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PROBIDADE PÚBLICA

Formador:
Carlos Januário de Almeida
Director do Gabinete Jurídico do Governo Provincial do Bié
OBJECTIVOS GERAIS

Dotar os funcionários dos Governos


Provinciais e das Administrações Municipais
de Conhecimentos Sólidos, Sobre a Lei da
Probidade Pública
OBJECTIVOS ESPECÍFICOS
• Incutir nos funcionários dos Governos Provinciais
e das Administrações Municipais noções sobre a
Lei da Probidade Pública;
• Conscientizar os funcionários dos Governos
Provinciais e das Administrações Municipais a
respeitarem a Lei da Probidade Pública;
• Que no final do presente seminário os
funcionários dos Governos Provinciais e das
Administrações Municipais, estejam em
condições de saber quais são as consequências
da violação da Lei da Probidade Pública.
MÉTODOS
• Indutivo e Dedutivo
• Expositivo
• Demonstrativo
• Interrogatório
PÚBLICO ALVO

Funcionários dos Governos Provinciais e das


Administrações Municipais das Provincias do
Bié, Huambo e Kuando-Kubango.
FORMATO DA APRESENTAÇÃO
• Apresentação do Seminário
• Administração Pública o que é?
Conceito
Poderes e Deveres do Funcionário Público
Uso e Abuso do Poder
• A Lei da Probidade Pública
- Objecto, Âmbito, Princípios
- Sujeitos e Serviços
- Actos de Improbidade
- Garantias de Probidade
- Crimes Cometidos por Agente Público
. Conclusão
INTRODUÇÃO
Inicialmente gostaria de dizer, que quando recebi a
incumbência de ministrar a formação sobre: A Lei de
Probidade Pública, confesso que não sabia o que fazer e
como fazê-lo, apesar de ter o domínio do conteúdo em
referência. Então, pensei em fazer uma apresentação sobre
os principais artigos da Lei. Mas, quando já havia escrito 4
páginas e meia, percebi então que aquele modo de
apresentação seria muito repetitivo e cansativo, uma vez
que os presentes nesta sala, já tem a mínima nocção do
conteúdo da Lei objecto da presente acção formativa. Foi
justamente neste instante, que decidi em fazer uma
apresentação geral e pontual sobre o tema. Que desde já,
peço a atenção e colaboração de todos para a sua
compreensão.
• O tema PROBIDADE, como ponto principal da Lei da Probidade Pública,
tem sido objecto de inúmeros debates nos mais variados círculos de
convívio social, tais como: repartições públicas, escritórios, restaurantes,
bares, discotecas, igrejas entre outros, já a algum tempo – isto é, pelo
menos desde os meados de 2009, vindo a ganhar maior relevância no
inicio do ano de 2010, por ocasião da aprovação da lei de regência.

• Apesar de ser um tema já badalado, muitas dúvidas ainda pairam no ar. É


justamente neste momento que surge a pertinência e a relevância da
presente acção formativa.

• No decorrer da presente acção formativa, vamos tentar apresentar com


intuito de esclarecimento sobre os objectivos, o alcance e as
conseqüências que poderão advir, sejam administrativas, civil ou criminal,
por descumprimento ou incumprimento da Lei em estudo.
• Sendo o tema em questão matéria tutelada
pelo Direito Administrativo, que é o conjunto
de normas jurídicas que regula a organização
e funcionamento da Administração Pública, e
sua relação com terceiros nos actos de gestão
pública, é mister fazer-se uma breve incursão
sobre a administração enquanto actividade
jurídica, tendente a realizar os objectivos do
Estado.
1 - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA O QUE É?

• 1.1 - Conceito
• Administrar é gerir interesses, em conformidade com a lei, a
moral e a finalidade dos bens entregues à guarda e
conservação alheia. Quando esses bens forem particulares,
estaremos diante de uma administração particular, e se tais
bens forem da colectividade estaremos diante daquilo que
convencionou-se chamar de Administração Pública.

• Assim, Administração Pública é o conjunto de actividades


concretas e imediatas que o Estado executa visando a
consecução dos interesses colectivos e subjectivos, por meio
de seus órgãos e pessoas jurídicas a que a lei incumbe o
exercício da função administrativa do Estado, no âmbito,
central, provincial, municipal, comunal e distrital.
• No dizer de José Tavares, Administração Pública é “o
conjunto das pessoas colectivas públicas, seus órgãos e
serviços que desenvolvem a actividade ou função
pública” (in Administração Pública. Coimbra. Almedina,
1992, pág. 21).

• Para nós em particular, Administração Pública é a
gestão de bens e interesses qualificados como sendo
da colectividade no âmbito nacional, provincial,
municipal e comunal, consoante os ditames do direito
e da moral, objectivando o bem comum.
• Importante ressaltar que os termos administração e
administrador, leva-nos sempre à idéia de zelo e
conservação de bens e interesses, já as expressões
propriedade e proprietário, importam a idéia de
disponibilidade e alienação.

• Logo, nota-se que o dever do administrador é


meramente de conservação e correcta utilização dos bens
colocados a sua guarda e gestão, e precisarão sempre de
autorização especial do titular de tais bens e interesses
para o caso de alienação, oneração, destruição e renúncia.
Ou seja, na Administração Pública, esse consentimento
deve vir expresso em lei.
• Queremos com isso dizer, que nenhum
administrador de bens e interesses
pertencentes à colectividade, poderá dispor
ou apoderar-se de tais bens e interesses,
senão em virtude de previsão legal, e a sua
violação acarretará sempre em punição.
EXEMPLOS:
1 - Quando ao funcionário “X” lhe é entregue uma viatura para uso em
função do cargo de direcção ou chefia que ocupa, ao ser exonerado,
deverá, nos termos da Lei, devolver a viatura, porque os motivos
que levaram à atribuição da referida viatura já não existem por
ocasião da sua exoneração.

2 – Se ao funcionário “Y” lhe é entregue uma viatura, por


reconhecimento da qualidade e competência demonstrada na
execução de suas atribuições (destacado), caso esse vinculo
jurídico-laboral que mantém com a Administração Pública, venha a
terminar, este funcionário ou seus herdeiros, não precisarão
devolver a viatura, porque esta não foi distribuída em função do
cargo ou função, e sim, por mérito próprio do trabalho diário.
• No primeiro caso, se o funcionário não devolver a viatura após a sua exoneração
(salvo se a mesma tiver sido abatida nos termos da Lei), a Administração Pública
PODE, DEVE e TEM, que usar os meios legais a sua disposição, para ter a retomada
do bem público em posse de quem não deveria tê-lo. Já no segundo caso, não há
nada a ser feito, salvo se for apurado em procedimento administrativo próprio,
que os motivos que levaram o reconhecimento do mérito do funcionário tenham
sido fraudulentos.

• Importante que se diga, que a Administração Pública, rege-se de princípios de


índole constitucional e outros, que aparecem em legislação dispersa como no
Decreto-Lei nº 16-A/95, de 15 de Dezembro, na Resolução nº 27/94, de 26 de
Agosto, também conhecida por Pauta Deontológica do Serviço Público, e na Lei nº
17/10, de 29 de Julho – Lei da Organização e do Funcionamento dos Órgãos de
Administração Local do Estado, que juntas constituem-se nas principais regras de
observância permanente e obrigatória a todos os funcionários públicos, quando
praticarem qualquer acto nessa qualidade.
1.2 - Poderes e Deveres do
Funcionário Público
• Além da observância dos princípios acima referidos, a lei conferi ao
funcionário e ao agente público Poderes e Deveres, pautados pela
moral administrativa e os exigidos pelo interesse da colectividade.

• Ao funcionário e o agente público é atribuída uma certa e


necessária parcela de poder público, para o desempenho de suas
atribuições, que deverá ser usado como atributo da função ou
cargo que exerce, e nunca em beneficio pessoal da pessoa que a
exerce. Esse PODER tem para o funcionário e para o agente público
o mesmo significado de DEVER para a comunidade e para com
todos os indivíduos. Quero com isso dizer, que o detentor do Poder
Público (funcionário ou agente público) está sempre na obrigação
de exercitá-lo e é insuscetível de renúncia.
• Por exemplo, um funcionário ou agente público não poderá
abrir mão de seus poderes administrativos, deixando de
praticar actos inerentes ao seu dever funcional. Assim, o
Polícia não pode em hipótese alguma deixar de prender o
cidadão que se encontrar em flagrante delito.

• Neste caso, a obrigação do Polícia de prender e a


impossibilidade dele renunciar essa obrigatoriedade de
actuar, surge no Direito Administrativo como uma
precaução para evitar-se liberalidades com o direito alheio,
e o poder público não é, e nem pode ser, utilizado como
instrumento de cortesias administrativas.
TIPOS DE DEVERES FUNCIONAIS
• O funcionário e o agente público, investido de atribuições públicas, deve observância a 3
(três) tipos de deveres, a saber: a) o dever de eficiência; b) o dever de probidade e c) o dever
de prestar contas.

• a) O dever de eficiência funcional – é a capacidade que se espera do funcionário ou agente


público que exerce cargo ou função com aptidão para o trabalho e sua adequação técnica,
visando os fins preconizados pela Administração Pública, abrangendo inclusive a
produtividade, para que se avaliem os resultados e se confrontem com o desempenho e se
aperfeiçoe o pessoal por meio de selecção e treinamento;

• b) O dever de probidade – informa que o funcionário ou o agente público deve ter seus actos
legitimados no trato dos bens e interesses públicos que lhe são confiados para gerir, ficando
sujeito a responsabilidade civil, administrativa e criminal, em caso de mau emprego ou
dilapidação dos mencionados bens e interesses;

• c) O dever de prestar contas – é uma forma de se saber se o funcionário ou o agente público


desempenhou com zelo e conservação os bens e interesses de outrem, pois, quem gere bens
alheios deve prestar contas ao proprietário. Esse dever torna-se indeclinável quando se tratar
de gestão de bens e interesses da colectividade e assume o carácter de um “múnus” público,
isto é, de um encargo para com a coletividade. Portanto, deverá o funcionário ou o agente
público, no final de cada ano ou de sua gestão prestar contas do que fez e do que deixou de
fazer.
Uso e Abuso do Poder
• Como já vimos, a Administração Pública deve obediência à lei
em todas as suas manifestações ou actos, inclusive nos
chamados actos ou actividades discricionárias, ficando o
funcionário ou o agente público obrigado a seguir o
estabelecido na lei, no que diz respeito à competência, à
finalidade e à forma, restando um pequeno espaço onde
poderá agir com certa liberdade, nos casos de conveniência e
oportunidade administrativa, mas ainda assim, nos limites da
lei.
• Essa exigibilidade da observância à lei imposta à
Administração Pública é uma característica dos Estados
Democráticos de Direito, principio constitucional que Angola
aderiu com a transformação do monopartidarismo para o
pluripartidarismo e consagrado no art. 2º, Constituição da
República de Angola de 2010.
• Alguns funcionários ou agentes públicos confundem o poder
administrativo que lhes é concedido e esquecem-se que o
exercício da autoridade pública tem limites e forma
legalmente definidas de utilização. Não se trata de carta
branca como muitos acham, e acabam cometendo
arbitrariedades e favoritismos.

• Importante ressaltar, que os actos de autoridade pública,


praticados fora dos limites estabelecidos na lei, serão sempre
repudiáveis e passíveis de penalidade, pois, os actos de
autoridade pública devem ser praticados em conformidade
com a lei, com a moral da instituição e com interesse público,
requisitos sem os quais, qualquer acto administrativo (ou de
autoridade pública) praticado fora deste marco, está sujeito a
nulidade.

• O uso do poder nada mais é do que uma prerrogativa da
autoridade, mas o poder há que ser usado sempre sem
abuso. O uso normal do poder é empregá-lo seguindo as
normas jurídicas pré-estabelecidas, a moral, a finalidade
do acto e o interesse da colectividade. Por sua vez o
abuso do poder, ocorre quando a autoridade
competente, para praticar o acto, ultrapassa os limites de
suas atribuições ou se desvia das finalidades
administrativas.

• O uso do poder é sempre licito, já o abuso do poder


será sempre ilícito, logo, todo acto abusivo é sempre
nulo, quer por excesso ou por abuso do poder.
• Cabe alertar que algumas vezes, o abuso de poder como
acto ilícito por excelência, vem revestido de formas
diversificadas, podendo ser ostensivo como no caso de
truculência, ou ainda de forma dissimulada como na burla
e outras vezes que não são poucas, como na aparência
ilusória dos actos legais.

• Importante que fique claro, que não importa a forma como


eles se apresentem – seja flagrante ou disfarçado, o abuso
de poder é e será sempre uma ilegalidade, e todos os actos
provenientes dele - abuso de poder - serão invalidados ou
anulados e o agente público, autor do mesmo, será
severamente penalizado nos termos da lei.
2 - A LEI DE PROBIDADE PÚBLICA

2.1 – Conceito de Probidade Pública

• A terminologia Probidade provém do termo em latim “probitas”, e do


radical “probus”, cujo seu significado é crescer retilíneo, antigamente era
aplicada às plantas que brotavam e cresciam rectas. Depois, passou a ser
empregue no sentido moral, dando origem as expressões provo, reprovo e
outros cognatos. Probidade significa a atitude de respeito total aos bens e
direitos alheios, constituído assim, o ponto essencial para a integridade do
carácter humano.

• Assim, o Homem Probo, é aquele que é íntegro, justo, honrado, honesto,


recto e que tem probidade. Fernando Bastos Ávila, define o Homem
Probo, como sendo uma pessoa que “é firme nas promessas que faz, é
sincero com os outros, incapaz de se aproveitar da ignorância ou
fraqueza alheia” (in. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo). Trazendo
isso para o campo da Administração Pública, temos a idéia de Honestidade
e Competência do Agente Público no exercício de sua função.
• Dito isto, podemos dizer que a Probidade
Pública é o modo de agir da Administração
Pública em harmonia com os valores morais,
de modo a propiciar uma gestão dos bens e
interesses da colectividade com qualidade e
transparência.
Objecto, Âmbito e Princípios
• Objecto (art. 1º):
A Lei da Probidade Pública estabelece os
princípios para uma boa Gestão da Coisa Pública
e Respeito ao Patrimônio Público, por parte do
agente público.
• Âmbito (art. 2º):
Importante ressaltar, que o alcance da referida
lei, atinge a todas as actividades públicas,
inclusive àquelas prestadas por entidades
privadas de interesse público.
• Princípios (art. 3º):
- Legalidade;
- Probidade Pública;
- Competência;
- Respeito pelo Património Público;
- Imparcialidade;
- Prossecução do Interesse Público;
• Responsabilidade e da Responsabilização do
Titular, do Gestor, do Responsável e do
Funcionário ou Trabalhador;
• Urbanidade;
• Reserva e da Discrição;
• Parcimónia;
• Lealdade às Instituições e Entidades Públicas e
aos Superiores Interesses do Estado.
SUJEITOS E SERVIÇOS
• Relação Jurídica de Emprego é o vínculo empregatício
que une uma pessoa a outra (patrão e empregado)
com o intuito de prestar serviço, mediante
remuneração. Quando esta relação tem como
empregador ou patrão a Administração Pública,
estamos diante de uma relação jurídica laboral na
Administração Pública, que é regulamentada pelo
Decreto Presidencial nº 102/11, de 23 de Maio,
Decreto Presidencial nº 104/11, de 23 de Maio e o
Decreto nº 25/91, de 29 de Junho.

CONCEITO DE AGENTE PÚBLICO
• Nos termos do art. 15, todas as pessoas físicas
que exercem mandato, cargo, emprego ou
função em entidade pública, seja mediante
eleição, nomeação, contrato ou outra forma
de investidura que gera vínculo, ainda que
transitório ou sem remuneração, é,
considerada Agente Público.
• Importante ressaltar que o conceito de Agente
Público trazido pela Lei da Probidade Pública,
é muito amplo, e incluindo o funcionário
público e o agente administrativo.

Ver nº 2, do art. 15º.


DIREITOS E DEVERES DO AGENTE
PÚBLICO
• Direito é um conjunto de normas gerais,
abstractas doptadas de coercitividade, que ditam
as diretrizes comportamentais e de convivência
social numa certa sociedade (leis, decretos,
regulamentos, códigos de posturas, resoluções,
entre outros).
• A Administração Pública confere aos agentes
públicos, uma série de direitos que nada mais é
do que o conjunto das prerrogativas que a lei os
confere na qualidade de agentes públicos.
• Por outro lado, a Administração Pública,
impõe ao agente público uma série de
deveres, que segundo o dicionário de língua
portuguesa de 2006, da Porto Editora, é “o
que se é obrigado a fazer ou a evitar;
obrigação moral; o que impõem a
consciência moral, as leis ou os costumes e
estar obrigado” (pág. 548).
• A Lei da Probidade Pública, enumera em seu art. 16º, os direitos do
agente público, onde se destaca o direito à progressão ou
promoção na carreira. No art. 17º, elenca os deveres de dentre
outros destacam-se (a qualidade na prestação do serviço público;
isenção e parcialidade, lealdade etc).

• É de se salientar que o comando dos arts. 17º à 22º, devem ser


observados com muita cautela, porque hoje, tem se verificado com
muita freqüência a não observação de tais preceitos, pois, sabe-se
que há agentes públicos, que indevidamente, tem em suas
residências funcionários pagos pelo erário público; a falta de
racionalização dos meios públicos; o não cumprimento dos prazos
para a execução de determinada tarefa; a falta de segredo
profissional entre outros.
ACTOS DE IMPROBIDADE
• A presente Lei, considera como acto de
improbidade pública como sendo toda a acção
ou omissão do agente público que viole a
moralidade administrativa e o respeito pelo
patrimônio público art. 23).
• Podemos assim, identificar na Lei em estudo, 3
(três) dimensões de actos de Improbidade
Pública, a saber: a) actos contra os princípios da
Administração Pública (art. 24º); b) actos que
conduzem ao enriquecimento ilícito (art. 25º) e c)
actos que causam prejuízos ao patrimônio
público (art. 26º). Quando um agente público
estiver diante de uma situação capaz de gerar
uma das dimensões acima mencionadas, ficará
sujeito a uma das sanções previstas no art. 31.
ACTOS CONTRA OS PRINCÍPIOS DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
• Nos termos do art. 24º, são os seguintes:
- Praticar acto com vista a um fim proibido por
lei ou por regulamento;
- Retardar ou deixar de praticar um acto
indevidamente;
- Revelar facto ou circunstância de que tenha
conhecimento em razão das competências ou
tarefas e que deva permanecer em segredo;
- Negar publicidade a actos oficiais;
- Frustar a licitude de concurso público;
- Deixar de prestar contas quando esteja obrigado a
fazê-lo;
- Revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de
terceiros, antes da respectiva divulgação oficial, teor
de medida política ou económica capaz de afectar o
preço de mercadoria, de bem ou de serviço ou de ter
repercussões de carácter político ou social.
ACTOS QUE CONDUZEM AO
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO
• Nos termos do art. 25º, são:
- Receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem
móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem
económica, directa ou indirecta, a titulo de
comissão, percentagem, gratificação ou de
presente de quem tenha interesse, directo ou
indirecto, que possa ser atingido ou amparado
ou amparado por acção ou omissão
decorrente das atribuições do agente público;
- Obter vantagem económica, directa ou indirecta,
para facilitar a aquisição, a permutar ou a locação
de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de
serviços pela entidade pública por preço superior
ao valor de mercado;
- Obter vantagem económica, directa ou indirecta,
para facilitar a alienação, a permuta ou a
locação de bem público ou o fornecimento de
serviço pela entidade pública por preço inferior
ao do mercado;
- Utilizar, em obra ou serviço particular, veículos,
máquinas, equipamentos ou material de
qualquer natureza, de propriedade ou à
disposição de entidade pública, bem como o
trabalho de servidores públicos, empregados ou
terceiros contratados por entidades públicas;
- Usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou
valores integrantes do acervo patrimonial de
entidade pública;
- Obter vantagem económica de qualquer natureza,
directa ou indirecta, para tolerar a exploração ou
a prática de jogos de azar, de lenocínio, de
narcotráfico, de contrabando, de usura ou de
qualquer outra actividades ilícita ou aceitar
promessa de tal vantagem;
- Obter vantagem económica de qualquer natureza,
directa ou indirectamente, para omitir acto de
oficio, providência ou declaração a que esteja
obrigado;
- Obter vantagem económica de qualquer natureza,
directa ou indirecta, para fazer declaração falsa
sobre a medição ou avaliação em obras públicas
ou qualquer outro serviço ou sobre quantidade,
peso, medida, qualidade ou característica de
mercadorias ou bens fornecidos a qualquer
entidade pública;
- Integrar, no seu património, de forma ilícita, bens,
rendas, verbas, valores, pertencentes ao acervo
patrimonial de entidade pública;
- Adquirir, para si ou para outrem, no exercício de
mandato, cargo, emprego, ou função pública,
bens de qualquer natureza cujo valor seja
desproporcional à evolução do património ou à
renda do ag.p.;
- Aceitar emprego ou exercer actividade de
consultoria para pessoa física ou jurídica que
tenha interesse susceptível de ser atingido ou
amparado por acção ou por omissão decorrente
das atribuições do ag.p. durante a actividade.
- Obter vantagem económica para intermediar a
disponibilização ou a aplicação de verba
pública de qualquer natureza.
ACTOS QUE CAUSAM PREJUÍZO AO
PATRIMÓNIO PÚBLICO
- Consistem em acção ou omissão negligente ou
culposa que provoque perda patrimonial, desvio,
apropriação, esbanjamento ou delapidação dos
bens das entidades públicas, nomeadamente:
- Facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a
integração no património particular de pessoa
física ou jurídica, bens, renda, verbas ou valores
integrantes do acervo patrimonial de entidade
pública;
- Permitir ou concorrer para que pessoa física
ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas
ou valores integrantes do acervo patrimonial
de entidades públicas sem observância das
formalidades legais ou regulamentares
aplicáveis;
- Permitir ou facilitar a aquisição, a permuta ou a
locação de bem ou serviço por preço superior
ao do mercado;
- Permitir ou facilitar alienação, a permuta ou a
locação de bem integrante do património de
entidade pública ou ainda, a prestação de
serviço por esta, por preço inferior ao do
mercado;
- Realizar operação financeira sem observância
das normas legais ou regulamentares ou
aceitar garantia insuficiente ou inadmissível;
- Conceder beneficio administrativo ou fiscal
sem a observância das formalidades legais ou
regulamentares aplicáveis;
- Violara regras legais sobre concursos em
matéria de contratação pública;
- Ordenar ou permitir a realização de despesas
não autorizadas por lei ou regulamento;
- Permitir, facilitar ou concorrer para que
terceiro enriqueça ilicitamente;
- Permitir que se utilize, em obra ou serviço
particular, veículos, maquinas, equipamentos ou
material de qualquer natureza, de propriedades
ou à disposição de qualquer entidade pública;
- Permitir que se recorra, em obra ou serviço
particular, ao trabalho de servidor público,
empregado ou terceiro contratado por entidade
pública;
- Disponibilizar verba pública sem a observância das
normas em vigor ou influir, de qualquer forma,
para a sua aplicação indevida.
GARANTIAS DE PROBIDADE E SANÇÃO
. Declaração de Bens
Nos termos do art. 27º, o agente público
enumerado no nº 1, do citado artigo, deverá até
30 dias da sua tomada de posse apresentar a sua
declaração de bens, devendo actualiza-la de 2 em
2 anos, que ficará acautelada pelo Procurador
Geral da República, mantendo-se inviolável, salvo
se por decisão judicial for determinada a sua
abertura.
• Sanções:
• As sanções aplicáveis no âmbito da presente
Lei em estudo, são de forma gradual, podendo
ser uma mera reparação dos danos causados
ou condenação judicial de até 8 (oito) anos de
prisão.
• Impedimento do Agente Público (art. 28º)
. Escusa e Arguição de Impedimento (art. 29º)
. Obrigações ao Cessar as Funções (art. 30º)
. Reintegração Patrimonial e Sanções (art. 31º)
. Aspectos Processuais (art. 32º)
CRIMES COMETIDOS POR AGENTES
PÚBLICOS
• Encontramos ainda na Lei da Probidade Pública a
criminalização e responsabilização de certas condutas
praticadas pelo agente público, criando assim, a figura
penal da prevaricação (art. 33), da denegação do poder
disciplinar (art. 34), o não acatamento ou recusa de
execução de decisão judicial (art. 35), a violação de
normas de execução do plano econômico (art. 36),
peculato por erro de terceiro (art. 37), emprego de
força policial contra a lei (art. 38), abuso de poder (art.
39), denunciação caluniosa (art. 40), a
responsabilidade civil (art. 41) e a exclusão de
responsabilidade disciplinar (art. 42).

• Nota:
- o atraso no pagamento de salários ou o
envio ao Tribunal de Contas de processos do
pessoal nomeado, sem motivo justificável,
fora do prazo previsto em lei, constitui uma
falta grave, nos termos da alínea “a“, do nº 3,
do art. 22º;

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