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UNIVERSIDADE

PRESIDENTE
ANTÔNIO CARLOS
PRIMEIRA AULA DE
FRUTICULTURA - I

CULTURA DA BANANEIRA

Professor: Adriano de Almeida Franzão


Introdução
 A banana (Musa spp.) é uma fruta de consumo
universal, sendo umas das mais consumidas no
mundo, e, é comercializada por dúzia, por quilo e
até mesmo por unidade. É rica em carboidratos e
potássio, médio teor em açúcares e vitamina A, e
baixo em proteínas e vitaminas B e C.
 A banana é apreciada por pessoas de todas as
classes e de qualquer idade, que a consomem in
natura, frita, assada, cozida, em calda, em doces
caseiros ou em produtos industrializados.
 A fruta verde é usada in natura com grande sucesso na
desidratação infantil, depois de bem homogeneizada no
liquidificador; seu tanino, revestindo as paredes intestinais
e do tubo digestivo, evita, por ação mecânica, que as
células do órgão continuem se desidratando.
 No meio rural é utilizada, ainda verde, como alimento de
animais, depois de cozida, para eliminar o efeito do tanino
nos intestinos.
 A importância da bananicultura varia de local para local,
assim como de país para país. Por vezes, ela é plantada
para servir de complemento da alimentação da família
(fonte de amido), como receita principal ou complementária
da propriedade ou como fonte de divisas para o país.
 Com freqüência, seu cultivo é feito em condições ecológicas
adversas, mas, em vista da proximidade de um bom
mercado consumidor, esta atividade se torna
economicamente viável.
 Há uma grande diversidade de cultivares, cujos frutos têm
vários sabores e utilizações. O porte das plantas varia de
1,50 m a 8,0 m e seus cachos podem ser compostos por
algumas bananas ou centenas delas.
 Merece realçar que seu tronco não é um tronco e, sim, um
imbricamento de bainhas de folhas. Seu período de vida é
definido pelo aparecimento do “filhote” na superfície do solo
e a sua colheita ou a seca do seu cacho. Entretanto, sua
lavoura é considerada de caráter permanente na área.
 As bananas cultivadas podem ser divididas em duas

classes: as consumidas frescas ou industrializadas e as

consumidas fritas ou assadas, que chamamos de bananas

de fritar ou da terra. Na língua espanhola, apenas as

bananas do subgrupo Cavendish (“Nanica”, “Nanicão”,

“D”água”, etc.) são chamadas de bananas; as demais são

conhecidas por “plátanos”.


Origem da banana
 O gênero Musa, ao qual pertence as bananeiras, foi criado
por Lineu em homenagem a Antonio Musa, médico de
Otávio Augusto, o primeiro imperador de Roma (63 – 14
A.C.). A palavra banana é originária das línguas serra-
leonesa e liberiana (costa ocidental da África), a qual foi
simplesmente incorporada pelos portugueses à sua língua.
 Não se pode indicar com exatidão a origem da bananeira,
pois ela se perde na mitologia grega e indiana. Atualmente
admite-se que seja oriunda do Oriente, do sul da China ou
da Indochina. Há referências da sua presença na Índia,
na Malásia e nas Filipinas, onde tem sido cultivada há mais
de 4.000 anos. A história registra a antigüidade da cultura.
 As bananeiras existem no Brasil desde antes do seu

descobrimento. Quando Cabral aqui chegou, encontrou os


indígenas comendo in natura bananas de um cultivar muito
digestivo que se supõe tratar-se do “Branca” e outro, rico
em amido, que precisava ser cozido antes do consumo,
chamado de “Pacoba” que deve ser o cultivar Pacova. É
interessante lembrar que a palavra pacoba, em guarani,
significa banana. Com o decorrer do tempo, verificou-se
que o “Branca” predominava a região litorânea e o
“Pacova”, a Amazônica.
Classificação botânica
 As bananeiras produtoras de frutos comestíveis foram
classificadas, pela primeira vez, por Linneu, que as
agrupou no gênero Musa com as espécies: Musa
cavendishii, Musa sapientum, Musa paradisiaca e Musa
corniculata.
 Essa classificação foi abandonada porque, dado seu
empirismo, não seria possível incluir todos os cultivares
hoje conhecidos, sem provocar grandes conflitos dentro da
mesma espécie. Sendo assim, atualmente, segundo a
sistemática botânica de classificação hierárquica, as
bananeiras produtoras de frutos comestíveis são plantas
da classe das Monocotiledôneas, ordem Scitaminales,
família Musaceae, da qual fazem parte as subfamílias
Heliconioidease, Strelitzioidease e Musoidaea. Esta última
inclui, além do gênero Ensete, o gênero Musa.
 O gênero Musa ainda pode ser dividido em quatro
subgêneros: Australimusa, Callimusa, Rhodochlamys e
Eumusa. Os subgêneros Callimusa e Rhodochlamys não
produzem frutos comestíveis; o subgêneros Australimusa
contém apenas uma espécie (Musa textilis), conhecida
como abacá e utilizada principalmente nas Filipinas para
extração de fibras das bainhas vasculares. No subgênero
Eumusa ou simplesmente Musa é que estão localizadas as
espécies de interesse comercial, essas espécies de
interesse comercial são: Musa acuminata Colla e Musa
balbisiana Colla.
 Os cultivares tradicionais de bananeiras apresentam níveis

cromossômicos di, tri ou tetraplóides, respectivamente com


22, 33 e 44 cromossomos, em combinações variadas de
genomas das espécies Musa acuminata (genoma AA) e
Musa balbisiana (genoma BB). Estes cultivares diferem das
espécies silvestres devido a presença de genes
responsáveis pela partenocarpia. Segundo os grupos
cromossômicos, os principais cultivares de bananas
cultivados no Brasil são classificados da seguinte maneira:

 - Grupo diplóide acuminata AA: “Ouro”.


 - Grupo triplóide acuminata AAA: “Robusta”, “Mestiça”,
“Gros-Michel”, “Caru roxa”, “Caru verde”, “Caipira”, Leite,
“Ouro Mel”, “São Mateus”, São Tomé”. Dentro deste grupo
o subgrupo Cavendish apresenta importância, representado
principalmente pelos cultivares Nanica e Nanicão.
 - Grupo triplóide AAB: “Pacovan”, “Maçã”, “Mysore”, “São
Domingos”. Dentro deste grupo os subgrupos de maior
importância são Prata, representado pelos cultivares Prata
Anã e Prata Zulu, e Plantain, representado pelos cultivares
Maranhão, Terra e Terrinha.
 - Grupo triplóide ABB: “Marmelo”, “Figo”, “Pão”.

 - Grupo tetraplóide AAAA: “IC-2”.

 - Grupo tetraplóide AAAB: “Pioneira”, “Ouro da Mata”,

“Platina”.

 Os cultivares mais comuns no Brasil e em outras partes do

mundo são os triplóides, devido ao seu vigor, maior

tamanho dos frutos e consistência mais agradável destes

em relação aos diplóides.


Classificação quanto à
utilização
Segundo o destino que a banana vai ter, pode-se

classificar as bananeiras mais cultivadas em cinco grupos:

 a - Banana destinada à exportação e mercado interno:

“Baé”, “Bout-round”, “Caturrão”, “Grande Naine”, “Gros

Michel”, “Jangada”, “Johnson”, “Lacatan”, “Monte Cristo”,

“Nanica”, “Nanicão”, “Pseudocaule roxo”, “Piruá”,

“Robusta”, “Valery” e “Williams”.


 b - Banana de mesa para consumo interno: “Baé”, “Bout-
round”, “Branca”, “Canela”, “Caru roxa”, “Caru verde”,
“Caturrão”, “Colatina ouro”, “Congo”, “Enxerto”, “Figo cinza”,
“Figo cinza escura”, “Figo vermelha”, “Figo vermelha
rachada”, “Giant Fig”, “Grande Naine”, “Jangada”,
“Johnson”, “Lacatan”, “Leite”, “Maçã”, “Miomba”, “Monte
Cristo”, “Mysore”, “Nanica”, “Nóbrega”, “Ouro”, “Ouro da
mata”, “Ouro mel”, “Pachá naadan”, “Pacovan”, “Padath”,
“Pão”, “Piruá”, “Platina”, “Prata”, “Prata ponta aparada”,
“Prata Santa Maria”, “Prata Zulú”, “Pseudocaule roxo”,
“Robusta”, “Salta do cacho”, “São Domingos”, “São
Mateus”, “São Tomé”, “Valery”, “Viropaxy” e “Williams”.
 c - Banana para fritar, conhecidas como banana da
terra e na língua espanhola como "plátano": “Angola”,
“Carnaval”, “D”Angola”, “Figo cinza”, “Figo cinza-escura”,
“Figo vermelha rachada”, “Maranhão branca”, “Maranhão
caturra”, “Maranhão vermelha”, “Mongolô”, “Mucocô”,
“Ouro” (quando verde), “Pão”, “Pacova”, “Pacoví”,
“Pacovaçu”, “Samburá”, “Terra”, “Terra caturra” e
“Terrinha”.
 d - Banana para compota: “Nanica” e todos os cultivares
do subgrupo Cavendish, “Ouro”, “Pacovan”, “Prata Zulú”,
“São Domingos”, “Terra” e todos os cultivares do subgrupo
Plantain.
 e - Banana para doce em massa: “Branca”, “Enxerto”,
“Nanica” e todos os cultivares do subgrupo Cavendish.
Classificação quanto ao porte
 a - Porte baixo, até 2,0 metros: “Nanica” e “Salta-do-

cacho”.

 b - Porte médio, de 2,0 a 3,5 metros: “Angola”, “Baé”,

“Bout-round”, “Congo”, “Enxerto”, todo o subgrupo Figo,


“Grande Naine”, “Jangada”, “Java”, “Johnson”, “Leite”,
“Maçã”, “Maranhão Caturra”, “Monte Cristo”, “Nanicão”,
“Ouro”, “Pacova”, “Pacovaçu”, “Padath”, “Piruá”, “Platina”,
“Pseudocaule roxo”, “Robusta”, “São Mateus”, “São Tomé”,
“Terrinha”, “Valery” e “Williams”.
 c - Porte alto, de 3,5 a 6 metros: “Canela”, “Carnaval”,

“Caru roxa”, “Caru verde”, “Colatina ouro”, “Giant fig”, “IC-


2”, “Lacatan”, “Nóbrega”, “Miomba”, “Mongolô”, “Mysore”,
“Ouro mel”, “Pachá naadan”, “Pacoví”, “Prata ponta
aparada”, “Prata Santa Maria”, “Prata Zulú”, “Samburá” e
“Viropaxy”.

 d - Porte muito alto, mais de 6 metros: “Branca”,

“Caturrão”, “Gros Michel”, “Imperial”, “Maranhão branca”,


“Maranhão vermelha”, “Ouro da mata”, “Pacovan”, “Prata”
e “Terra”.
Morfologia
 A Bananeira é uma planta herbácea, caracterizada pela
exuberância de suas formas e dimensões das folhas.
Possui tronco curto e subterrâneo, representado pelo
rizoma e o conjunto de bainhas das folhas de pseudocaule.
O rizoma constitui um órgão de reserva, onde se insere as
raízes adventícias e fibrosas. Entretanto, no linguajar
popular este é chamado de tronco da bananeira.
 A multiplicação da bananeira se processa, naturalmente no
campo, por via vegetativa, pela emissão de novos
rebentos. Entretanto, o seu plantio também pode ser feito
por meio de sementes, processo este usado mais
freqüentemente quando se pretende fazer a criação de
novas variedades ou híbridos.
 A bananeira, como todas as plantas, tem um ciclo de vida
definido. Sua fase de gestação começa com a geração de
um broto-rebento em outra bananeira, mas como nos
animais, o início da contagem de sua vida somente se faz
com seu aparecimento ao nível do solo. Com seu
crescimento, há a formação de uma bananeira que irá
produzir um cacho, cujas frutas se desenvolvem,
amadurecem e caem, verificando-se em seguida o
secamento de todas as suas folhas, quando se diz que a
planta morreu. A morte encerra o ciclo de vida, o qual
também pode ser abreviado com a colheita do cacho, que
corresponde ao “assassinato” da bananeira.
Corte horizontal esquemático de uma touceira de bananeiras, com a
“mãe” com cacho, mostrando a formação inicial de três “famílias”.
Sistema radicular
 As raízes têm sua origem na parte central do rizoma, na
união entre o cilindro central e o córtex. Geralmente,
surgem em grupo de três ou quatro, distribuindo-se por
toda a superfície do rizoma, em processo de diferenciação
contínua, segundo o crescimento do meristema. As raízes
são fasciculadas e crescem em maior porcentagem
horizontalmente, nas camadas mais superficiais do solo,
ocupando seus primeiros 20 a 30 cm; apenas um reduzido
número delas (cerca de 20%) se desenvolve no sentido
vertical, atingindo em geral, cerca de 50 a 70 cm.
Rizoma
 O rizoma é definido morfologicamente como um caule que

desenvolveu folhas na parte superior e raízes adventícias


na porção inferior. Ou mais simplificadamente, o rizoma
pode ser definido como a parte da bananeira onde todos
os seus órgãos, direta, ou indiretamente se apóiam.

 Erroneamente, o rizoma da bananeira tem sido chamado

de bulbo, que, botanicamente, é um órgão de reserva de


certas plantas, como da cebola e do alho. O bulbo não dá
formação a brotos.
Gema apical e gema lateral
 Conforme descrito no item rizoma, a gema apical de

crescimento se encontra sempre no centro dos semi-arcos

de círculos esculpidos pela fixação das bainhas das folhas.

Tais semi-arcos não se completam pelo fato de terem um

ponto de interrupção, no qual há outro conjunto de células

meristemáticas, que são em tudo e por tudo iguais à gema

apical de crescimento. Apenas sua fisiologia é diferente.

Ela é a gema lateral de brotação.


 A gema apical está sempre em processo de multiplicação, no

qual são produzidos uma folha (bainha, pecíolo e lóbulos

foliares) e sua respectiva gema lateral de brotação. Isso ocorre

durante um prazo definido pelas condições ecológicas,

nutricionais e genéticas. Vencido esse tempo, a gema apical

cessa essas atividades vegetativas e passa a ter funções de

produção. É a fase da diferenciação floral, quando então as

células do câmbio se modificam e criam a inflorescência da

planta (futuro cacho).


Sistema foliar
 As folhas da bananeira são formadas por bainha foliar,
pseudopecíolos ou pecíolo, nervura e limbo foliar.
 A folha mais interna do pseudocaule, logo após seu
nascimento, apresenta-se como um pequeno cone foliar,
tendo sua base apoiada sobre a região do cilindro central
do rizoma, em cujo interior se encontra a gema apical.
 Com o desenvolvimento do cone, suas microscópicas
dimensões aumentam e a gema apical de crescimento que
ficou no seu interior reinicia o processo de multiplicação.
 É a partir das paredes do cone que se originam todas as
partes componentes da folha, ou seja, bainha foliar,
pecíolo, nervura principal, limbo (ou lóbulos) foliares com
suas nervuras secundárias e de bordo e o aguilhão (ou
“pavio”).
 As folhas são numeradas de cima para baixo em
algarismos romanos. A folha vela (ou o cartucho) é sempre
a folha de número 0 (zero).
 As primeiras folhas do jovem rebento são praticamente
pequenas escamas deltóides; quando mais velho, o “filhote”
emite folhas constituídas apenas pela nervura principal. As
primeiras folhas são bastante estreitas devido ao não
desenvolvimento dos lóbulos foliares e, por ter uma forma
lanceolada, são chamadas de “espada”. À medida que a
planta cresce, as novas folhas apresentam dimensões
maiores até que seja atingido o estágio de adulta.
 A última folha emitida pela bananeira tem sua conformação
mais coriácea, cujo formato é em geral, anormal, tendo
suas nervuras secundárias muito pronunciadas e
irregularmente onduladas, sendo conhecida pelos
bananicultores como folha pitoca. Esta folha, que
geralmente envolve mais intimamente a inflorescência
quando ainda dentro do pseudocaule, muitas vezes seca
durante o desenvolvimento do cacho.
 É nas folhas que se processa a fotossíntese, quando então
a seiva bruta é transformada em seiva elaborada, que na
bananeira é muito adstringente e conhecida como “cica”.
Pseudocaule ou falso tronco
 O pseudocaule da bananeira é um estipe. Ele é formado pelas
bainhas das folhas superpostas. As bainhas se fixam sobre o
rizoma descrevendo arcos de círculos concêntricos, em torno da
gema apical de crescimento. Eles formam fortes cicatrizes no
rizoma, por onde as fibras do rizoma invadem as bainhas e
chegam até as folhas. Essa região de transição entre ambos os
órgãos denomina-se colo do rizoma ou da bananeira.
 Nas plantas mais jovens, o pseudocaule tem o formato de um
cone alongado; nas adultas seu formato é quase que cilíndrico.
 Seu comprimento, que representa a altura da planta, é igual à
distância do solo até ao topo da roseta foliar. O pseudocaule
pode ter de 1,2 até 8 m de altura e o seu diâmetro na base varia
de 10 a 50 cm, a 30 cm do solo.
Diferenciação floral
 Terminado o processo de diferenciaçãofoliar e gemas
laterais de brotação da planta, a gema apical cessa essa
atividade, devido a uma série de fatores hormonais. Há,
então, uma modificação do seu aspecto e ela se
transforma no órgão de frutificação da bananeira: a
inflorescência. A essa fase da vida da planta dá-se o nome
de diferenciação floral, quando então cessa sua vida
vegetativa e começa a de frutificação ou de produção. O
período compreendido entre a diferenciação floral e do
lançamento da inflorescência corresponde ao de gestação
do cacho.
 O processo de diferenciação floral ocorre quando cerca de
60% de todas as folhas geradas (jovens e adultas) já se
abriram para o exterior da planta. Os restantes 40% de
folhas já estão formados, porém ainda permanecem se
desenvolvendo dentro da planta e envolvendo toda a
inflorescência.
 Dada a modificação da gema apical em inflorescência,
conclui-se que, após a diferenciação floral, a bananeira não
gera mais folhas, porém continua ainda lançando aqueles
40% de folhas já geradas. Por conseguinte, após o
lançamento da inflorescência, ela também não emite mais
nenhuma folha.
Inflorescência
 A inflorescência da bananeira é uma espécie de espiga
simples, terminal, que emerge do centro das bainhas
foliares, protegida por uma grande bráctea, muitas vezes
chamada de placenta.
 Quando o florescimento, o ápice se avoluma e origina as
brácteas da inflorescência, produzidas em série e
distribuída pela ráquis em espiral. Cada bráctea possui
uma massa axilar de forma côncava que constitui os
primórdios da penca, onde se diferenciam as flores,
dispostas alternadamente em duas fileiras paralelas, com
desenvolvimento simultâneo. O número de pencas varia
com a cultivar e as condições de vegetação da planta,
podendo chegar a 13-14.
Flores
 As flores femininas, masculinas ou hermafroditas estão
reunidas em pencas isoladas e protegidas cada uma delas
por uma bráctea, que é sempre caduca para as femininas, o
que pode ou não acontecer para as demais.
 Em cada penca encontram-se flores de um só sexo, porém
na região de transição entre elas, podem aparecer numa
mesma penca, flores femininas e masculinas.
 A flor da banana comestível é zigomórfica, sempre completa
com os órgãos femininos e masculinos, verificando-se em
algumas a atrofia das anteras (flores femininas) e, em outras,
dos ovários (flores masculinas). Devido a essas diferenças no
tamanho do ovário, é possível basear-se neste fato para se
identificar o sexo das flores.
 As flores femininas têm o ovário bem desenvolvido e são as
primeiras a aparecer e as responsáveis pela formação das
bananas. Nas masculinas, o ovário é cerca de 30 a 50%
menor e, geralmente, elas abortam ou se desenvolvem
formando rudimentares frutinhos como no cultivar Nanica.
 As flores masculinas e femininas das bananeiras
produtoras de frutos comestíveis apresentam cinco tépalas
(sépala + pétala), dispostas em dois vertículos, que se
fundem para formar um cálice tubular denominado de
perigônio. Sua extremidade se apresenta fendilhada,
formando cinco pequenos dentes ou lóbulos, de forma
variável, segundo o cultivar.
 Tanto as flores masculinas como as femininas apresentam
cinco estames (antera + filamentos) bastante semelhantes,
assim como o pistilo (ovário + estilo + estigma). Os
estames das flores masculinas possuem anteras normais e
os sacos polínicos estão dispostos ao longo do filamento
em duas linhas paralelas. Os grãos de pólen são
geralmente de cor branco-amarelada. Nas flores femininas,
as anteras são atrofiadas, o filamento é mais curto e o
pólen, degenerado.
 As flores masculinas e femininas apresentam um ovário
ínfero e trilocular, estilo filiforme e estigma grosso
(dilatado). Nas flores femininas, os ovários se dispõem em
cada loja (lóculo) em duas linhas regulares ou em quatro
irregulares. As flores masculinas têm o ovário bastante
atrofiado, mas o estilo e o estigma se apresentam apenas
com as dimensões um pouco reduzidas.
Fecundação das flores
 A fecundação das flores nas bananeiras selvagens é feita
normalmente por insetos. Retirando o pólen de flores
masculinas de uma inflorescência, ele fecunda as flores
femininas de outra inflorescência (polinização cruzada). A
polinização somente pode se processar dessa forma, pois
na mesma planta as flores femininas nascem sempre
primeiro na inflorescência e, com isso, quando os grãos de
pólen das flores masculinas estiverem viáveis para a
polinização, os ovários das femininas já não estarão mais
receptíveis, por estarem velhos.
 As bananeiras de frutos comestíveis, em geral, não
produzem grãos de pólen férteis e os ovários das flores
femininas dificilmente podem ser fecundados, devido a um
atrofiamento do estigma que impede a passagem do pólen.
Porém, há casos de não acontecer o atrofiamento e a
fecundação poderá se processar normalmente, surgindo
com isso sementes férteis.
 O cultivar Gros Michel, por ter o estigma apenas
parcialmente atrofiado pode, com relativa facilidade, vir a
produzir sementes pelo que tem sido usado como “mãe”
nos trabalhos de melhoramento.
 Em bananeiras, a polinização é realizada apenas nos
trabalhos de pesquisa, uma vez que as bananas se formam
naturalmente por partenocarpia.
 A polinização é feita retirando-se o grão de pólen fértil de
uma flor masculina (quase sempre selvagem) e
depositando-o em uma feminina, que ainda esteja protegida
pela bráctea, o que indica que ela ainda deve estar virgem.
Essa bráctea é levantada para realizar a polinização e,
imediatamente, reconduzida à sua antiga posição e
amarrada para evitar a entrada de insetos que possam
trazer outros grãos de pólen. Não há necessidade de reabrir
a bráctea depois; com o tempo, ela cairá naturalmente.
 Obter-se-á certeza do sucesso da polinização observando

o aspecto do fruto que, neste caso, deverá ser mais

cilíndrico e mais curto. A confirmação de que houve a

polinização somente se terá com a presença das sementes,

nos frutos maduros.

 As bananeiras selvagens apresentam em média, de 80 a

100 sementes férteis por fruto. Nos trabalhos de

melhoramento, esse número geralmente é bastante

reduzido, dificilmente ultrapassando 5 sementes por fruto.


Cacho e fruto
O cacho da bananeira é constituído de engaço
(pedúnculo), ráquis, pencas de bananas (mãos), sementes
e botão floral (coração).
O cacho de banana comestível pode apresentar,
ocasionalmente, até 600 bananas reunidas em 20 ou mais
pencas, com peso ao redor de 100 kg.
 O tamanho do cacho varia segundo o cultivar, o clima, a
fertilidade do solo, os tratos culturais e fitossanitários. Seu
formato quase sempre é tronco-cônico, mas há também o
quase cilíndrico.
 Medindo-se seu comprimento, apenas na parte em que as

pencas de bananas se inserem, pode-se encontrar alguns

com 20 a 30 cm ou até com 200 a 250 cm. Da mesma

forma, o diâmetro do cacho varia de 20 cm a até 60 a 70

cm.

 As pencas podem estar mais ou menos imbricadas uma

sobre as outras, dando-lhe a aparência de maior ou menor

compactação. Essa é uma característica do cultivar, mas

pode ser influenciada pelos fatores ecológicos e

nutricionais.
 O engaço é o pedúnculo da inflorescência, sendo
conhecido como o cabo do cacho. Ele é a continuação do
palmito que, por sua vez, é o alongamento do cilindro
central do rizoma. Ele tem início no ponto de fixação da
última folha e termina na inserção da primeira penca.
Botanicamente, é conhecido por pedúnculo da
inflorescência. Ele é revestido por pêlos rudimentares, com
comprimento variável, segundo o cultivar. A forma do
engaço sendo de uma bengala, facilita o transporte do
cacho após a colheita. Devido a isso, esse órgão também é
conhecido como bengala do cacho. Dependendo do
cultivar, das condições ecológicas reinantes antes do
lançamento da inflorescência, da situação fitossanitária e
das fertilizações, a distância do ápice da alça do engaço
até a base da primeira penca, pode variar de quase 0 a
mais de 100 cm. Seu diâmetro é igualmente influenciado
pelos mesmos fatores, podendo oscilar entre os limites de 5
e 15 cm.
 A ráquis, continuação do engaço, é definida botanicamente
como eixo da inflorescência, que é onde se inserem as
flores. Inicia-se a partir do ponto de inserção da primeira
penca e termina no botão floral. Ela pode ser dividida em
ráquis feminina, ráquis masculina e ráquis hermafrodita,
conforme o sexo das pencas das flores que nela se
inserem. À medida que a ráquis se alonga, sua
extremidade final fica mais fina, podendo terminar com
apenas 2 cm ou menos de diâmetro.
 Entre os bananicultores, a expressão “ráquis” refere-se
apenas à parte masculina deste órgão. Esta parte, também
chamada como rabo-do-cacho, pode se apresentar
despida ou não de restos florais e suas respectivas
brácteas. O comprimento total e a sua forma (curvatura)
variam segundo o cultivar.
Dicotomia
 É o fenômeno pelo qual a bananeira pode produzir dois ou
mais cachos. Pode ocorrer na gema apical de
crescimento, antes ou depois da diferenciação floral.
 A dicotomia consiste no fato da gema apical de
crescimento, durante o seu processo vegetativo de
multiplicação, dividir-se em duas ou mais partes,
mantendo em cada uma delas a estrutura inicial. Cada
uma delas passa a constituir por si, de uma nova gema
apical que se desenvolverá normalmente. Havendo dois
ou mais pontos de crescimento, cada um deles irá formar
um novo pseudocaule, que produzirá seu cacho.
Distribuição geográfica
 Por se tratar de uma planta tipicamente tropical, a
bananeira, para bom desenvolvimento, exige calor
constante e elevada umidade. Essas condições são,
geralmente, registradas na faixa entre os paralelos de 30°
norte e sul, nas regiões onde as temperaturas permanecem
acima de 10°C e abaixo de 40°C. Entretanto, há
possibilidade de seu cultivo em latitudes maiores de 30°,
contanto que a temperatura o permita.
 A expansão de um cultivar, em determinados países e
áreas, é função da sua aclimatação, interesse do mercado
local ou do importador. Disso resulta que há relativa
diversificação de cultivares entre as regiões produtoras.
 Os principais países que produzem banana podem ser assim
agrupados por região:
 A - América do Sul: Argentina, Brasil, Colômbia, Equador,
Guianas, Paraguai, Venezuela
 B – América Central: Costa Rica, Guatemala, Honduras,
México, Nicarágua, Panamá.
 C – África: Angola, Republica dos Camarões, Zaire, Costa do
Marfim, Guiné, Ilhas canárias, Ilhas da Madeira, Mandagascar,
Moçambique, Somália.
 E – Oriente Médio: Israel, Jordânia, Líbano.
 F – Ásia: Sri Lanka, China, Filipinas, Índia, Java, Sumatra.
 G – Oceania: Austrália, Ilhas Fidji, Samoa Ocidental.

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