margem da própria
legislação, divulgadas nos órgãos de comunicação social, adensam a certeza da inoperacionalidade
da aplicação deste modelo.
O trabalho que se exige quer aos coordenadores de Departamento quer ao Conselho Executivo é
praticamente impossível de ser feito a não ser numa perspectiva de “Faz de conta” que garanta o
cumprimento das quotas de Muito Bons e Excelentes.
A dificuldade de operacionalização por parte do Conselho Executivo agudiza-se ainda mais se
pensarmos que este ano entrará em funcionamento o novo modelo de gestão, podendo o processo
iniciar-se com um Presidente de Conselho Executivo e terminar com um Director e novos
coordenadores de Departamentos.
As próprias recomendações do Conselho Científico para a Avaliação de Professores questionam ou
consideram impraticável alguns aspectos do modelo como sejam por exemplo a questão do sucesso
dos alunos, a formação contínua e a capacidade dos avaliadores.
A delegação de competências de alguns avaliadores, tem por base o despacho nº 7465/2008 de 13
de Março que, no seu ponto nº 4, refere “a delegação de competências obedece ao disposto nos
artigos 35 a 40 do código de procedimento administrativo” e por sua vez o artigo 37º, ponto 2 deste
código refere “os actos de delegação e subdelegação de poderes estão sujeitos a publicação no
Diário da República...” . ora estas condições não estão cumpridas.

Por tudo isto, os professores consideram que, neste momento, não faz sentido desenvolver
quaisquer actividades relacionadas com a avaliação de desempenho dos professores e
decidem:

Suspender todo o processo de avaliação na escola, reafirmando que a sua primeira responsabilidade
é para com os alunos e que a sua principal tarefa é ensinar.
Propor ao Ministério da Educação a suspensão deste modelo e a abertura de um processo
participado que conduza a uma avaliação justa, que respeite os direitos dos professores, que
conduza à valorização das práticas docentes com resultados positivos nas aprendizagens dos alunos,
que contribua para a construção de uma escola pública universal, de qualidade, e garante de
igualdade de oportunidades.

( VOTADO POR 138 professores) com 131 votos a favor, 1 contra e 6 abstenções

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