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Em Matemática B, a soma das partes é maior que o todo

Arsélio Martins*

Diversificar a matemática que se ensina e que se aprende no ensino secundário algébricas e as operações sobre expressões só se justificam para encontrar as
é uma ideia antiga que já teve várias realizações curriculares. Pensa-se que a soluções dos problemas concretos e não como assunto em si mesmo. Para a
matemática é parte imprescindível da formação secundária de todos os cidadãos, maior parte dos casos, as soluções interessantes podem e devem obter-se com
mas que grupos de cidadãos com projecções de futuro diferentes precisam e recurso ao uso da tecnologia, que é a forma como os problemas são enfrentados
podem ter acesso a diferentes formações. Nesta última revisão curricular, ficou na vida corrente.
decidido que há vários níveis de formação, desde o nível zero até ao nível neces- O programa de Matemática B é diferente de todos os outros. A única semelhan-
sário para o prosseguimento de estudos superiores em matemática e afins, este ça com a Matemática A reside no facto de ser um programa de assuntos matemá-
último correspondente ao programa de Matemática A. ticos que podem ser ensinados e aprendidos após o ensino básico. Alguns
Há estudantes que podem vir a não frequentar qualquer disciplina de matemá- conceitos são incontornáveis bases para toda a compreensão, para uma cultura
tica, apesar de haver, para o conjunto dos estudantes, uma disciplina “Temas científica mínima. Estes aparecem, na Matemática B, como imprescindíveis para
Actuais de Matemática” que podem frequentar independentemente dos cursos enfrentar com sucesso situações-tipo, cuja abordagem possibilita, como processo
escolhidos. exigente e complexo que é, transformar os estudantes em indivíduos competen-
tes (com o que isso significa de conhecimentos, capacidades, atitudes) para uma
Para muitos cursos tecnológicos, desde os Serviços Jurídicos até à Electrónica, foi
grande diversidade de perguntas que lhes serão postas pelas disciplinas do seu
criada a Matemática B.
curso e pela vida toda.
De todas as soluções para o programa desta disciplina, venceu aquela que
Sabemos que vai haver leituras diversas do programa de Matemática B. Mas
consiste em escolher uma base de assuntos matemáticos que interesse a todos os
sabemos que, para todos os praticantes, este é um programa de situações para
cursos tecnológicos envolvidos e no desenvolvimento de competências úteis e
enfrentar e de problemas para resolver. Não é possível enfrentar uma grande vari-
transferíveis para os contextos próprios dos diversos cursos. Não venceu a ideia
edade de situações e resolver uma grande variedade de problemas sem desen-
de uma matemática para cada curso ou da decisão de cada escola e cada
volver capacidades de interpretação e comunicação e sem mobilizar os
professor, por se considerar que as formações inicial e contínua não armaram os
conceitos e métodos matemáticos adequados a cada uma das situações. Pode
professores para articular a matemática com as necessidades das diversas aplica-
haver diferentes níveis de abordagem e de insistência em trabalho com os objec-
ções e também por ser verdade que, sendo a principal fonte, os professores de tos matemáticos enquanto tal. Isso só vai depender de cada professor e da forma
matemática não são a única fonte de conhecimento matemático. como olha para os problemas em geral ou para o entendimento que faz do que
O que é essencial para os estudantes dos cursos tecnológicos consiste na apren- seja a matemática ou das características dos grupos de estudantes com que vai
dizagem dos conceitos, métodos e técnicas matemáticos essenciais para resolver trabalhar. Mas o cumprimento de cada uma das partes do programa envolve
problemas e responder a perguntas sugeridas por situações problemáticas com |sempre competências para escolher a matemática adequada, para trabalhar
significado e sentido para a vida. Os problemas devem mobilizar modelos mate- analitica ou graficamente com os modelos matemáticos, usando ou não tecnolo-
máticos que vão desde representações geométricas até funções polinomiais, raci- gia, até encontrar uma solução que possa ser comunicada como aceitável ou
onais e irracionais, com recurso a resoluções analítíca e geométrica de equaçõ- boa. Esta forma de trabalho vai ter prolongamentos noutras disciplinas que
es e inequações, etc. A modelação matemática assume na Matemática B um utilizam matemática. Seguramente que a soma das partes vai ser sempre maior
papel central. Os estudantes devem enfrentar situações mobilizando os modelos que o todo proposto ou esperado.
matemáticos mais adequados, sem que isso justifique o manejo dos objectos
matemáticos ao nível a que estamos habituados. Por exemplo, as expressões * Co-autor do programa de Matemática B, professor na escola E. S. José Estêvão.
Modelação Matemática
Isabel Fevereiro, M. d

Porque é tão importante a aprendizagem Na Introdução do programa de Matemática B pode ler-se “Se
contextualizada?
Uma Companhia de Gestão Imobiliária
O que exige esta perspectiva de
é legítimo ensinar a manejar as ferramentas de cálculo, o administra um complexo turístico com
aprendizagem? essencial da aprendizagem da Matemática deve ser procura- 2100 apartamentos.
do ao nível das ideias para a resolução de problemas, para as
Os programas de Matemática [e outros Para a próxima temporada estão alugados
aplicações da Matemática. O uso das ferramentas de cálculo
textos oficiais dirigidos ao ensino básico 1500 apartamentos tendo sido fixadas as
e secundário] recomendam vivamente que deve ser ensinado e aprendido no contexto das ideias e da
a mudança no ensino das Ciências
rendas em 700¤ por mês.
resolução de problemas interessantes, enfim em situações que
[Matemática incluída] se faça no sentido Foi pedido um estudo de mercado a uma empresa do ramo,
de que a aprendizagem dos conceitos, dos exijam o seu manejo e em que seja vantajoso o seu conheci-
processos de raciocínio e o recurso mento, privilegiando mesmo características típicas do ensino que apresentou a seguinte proposta de estratégia de gestão:
à tecnologia sejam integradas na experimental” e ainda “O ensino de todos os temas tem de ser – por cada 25¤ que se diminuísse nas rendas fixadas have-
resolução de situações problemáticas.
Reconhece-se, hoje, a necessidade de ligar suportado em actividades propostas a cada aluno e a grupo ria mais 60 apartamentos alugados.
o ensino da Ciência aos aspectos da vida de alunos que contemplem a modelação matemática, o tra- Faça um estudo desta proposta que o leve a apresentar à
quotidiana e sabe-se que as aprendizagens balho experimental e o estudo de situações realistas adequa- Direcção da Imobiliária, razões de a implementar ou não.
realizadas de forma descontextualizada
dificilmente se tornarão significativas para das a cada curso sobre as quais se coloquem questões signifi-
os alunos e, portanto, serão facilmente cativas, resolução de problemas não rotineiros e conexões A situação a modelar:
esquecidas por estes. entre temas matemáticos..."
Esta concepção ainda está pouco presente Pensamos que o professor deve dar tempo aos seus alunos de
quer nas práticas lectivas quer nos manuais Propomos de seguida uma actividade de modelação matemá- interpretarem o problema e organizarem os dados da forma
pelo que deverá existir um investimento
sério na mudança por parte dos professores
tica, a desenvolver no âmbito do programa da disciplina de que acharem conveniente, e só em situações de impasse é
e outros agentes educativos. Matemática B, focando o Tema Funções, em particular funçõ- que deve sugerir a construção de uma tabela como por
es quadráticas, em articulação com os Temas Transversais exemplo a seguinte:
(Fig. 1).
Que razões poderão explicar a falta
de hábito de reflexão dos nossos N.º de Renda N.º de apartamentos Rendimento Mensal
estudantes perante as questões Decréscimos (¤ ) alugados (¤ )
que lhes são colocadas?
0 700 1500 1 050 000
Uma das áreas em que os estudantes 1 675 1560
apresentam maiores dificuldades
… … … …
é na resolução de problemas [basta pensar
em resultados de avaliações aferidas 9
nacionais ou internacionais]. 10
É verdade que durante a sua aprendizagem
os estudantes vão resolvendo, na aula …
Fig. 1
ou em casa, exercícios ou fichas Fig. 2
de trabalho. Mas dessas propostas qual
a percentagem de exercícios rotineiros,
de exercícios a que o estudante responde
Os alunos devem utilizar o Excel ou a calculadora gráfica,
porque aplica uma fórmula sem para obterem dados. Pode ser importante discutir com os alu-
que precise de desenvolver
Dum modo geral a modelação matemática é entendida como nos a vantagem de se explicitar o raciocínio à medida que se
o seu conhecimento processual, vai preenchendo a tabela (Fig.3 e fig.4). Neste caso a tabela
de exercícios, muitas vezes desdobrados um processo que tem a sua origem numa situação real e
em alíneas, que fazem perder de vista seria preenchida da seguinte forma:
termina na construção de um modelo matemático dessa reali-
a questão global? Qual a percentagem
de problemas que os estudantes precisam dade.
de interpretar primeiro e depois N.º de Renda N.º de apartamentos Rendimento Mensal
são obrigados a escolher a ferramenta Identificar uma situação real, traduzir aspectos relevantes Decréscimos (¤ ) alugados (¤ )
matemática adequada e a experimentar dessa situação levando à construção de um modelo concep- 0 700 1500 700 × 1500
várias estratégias? Em quantos problemas
os alunos começam por escolher tual, investigar o modelo, procurar novas informações acerca 1 700 – 25 × 1 1500 + 60 × 1 (700 – 1500) × (1500 + 60 × 1)
abordagens inadequadas ou cometem erros da situação real e avaliar a adequação e ajustamento dos … … … …
e são depois obrigados a reflectir no
seu caminho tendo finalmente de escolher resultados à situação real, são as etapas de um ciclo de mode- 9 700 – 25 × 9 1500 + 60 × 9 (700 – 25 × 9) × (1500 + 60 × 9)
outra abordagem? lação num contexto educacional, dando maior relevância ao 10 700 – 25 × 10 1500 + 60 × 10 (700 – 25 × 10) × (1500 + 60 × 10)
Na enorme diferença entre estas duas
percentagens poderá estar uma parte
tipo de situação a modelar, à necessidade de sucessivas sim- …
da explicação à pergunta formulada. plificações e à articulação flexível das diferentes etapas. Fig. 3

In f or Ma t
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a – Gestão Imobiliária
Carmo Belchior*

E seria mais fácil concluir 6. É importante os alunos elaborarem com rigor um parecer Que razões poderão explicar a resistência
por escrito, simulando uma apresentação á Direcção da de certos alunos à mudança
de concepções?
Imobiliária, com as razões que justifiquem a aderência ou
N.º de Renda N.º de apartamentos Rendimento Mensal não da proposta apresentada, propondo e discutindo ou-
Decréscimos (¤ ) alugados (¤ ) Deseja-se que os estudantes desempenhem
tras medidas que pareçam mais vantajosas para a um papel activo na sua aprendizagem.
(L1) L2= 700 – 25 × L1 L3= 1500 + 60 × L1 L4 = L3 × L2 Imobiliária. Mas o desempenho desse papel, tendo
Fig. 4 muitas vantagens para o aluno, acarreta-lhe,
Podemos pensar em extensões desta actividade no contexto simultaneamente, algum trabalho [por isso,
do programa da disciplina de Matemática A onde “o estudan- para alguns estudantes, também alguma
É importante passar à construção de um gráfico de pontos te deverá ser solicitado frequentemente a justificar processos incomodidade] e muita responsabilidade
(Fig. 5), quer seja através do Excel ou da calculadora gráfica, de resolução, a encadear raciocínios, a confirmar conjectu- [por isso, para alguns estudantes, também
correspondente ao Rendimento Mensal Total em função do algum saudosismo]. Se o estudante tem
ras, ... dando ênfase especial à resolução de problemas usan- hábitos de na sala de aula ser mero
número de decréscimos. do métodos numéricos e gráficos, ...”1 espectador [muitas vezes espectador
ausente] e se habituou a receber as receitas
Assim, com base nos resultados obtidos, faz sentido que os prontas a serem aplicadas, é natural
alunos cheguem à expressão: que reaja a desempenhar um papel
que embora o possa entusiasmar lhe exige
também esforço, papel que não
f (x) = (700 – 25 x) (1500 + 60 x) lhe permite estar de fora e que o obriga
a reflectir criticamente, depois, em casa,
para adquirir e aprofundar as
que traduz o Rendimento Mensal Total em função do Número aprendizagens realizadas na aula.
de Decréscimos, analisem-na e expliquem como a expressão
é obtida, confrontando com as expressões

f(x) = – 1500x2 + 4500x + 1050000


e
Fig. 5 f(x) = – 1500 (x – 28) (x + 25)

discutindo as informações imediatas que as expressões forne-


Questões a explorar por análise do gráfico cem.
1. Explicar porque será ou não apropriado unir os pontos do É oportuno também determinar a renda que dará à Imobiliária
gráfico obtido o Rendimento Mensal Total máximo e o número de aparta-
2. Que família de funções tem gráficos deste tipo? mentos que estarão alugados neste caso, discutir a resposta
3. Utilizando o modo estatístico da calculadora gráfica defi- dada e apresentar e comparar outras propostas de estratégia
nir o Rendimento Mensal Total dos apartamentos como indo ao encontro do expresso nos objectivos e competências
função dos Decréscimos efectuados. gerais salientando o desenvolvimento de capacidades que
levem o aluno a utilizar a Matemática na interpretação e
4. Em que condições é que o rendimento Total Mensal pode- intervenção no real, desenvolvendo o raciocínio e o pensa-
rá ser nulo? mento científico, descobrindo relações entre conceitos de
5. Em que condições é que o rendimento Total Mensal é má- Matemática, formulando generalizações a partir de experiên-
ximo? cias, validando conjecturas.

1
Programa de Matemática A, Sugestões Metodológicas – Raciocínio dedutivo.

In fo r M at
3
I. O estudo PISA
Em Dezembro de 2001, foram publicados os resultados
do estudo internacional PISA (Programme for
International Student Assessment) sobre os conheci-
mentos e as competências dos alunos de 15 anos de 32
países industrializados, entre os quais Portugal. Apesar
de os resultados deste estudo estarem disponíveis na
O Estudo PISA – Alg
O PISA, a Formação Matemática
nternet no endereço http://www.gave.pt e de a comuni-
cação social ter feito algumas considerações a esse res-
peito pensamos que poderá ser útil uma pequena refle-
xão sobre a Literacia Matemática, algumas conclusões
do estudo que não são tão evidentes numa primeira lei-
tura e a Formação Matemática e os Programas de
Matemática no âmbito da revisão curricular.
cimento, espaço e forma, raciocínio quantitativo, Luxemburgo, dado que as diferenças existentes entre
O PISAé um estudo de literacia que teve o seu primei-
incerteza e relações de dependência. Os conteúdos estes países não são estatisticamente significativas.
ro ciclo de funcionamento em 1998/2000, com a par-
secundários, abrangem os temas curriculares
ticipação de 265.000 alunos de 15 anos de idade dos tradicionais – números, álgebra, geometria... – e são
vários países participantes e será repetido de três em obviamente o suporte dos primeiros.
três anos.
2. Os processos matemáticos definidos como compe-
Contrariamente a estudos internacionais anteriores em tências gerais da matemática abrangendo a lingua -
que o objectivo era o de avaliar os conhecimentos dos gem matemática, a modelação e a resolução de pro -
alunos relativamente aos conteúdos curriculares, no blemas e que são os seguintes: o pensamento mate -
PISA o objectivo é avaliar a capacidade dos alunos mático, (ser capaz de responder a questões matemá-
(numa idade em que em princípio terminaram a esco - ticas típicas – existe? se ... quantos? como? –, distin-
laridade obrigatória em todos os países da OCDE) uti- guir definições, teoremas, conjecturas, hipóteses, Fig 1
lizarem os conhecimentos e competências adquiridos exemplos, condições, compreender a extensão e
necessários em situações reais actuais do dia a dia, e limitações dos conceitos matemáticos); a argumen - Há um aspecto que interessa ver com mais atenção: a
da sua vida futura como adultos. As áreas avaliadas tação matemática; a modelação matemática; a diversidade de resultados por regiões no nosso país, e
foram as da leitura, da matemática e das ciências, em- resolução de problemas; a representação; a destre - consoante o ano de escolaridade frequentado pelos
bora neste primeiro ciclo tenha predominado o núme- za simbólica, formal e técnica; a comunicação e a nossos alunos de 15 anos.
ro de itens de leitura, sendo o próximo ciclo mais dedi- destreza de utilização de ferramentas. Dado que na
cado à matemática. Se bem que a aquisição de conhe- Como se pode ver na figura 2, o desempenho médio
maioria das situações matemáticas reais há que
cimentos específicos durante o período de aprendiza- obtido pelos alunos portugueses nas várias regiões do
fazer uso simultâneo de várias das competências
gem académico seja muito importante, a aplicação país é muito diverso, sendo os resultados da região de
anteriormente descritas, ao pretender avaliá-las foi
desse conhecimento na vida adulta depende de manei- Lisboa e Vale do Tejo claramente superiores aos das
necessário criar três classes de competências, for-
ra decisiva da aquisição de conhecimentos e compe- outras regiões, estando mesmo o valor médio já muito
mando um contínuo conceptual, desde cálculos
tências de âmbito mais amplo. Assim, em leitura as próximo da média europeia, o que confirma a ideia de
simples até à matematização de problemas do quo-
principais competências são as capacidades para inter- que existe uma forte relação entre níveis de desenvol-
tidiano, sendo óbvio que a mesma competência
pretar e reflectir sobre o conteúdo e características de vimento do país ou de uma região e a educação e que
pode aparecer em mais do que uma classe: Classe 1
textos; em matemática, é mais importante a capacida- – reprodução, definições e cálculos – abrangendo em Portugal os níveis de desenvolvimento variam
de de aplicar correctamente as competências matemá- computações simples e definições do tipo mais muito de região para região.
ticas no dia a dia, do que saber responder a perguntas familiar e tradicional; Classe 2 – Conexões e resolu-
típicas dos livros de texto; em ciências, o conhecimen- ção de problemas – abrangendo o estabelecimento
to específico de nomes de plantas e animais, por exem- de conexões que permitam a resolução de proble-
plo, é menos útil que compreender temas e conceitos mas simples; Classe 3 – Pensamento matemático,
gerais como o consumo de energia, a biodiversidade e generalizado e “insight” – compreendendo o pen-
a saúde. samento matemático e a generalização. É evidente
No estudo PISA a literacia matemática foi definida que há aqui uma hierarquia quanto ao grau de difi-
pelos 32 países participantes como sendo a capacida - culdade: questões que requerem competências da
de individual de identificar e compreender o papel da classe três têm um grau de dificuldade maior do que
matemática no mundo, de tomar decisões e ajuizar as da classe dois e estas são mais difíceis do que as Fig. 2
matematicamente de uma forma bem fundamentada e da classe um.
de interiorizar a Matemática como um elemento fun - 3. Os contextos de utilização da matemática: desde A melhoria desta situação passa claramente pela me-
damental na sua vida, de forma a dar resposta a neces - contextos mais pessoais até outros mais abrangentes lhoria dos níveis de desenvolvimento, acompanhada
sidades actuais e futuras de uma forma construtiva e relacionados com assuntos científicos e públicos. de algumas medidas educacionais mais específicas
responsável. como seja a melhoria das condições nas escolas, a
A literacia matemática neste estudo foi avaliada em três II. Alguns resultados do desempenho dos alunos estabilidade do corpo docente, a formação dos profes-
dimensões: portugueses no PISA sores, os apoios educativos especiais, etc. Note-se que
1. Os conteúdos matemáticos, definidos em termos de Como se pode ver na figura 1 os resultados médios dos no que diz respeito ao ensino da Matemática no secun-
conceitos muito abrangentes valorizando essencial- alunos portugueses nos testes de desempenho relativos dário o DES, desde 1997, tem disponibilizado um forte
mente o pensamento matemático, foram divididos à literacia matemática são claramente inferiores aos apoio aos professores através da criação de uma rede
em conteúdos principais e conteúdos secundários. obtidos em média pelos países participantes, podendo de professores acompanhantes locais, que tem promo-
Os conteúdos principais, chamados Grandes Ideias, dizer-se que se situam praticamente ao mesmo nível de vido encontros e debates sobre os programas de
contemplam ideias como: o acaso, mudança e cres- países como a Itália, a Letónia, a Polónia a Grécia e o Matemática entre professores de escolas vizinhas, e a

Inf or Ma t
4
probabilidades) articulados com os temas transversais

Alguns resultados como já foi referido. Os conceitos neste programa


começam por ser trabalhados de uma forma intuitiva,
em situações contextualizadas sempre que possível e
são formalizados posteriormente. Já na Matemática B,

a e o Programa de Matemática dirigida aos alunos que têm como horizonte imediato
o ingresso na vida activa, os conteúdos indicados
desenvolvem-se em torno de duas grandes áreas, a
modelação matemática e as probabilidades, em articu-
lação com os temas transversais, enfatizando as aplica-
ções da matemática e o saber fazer e saber utilizar a
partir de Janeiro de 2001 com a criação de uma pági - revisão curricular, Matemática A, Matemática B e
na de apoio aos professores de Matemática com infor- matemática. No Programa de Matemática Aplicada às
Matemática Aplicada às Ciências Sociais, têm a inten-
mações de interesse na educação facilitando o acesso ção clara de fornecer aos alunos uma formação mate - Ciências Sociais, os conteúdos desenvolvem-se em
a uma informação útil e actualizada. Lembramos tam- mática de qualidade, que responda às suas necessida- torno de quatro grandes áreas: Métodos de Apoio à
bém o papel fundamental das associações de professo- des actuais e futuras e que aproxima no que é essenci- Decisão, Estatística e Probabilidades, Modelos
es de Matemática, nomeadamente o trabalho al da ideia de literacia matemática tal como foi defini- Matemáticos e História da Matemática. Tal como na
desenvolvido pela APM na formação de professores de da no estudo PISA. Matemática B interessa sobretudo proporcionar aos
todo o país. alunos experiências diversificadas e interessantes em
Vejamos com atenção algumas das propostas dos pro-
Há uma outra leitura que é fundamental fazer, como se gramas ao nível das finalidades, dos objectivos gerais que a intervenção da matemática seja importante, de
pode ver na figura 3, quando comparamos os resulta- e dos conhecimentos: forma a contribuir para uma formação matemática que
dos médios dos alunos portugueses de 15 anos por ano lhes seja útil e que permita responder às necessidades
de escolaridade com a média europeia: a média dos Nas finalidades, entre outras, pretende-se “contribuir de cada um ao longo da vida.
resultados dos nossos alunos no 10.º ano é ligeira- para o desenvolvimento da existência de uma cons -
mente superior à média europeia e quanto mais baixo ciência crítica e interventiva em áreas como o am - Por tudo o que anteriormente foi dito, é importante
é o ano de escolaridade que frequentam pior o resul- biente, a saúde e a economia entre outras, formando retirar algumas conclusões:
tado, o que facilmente se compreende. Como sabemos para uma cidadania activa e participativa”). 1. Os 32 países participantes do estudo PISAao defini-
o número de alunos de 15 anos que se encontra a fre- Nos objectivos gerais, pretende-se entre outros que “o rem a literacia matemática do modo como o fize-
quentar níveis de escolaridade anteriores ao secun- professor contemple de uma forma equilibrada os valo - ram, deram um novo sentido ao que se entende hoje
dário, entre o 5.º e o 9.º ano, é muito superior ao dos res e atitudes; as capacidades e os conhecimentos arti - por formação matemática, onde é visível uma maior
outros países europeus, e este é um dos problemas culando o desenvolvimento dos temas com as su - preocupação no desenvolvimento de competências
mais difíceis que temos para resolver.
gestões metodológicas, de forma a centrar o ensino gerais em torno de grandes ideias, em detrimento
aprendizagem no aluno e no saber fazer, reforçando o dos conteúdos curriculares tradicionais por si sós.
ensino experimental, a resolução de problemas e as
conexões“). Note-se ainda que pela primeira vez para 2. Os resultados dos alunos portugueses no PISA não
além dos grandes temas matemáticos tradicionais são os desejáveis, mas é preciso fazer uma leitura
(Geometria, Funções e Calculo Diferencial e cuidada, detectar os problemas e propor medidas
Probabilidades e Estatística) é expressamente indicado que ajudem a ultrapassar o que está mal – como seja
que deve haver articulação entre estes temas e os a diversidade de resultados por regiões como conse-
temas transversais (resolução de problemas e activida- quência dos diferentes níveis de desenvolvimento
des investigativas, história da matemática, lógica e sócio económico e o n.º de alunos que fica pelo
raciocínio matemático, aplicações e modelação mate- caminho ao longo da escolaridade – e a melhorar o
mática, tecnologia e matemática). que já está ao nível dos outros.
Fig. 3 Relativamente aos conhecimentos vejamos o quadro 3. A definição de literacia matemática, dá-nos indica-
em baixo: ção de que estamos no caminho certo no que res-
Seria importante conhecer como os outros países resol- peita à formação matemática subjacente nos nossos
No Programa de Matemática A, dirigido para alunos
veram este problema. Os alunos não reprovam? Então
que querem prosseguir estudos, os conteúdos estão programas de Matemática, quer no programa ajusta-
o que fazem quando os alunos não acompanham a
definidos em torno dos temas tradicionais curriculares do quer nos novos programas no âmbito da revisão
aprendizagem? Passam “sem saber·”? Diversificam cur-
(Número, Geometria, Análise infinitesimal, Estatística e curricular.
rículos? Têm maiores apoios? Nalguns países a taxa de
retenção chega a ser próxima dos 0%. É apesar de tudo
reconfortante saber que os nossos alunos de 15 anos Matemática A Matemática B MACS
do 10.º ano estão ao nível dos outros no que diz res- Conhecimentos Conhecimentos Conhecimentos
peito à literacia matemática. – Ampliar o conceito de número; – Iniciação à modelação Matemática – Métodos de apoio à decisão
– Ampliar conhecimentos de Geometria – Distribuição de probabilidades – Modelos matemáticos
III. De que forma contribuem para a formação no Plano e no Espaço; – Modelos discretos – Estatística e Probabilidade
matemática os programas de Matemática – Iniciar o estudo da Análise Infinitesimal; – Modelos contínuos – História da Matemática
portugueses? – Ampliar conhecimentos de Estatística
Os programas portugueses, quer o Programa Ajustado e Probabilidades.
de Matemática quer os novos programas no âmbito da

In fo r M at
5
Uma Proposta
de Trabalho
Isabel Fevereiro, Carmo Belchior,
José Manuel Matos*

2.2. Compreendam o significado da oferta de PPR/E nesta


aplicação.
Matemática – Aciência dos padrões 2.3. Compreendam que o rendimento não é totalmente previ-
Keith Devlin – Porto Editora sível indicando o que é e o que não é previsível.
– Biblioteca Científica 2.4. Sabendo que existem vários cenários possíveis, indiquem
o melhor e o pior?
2.5. Apresentem através de uma tabela um modelo simples
que permita sustentar a tomada de decisões.
3. Neste modelo é certo que o investidor ganha sempre?
(atenção à inflação)
Os programas actuais propõem, nas suas finalidades, desen- 4. Os alunos devem comentar o texto do anúncio
volver a capacidade de usar a Matemática como instrumento 5. Como trabalho extra aula, os alunos devem recolher infor-
de interpretação e intervenção no real, bem como contribuir mação relativa a outros investimentos quer seja em jornais
para a formação de uma cidadania activa e participativa. quer seja via internet.
Somos hoje confrontados com a necessidade de interpretar 6. Na 2.ª aula os alunos poderão confrontar o modelo com
propostas publicitárias, por vezes muito complexas. outras propostas de investimento
Propomos nesta actividade um estudo aprofundado de um
Este livro aborda a linguagem matemática
exemplo fictício de uma proposta de investimento que pode- Avaliação
em permanente evolução, explorando
as diversas formas como a matemática
rá aparecer num anúncio. 1 - Avaliação do trabalho realizado na 1.ª aula, com base numa
nos ajuda a compreender as percepções grelha de observação individual, e na recolha do trabalho apre-
que temos da realidade, tanto dos mundos
Sumário: sentado pelo grupo relativo às questões postas e construção do
exteriores físico, biológico e social, como Pretende-se que os alunos reflictam sobre o conteúdo de um modelo.
do reino interior das ideias anúncio e tirem conclusões conducentes à tomada de decisões.
e dos pensamentos.
2 - Apresentação de um relatório relativo ao confronto dos dife-
rentes modelos.
Tempo de realização:
Propomos que a actividade se realize em dois tempos Notas
Ferramentas Computacionais lectivos.
na Modelação Matemática
1. É conveniente o professor organizar a informação que irá dis-
ponibilizar ao aluno contendo a terminologia financeira que
J. F. Matos, S. Carreira, M. Santos, I. Objectivos:
Amorim – DE-FCUL irão necessitar. Entre outros endereços poderá encontrar
1. Saber interpretar o conteúdo do anúncio; informação útil em http://www.crediglobal.pt
2. Descrever matematicamente a situação; 2. Convém explicar que a variabilidade depende da bolsa.
3. Desenvolver um modelo que descreva a situação; 3. Os alunos devem perceber que dos ¤ 10 000, ¤ 5 000 terão
4. Analisar as vantagens de diversas opções de investimento; rendimento de 5% ao ano durante 2 anos, e que os outros ¤
Recursos: 5 000 têm previsto um rendimento variável ao ano durante
três anos. É a discussão dessa variabilidade que é importante
Informação com terminologia utilizada no anúncio, jornais, explorar.
internet, calculadora gráfica e/ ou computador. 4. Convém que no trabalho extra aula os alunos obtenham
Actividades/ Procedimentos: informação relativa aos certificados de aforro, pelo que entre
outros endereços se pode dar o deste também
1. Trabalhando em pequenos grupos os alunos poderão come- 5. Pretende-se que o Modelo matemático pedido seja muito
çar por ler, reflectir, interpretar e organizar a informação con- simples. Por exemplo:
tida no anúncio.
2. A partir de um investimento de ¤ 10 000 pretende-se que os Actividades de extensão:
alunos: 1. Estudar diversos tipos de planos de reforma, junto de bancos
2.1. Compreendam o significado de “rendimento de 5% líqui - e seguradoras
Um documento elaborado do ao ano” e de “rendimento de 10% líquido ao ano”? 2. Estudar diversas modalidades de créditos à habitação
na concretização do Projecto Modelação
no Ensino da Matemática com o objectivo Rendimento da parte fixa Rendimento da parte variável
de proporcionar materiais de trabalho Máx Min Subida gradual Alterações bruscas Descida
e exploração para os professores no âmbito 1º ano 5% -¤ 250 10%- -¤ 500 0%- -¤ 0 2% 3% 10%
das aplicações da Matemática focando
a construção e exploração de modelos 2º ano 5% -¤ 250 10%- -¤ 500 0%- -¤ 0 5% 7% 5%
e o papel desempenhado pelas ferramentas 3º ano _ 10%- -¤ 500 0%- -¤ 0 10% 1% 2%
computacionais quando se pretende
modelar uma situação real. * Professor Doutor na FCTUNL.

In f o r M a t
6
Formação dos professores de Matemática
para os novos Programas no âmbito da Revisão Curricular
Carmo Belchior e Isabel Fevereiro1

Na sequência do que tem vindo a ser nham adquirido um conhecimento glo- O Mistério do Bilhete de Identidade
e Outras Histórias
feito relativamente à formação de profes- bal do programa no que diz respeito às
Jorge Buescu – Gradiva – Ciência Aberta
sores desde 1997 aquando da implemen- finalidades, objectivos e competências
ação do Programa Ajustado de gerais, temas e conteúdos e sua articu-
Matemática, o Departamento do Ensino lação com os temas transversais, suges-
Secundário (DES), atendendo à entrada tões metodológicas e avaliação.
em vigor dos novos programas em Relativamente ao Programa de Mate-
2002/2003 estabeleceu um Plano de mática Aplicada às Ciências Sociais
Formação e Acompanhamento dos pro- pretende-se essencialmente que no
fessores para este ano lectivo, centrado final da acção os formandos tenham
em três modalidades complementares: adquirido um conhecimento global do
programa e tenham tido oportunidade
– reuniões de reflexão e debate sobre os Programas, pro- de reflectir sobre os temas propostos no programa, nome-
movidas pelos professores acompanhantes locais e usu- adamente Métodos de Apoio à Decisão (teoria das elei-
almente chamadas sessões de acompanhamento, onde ções e teoria da partilha), Estatística, Modelos
são discutidas metodologias, propostas de trabalho, Matemáticos (envolvendo funções lineares, exponenciais,
avaliação, modelação etc., sendo em muitos casos logarítmicas e logísticas); Modelos Financeiros; Grafos e
dedicadas a um tema mais específico a pedido das Modelos de Probabilidades. O que representa aquele misterioso
escolas; É importante que os professores tomem consciência da algarismo suplementar que se segue
ao nosso número de bilhete de identidade?
– acções de formação promovidas pelos professores formação matemática, que se pretende que o aluno E qual a relação com a teoria matemática
acompanhantes locais em articulação com os Centros adquira no final do Ensino Secundário, e tenha oportuni- dos códigos? Por que é que a privacidade
de Formação; dade de reflectir e trabalhar em propostas de trabalho da transmissão de dados, por telefone, fax,
adequadas ao programa. Internet ou mesmo da simples
– reuniões de trabalho na escola por iniciativa dos pro- comunicação do código do cartão
fessores de matemática da própria escola de uma forma Os professores têm que estar conscientes que a Multibanco quando fazemos
regular em horário previsto e criado para o efeito Matemática B e a Matemática Aplicada às Ciências um levantamento numa máquina, depende
crucialmente das propriedades
segundo indicações do DES. Sociais dirigida aos alunos dos Cursos Tecnológicos e do
dos números primos? São algumas
Curso Geral de Ciências Sociais e Humanas, têm que ter das crónicas apresentadas neste livro com
uma componente muito prática ligada a casos reais, apoi- o objectivo de apresentar a ciência como
Durante o 1.º período deste ano lectivo os professores
ada na resolução de problemas com significado para os uma curiosidade organizada, respondendo
acompanhantes realizaram sessões de divulgação da a problemas concretos que se relacionam
alunos, onde a abordagem dos conceitos matemáticos é
Revisão Curricular, onde reflectiram sobre os novos pro- com as fronteiras da cultura científica
essencialmente intuitiva, eles são aplicados mas não actual, mostrando como esta pode
gramas de Matemática no âmbito da Revisão Curricular
aprofundados. A base da aprendizagem é a experimenta- ser simultaneamente fascinante e divertida.
promoveram trocas de experiências, apresentaram e dis- ção e a resolução de problemas através de situações
cutiram planificações muito em especial no que diz res- diversificadas, utilizando materiais apropriados com gran-
peito ao Módulo Inicial. Divulgaram também as Acções de recurso à tecnologia (calculadoras gráficas e computa-
de Formação, quase todas na modalidade de Círculos de dores).
Estudo, a realizar a partir de Janeiro de 2002, motivando
os professores para a sua frequência. O DES ao lançar uma página na Internet de Apoio ao
Professor de Matemática http://www.mat-no-sec.org está
Está prevista a realização de aproximadamente 160 consciente do papel da formação e informação em todo o
Acções de Formação espalhadas por todo o país, abran- processo de ensino e aprendizagem da Matemática.
gendo cerca de 2000 professores, de forma a dar oportu- Pretende assim que esta página se torne num espaço de
nidade a que pelo menos um professor de cada escola partilha, divulgação e de sugestões de trabalho, contribu-
possa receber formação adequada relativamente aos indo eficazmente para o bom desempenho dos professo-
novos programas, no âmbito da Revisão Curricular, nome- res, que numa altura de mudança é fundamental que se
adamente no Programa de Matemática B e no Programa mantenham permanentemente actualizados, investindo
de Matemática Aplicada às Ciências Sociais. na sua auto formação desempenhando um papel impor-
Relativamente ao Programa de Matemática B pretende-se tante na educação Matemática.
essencialmente que no final da acção os formandos te- 1
Professoras responsáveis pela matemática no DES.

In for M at
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Jorge Nuno Silva*

Cinderella é um programa destinado a fazer geometria no Para além da geometria euclidiana, Cinderella dispõe da
computador. Por opção dos seus autores, Cinderella é muito capacidade de efectuar e visualizar construções em geometria
fácil de usar, sendo os movimentos do rato a forma de intera- esférica e hiperbólica, com a mesma facilidade e capacidades
gir com o programa, não há necessidade de usar o teclado. de exportação. Estes três modos podem ser utilizados simul-
FICHA TÉCNICA Esta característica torna fácil aos novos utentes aderir ao uso
taneamente, sendo as acções em qualquer deles actualizadas
deste programa, incluindo os estudantes mais novos.
imediatamente nos outros.
Editor: Totalmente baseado em Java, o Cinderella, disponível em CD,
Departamento do Ensino Secundário [DES] As figuras criadas com este programa podem ser projectadas,
instala-se em qualquer plataforma, como Windows, Solaris,
Director: Anabela Neves inseridas noutros documentos, ou mesmo gravadas em for-
Linux, etc. Outra consequência do uso desta linguagem é que
Coordenação: Maria do Carmo Belchior
e Isabel Fevereiro
as animações e construções (interactivas) se exportam para a mato PS, destinado a impressão de grande qualidade.
WWW com um simples clique do rato. Em particular, a ela-
Design Gráfico: DELTAGRAPHOS, Design A edição portuguesa do Cinderella foi produzida pelo Centro
e Publicidade, Lda. boração de exercícios interactivos para a Internet é particular-
mente simples. A faculdade de, automaticamente, reconhecer de Matemática e Aplicações Fundamentais da Universidade
Fotolito e Impressão: Litografia Amorim
a correcção das respectivas resoluções, é uma característica de Lisboa, com o apoio do Departamento do Ensino
Periodicidade: Trimestral
do Cinderella, que não partilha com os outros programas de Secundário do Ministério da Educação, que o disponibilizou
Tiragem: 4 000 exemplares
geometria dinâmica. a todas as escolas secundárias do país. Pode também ser obti-
ISSN: 0874-0844
Alicerçado em teoria matemática em parte especialmente do junto da APM e da SPM. A página do Cinderella constitui
Depósito Legal: 143 753/99
Lisboa 1998 desenvolvida para o efeito, Cinderella garante a correcção de um fórum interactivo, sendo um instrumento de comunicação
Distribuição gratuita todos os lugares geométricos criados, em todas as cons- e troca de ideias e experiências entre os seus utilizadores
Toda a correspondência deve ser enviada para
InforMAT
truções. (http://cinderella.lmc.fc.ul.pt/).
Av. 24 de Julho, 138, 5.º
1391 Lisboa
Fax: 393 81 08

O Tesouro Enterrado 1
maria.belchior@des.min-edu.pt
isabel.fevereiro@des.min-edu.pt

Um velho pergaminho, que descrevia o local onde o pirata • Cave no ponto que fica a meio caminho entre os dois mar-
Barba Azul enterrara um tesouro, dava as seguintes instruções: cos e encontrará o tesouro.
As opiniões expressas nos textos apresentados • na ilha só há duas árvores, A e B, e uma forca, F; Um jovem aventureiro, que encontrou o pergaminho com
nesta publicação são da responsabilidade dos
autores e não reflectem necessariamente a opi- • Comece na forca, conte os passos necessários para ir, em estas instruções, fretou um avião e viajou para a ilha. Não
nião do Departamento do Ensino Secundário linha recta até à árvore A, rode 90o para a direia e avance o teve dificuldade em encontrar as duas árvores mas, para seu
ou do Ministério da Educação.
mesmo número de passos; grande desgosto, a forca tinha desaparecido e o tempo tinha
• Coloque um marco no sítio onde parou; apagado todos os vestígios que pudesse indicar o local onde
• Volte para a forca e vá em linha recta contando os seus pas- estava.
sos até à árvore B. Quando chegar à árvore rode 90 o para a
esquerda e avance o mesmo número de passos, colocando Será possível, mesmo sem a forca encontrar o local onde está
outro marco no chão, no ponto em que acabar; enterrado o tesouro?

A figura 1 mostra a resolução feita com o programa de geometria dinâmica,


Cinderella, sendo fácil observar que variando o ponto representativo da forca, o
ponto referente ao tesouro é invariante, dependendo apenas da localização das
árvores. e porquê?
A demonstração geométrica torna-se mais fácil se trabalharmos com coordenadas 1
Brochura de Trigonometria e Números Complexos, M. E. - Departamento do
de pontos e vectores e como se utilizou rotações vai-nos facilitar ainda mais se tra- Ensino Secundário pág. 65.
duzirmos tudo em termos de numeros complexos: * Prof. Doutor F.C.U.L.

Inf o r Ma t
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