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Os professores da Escola Secundária de Pinheiro e Rosa subscritores deste documento vêm propor
ao Conselho Pedagógico e ao Conselho Executivo a suspensão do processo de avaliação do desempenho
dos docentes em curso, nos termos e com os fundamentos seguintes:
Considerações gerais:
• O professor é avaliado por aspectos que não dependem somente da qualidade do seu desempenho,
como sejam, o sucesso dos alunos e o abandono escolar (Decreto Regulamentar nº 2/2008, Artigo 8º,
ponto 1, alínea b). Relativamente ao tópico “sucesso escolar dos alunos” consideramos que a
imputação de responsabilidade individual ao docente pela avaliação dos seus alunos, cuja progressão e
níveis classificatórios entram com um peso específico de 6,5% na sua avaliação de desempenho,
configura uma clara violação do Despacho Normativo que regula a avaliação no ensino secundário e
estabelece, no nº 35º do Capítulo II, que “ a decisão final quanto à classificação a atribuir é da
competência do Conselho de Turma, que, para o efeito, aprecia a proposta apresentada por cada
professor, juntamente com as informações justificativas da mesma e a situação global do aluno.” Por
outro lado fazer depender, mesmo que em parte, a avaliação de desempenho do professor e a sua
progressão na carreira deste tipo de critérios, é ignorar a complexa teia de factores que os determinam
e introduzir elementos que escapam ao controlo e responsabilidade do professor. Desta forma criam-
se também condições desiguais entre os colegas como por exemplo as turmas serem constituídas por
alunos com diferentes motivações e especificidades e as próprias disciplinas terem graus de
dificuldade diferenciados. Acrescente-se igualmente o facto de existirem disciplinas sujeitas a uma
avaliação externa – os exames nacionais - e outras que não o são.
• Processo muito burocratizado baseado no preenchimento de inúmeras grelhas por parte dos vários
intervenientes no processo de avaliação (professor avaliado, professor avaliador, presidente do
conselho executivo) tornando muito difícil uma avaliação criteriosa.
• Processo que implica reuniões diversas e um acréscimo de trabalho brutal não deixando espaço
para as tarefas essenciais da actividade do professor – preparação de aulas, correcção de testes e
fichas de trabalhos, avaliação dos alunos entre outras - e prejudicando igualmente a sua vida
pessoal e familiar. Esta situação é já evidente pelo muito trabalho já realizado onde, tempo
dispendido, os recursos e a implicação com a comunidade educativa são bem indiciadores da
complexidade de um modelo de difícil concretização.
• Processo que não tem em consideração as diferentes condições de trabalho dos professores –
número de turmas e número de alunos por turma, características dos alunos - entre outras.
• Processo que estabelece quotas para a atribuição das menções qualitativas de Excelente e Muito
Bom, de acordo com o despacho 20131/2008, condicionando, à partida, os resultados da
avaliação, comprometendo a sua imparcialidade e impedindo mais de dois terços docentes do
aceder ao topo da carreira.
• Processo que põe em causa direitos constitucionalmente protegidos, como o direito à maternidade
e à paternidade, assistência à família, obrigações legais e actividades de formação profissional,
entre outros, pois a ausência às actividades lectivas e não lectivas será penalizadora para o
docente, condicionando a sua progressão na carreira.
• O professor avaliador pode não pertencer à área disciplinar do professor avaliado (exemplo: um
professor de Biologia pode avaliar um professor de Informática).
• O avaliador não tem qualificações específicas que o credibilizem para ser avaliador.