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Considerações gerais sobre a

hidrogeologia do continente
i) - o Maciço Hespérico
(Paleozóico)
Três grandes
unidades ii) - As Orlas Mesozóicas
geológicas
iii) - As Bacias Terciárias
do Tejo e do Sado

O comportamento hidrogeológico destas três


unidades depende do tipo de solo de alteração
e do grau de fracturação das formações
geológicas.

A diversidade de rochas existentes nestas três


unidades produz, por alteração das suas Grandes unidades hidrogeológicas
camadas mais superficiais, diferentes tipos de de Portugal continental
solo.
O Maciço
Hespérico
(granitos e xistos)
Solos com elevada quantidade Solos argilosos: não são
de elementos grosseiros: boas favoráveis à infiltração
condições de infiltração

Orlas Mesozóicas
e
Bacias Terciárias

Dada a natureza das Manchas muito grandes de


rochas existentes, os terrenos calcários:
solos acabam por ser
areno-argilosos.

a carsificação pode originar


condições de infiltração muito
boas.
O Maciço Hespérico
(Paleozóico)

A circulação de águas
subterrâneas é mais favorável nas
zonas de alteração e nas zonas
intensamente fracturadas.

Critério de Alcalinidade vs permeabilidade

Quanto mais básica for a rocha eruptiva mais


baixa será a permeabilidade:

devido à mais fácil formação de produtos


argilosos ao longo das fracturas.
Acidentes de captação naturais

Existência de contactos entre rochas Acidentes tectónicos


com propriedades hidrológicas diversas importantes

Falhas
Aplíticos
Filões Pegmatíticos
Quartzosos

Acidente de captação natural: ex. filão de quartzo encaixado


em rochas granitóides. Retirado de INAG: www.inag.pt/snirh
Acidentes de captação naturais (cont.)

Rochas ácidas - colectores

Filões
Rochas básicas (mais fácilmente alteráveis) -
barragem

Comportamento dos
acidentes tectónicos
Brecha de falha - colector

Falhas
c/ “caixa” argilosa – retenção ou separação de
águas
Meteorização das rochas graníticas
As rochas graníticas, por acção dos agentes
Destruição da coesão da rocha.
meteóricos transformam-se em saibros
graníticos, mais ou menos incoerentes

Desaparecimento da rede de diaclases.


Saibro granítico

O regime hidrológico é comparável ao


das rochas não consolidadas

Granito fracturado
Rochas do Complexo Xisto-Grauváquico

Xistos argilosos, xistos cloríticos, xistos sericíticos e talco-xistos (xistos luzantes),


mica-xistos.

Furo de captação
A circulação
tem lugar
- Diaclases
- Planos de xistosidade
ao longo:

(1) (2) Estas rochas originam, por alteração,


solos argilosos, pouco permeáveis, e dão
(1) – Diaclases/fracturas mais aquíferas ensejo à formação de enchimentos
(2) - Diaclases/fracturas c/ tendência para fechar argilosos ao longo das fendas,
sobretudo, nas zonas mais superficiais.

Escoamento superficial muito intenso.


Orlas Meso-Cenozóicas
-Fácil solubilidade
Calcárias - Fácil penetração da água no sub-solo
Domínio
Gresosas - Relevo Cársico
de formações
Argilosas

Exsurgências: dão origem a


rios de certa importância.

Os caudais são elevados; c/ oscilações que


acompanham as curvas pluviométricas
(zonas extremamente vulneráveis)

Foto c/ sifão - calcários


Orlas Meso-Cenozóicas (cont.)

A circulação
das águas Níveis calcários – muito permeáveis;
subterrâneas é forte infiltração.
regida pelas
Séries gresosas / diferenças de
calcárias / argilosas permeabilidade
de camadas Níveis gresosos – menos permeáveis;
adjacentes zonas de infiltração secundárias (a
água circula mais lentamente.

Níveis argilosos – impermeáveis;


servem de “base” para a acumulação de
água nos níveis superiores.
Orlas Meso-Cenozóicas (cont.)

Desde a Nazaré até Espinho

Depósitos i) Depósitos de areias de praia e dunas (150 x 7 km).


Quaternários da
Orla Ocidental ii) Areias, seixos e calhaus rolados.

Materiais muito permeáveis – a escorrência superficial é


quase nula.
Orla Algarvia

As formações aquíferas por excelência são os calcários e dolomitos do Jurássico e


os calcários fossilíferos do Miocénico.

As águas do Miocénico, devido à proximidade do mar e à


franca permeabilidade das formações, contêm teores de
C1 geralmente mais elevados que no Jurássico.

Devido à proximidade do oceano os


depósitos quaternários contêm, muitas
vezes, água demasiado cloretada.

Esquema mostrando fenómenos de intrusão salina, em


sistemas aquíferos localizados próximo da costa.
O enchimento destas bacias é constituído por uma
espessa série de argilas, calcários margosos, areias
e cascalheiras.

Bacias Terciárias
do Tejo e do Sado O regime hidrológico é pois, o regime típico das
séries sedimentares heterogéneas

As aluviões, não só as do Tejo mas


também as dos afluentes, constituem
óptimos aquíferos

A principal dificuldade no
aproveitamento da água reside na sua
qualidade (o seu teor de C1 aumenta
rapidamente para jusante do
Carregado)
INTERACÇÃO ÁGUA-ROCHA
O caso das rochas ígneas, sedimentares e metamórficas

As rochas apresentam composições


mineralógicas variáveis,

As condições climáticas, a composição


da água de recarga, o tempo de contacto,
o percurso percorrido e a permeabilidade
das formações geológicas

influência muito importante na


interacção água-rocha O ciclo das rochas
Iões tais como o Na+, Ca2+, Mg2+ e o K+ encontram-se por
vezes debilmente retidos na estrutura silicatada.

O processo de dissolução é função do pH e da temperatura da água.

Formação de substâncias insolúveis, de modo geral minerais


argilosos, as quais tendem a fixar de forma irreversível o ião K+.

Rochas ígneas
e ataque dos silicatos

Exemplo da meteorização do granito, dando origem à formação de “caos


de blocos”.
As águas relacionadas com rochas granitóides são em
geral pouco mineralizadas,

Domina o HCO3- e o Na+ e/ou Ca2+.


Interacção
água-granito
Existem quantidades importantes de sílica (entre 20 e
100 ppm), resíduo da hidrólise dos silicatos, dando
origem à formação de minerais argilosos.

Só uma percentagem muito reduzida da sílica provem


da dissolução do quartzo.

2Si3O8AlNa + 9H2O + 2H+ + 2HCO3- = Si2O5Al2(OH)4 + 2Na+ + 2HCO3- + 4SiO4H4


Rochas “resistentes” - materiais que não sofreram dissolução

Materiais insolúveis Materiais que foram depositados


(quartzo, zircão) antes que a hidrólise pudesse
terminar a sua acção.

Rochas Muitas destas rochas estão total ou


sedimentares parcialmente cimentadas por
materiais mais ou menos solúveis
(carbonato de cálcio)

A água em contacto com estas formações geológicas


tenderá a apresentar uma composição química
semelhante à do cimento solúvel e/ou à da água que se
produziria do contacto com as formações geológicas
que deram origem aos clastos.
Rochas “hidrolisíticas” – são formadas na sua maior parte por
partículas derivadas da hidrólise dos minerais de outras rochas.

Trata-se fundamentalmente das argilas

Rochas Na grande maioria são


sedimentares muito pouco permeáveis
ou mesmo impermeáveis.
(cont.)
Podem armazenar quantidades apreciáveis de
água, a qual vão expulsando pouco a pouco à
medida que vão sofrendo compactação.

lodos → argilitos → argilas → xistos argilosos


Rochas de precipitação química

Rochas
sedimentares Calcários e dolomias.
(cont.)

Margas - estado intermédio entre as rochas de


precipitação química e as rochas “hidrolisíticas”

Águas com características intermédias entre as das águas de


circulação nos granitos e as das águas de circulação nas
formações sedimentares.
Rochas
Metamórficas
Por alteração, quer os xistos metamórficos quer os mármores dão
origem a solos com elevada percentagem de argila e portanto
bastante impermeáveis.
QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

-Tipo de rochas atravessadas,


-Produtos de alteração das rochas atravessadas,
Qualidade das -Tempo de residência no subsolo,
-Temperatura de interação água-rocha,
águas subterrâneas -Tipo de coberto vegetal,
-Tipo e quantidade de gases existentes na atmosfera,
-Actividades humanas

As águas provenientes de formações


sedimentares são, em geral, de boa
Águas captadas em rochas ígneas e qualidade, mas com uma quantidade de
metamórficas são águas de muito boa sais dissolvidos relativamente elevada.
qualidade.

Arenitos (Na)
Calcários (Ca e Mg)
Apresentam baixa concentração de
sais dissolvidos.
Argilitos – (Fe e SO4)
Contaminação das águas subterrâneas
Apesar do solo e da zona não saturada existem substâncias e gases dissolvidos que
apresentarem excelentes mecanismos dificilmente deixarão a água subterrânea
de filtragem

podendo reter inúmeras partículas e podendo ser responsáveis pela


bactérias patogénicas sua poluição.

Factores condicionantes da deterioração da qualidade das águas subterrâneas.


Contaminação das águas subterrâneas (cont.)

- o sistema hidrológico,
Para a planificação e
controlo da poluição, é - os contaminantes locais possíveis,
preciso conhecer bem:
- a litologia e geologia da região em questão.

Em alguns sistemas aquíferos, dada a


lenta circulação das águas de infiltração No caso particular de sistemas
ao longo de formações geológicas com um aquíferos associados a formações
notável poder depurador, os problemas de carbonatadas, estas apresentam-se, em
contaminação são, consideravelmente, geral, carstificadas e por isso estes
aquíferos são muito vulneráveis à
retardados.
poluição.
Contaminação das águas subterrâneas (cont.)

- inorgânicos: Cl, SO4, NO3, Na, Ca, K, etc. (comuns na


maioria dos fertilizantes agrícolas vulgarmente utilizados
Alguns dos possíveis tipos no nosso País).
de contaminantes que - orgânicos degradáveis (fossas sépticas, excreções de
podemos encontrar são animais, etc).
(Custódio & Llamas, - orgânicos pouco ou nada degradáveis (pesticidas,
1996): detergentes duros, etc).
- biológicos (bactérias, vírus, algas, etc).

Exemplo de contaminação das águas subterrâneas devido à presença de um aterro sanitário mal projectado.
Contaminação das águas subterrâneas (cont.)

A interação entre as fontes de


poluição do ar e a atmosfera define o
nível de qualidade do ar que por sua
vez, desencadeia os efeitos adversos
dos poluentes sobre os receptores.

A utilização incorrecta ou
exagerada de fertilizantes e
pesticidas em solos muito
permeáveis é muito importante na
deterioração da qualidade das
águas subterrâneas
Protecção dos aquíferos

A potencial vulnerabilidade das


águas minerais naturais e das
águas de nascente, aliada à sua
raridade e, sobretudo, à sua
utilização humana explicam o
regime de protecção que lhes é
aplicável (DL 90/90), o qual, pela
sua imperatividade, rigor do
regime de restrições e dimensão
das áreas abrangidas não tem
paralelo nos demais recursos
geológicos.

Exemplo esquemático de um corte geológico localizado


numa zona de execução de uma captação de água
subterrânea para consumo humano. Retirado de: http://
www.igm.ineti.pt/edicoes_online
Protecção dos aquíferos

Desde há longa data que em muitos


países da Europa existem
perímetros de protecção para a
salvaguarda de aquíferos e
captação de água de consumo
humano.

- zona imediata
as zonas que integram os
Perímetros Protecção: - zona intermédia

- zona alargada

Exemplo de Perímetro de protecção

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