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Parte 1

- Fundamento constitucional
- Conceito
- Objeto
-Fins (Teleologia)
- Princípios jurídicos
• O Direito Administrativo constitui uma das
cadeiras acadêmico-jurídicas que compõem o
espectro das disciplinas dedicadas ao Direito
Público. Ao lado do Direito Constitucional e do
Direito Tributário, forma o segmento denominado
Direito do Estado.
• A posição científica do Direito Administrativo
resulta da habilidade que este ramo possui,
segundo o método jurídico e regido por princípios
próprios, de disciplinar a relação jurídica que
vincula o Estado-administração e os usuários e
clientes do Serviço Público.
• O elemento teleológico do Estado fornece o
conteúdo material do Direito Administrativo.
• CF/88, Art. 3º: “constituem objetivos fundamentais
da República Federativa do Brasil:”. Os incisos
constituem o próprio elemento material do Direito
Administrativo e, consequentemente, da
Administração Pública.
• O fundamento constitucional de ordem formal vem
representado pelos dispositivos que disciplinam o
comportamento da Administração Pública, regrando
suas entidades, seus órgãos e agentes. É o caso, por
exemplo, do conjunto formado pelos artigos 37 a 41
da CF/88.
 Conceito de Direito Administrativo: É o ramo do Direito
dedicado ao estudo dos princípios, conceitos e regras jurídicas
que se cristalizam em normas reguladoras da atividade estatal.
 Objeto do Direito Administrativo: Constitui objeto do Direito
Administrativo a norma jurídica que disciplina a atividade
estatal e toda a estrutura da qual se serve o Estado-
administração para a consecução de seus fins.
 Finalidade do Direito Administrativo: Examinar, refletir e
propor regras jurídicas capazes de incidir sobre o ente estatal,
ou seu agente delegado, bem como sobre os usuários do
Serviço Público, disciplinando a relação jurídica entre eles,
segundo um sistema normativo próprio, inspirado por um
regime jurídico especial, tendo em vista a satisfação do
interesse público tutelado.
Princípios Constitucionais
 Legalidade
 Moralidade
 Impessoalidade
 Publicidade
 Eficiência
Princípios Fundamentais
 Planejamento
 Coordenação
 Descentralização
 Delegação de competência
 Controle
Princípios Reconhecidos
 Supremacia do interesse público
 Indisponibilidade do interesse público
 Auto-executoriedade
 Presunção de legitimidade
 Continuidade do serviço público
1. Legalidade
• Enquanto na administração particular é lícito fazer
tudo que a lei não proíbe, na administração pública
só é permitido fazer o que a lei determina. Com
isso, o princípio da autonomia da vontade não
encontra ressonância no Direito Administrativo.
• O fundamento jurídico-positivo do princípio da
legalidade administrativa está na Constituição
Federal, art.37, caput. Em função da supremacia,
que é própria da Lex Mater, esse princípio tem que
ser obrigatoriamente observado por todas as
entidades, órgão e agentes públicos.
1. Moralidade
• Em Direito Administrativo:
Moralidade = legalidade + impessoalidade
• O agente administrativo, evidentemente, não
pode desprezar o elemento ético de sua
conduta, de modo que ele deve adicionar ao
comportamento administrativo o agir padrão
da coletividade, quanto aos seus valores,
princípios e moral.
1. Impessoalidade
• A doutrina administrativa afirma que o princípio
da impessoalidade trata do clássico princípio da
finalidade.
• Pode-se dizer que a impessoalidade é princípio que
age no sentido de descaracterizar a pessoa do
agente para caracterizar a pessoa do Estado,
quanto ao agente jurídico operador do serviço
público.
• Na Administração Pública, toda conduta deve ser
impessoal, seja quanto ao agente, seja quanto ao
destinatário. Todo ato que se apartar desse objetivo
sujeitar-se-á à invalidação por desvio de finalidade.
3. Princípio da impessoalidade (continuação)
“O princípio da impessoalidade, referido na Constituição
de 1988 (art. 37, caput), nada mais é que o clássico princípio da
finalidade, o qual impõe ao administrador público que só
pratique o ato para o seu fim legal. E o fim legal é unicamente
aquele que a norma de direito indica expressa ou virtualmente
como objetivo do ato, de forma impessoal. Esse princípio
também deve ser entendido para excluir a promoção pessoal
de autoridades ou servidores públicos sobre suas realizações
administrativas (CF/88,art.37,§1º).
“E a finalidade terá sempre um objetivo certo e inafastável
de qualquer ato administrativo: o interesse público.”
(Hely Lopes Meirelles)
1. Publicidade
• O princípio da publicidade retrata o dever de prestar contas
que repousa sobre a Administração. Afinal, não se administra
coisa própria, mas a coisa pública.
• Daí o direito subjetivo público de qualquer cidadão no sentido
de ser informado acerca do que é feito da coisa administrada.
De contrapartida, é dever da Administração divulgar para o
público o desempenho de toda a sua atividade, ressalvada
aquela eventualmente gravada, constitucional ou legalmente,
pela cláusula do sigilo.
• A publicidade se contrapõe à clandestinidade. Cabe ao
administrador dar amplo acesso à Administração, até por força
do princípio da moralidade e da eficiência que também exigem
a ampla divulgação da atividade administrativa.
4. Princípio da Publicidade (continuação)
• Da obediência ao princípio da publicidade deriva a noção de
oficialidade da divulgação. Assim, somente por intermédio de
meios oficiais se opera a adequada observância ao princípio. Mas a
publicidade, como princípio, não deve ser confundida com a
publicação.
• Associados à publicação estão os conceitos de vigência e eficácia
dos atos da Administração. Por isso, os meios não-oficiais (rádio,
televisão, internet, jornais de notícias, etc) não estão autorizados a
demarcar prazos e impelir obrigatoriedade jurídica frente à coisa
divulgada.
• No campo da publicação cabe salientar outro aspecto interessante. A
publicidade exige adequação do meio ao fim, ou seja, deve haver
uma correspondência entre o instrumento que veicula publicação
oficial e o conteúdo/relevância da coisa anunciada.
1. Eficiência
• “O princípio da eficiência exige que a atividade administrativa
seja exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional. É o
mais moderno princípio da função administrativa, que já não se
contenta em ser desempenhada apenas com a legalidade, exigindo
resultados positivos para o serviço público e satisfatório
atendimento das necessidades da comunidade e de seus
membros”.
(Hely Lopes Meirelles)
• O amadurecimento das percepções jurídico-administrativas
concernentes à atividade pública reclama seu espaço. Em razão
disso a E.C no 19/98, com o fim de dar maior objetividade aos
argumentos da reforma administrativa constitucional, não se
satisfez em apenas elencar no caput do artigo 37 o princípio da
eficiência, ensejando uma série de dispositivos que revelam a
preocupação contemporânea em relação à questão. Daí o disposto
nos parágrafos 3º, 8º, 9º, todos do art. 37, bem como no caput do
art. 39 e seu parágrafo 7o. A mesma preocupação repercutiu no
âmbito do instituto da estabilidade com a nova disposição
conferida ao caput do art. 41 e seus parágrafos 1o e 4º.
1. Planejamento
• O princípio do planejamento traduz-se na necessidade de
apresentação concreta de planos nacionais e regionais de
ordenação do território e de desenvolvimento econômico e
social. Por isso, é da competência dos chefes de Executivo,
ao assumirem suas funções, apresentarem seus respectivos
planos de governo, cristalizados em leis orçamentárias e no
plano plurianual de governo.
• Portanto, o principio planejamento é concebido em critérios
objetivos, não se ajustando a uma conceituação livre e leiga.
Seu conteúdo é definido pelo direito objetivo.
• A efetivação de tais disposições implica responsabilidade
funcional dos agentes encarregados das atribuições
correspondentes à esses regramentos. É o caso, por exemplo,
do disposto na CF/88, art 85, inciso VI.
1. Coordenação
 Em termos administrativos, coordenar tem o
sentido de entrosar as várias atividades
desenvolvidas em uma corporação, de modo a
evitar a duplicidade de atuação, a dispersão de
esforços e recursos, a divergência de condutas e
soluções, etc. Eficiência e economia no
desempenho da atividade funcional, são pilares
fundamentais de uma administração moderna. A
coordenação supõe uma rede significativa de
funções de liderança e destaque, proporcional à
magnitude do corpo a ser administrado.
 (Ver Decreto-Lei n.º 200/67; Capítulo II)
1. Descentralização
 Descentralizar é atribuir a uma outra entidade
(pessoa jurídica) competência administrativa
para o desempenho de determinadas
atividades públicas, reconhecendo ao ente
descentralizado a autonomia funcional
necessária para o seu exercício.
 A descentralização administrativa pressupõe,
portanto, a existência de uma pessoa jurídica
distinta da do Estado, investida dos poderes
administrativos necessários para o exercício de
suas atividades públicas.
3.1. Descentralização x desconcentração
 A descentralização resulta da delegação de competência
administrativa executória a um ente dotado de
personalidade jurídica. A desconcentração também ocorre
por delegação de competência, todavia, sem o
reconhecimento de personalidade jurídica ao centro
delegado.
 Quando a delegação se opera no âmbito da própria
organização (intra murus), de tal modo que o repasse de
atribuições não implica o reconhecimento de personalidade
jurídica ao centro delegado, falamos em desconcentração.
 Quando a delegação de competência implica o repasse das
atribuições a um ente personalizado em direito, ocorre a
descentralização.
3.1. Descentralização x desconcentração (continuação)
 Assim, na desconcentração a delegação de competência

transfere atribuições da autoridade delegante para a


autoridade delegada, todavia, a titularidade dos serviços
delegados ainda permanece no âmbito da entidade, ou
seja, do organismo no qual se operou a desconcentração.
 Exemplo de desconcentração: uma organização conta

com um “Departamento de Contabilidade e Finanças” e,


considerando a necessidade de especialização dos
serviços, cria um “Departamento de Finanças”, restando
o outro “Departamento de Contabilidade”. Os novos
departamentos continuam vinculados à mesma pessoa
jurídica.
3.1. Descentralização x desconcentração (continuação)
 A descentralização implica o reconhecimento de autonomia

administrativa à entidade delegada, tendo em vista o fato de que


esta possui personalidade jurídica. Essa autonomia administrativa,
por sua vez, legitima o exercício de poderes discricionários sobre o
objeto da delegação.
 Na descentralização, não se fala em subordinação, mas sim em

supervisão.
 Exemplo de descentralização: Quando o Poder Público resolve criar

uma autarquia, o faz nos termos do art. 37, inciso XIX da CF/88. Ao
se instituir uma autarquia cria-se uma nova pessoa jurídica no
âmbito da Administração Pública. Assim, o INSS concretiza os
serviços que são, originariamente, da competência da Administração
Direta, ou seja, do Ministério da Previdência.
3.2. Descentralização e desconcentração
Controle Legislativo.
O controle externo, legislativo, sempre
ocorre na descentralização. A
descentralização resultará sempre de ato
legislativo direto e imediato (caso de
autarquias), ou de ato legislativo direto e
mediato, caracterizado por autorização
legislativa (caso de fundações públicas,
sociedades de economia mista e empresas
públicas).
3.2. Descentralização e desconcentração
Controle Legislativo.
3.2. Descentralização e desconcentração
Controle Legislativo.
 A desconcentração decorre, quase sempre, de uma deliberação
interna corporis, de uma necessidade surgida no seio da própria
organização administrativa. Sua implementação se dá,
rotineiramente, por meio de ato administrativo.
 Ressalva: eventual reserva constitucional para a criação de
órgãos na estrutura administrativa estatal, considerando a
magnitude de certos órgãos. É o caso, por exemplo, do
disposto no artigo 88 da CF/88, que determina “a lei disporá
sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da
administração pública”.
3.2. Descentralização e desconcentração
Controle Legislativo.
3.3. Descentralização e desconcentração
Natureza Jurídica do Vínculo.
1. Delegação de competência
 A delegação de competência é princípio e técnica de
descongestionamento na administração de serviços públicos
específicos. Prestigia a formação de serviços especializados e
profissionais.
 Pela delegação de competência as autoridades da
Administração transferem atribuições decisórias a seu corpo de
agentes subordinados, mediante ato próprio.
 A delegação de competência não tem caráter necessariamente
definitivo. Ora revelando-se como prerrogativa de poder, ora
como dever, apoia-se na razoabilidade, adequação,
oportunidade e conveniência. Manifestação clara do poder
administrativo discricionário. A delegação é prerrogativa
discricionária enquanto princípio, mas acarreta em vinculação
quando realizada efetivamente.
1. Delegação de competência (continuação)
 Avocar significa chamar para si, em sentido
vertical e superior, o desempenho de
determinada tarefa reconhecida
regimentalmente ou por delegação precária a
agente inferior.
 Redistribuir é repassar a atribuição
originalmente deferida a certo agente ou órgão
e incumbir a outro da sua realização.
1. Controle
 Controlar acarreta na atividade fiscalizatória, de
vigilância, de conservação e de manutenção do
serviço público. Viabiliza também a legítima
atuação correicional disciplinar e reparadora.
Revela-se como instrumento de supervisão
exercido por órgãos superiores de administração.
Aplicado tanto no âmbito interno da
Administração direta como também em relação à
entidades de Administração indireta, no sentido de
verificação da consecução de seus fins
institucionais. Neste sentido, chega mesmo a
justificar o implemento da intervenção.
Consideram-se princípios reconhecidos aqueles
que, embora não contemplados explicitamente
pelo ordenamento jurídico-positivo (diplomas
jurídicos), permeiam toda a malha que compõe o
tecido do Direito Administrativo.
São preceitos consagrados de forma mais evidente
pela atividade doutrinária e jurisprudencial, que
com seus instrumentos colaboram na consolidação
e conscientização de certos valores fundamentais
para o conhecimento e a interpretação dos
fenômenos jurídicos de direito administrativo.
Supremacia do interesse público
Indisponibilidade do interesse público
Auto-executoriedade
Presunção de legitimidade
Continuidade do serviço público
1. Supremacia do interessa público
 O convívio social demonstra que é conditio sine qua non a renúncia
individual de pretensões particulares projetadas sobre bens que
afetam a coletividade. A invocação desse princípio é devida
quando torna viável produção de benefícios a serem gozados por
todos aqueles que integram a comunidade.
 Outro aspecto a ser salientado é o caráter relativo desse princípio.
Em face do princípio da legalidade (lato sensu), sua aplicação é
devida somente naquelas hipóteses em que não haja reserva
constitucional da matéria.
 O legislador constituinte norteia a sua produção normativa. Ao
estabelecer regras que prestigiam direitos individuais
fundamentais, subtrai do Poder Público a capacidade de fazer
sobrepor o interesse público ao particular. Assim, a supremacia do
interesse público não pode ser invocada nas hipóteses tuteladas
pela Carta Magna gravadas com o dogma de cláusulas pétreas.
1. Indisponibilidade do interesse público
 A indisponibilidade do interesse público subtrai do
administrador as capacidades próprias de quem
titulariza o domínio. Assim, um dos corolários mais
expressivos dessa limitação encontra-se na
inarredabilidade, na indeclinabilidade, na
inadmissibilidade de o administrador deliberadamente
negar-se em cuidar daquilo que constitui sua razão e
finalidade.
 Não gozar da livre disposição do bem que administra
significa não ter a capacidade para desfazer-se do bem,
de não poder furtar-se de sua atribuição na guarda e
conservação do bem, de não poder transmitir a
terceiros a incumbência de zelar, tratar e vigiar.
2. Indisponibilidade do interesse público (continuação)
Da indisponibilidade do interesse público resultam a
inalienabilidade e a impenhorabilidade dos bens públicos, o
recurso de ofício em uma série de processos administrativos
e judiciais, a prerrogativa de avocação de competência, o
não repasse da titularidade dos direitos concernentes à
própria prestação dos serviços públicos delegados (serviços
autorizatários, permissionários e concessionários), a
previsão de infrações administrativas e criminais que
inadmitem a condescendência para com o infrator, a
compulsoriedade da apuração da prática de infração
disciplinar mediante sindicância sumária ou PAD (processo
administrativo disciplinar), o regime tributário da isonomia,
etc.
1. Auto-executoriedade
 Princípio que reconhece a função administrativa como
atividade estatal autônoma. De fato, se a condução dos
negócios e interesses da Administração Pública deve
obediência ao princípio da legalidade, não há razão
jurídica para submeter-se a ação administrativa a uma
prévia avaliação de um órgão jurisdicional ou
legislativo.
 A auto-executoriedade dispensa a Administração
(observe-se que não estamos falando do Poder
Executivo, mas sim de toda máquina administrativa
pública, não importando em que estrutura ela se
encontre incrustada) de depender da anuência de uma
organização não-administrativa para a implementação
1. Presunção de legitimidade
 Esse princípio abrange dois aspectos: a
presunção de veracidade (verdade) e a
presunção da legalidade.
 A presunção de veracidade refere-se à certeza
dos fatos sobre os quais incide a atividade
administrativa.
 A presunção de legalidade reside no fato de
que a atividade administrativa encontra-se
visceralmente associada a uma lei ou norma
que lhe dá suporte de validade.
1. Presunção de legitimidade (continuação)
 Assim, a presunção de legitimidade ostenta a
prerrogativa iuris tantum de fazer prevalecer a sua
pretensão, até prova em contrário, pois supõe-se legal e
verdadeira as razões e fatos motivadores alegados pela
Administração no sentido de executar determinada
atividade administrativa.
 “Como conseqüência da presunção de legitimidade, as
decisões administrativas são de execução imediata e
têm a possibilidade de criar obrigações para o
particular, independentemente de sua concordância e,
em determinadas hipóteses, podem ser executadas pela
própria Administração, mediante meios diretos ou
indiretos de coação”. (M.S.Z.Pietro)
1. Continuidade do serviço público
 Considerando a essencialidade dos serviços prestados pela
Administração Pública, estes não podem parar.
Notadamente os serviços que ficam sob a competência direta
do Estado-administração refletem imediatamente na vida da
coletividade. Assim, são serviços que não podem deixar de
ser prestados, sob pena de desarticulação da organização
social.
 Derivam desse princípio várias situações que ensejam um
regime jurídico especial, tais como a greve no serviço
público, a rescisão unilateral de contratos administrativos, a
encampação, a própria estabilidade dos servidores
ocupantes de cargos efetivos, a contemplação dos institutos
da suplência e da interinidade, da delegação de
competência, da substituição, da reclamação e do direito de
Parte 2
- Regime jurídico administrativo
Noção
 Entende-se por regime jurídico o conjunto de regras que estabelecem os
direitos, deveres, obrigações, proibições, responsabilidades, garantias,
vantagens e penalidades, tutelados por um ordenamento, ao qual
estarão sujeitos os agentes e operadores do direito.
 O regime jurídico administrativo, por sua vez, assimila os dogmas,
princípios e valores que fundamentam o direito público consagrando-os
em normas que vão compor o ordenamento jurídico-administrativo
onde são preservadas as noções de supremacia do interesse público
sobre o particular. É com base nesse regime jurídico especial que o
Estado goza de prerrogativas e privilégios em face daqueles que se
relacionam com a Administração Pública, caracterizando uma relação
jurídica onde não se fala, a princípio, em igualdade entre as partes. O
interesse público posto sob a administração do Poder Público exige a
supremacia de suas pretensões sobre aquelas almejadas pelo interesse
particular.
Noção (continuação)
 “O regime jurídico administrativo caracteriza-se por
prerrogativas e sujeições; as primeiras conferem poderes
à Administração, que a colocam numa posição de
supremacia sobre o particular; às sujeições são impostas
como limites à atuação administrativa, necessários para
garantir o respeito às finalidades públicas e aos direitos
dos cidadãos.”
(Maria Sylvia Zanella di Pietro)
Implicações:
o exercício do poder discricionário (liberdade
para a tomada de decisões que resultem de
uma avaliação de conveniência, oportunidade,
utilidade, necessidade, adequação, eficiência,
etc.);
a invocação de cláusulas exorbitantes que
deferem à Administração Pública prerrogativas
contratuais impensáveis nas relações de direito
privado, como por exemplo a rescisão
unilateral de contrato;
Implicações: (continuação)
a imposição de serviços honoríficos aos cidadãos
em circunstâncias especiais;
o recurso ex officio em determinados processos
administrativos nos quais a Administração tenha o
seu interesse sucumbido ante o interesse
particular;
a nomeação de servidor para o provimento de
cargo público em comissão ad nutum; a
formalidade dos atos administrativos e a
necessária competência funcional para a sua
implementação; etc.
Implicações: (continuação)
obrigação do servidor titular de cargo efetivo
que vai gozar férias comunicar à sua imediata
chefia o local onde possa ser encontrado;
estabelecimento pela Administração do
período de férias, bem como do parcelamento
da mesma, segundo a necessidade do serviço;
remoção ex officio do servidor titular de cargo
efetivo para uma nova unidade, ainda que em
sede distinta (outra municipalidade);
Implicações: (continuação)
 embora para a multa, taxas e despesas com a
remoção e estada de veículos apreendidos em caso
de infração de trânsito, o proprietário somente
poderá retirá-lo do depósito onde se encontra o seu
automóvel após o reparo de todos os componentes
ou equipamentos obrigatórios que não estejam em
prefeito estado de funcionamento;
 requisição administrativa, CF/88, Art. 5o XXV - em
caso de iminente perigo público a autoridade
competente poderá usar da propriedade particular,
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se
houver dano;
Implicações: (continuação)
estabelecimento de condições especiais de
fiscalização de obras e serviços públicos;
as várias faculdades decorrentes do exercício
do poder administrativo de polícia;
Implicações: (fim)
 no campo tributário, estabelece a Constituição
Federal em seu art. 145, § 1o que “sempre que
possível, os impostos terão caráter pessoal e serão
graduados segundo a capacidade econômica do
contribuinte, facultado à administração
tributária, especialmente para conferir efetividade a
esses objetivos, identificar, respeitados os direitos
individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os
rendimentos e as atividades econômicas do
contribuinte.”
Parte 3 – A Administração Pública
-Conceito

-Natureza

-Fins (Teleologia)
-Sentidos Material e Formal

-Estrutura básica
Conceito de Administração Pública: é o
complexo formado pelas entidades, órgãos e
agentes públicos constituídos pelo Poder
Público para a consecução da atividade estatal
visando à satisfação do bem comum pela
implementação de serviços públicos.
Entidades públicas: são as pessoas jurídicas de
direito público ou de direito privado
prestadoras de serviços públicos.
Entidades públicas
Cabe às entidades públicas responderem pelos
deveres e obrigações que repousam sobre os
ombros da Administração Pública. Entretanto,
se pelas entidades públicas a Administração
responde pelos atos de administração estatal, é
também por intermédio delas que o Poder
Público goza de direitos e exerce prerrogativas
próprias da condição estatal.
Entidades públicas (continuação)
As entidades de administração pública se
apresentam nas seguintes espécies:
a) entidades estatais;
b) entidades autárquicas;
c) entidades fundacionais;
d) empresas governamentais.
Órgãos públicos
São centros de competência, desprovidos de
personalidade jurídica e instituídos para a
consecução de serviços públicos específicos
conforme a natureza e o grau de
especialização de suas respectivas áreas de
atuação funcional.
Por serem desprovidos de personalidade
jurídica os órgãos públicos não assumem
direitos e obrigações em face da relação que
travam com os usuários do serviço público.
Órgãos públicos (continuação)
A rigor, a relação havida entre o usuário e o
órgão público é de natureza operacional
executiva, ou seja, ao realizar o serviço público
para o qual foi instituído o órgão público não o
faz em nome próprio, pois que está inserido no
corpo de uma entidade pública. Esta sim,
provida de personalidade jurídica, dispõe da
capacidade e das qualidades jurídicas
necessárias.
Órgãos públicos (continuação)
Assim, a título de ilustração, temos a entidade
estatal federal representada pela pessoa da
União. Esta, por sua vez, é integrada dos
órgãos que compõem o Poder Executivo da
União, o Poder Legislativo da União, o Poder
Judiciário da União, o Ministério Público da
União e o Tribunal de Constas da União. Cada
um desses órgãos integra a pessoa jurídica da
União e se constituem em verdadeiros centros
de competência funcional.
Órgãos públicos (continuação)
Agentes públicos
São as pessoas físicas que, imbuídas do
princípio da impessoalidade, materializam,
concretizam, efetivam a prestação do serviço
público, conforme a natureza da sua
investidura.
Administração pública: Natureza jurídica
É a de um encargo, múnus público.
Este encargo é atribuído ao Estado que por
intermédio de suas entidades (pessoas jurídicas
de direito público ou privado prestadoras de
serviços públicos) assume o papel institucional
de defesa, conservação, guarda e
aprimoramento dos bens, valores e serviços de
interesse da coletividade.
Administração pública: Fins (teleologia)
 A Administração Pública, que não se justifica por si mesma
como instituição dissociada de uma realidade social, assume o
dever jurídico de implementar as atividades vocacionadas à
concretização das aspirações constitucionais fulcradas no art.
3º. Essa perspectiva confere a natureza instrumental ínsita a
qualquer entidade administrativa, pública ou privada.
 Os preceitos normativos reveladores das finalidades do Estado
têm a capacidade de vincular (estabelecendo um dever
indelegável, indeclinável, intransferível e indisponível) toda
atividade estatal a um determinado objetivo. Portanto, o agir
da Administração Pública não fica ao alvedrio, ao talante do
administrador, pois que assume a natureza de dever
juridicamente estabelecido em diploma próprio (princípio da
legalidade).
Sentidos material e formal.
 O termo “administração pública” comporta os dois
sentidos. Ora pode ser utilizada num sentido, ora
em outro.
 Quando se emprega o termo “administração
pública em sentido material” a pretensão do
discurso é enfocar a natureza do serviço, se típico
de administração pública ou de administração
privada. Assim, por exemplo, educação e ensino
são, reconhecidamente, serviços de administração
pública, embora nem sempre prestados pela
Administração Pública.
Sentidos material e formal. (continuação)
No sentido formal salienta-se o agente, o órgão
ou a entidade prestadora do serviço.Neste
sentido, educação e ensino podem ser
prestados tanto pela Administração Pública
como pela Administração Privada.
Administração pública: Estrutura básica
Direta x Indireta
Direta: compõe o seguimento da
Administração direta o conjunto de órgãos
essenciais de Estado que formam as diversas
entidades estatais.
Indireta: é constituída das entidades
autárquicas, fundacionais e das empresas
governamentais (sociedades de economia mista
e empresas públicas).
Administração pública: Estrutura básica
(continuação)
Administração pública: Estrutura básica (continuação)

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