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Seminário – 30/03

A FORMAÇÃO DE
COMUNIDADES E REDES
SOCIAIS NO CIBERESPAÇO
Apresentação

NUMBAUMER, Gisele. “Das Comunidades Clássicas


às virtuais”

RECUERO, Raquel. “Dinâmicas das redes sociais no


Orkut e Capital Social

SCHERER-WARREN, Ilse. “Redes sociais na


sociedade da Informação”
Das Comunidades Clássicas às Virtuais

Novas formas de sociabilidade -> Comunicação


Digital -> Novos tipos de agregação ->
Comunidades virtuais

Comunidades Virtuais versus Comunidades


Clássicas  -> Semelhanças e Diferenças

Ferdinand Tönnies: Gemeinschaft (comunidade) e


Gesellschaft (sociedade)
As Comunidades Clássicas e as
Contemporâneas: Tönnies

Ferdinand Tönnies (Comunidade e Sociedade, 1887):


 Gemeinschaft (comunidade)–Vontade natural não refletida

 Laços de sangue (família); de vizinhança (vila/bairro) e


espiritual (religião/amizade). Laços de natureza orgânica,
efetiva e espiritual
 Sentimento de pertencimento supera às diferenças e o coletivo
ultrapassa o individual
 Compreensão de sentimentos recíprocos é inerente à
comunidade
 Caracterizada pela proximidade social e espacial dos membros
As Comunidades Clássicas e as
Contemporâneas: Tönnies

Gesellschaft (sociedade) – Vontade refletida


Antítese da comunidade

Relações baseadas em interesses pessoais: Troca,


comércio, indústria e ciência

Indivíduos caminham separados = estrangeiros entre si


Individualismo

Afetividade e o orgânico cedem lugar à ativ. Comercial.


As Comunidades Clássicas e as
Contemporâneas: Tönnies
Interesse coletivo suplanta o individual, pertencimento
se sobrepõe à diferença

Modelo de Tönnies  Modelo Societário


Substitui o modelo proposto por Tönnies
Burocracia, Mercantilização, Racionalismo,
Individualismo.
---
Retomada da idéia de Comunidade como reação ao
modelo societário
Crítica do modelo de vida, valores e estrutura sócio-
econômica.
As Comunidades Clássicas e as
Contemporâneas: Janne

Henri Janne:

Interesse atual pelas relações comunitárias não é


busca, retomada ou prolongamento das
comunidades tradicionais ou resistência ao modelo
societário.

Polaridade Sociedade e Comunidade não serve mais


As Comunidades Clássicas e as
Contemporâneas: Janne

Quatro tipos de relações sociais:

 1. Comunitário tradicional, dominante na sociedade


ocidental desde a origem até a Rev. Industrial
 2. Societário clássico, Desenvolve-se a partir da Rev.
Industrial e é alterado pelo Estado Contemporâneo
 3. Neo-societário se desenvolve Depois da 2ª Guerra.
Burocratização, tecnocracia, alienação...
 4. Neo-comunitário, se insere numa sociedade
societária.
As Comunidades Clássicas e as
Contemporâneas: Janne e Bolle de Bal

Relação social de tipo neo-comunitário:

Comunidades “dadas” versus comunidades “criadas”


Relações que libertam o indivíduo da alienação neo-
societária e enriquecem personalidades empobrecidas
pelo excesso de racionalidade e falta de afetividade
Bolle de Ball: “Cultura de Religação (comunitária)”
Necessidade de comunicação, expressão, de afetividade
Comunitários: Estilo de vida diferente da lógica
societária vigente. Ímpeto contestatório
As Comunidades Clássicas e as
Contemporâneas: Bollede Bal

Bolle de Bal: Diversidade de comunidades possíveis na


contemporaneidade:
 Comunidade Militante: Projeto de transformação da sociedade,
voltada para o exterior
 Comunidade Maiêutica: Visa o interior, transformar os modelos
tradicionais de relações, novos tipos de troca e diálogo. Nova
cultura.
 Comunidade: União de indivíduos por um mesmo ideal ou em
busca de mesmo estilo de vida. Desejo de religação: “A si, aos
outros, à sociedade”. Oposição ao caráter fechado e burocrático
atual
As Comunidades Clássicas e as
Contemporâneas: Bolle de Bal

Duas dimensões de religação na vida em


comunidade
 Interpessoal: Entre atores sociais individuais -> Tolerância, partilha,
abertura
 Grupal: Entre o ator social individual e o ator social coletivo que
constitui a comunidade -> Funcionamento das coletividades humanas,
regras, tradições
 Comunidades favorecem a descoberta de si, abertura aos próprios
desejos, atitudes e contradições. Afirmação de identidade e
personalidade.
 Comunidade enquanto refúgio, solução esperada para problemas de
indivíduos que estão à margem da sociedade, são inadequados aos
olhos da sociedade.
As Comunidades Clássicas e as
Contemporâneas: Bolle de Bal

Porém, Bolle de Bal também enxerga a possibilidade


das Comunidades isolarem o indivíduo. Desejo de
engajamento e isolamento sempre presentes.
 Plano Político (Militante): Tanto Isolamento externo,
mundo externo alienante e destruidor quanto vontade de
mudar o mundo
 Plano Psicológio (Maiêutica): Desejo de engajamento em
nova estrutura de religação, mas esperança de vida
autônoma em relação à cultura do tempo presente
 Cultura atual versus nova cultura
As Comunidades Virtuais

Identificação territorial  Identificações baseadas


em interesses e valores comuns

Supressão de encontros físicos

Rheingold: Comunidade Virtual = Agregadores


sociais surgidos na rede quando os intervenientes de
um debate o levam por diante em número e
sentimento suficientes para formarem teias de
relações no ciberespaço.
As Comunidades Virtuais: Rheingold

Inevitabilidade da construção de Comunidades virtuais


pela acessibilidade – em qualquer lugar – da tecnologia
CMC (=Comunicação Mediada por Computadores)
Desejo de comunidade em oposição ao desaparecimento
de espaços públicos
Facilidade proporcionada pela CMC  interação de
forma inovadora e em conjunto
Espaço cibernético “melhor” que o mundo offline
Retoma Bolle de Bal e sua idéia de “refúgio”, solução para
problemas
As Comunidades Virtuais: Levy

 Comunidade Virtual: Todo grupo de pessoas que se


relacionam através do ciberespaço  Lista de discussão
temporária por e-mail ou comunidade cujos membros
mantém relações intelectuais, afetivas e sociais sólidas,a
longo prazo.
 Desterritorializadas por natureza
 Reúne pessoas para debater mesmos temas ou que tenham
projetos/paixões/idéias em comum passando por fronteiras
geográficas ou institucionais
 Redefinição do espaço físico, de fronteiras
As Comunidades Virtuais: Castells

Preeminência da identidade  três formas de


Construção identitária determinam o caráter das
comunidades
 Legitimadora: Introduzida pelas inst. dominantes da
sociedade para expandir sua dominação
 De Resistência: criada por atores em posição desvalorizada
ou estigmatizada pela lógica dominadora. Opões-se Às inst.
dominantes
 De Projeto: Atores sociais constroem uma nova identidade
capaz de redefinir sua posição na sociedade. Transformar a
estrutura social
As Comunidades Virtuais: Castells

Para Castells, a construção identitária de


Resistência seria a responsável pela formação de
Comunidades virtuais
Elite global dominante = formada por indivíduos
sem identidade marcada versus resistência à
privação de direitos, refúgio nas Comunidades
Virtuais
Foco nos movimentos sociais e resistência à
globalização e reestruturação do Capitalismo
As Comunidades Virtuais:Palácios

Inversão da formação de laços:

Comunidades Clássicas: “Vida real”  encontra-se a


pessoa, troca-se informação, identifica-se interesses
comuns , interage-se e no processo se conhece a
pessoa.

Comunidades virtuais: Processo inverso  Primeiro


há a interação baseado em interesses e só depois se
conhece a pessoa pessoalmente (se tanto).
As Comunidades Virtuais:Palácios

Comunidades Clássicas 
Sentimento de Pertencimento;
Territorialidade (localização);
Permanência;
Ligação entre sentimentos de comunidade,
caráter cooperativo e emergência de projeto
comum;
Existência de formas próprias de Comunicação;
 Tendência à institucionalização
As Comunidades Virtuais:Palácios

Comunidades Virtuais 
Desajuste entre Pertencimento e Localização;
Pertencimento à distância e eletivo;
Territorialidade simbólica  Rede como Não-
Lugar;
Permanência relativa;
Formas de Comunicação: Sem separação entre a
Comunidade virtual e o Meio que lhe dá
origem;
As Comunidades Virtuais: Lemos e Turkle

Lemos:
 Desaparecimento da necessidade de proximidade
geográfica (territorialidade)-> Desterritorialização
 Esforço ativo para se fazer parte da Comunidade Virtual
enquanto na comunidade clássica você se insere do
nascimento
Turkle:
 Estabelecimento de Vínculos Não-Transitórios – Chat-
Rooms não propiciam Comunidades
 Necessidade da “Permanência” para formação de laços
 Cruzamento da experiência da vida com as virtuais
As Comunidades Virtuais: Turkle e Queau

Turkle:
 Listas de discussão – Campo propício para a formação de
laços

Queau:

 Outra experiência ao real; noção de “realidade” em cheque


 Experiência virtual não é irreal, pode ser assimilável às
experiências sensoriais reais  Comunidades em rede não
excluem contato fora delas
As Comunidades Virtuais: Latzko-Toth e Proulx

Refletem as comunidades virtuais a partir da


noção de virtualidade. Partem da definição de
Tönnies (coletivos fundados na proximidade
geográfica e emocional com relações concretas
e diretas entre membros);

Considera paradoxal associar à “comunidade” o


qualitativo “virtual” > Irrealidade, ilusão e
simulação.
As Comunidades Virtuais: Latzko-Toth e Proulx

Três visões acerca do Virtual:


Representação: Virtual subordinado ao Real 
Representação/Simulação. Falsa aproximação da realidade
gerada por computadores, cópia degradada, simulacro
Resolução: Virtual enquanto resolução de um mundo
real cheio de imperfeições  virtual é para o real o que o
perfeito é para o imperfeito. Tecnologia é liberadora e
oferece novos caminhos para a existência do real
Hibridização: Hibridização do Real/Virtual, imanência
do virtual no real. Atual e virtual em constante inter-relação
produtiva.
As Comunidades Virtuais: Latzko-Toth e Proulx

As visões de Resolução e Hibridização são os eixos


em que se baseia o debate sobre Comunidades
virtuais. Na Representação as Comunidades seriam
mera simulação funcional das comunidades reais 
O que Turkle chama de “efeito Disneylandia”

Rheingold e Levy se posicionariam como entusiastas


da Resolução enquanto a Hibridização seria a
fronteira entre real e virtual, entre as culturas físicas
e virtuais.
“Dinâmicas das redes sociais
no Orkut e Capital Social”

RECUERO, RAQUEL

APRESENTAÇÃO – PATRÍCIA B.TEIXEIRA


Estudo

Recuero realizou um estudo sobre as dinâmicas


sociais no Orkut;

Observação principal: relação do capital social com


usuários;

Objetivo: Mostrar a partir das observações dos


comportamentos é sistematizar e inferir o impacto
dos sistemas de interação mediada por computador
nos grupos sociais e nas interações entre as pessoas.
O Orkut

O Orkut, lançado em 2004, tem a função de


construir redes sociais a partir de laços, funciona a
partir de perfis e comunidade.

Permite:
 Interação Mútua – posts de comunidade, onde cada um
escreve o que deseja e pode receber retornos;
 Interação Reativa pode ser considerada social quando alguém
solicita a outrem que seja seu amigo
O Orkut

Proporciona o surgimento de redes sociais, conjunto


de dois elementos:
 Atores – pessoas, instituições ou grupos;
 Conexões

O Orkut proporciona a interação mediada pelo


computador, bem como o estabelecimento e
manutenção das relações sociais.

Permite a ampliação da Rede Social e o acúmulo de


capital. Mas o que é Capital Social?
Capital Social

O valor e o resultado das conexões de uma rede


social é o que podemos chamar de Capital Social.

Putnam descreve como elemento fundamental para a


constituição e o desenvolvimento das comunidades.
Ele argumenta, justamente, a importância do capital
social para o desenvolvimento econômico da
sociedade.
Capital Social
 O Capital social é o  O capital social é definido por sua
agregado dos recursos função. Não é uma entidade única,
atuais e potenciais, os quais mas uma variedade de entidades,
são conectados com a posse com dois elementos em comum:
de uma rede durável, de consistem em um aspecto das
estruturas sociais, e facilitam certas
relações de conhecimento
ações dos atores – tanto corporações
mais ou menos quando pessoas – dentro da
institucionalizadas, ou em estrutura. Como outras formas de
outras palavras, à capital, o capital social é produtivo,
associação a um grupo – o fazendo com que seja possível atingir
qual provê cada um dos certos fins que, sem ele, não seria
membros com o suporte do possíveis de ser atingidos (p. 59)
capital coletivo. (p. 248-249)

Bourdieu (1993) Coleman (1998)


O Capital Social compreende o conjunto de recursos
potenciais que estão presentes nas relações entre as
pessoas, associadas ao pertencimento a uma
coletividade. (Bourdieu, 1983)

Boudieu e Coleman enfatizam:


 O capital social não está nos indivíduos, mas nas relações entre
as pessoas
Capital Social

Sem investimento, os laços tendem a enfraquecer com o


tempo, depreciando o capital social de um determinado
grupo.

Bourdieu diz que o capital social exige esforço de


sociabilidade, ou seja, dispêndio de tempo e energia e de
outras formas de capital (como econômico).

Os sistemas de comunicação mediada por computador


fornecem vantagens fundamentais aos indivíduos, pois
superam os paradigmas de território e da presença,
permitindo que as relações sejam mantidas a distância.
(Lemos, 2004)
Capital Social e Orkut

De acordo com a pesquisa de Recuero, o capital social


encontrado nas comunidades brasileiras do orkut é de
natureza relacional (Soma das relações, laços e trocas que
conectam os indivíduos de uma determinada rede).

O que chama atenção é que não há aprofundamento dos


laços.

A principal função seria se relacionar, encontrar pessoas

O capital social relacional é o motivador do uso do Orkut


no Brasil
Competição no Orkut

Elemento essencial para a existência dos sistemas


sociais. Foi observada no Orkut em duas frentes:
 Visibilidade Social: competem pela atenção dos demais, de
modo a se tornar popular
 Status/Reputação: Competição pelo status social, tanto de
indivíduos como de comunidades.

Conclusão: As dinâmicas sociais observadas pelo


Orkut estão associadas à busca pelo Capital Social.
Grande capacidade de interação Social de um grupo
e de seus laços.
Redes Sociais na Sociedade de
Informação

SCHERER-WARREN, ILSE

APRESENTAÇÃO - CLAUDIO CARVALHO


Redes Sociais na Sociedade de
Informação

a)define a unidade de análise, com base nos atores


sociais envolvidos;
b)redes de relações interindividuais;
c) redes formadoras de ações coletivas;
d)intencionalidade política é elemento relevante para
a análise;
e) construções coletivas a partir da interação em
redes: coletivo em rede e redes de movimentos
sociais;
Tipos de redes

a) Coletivo em redes: conexões em uma primeira instância


comunicacional, instrumentalizada por meio de redes técnicas, de
vários atores ou organizações que visem difundir informações,
buscar apoios solidários ou mesmo estabelecer estratégias de ação
conjuntas (links, conexões que ONGS promovem entre si ou com
outros atores políticos relevantes);

b) Rede de movimentos sociais: redes sociais complexas que


transcendem organizações empiricamente delimitadas e que
conectam, simbólica e solidariamente, sujeitos individuais e atores
coletivos, cujas identidades se constroem em um processo
dialógico.
Processo dialógico

1) De identificações sociais, éticas, culturais e/ou político-ideológicas


(forma a identidade do movimento);

2) De intercâmbios, negociações, definição de campos de conflito e de


resistência aos adversários e aos mecanismos de discriminação,
dominação ou exclusão sistêmica (definem seus adversários com
vistas à transposição dos limites desta situação sistêmica, na
direção da realização de propostas ou projetos alternativos, ou seja,
estabelecem seus objetivos ou constroem um projeto para o
movimento
Questões
Como combinar as abordagens macro e
microsociológicas para o entendimento das relações
sociais (primárias ou secundárias, locais ou globalizadas?
Como combinar as abordagens macro e
microsociológicas para o entendimento da relação entre
agência (das ações individuais às ações coletivas) e
estrutura (institucionalidade do social)
em busca de uma perspectiva relacional para a integração
das partes e do todo, ou entre o individual e o grupal ou
institucional, em um mundo cada vez mais
interconectado pelos processos de informação.
CONFIGURAÇÕES DAS REDES SOCIAIS NA
SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

temporalidade (comunicação em rede em tempo


real, mas que permite a conexão de tempos sociais
distintos);
espacialidade (criação de territorialidade de novo
tipo, virtuais e presenciais, e a conexão entre ambas);
sociabilidade (novas formas de relações sociais,
quando a intensidade, a abrangência, a
intencionalidade e, em especial, a seu significado e
alcance num novo tipo de esfera pública)
AS REDES E O TEMPO SOCIAL

comunicação em tempo real


aproximam a temporalidade histórica (neonazista de
Chiapas)
sinergia entre as redes presenciais e as redes
virtuais
REDES E TERRITÓRIOS

redes sociais primárias -> territórios -> delimitação


geográfica
redes virtuais -> territórios virtuais -> causas ou
ideologia -> influenciam as redes primárias
= dialética entre o local e o mais global; presencial
e virtual; ativismo do cotidiano e o ciberativismo
digital = cidadãos planetarizados
REDES E SOCIABILIDADE

conhecer formas possíveis de sociabilidade na redes,


tensões que podem ocorrer.
Milton Santos: ambigüidade porque as redes são
reais e virtuais, técnicas e sociais, locais e globais,
integradoras e desintegradoras;
Welmann e Wetherell: redes sociais mais globais e
mais locais de forma simultânea, por causa das
conexões do espaço mundial com os assuntos dos
espaços domésticos.
Formas, por categoria analítica

a) reciprocidade: ato de retribuição livre de obrigação e sem expectativa


imediata desta restituição, intercâmbio de atividades. Distribuição de
papéis, serviços e favores. Util aos estudos dirigidos às relações sociais
do cotidiano local.

b) solidariedade: designa um dever decorrente da tomada de consciência


das obrigações recíprocas que ligam todo homem a seus semelhantes.
As redes de solidariedade podem se constituir em movimento social,
extrapolar os limites locais e regionais. Útil para a análise das redes de
mútua ajuda, de ações do voluntariado, da economia solidária. Mance
(2000) afirma que, quando as redes de solidariedade se constituem em
movimento social, extrapolam os limites locais, regionais e atingem
escalas nacionais e internacionais, casos das redes de economia
solidária.
Formas de conexão entre as redes

 relacionadas ao ciclo vital


b) de sobrevivência:
c) de extensão e apoio às tarefas domésticas;
d) de tratamento do ócio;
e) de apoio afetivo.
Características: não se explicita as relações de poder
e é aceita uma hierarquização como normalidade do
social;
Formas, por categoria analítica

c) estratégia: empregada para o entendimento das dinâmicas políticas


dos movimentos sociais. Na sociedade da informação, essa
características das redes sociais possibilitam a difusão da informação
de forma ampla e rápida, conectada às iniciativas locais com as globais
e vice-versa. Têm papel estratégico porque organizam, articulam,
informam e atribuem poder de interesses coletivos e de movimentos
sociais. Como estratégia de comunicação e de “atribuir poder” são as
formas mais expressivas das articulações políticas contemporâneas dos
movimentos sociais. Exemplos: Fóruns Spociais Mundiais, Grandes
Marchas Mundiais.
 estratégicas de denúncias: Diretas Já, Caras Pintadas, Grito dos
Excluídos;
 estratégicas de desobediência civil: (MST);
 estratégicas de combate à exclusão: Ação da Cidadania, Economia
Solidária;
 estratégicas de negociação na esfera pública: Agenda 21, Conselhos
Setoriais, Orçamento Participativo
Formas, por categoria analítica

d) cognição: para se entender o sentido das


transformações sociais encaminhadas pelos
movimentos sociais. Destaca quatro tipos de
movimentos:
Formas, por categoria analítica

 desfundamentalização: a narrativa das redes concebe


os movimentos enquanto coletivos múltiplos,
construídos em torno de projetos alternativos, que
podem servir de pontes de comunicação e de difusão
de novos códigos culturais desenvolvidos pelas redes
para outras redes na sociedade, em oposição aos
códigos das redes dominantes.
 dos essencialismos rumo ao interculturalismo: as
pequenas narrrativas dos novos movimentos sociais
(1970-1990) contribuíram para um essencialismo de
diferenças.
Formas, por categoria analítica

 descentramento: as “grandes narrativas” privilegiam um


sujeito da transformação social. As novas narrativas têm
buscado no pensamento desconstrutivista da pós-
modernidade elementos cognitivos.
 da separação entre teoria e prática ao engajamento
dialógico na rede:as práticas emancipatórias ligadas em
redes trabalham a relação entre conhecimento-
reconhecimento-práxis política (ação movimentalista,
conforme Doimo, 1995).
Em busca das “redes que importam”: redes sociais e
capital social no Twitter

1. Introdução

Aumento considerável de pesquisas sobre as questões que envolvem a estrutura e


os grupos sociais que se apropriam de ferramentas como o Twitter como forma de
difusão de informações nas redes sociais.
A estimativa do número de usuários é baseada em pesquisas independentes já que
a empresa não informa oficialmente número de contas ativas. Em novembro de
2008, Jeremiah Owyang estimou que o Twitter possuia entre 4 a 5 milhões de
usuários, dada a sua rele~vância no ciberespaço. Já em maio de 2009, outro estudo
analisou mais de 11 milhões e meio de contas de usuários (dados publicados pela
Wikipédia).
O presente texto pretende enfocar, por meio de um estudo de caso do uso do
Twitter, como diferentes tipos de redes sociais são criadas por meio da percepção
dos valores apropriados pelos atores (internautas).
Em busca das “redes que importam”: redes sociais e
capital social no Twitter

2. As redes sociais e o Twitter


● O Twitter é uma espécie de rede social que, segundo as autoras Raquel Recuero
e Gabriela Zago, “é uma ferramenta de micromensagens – assim definido por elas,
ao invés de microblog por se considerar que as apropriações conferidas ao Twitter
fizeram com que ele se afastasse da ideia de blog – em que os usuários respondem
à seguinte pergunta: “o que você está fazendo”em até 140 caracteres.
● Muitos autores afirmam que o Twitter está focado na apropriação relacionada ao
acesso à informação, inclusive ao estabelecimento de conversação entre os
usuários (atores).
● “O Twitter também pode ser percebido como um site de rede social, definido como
um espaço da web que permite aos seus usuários construir perfis públicos,a rticular
suas redes de contatos e tornar visíveis essas conexões” (Boyd & Ellison, 2007;
Steinfield & Lampe, 2007). A ferramenta permite ainda, que seus usuários cirem um
perfil público para interagir com outras pessoas por meio das mensagens publicadas
em sua rede de contatos.
Em busca das “redes que importam”: redes sociais e
capital social no Twitter

2. As redes sociais e o Twitter


● Além disso, o espaço virtual permite a personificação do “eu” de seus usuários,
pois a ferramenta permite mudar a imagem de fundo e as cores, tornando o espaço
personalizado, de uma certa forma.
● DIFERENÇA: Há elementos que diferenciam o Twitter dos demais sites de redes
sociais, como o MySpace, Facebook ou Orkut, pois neles, as conexões são
recíprocas, públicas e os links não são diferenciados entre si. Já no Twitter, essas
conexões, além de formar redes sociais por meio de conversações, é possível
formar uma rede de contatos com acesso a determinados valores sociais que não
estariam acessíveis de outra forma.
● Huberman, Romero e Wu (2009) apontam que, no Twitter, os usuários constumam
ter inúmeros contatos, mas interagem, de fato, com poucos deles, ou seja, pode-se
afirmar que no Twitter há duas redes: uma formada por relações de contato
estabelecidas na rede, e outra rede mais escusa, composta pelas relações entre
quem realmente interage com quem.
Em busca das “redes que importam”: redes sociais e
capital social no Twitter

3. Capital Social e redes sociais na Internet


● Capital social é constituído por redes, organizações civis e pela confiança
compartilhada entre as pessoas de interesses comuns, fruto de sua própria
interação social. “Em linhas gerais, o capital social se refere ao conjunto de recursos
coletivos associados a uma rede de atores sociais”(Recuero & Zago, 2009).
● O estudo das redes sociais é o estudo dos “agrupamentos sociais estabelecidos
através da interação mediada pelo computador” (Recuero, 2006, p. 25). Uma rede
social é composta por dois elementos: os atores (ou seja, as pessoas, instituições
ou grupos, que constituem os nós da rede) e suas conexões (ou seja, as relações
que se estabelecem entre os indivíduos) (Recuero, 2006). Diferentes redes sociais
podem ser constituídas de diversas formas em ambientes diversos nos quais haja
relações sociais. Na Internet, as redes sociais se tornam mais visíveis em espaços
como os sites de redes sociais.
●De acordo com boyd e Elisson (2007), o que torna um site de rede social peculiar
não é tanto o fato de que permite conhecer novas pessoas, “mas sim que eles
permitem aos usuários articular e tornar visíveis suas redes sociais” (boyd e Elisson,
2007, online),3 a partir da publicização de suas conexões e listas de contatos.
Em busca das “redes que importam”: redes sociais e
capital social no Twitter

3. Capital Social e redes sociais na Internet


● O capital social constitui um componente importante do estudo das redes sociais.
A noção de capital social está ligada aos valores de um determinado grupo.

● Para Bourdieu (1983), o capital social exige um esforço de sociabilidade, “ou seja,
de dispêndio de tempo e energia e de outras formas de capital de modo indireto (por
exemplo, capital econômico)”.

● Segundo conclusões de Recuero & Zago (2009), “não é claro na literatura como o
capital social pode ser percebido. Por isso, alguns autores escolhem estudá-lo por
meio de seus efeitos nas redes sociais”. Assim como Coleman (1990) que discute a
natureza do capital social por meio de sua expressão em valores como confiança,
normas, informação, autoridade, etc.

● Donath & Boyd (2004) defendem a ideia de que a tecnologia por trás dos sites de
redes sociais propiciam a facilidade de manutenção das conexões, aumentando
assim, o acesso ao capital social.
Em busca das “redes que importam”: redes sociais e
capital social no Twitter

4. Considerações Finais
● De acordo com os resultados obtidos pelas autoras da pesquisa, “A observação
da ferramenta Twitter, associada a uma revisão bibliográfica sobre redes sociais e
microblogs, traz indícios da existência de uma grande variedade de usos sociais
para o Twitter, como nos não raros diálogos estabelecidos entre os usuários, ou no
compartilhamento de informações através de links. Mais do que usar uma
ferramenta para disponibilizar informações, observa-se que a apropriação social do
Twitter resulta em uma diversidade de usos que evidenciam o caráter social do
sistema, vindo a mobilizar diferentes tipos de capital social, e resultando em novas
formas de estabelecer ou manter laços sociais em um ambiente de rede social, em
que os usuários estão conectados entre si e interagem através das mensagens que
trocam entre si”.

● Todas as redes sociais têm valor para os atores sociais, provendo tipos diferentes
de capital social, de acordo com as linhas de interesse pré-estabelecidas por seus
usuários. Não deixa de ser uma forma de disseminar informações de interesse
mútuo e contribuir para evidenciar diferentes tipos de capital social a cada uso.

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