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Filhos e pais abandonam e so abandonados uns pelos outros. Essas so tragdias do mundo. Para isso no h reparao, mas superao e comiserao. A Justia deve compartilhar o seu choro com o choro da humanidade. Ela no tem o poder de expurgar dos homens o seu desencanto com as pessoas do mesmo gene. A sua atitude, at louvvel, ir mais agravar o conflito do que san-lo. A deciso de que aqui se cuida no buscou a conciliao, ao contrrio, perpetuou o distanciamento entre filha e pai. Todos perderam; o pai, que pagou, e, por isso, de mais longe, menos ainda reconhece a filha, e esta, que recebeu uma moeda como compensao para o seu sentimento de mgoa, logo ir perceber que trocou um corao dodo por outro sem esperana. A Justia perde por que presumiu estar semeando o futuro, mas colheu o atraso. As crianas de todo o mundo, depois de crescerem, transformam-se em adultos bons ou maus, magnficos ou trapaceiros, felizes ou infelizes, tudo por causa dos pais ou independentemente deles. Ningum sabe. Nada seguro. Ningum imagina por que um de dois irmos vira padre e o outro bandido. O homem tem a pretenso de desvendar o mundo para depois submet-lo ou corrigi-lo sua vontade, porm o mundo, sabiamente, esconde os seus mistrios. Recentemente, em deciso infame, uma das Cmaras do STJ absolveu um cidado que estuprara trs meninas, todas de doze anos, sob o argumento de que no se caracterizava o crime tendo em mira que as jovens eram meretrizes contumazes, conhecidas e reconhecidas, e no seria legtimo punir algum s por que devorava lixo. Fica aqui apenas uma pergunta: a quem caber o "dever de cuidar" dessas trs "pivetes" e, tambm, de compens-las, pecuniariamente, como defende a Terceira Cmara do Tribunal? Estando elas na companhia ou no de seus pais, razovel sugerir que, neste especfico caso, talvez se deva abrir uma exceo para atribuir tais nus aos Ministros de mos lavadas, responsveis pela absolvio do estuprador. Ah, Brasil hipcrita, at quando?