Considerações Metalúrgicas de Fabricação de Aços

para Tubos API 5L

Rajindra Clement Ratnapuli

62o Congresso Anual da ABM 23 a 27 de Julho de 2007-Vitória-ES

Cénario - Brasil
 IMPULSIONADORES DE MERCADO

Indústria Energética Indústria Petrolífera

API 5L API 5CT

Tubos API 5L oferecem a OCTG – Oil Country Tubular Goods
condição mais econômica (casing, tubulares)
para TRANSPORTAR
grandes quantidades de Gás
e Óleo a longa distância
 Matriz Energética – Ano 2003

Consumo*:
50 49%
Ano 2003=14bim3
2030=48bim3
45
Percentual de Gás Natural

40
na Matriz Energética

35
30 30%
27%
25
20
15 15%-Previsão
11% até 2030
10
5 2,40%
0
Argentina Inglaterra EUA Japão Brasil
País
* Energy Information Asssociation
 Tubos API 5L Conforme a Norma

Grau Processamento Fabricação

API 5L B
Dutos X 42
X 46
X 52 - TMCR,TMCP Soldagem por
X 56 - (Tratamento HFIERW
X 60 térmico) SAW
X 65
X 70
X 80 Brasil

X 90
Futuro X 100 SAW (U-O-E)
X 120

Tubos de Ultra Alta Resistência

 Capacitação Tecnológica

Grau API Produto Situação

Non-Sour

Até X 70 CG + TQ Consolidada

X 80 CG + TQ Em desenvolvimento

Sour Service
(HIC)

Até X65 CG + TQ Consolidada para NACE Solução B (pH=5)

Perspectivas*

Sour Service CG + TQ NACE Solução A (pH=3,5), até Grau X 65

X 80 CG + TQ
*
Necessitam novos investimentos:
X 90 CG Aciaria, Laminação + Resfriamento acelerado,
Prensas potentes de U-O-E,
X100 CG Processos de soldagem e Consumíveis

X120 CG
 Economias do Projeto

A procura para Tubos API graus mais elevadas (X 80 até X 120)

O volume de Gás Transportado
ao longo da uma distância L (km) é
dada como:

0.5
P − P  2 2
P1 + P2
Q( m / d ) = Const.
3

1
.Di
2 .5
2
Pm =
 L  2

Di P1 P2 Di = diâmetro interno

Quanto maior a pressão interna (P1) e o diâmetro interno (Di)

maior será a vazão (Q)
 No limite

A pressão interna, P1 = P (Pressão máx. permitida de operação)

onde

Sh= tensão circunferencial

 2t   2t  t = espessura
P = S h .  = k .σ LEMS .  De= diâmetro externo
 De   De  k = 0.50 – 0.80
= 0.72 (valor típico)

Conclusão:

Para uma determinada geometria do tubo (t e De), a vazão máxima é

limitada pelo o valor do Limite de Escoamento Mínimo Especificado (σ LEMS) do
Tubo

A viabilidade econômica exige tubos de elevada resistência mecânica

 Opções Econômicas

A – Diâmetros menores e espessuras finas diminuem os custos de:

material

manuseio

soldagem (consumíveis)

instalação

B – Diâmetros maiores aumentam a quantidade de gás transportada

 Fluxo de Produção

Especificação - qualidade, composição química, propriedades mecânicas

Cliente

- sistema de liga
Usina Projeto de qualidade -
processamento

- refino primário (LD, FE)

Aço líquido
- refino secundário (tratamento na panela, CAS-OB,
Usina-
FP, desgaseificação)
Aciaria
Solidificação - lingotamento contínuo

Usina-
Linhas de Processamento - processo controlado termomecânico (TMCP)
CG e TQ a quente

- conformação a frio
Fabricação de tubo - processo ERW, SAW
Fábrica
de Tubos
Produto final - tubos U-O-E, ERW, Helicoidal (Espiral)
(competitivo)
Sistema de liga dos aços para tubos API até Grau X 120
A seleção da composição química dos aços API é baseada
nas seguintes considerações:

- qualidade metalúrgica do produto ( defeitos, segregação)

- propriedades mecânicas desejadas

- conformabilidade a frio (e a quente)

- soldabilidade

- aplicação

- custo
A composição química dos aços API 5L é caracterizada por:

Aços acalmados ao Al-Si

Baixos teores de C (< 0,10%)

Combinação, baixo C + alto Mn
Teores de Mn até 2,0 %

Adições (às vezes) de um ou mais dos elementos de liga

Ni, Cu, Cr, Mo, (B) são necessárias para:

- diminuir a temperatura de transformação austenita – ferrita (Ar3)

- endurecimento por solução sólida (com exceção de B)

Adições de uma ou mais das Microligas, Nb, V e Ti são necessárias para:

- refinamento de grão

- endurecimento por precipitação

(O elemento mais potente entre os três é Nb)

Nb + V + Ti < 0,15

Nb < 0,06
Graus X90, X100, X120
V < 0,08

Ti < 0,030
 O elemento principal dos aços API é o Carbono

Elevados teores de C ( > 0,10):

- na faixa peritética provocam defeitos superficiais na placa

- aumentam micro-segregação durante solidificação

- diminuem a ductilidade e tanacidade do aço

- aumentam a quantidade de perlita e o limite de resistência (LR)

- aumentam o carbono equivalente

CE(IIW)=C+Mn/6+(Ni+Cu)/15+(Cr+Mo+V)/5

Pcm = C+(Cu+Mn+Cr)/20+ Si/30+Ni/60+Mo/15+V/10+5B, C<0,12%

Altos valores de CE e Pcm:

- aumentam a temperabilidade da ZAC
- facilitam a formação de Martensita na ZAC – assim aumentam os
valores de dureza na ZAC
 Aplicação da Tecnologia de TiN

- Elevada afinidade para N. Diminui o teor de N livre.

- Melhorar a ductilidade a quente (TiN versus AlN)

implicações para Ling. Contínuo

- Inibir o crescimento de grão austenítico a alta temperatura, >1050/1100°C

Durante reaquecimento da placa

Durante soldagem, reduz a RGG na ZAC, capaz de melhorar a tenacidade da ZAC

Para isto, a razão Ti/N < 3.41

TGγ = constante . (r / Vprecipitados)

- Precipitados grosseiros de TiN ( r > 0.5 µm)

Iniciação de fratura frágil por clivagem

Sítios de nucleação de trincas de HIC
 Elementos Residuais Limpidez + Microsegregação

Os Controles

S < 0,004 aplicação não crítica até grau X120

S < 0,001% e tratado com Ca sour service (HIC e SOHIC)

Controle de morfologia das inclusóes não metálicas (MnS +Al2O3)

Globularização de inclusões = Função (Ca/S e teor de O)

>2 < 20 ppm

P < 0,020% aplicação não crítica

P < 0.015% sour service (HIC e SOHIC)

para graus X90, X100 e X120)

O < 30 ppm, preferencialmente < 20 ppm

S+O Aumenta a quantidade de inclusões não metálicas:

MnS, Al2O3 e oxisulfetos de cálcio-CaAl(OS)

N = 0,0030 a 0,0080%

Al/N > 2 para aços acalmado ao Al

H < 2 ppm (no produto)

Defeitos (trincas) internos – recusa por UST aumenta com H

Fragilização

Torna-se crítico com resfriamento acelerado após laminação

 -
Solidificação e Microsegregação – Lingotamento Contínuo
 Esquemática de Solidificação

Elementos Propícios a Microsegregação:

C-S-P-O-N-H (baixos valores de coeficiente de partição)

Inclusões não metálicas (e TiN) interdendríticas Inclusões não metálicas concentram

na região central - equiaxial

Solidificação <100>

Flutua Aço líquido

Molde resfriado
com água Espaço interdendrítico
rico em S, P, Mn
Dendrita primária
rico em C

Dendrita secundária
Zona coquilhada
 Microsegregação e Bandeamento

P, Mn C
Periodicidade da comp. química

Perlita

Transformação
austenita F+P Ferrita

Perlita

Dendritas de
austenita

Produto laminado a quente bandeado

 Microestrutura Bandeada

Ferrita-Perlita bandeada Trincas de HIC degrau

API X 60, C-Mn-Nb-V-Ti

Minimização da Intensidade de Bandeamento

Redução de teores de C, Mn, P
Controle de parâmetros de Ling. Contínuo
(superaquecimento, resfriamento secundário)
Redistribuição de C com resfriamento acelerado após laminação
Microsegregação – Os Efeitos
- Bandeamento

- Trincas de solidificação na solda [C, S, P, FeS, (MnS+MnO)]

- Liquação na ZAC [ S, Mn, P, MnS, FeS] – trinca intergranular

Bandeamento – Os Efeitos
- Facilita a formação de Trincas em Gancho (Hook Cracks) em tubos ERW

- Nucleação e propagação de trincas degrau (HIC)

Processo Controlado Termomecânico – até Grau X120
(Thermomechanical Control Processing - TMCP )

Laminação Controlada + Resfriamento Acelerado

 Fases de TMCP

1 - Reaquecimento da Placa (Treaq = 1150 - 1250C)

Os Controles

- Temperatura de solubilização dos precipitados (NbC)

- Tempo de solubilização (tempo de permanência)

- Crescimento do tamanho de grão austenítico

Solubilização de NbC

0.20
7.75/1
Precipitados grosseiros

ica
metr Precipitados finos
quio

0.15 Nb em solução
este

1200C 1250C − 6770

Log ( Nb.C ) = + 2,26 Gladman
T
a
Linh

Projeto HTP da CBMM

0.10

%Nb
0.06
5
0.05

900C

0.00
0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 0.10 0.12 0.14
%C
 Fases de TMCP

2 - Desbaste (Tnr < T < Treaq Fase γ)

Refinamento de grão por recristalização estática

Objetivo: Obter um tamanho de grão austenítico fino e recristalizado

20 – 40 µm

1
d rex = 0,50 * d 0 , 67
O *
ε
Elevadas reduções por passe
– necessitam laminadores potentes

R ( H − h)
Altos valores de fatores de forma ( 2 >1 )
H +h
Refinamento de Grãos por Recristalização Dinâmica
(Capaz de ocorre na Linha de TQ)

σ s = C.Log (ε • e Q / RT ) = CLogZ Tensão(σ )

σp

 • RT Q
 D
LogZ = Log  ε .e =
 d σs
εc εp
  rex
Deformação(ε )

Z = Parâmetro de Zener - Holloman

C, D constantes

 R π 1  1 
Taxa de deformação ε =  N
•
. . ln  
 H  30 r  1 − r 

Função do laminador

Escala de passe

Sekine-NSC
 Fases de TMCP

3 - Acabamento (T < Tnr ou T < Tnr + 50/150C Fase γ )

CG TQ

Ausenita inicial (poligonal) Sv (mm /mm )

2 3
Redução total (R) < Tnr
aumenta após desbaste ~30µm aumenta
67 mm-1
Au (d=30µm)
ste
n it
ap
60 a 80% R > 30% an
qu
ec
ad
a
~400 mm-1
(d=4µm)
Bandas de deformação

Quanto maior a redução total (R), maior será

a razão área/volume da austenita deformada Sv
 Fases de TMCP

4 - Transformação γ ⇒α Resfriamento ao Ar
Resfriamento acelerado (T = Ar3)

10 -
Resfriamento acelerado
Sv=0.43NL+2.57NZ-1.0NT
ou
8- SV=NLO(2.57/(1-R)-0.43R-0.57)
Sv = 180 mm-1 11µm
TGf (um)

6-
Austenita recristalizada
V-Ti
4- Sv = 760 mm-1 3µm
F+P
Austenita não recristalizada
Nb-Ti
2-

Ao ar 1.7C/s Bs+MA
5 mm
0-
0 2 4 6 8 10 12 16
Taxa de resfriamento (0C/s)
Cuddy J. L, 1985
 Produtos de Transformação à Baixa Temperatura
0,10C

1200

1100 0,06C

1000 C - 1,90Mn – Nb - Ti - B X120 (F+B)fina+ MA

900
LR (Mpa)

X100
800 (F+B)fina+ MA

700
620 X80
600

500 FA
Bainita Bainita Ferrita
Martensita
inferior superior perlita
400
300 400 500 600 700 800
Temperatura de transformação (50%) austenita-ferrita (°C)
Hitoshi Asahi NSC 2004
 Efeito da Composição Química e da Taxa de Resfriamento
DQ
~40°C/s

Contribuição do resfriamento
V °C/s IACC
~20°C/s
Ao ar Ao ar
ou~5°C/s ou~10°C/s
0,51 0,51

0,46

0,44

Ceq 0,42 Contribuição da composição química

0,40

0,38 Grau API

X65 X70 X80 X100 X120

LE (MPa)
448 483 552 690 828
Shutz W. et al
 Parâmetros de produção para Tubos API 5L X80 e X100

1000
0,06C-1,80Mn-0,06Nb+Ni+Mo
Esp = 20 mm Tfim

V >20°C/s 100°C IACC

900
300°C
LR (Mpa)

X 100 IACC

800

500°C ACC
700 V ~10°C/s

625 X 80
600
0,16 0,18 0,20 0,22
Pcm
Kawasaki
Propriedades Mecânicas do Tubo
 Curva Tensão - Deformação
Tensão (σ)

LR
Razão elástica=LE/LR

LE Encruamento (∆σ/∆e) Ruptura

∆x
Patamar de escoamento

et=Alongamento total=eu+ed

eu=Alongamento uniforme
ed=Alongamento não-uniforme

Deformação (e)

Algo: Alta resistência (LR) + Elevada ductilidade (alongamento total)

a
et = eu + k.
l
Função de encruamento, n

Função da limpidez (S+O)

Função da geometria do CP
(l=base de medida, a=área de seção)
 Características da curva Tensão - Deformação

Curva Contínua Curva Descontínua

- Patamar de escoamento (∆x) ∆x=0 ∆x>0

- Razão elástica (LE/LR) Baixa (0.75-0,87) Alta (0.85-0.93)

- Coeficiente de encruamento Alto Baixo

ε dσ
(n, )
σ dε
•Alta •Baixa
dσ •Supera o efeito
- Taxa de ecruamento = •Efeito Bauschinger
dε Bauschinger predominante
•LE(tubo) > LE(chapa) •LE(tubo) < LE(chapa)

- Microestrutura e sistema de liga •Ferrita acicular •Ferrita-perlita

C-1.70 Mn-Nb-Mo C-Mn-Nb- V-Ti

•Baixo C-bainítico •Martensita revenida

C- 1.70Mn-Nb-T-B

•Dual phase
C-Si-Mn-Cr-Mo
 Exigências dos Tubos API 5L com Ultra Alta Resistência

Grau Processo LEMS LE/LR Ceq Pcm Cv (J)(1) Cv (J) DWTT

MPa máx máx máx Solda MB Área ductil

X80 TMCP 550 0,93 0,43 0,22 40-70 148 85% a 0C

X90 625 0,95 0,48 40-80

Não
definida
X100 690 0,97 0,51 40-95

X120 830 0,99 0,51 40-110

Espessura = 20 mm máx

Obs: (1) quanto maior o diâm. maior será o valor de Cv

 Conclusões

• Tubos API são produtos de alto valor agregado com elevado

conteúdo tecnológico

• A toda linha de produção desde a aciaria, processamento a quente

(CG e BQ) e fabricação de tubo deve respeitar os conhecimentos
metalúrgico-mecânicos já estabelecidos

• Devida atenção deve ser dada para melhorar a limpidez do aço

e reduzir a microsegregação dos elementos como S, P, O, N e H,
visando melhorar o comportamento do metal base e da junta soldada.

• O processo TMCP oferece um meio eficiente para produzir graus

API X80 até X120 com baixos valores de CE (<0.51) e Pcm (<0.22)
e graus API para sour service

• Um dos desafios na produção de tubos API com graus mais

elevados (>X80) será o balanceamento adequado de tenacidade,
resistência mecânica e a soldabilidade do tubo no campo