Neste trabalho temos como objetivo contribuir com o aprofundamento da discussão sobre a interação entre os domínios cognitivos e afetivos e implicações dessa relação no ensino e na aprendizagem de ciências, em especial, nas atividades didáticas de resolução de problemas. Partimos do pressuposto que elementos da afetividade, como crenças, atitudes, emoções, valores, interesses e motivações, influenciam os processos cognitivos desenvolvidos pelos estudantes quando engajados na resolução de problemas. Essa influência pode ocorrer no sentido de bloquear os estudantes no desenvolvimento de um plano de ação enquanto resolvem um problema, desencadeando na maioria das vezes afetos negativos; ou então, no sentido de motivá-los a se envolverem na tarefa com um interesse intrínseco por conta de elementos presentes nesse problema, podendo desencadear afetos positivos. Os afetos influenciam fortemente a postura do indivíduo frente a resolução de um problema, seu nível de envolvimento e interesse e seu desempenho. Nosso intuito está em evidenciar essa influência e a maneira como os estudantes lidam com determinados elementos da resolução de problemas. Para tanto, desenvolvemos uma investigação com alunos de física da 3ª série do ensino médio, em contexto de sala de aula, em que pretendíamos evidenciar a interação supracitada. Os alunos responderam questionários motivacionais, participaram de sessões de resolução de problemas e de avaliações. Nas sessões os alunos eram solicitados a utilizarem os marcadores emocionais para representarem suas emoções ao longo da atividade, a comentarem por escrito tudo o que sentiam e pensavam durante a resolução e a construírem gráficos emocionais para cada atividade. Nas avaliações também eram solicitados a construíram os gráficos emocionais de suas emoções. Para fins de análise, selecionamos cinco alunos em quem focamos nosso estudo: Sara, Raquel, Daniel, Marcos e Mateus. Esses alunos também tiveram suas resoluções áudio e videogravadas e participaram de entrevistas em que eram confrontados com suas produções e gravações. De nossa investigação concluímos que: (i) as crenças dos alunos são determinantes na avaliação das emoções experimentadas, em especial as crenças de autoeficácia jogam papel essencial no direcionamento dessas emoções e na formação de atitudes; (ii) as crenças de autoeficácia tem forte impacto sobre o desempenho dos alunos; (iii) o papel do professor na criação de um ambiente motivador para o desenvolvimento das atividades escolares é essencial no direcionamento dos afetos dos alunos e em seu desempenho
escolar devido às inúmeras formas com que o professor pode motivar os alunos extrinsecamente; (iv) atividades mais contextualizadas propiciam o estabelecimento de relações mais significativas com o cotidiano dos alunos, que por sua vez, mobilizam atitudes mais favoráveis e atingem desempenhos mais desejáveis.
Título original
Investigando a influência do domínio afetivo em atividades didáticas de resolução de problemas de física no ensino médio
Neste trabalho temos como objetivo contribuir com o aprofundamento da discussão sobre a interação entre os domínios cognitivos e afetivos e implicações dessa relação no ensino e na aprendiza…