Você está na página 1de 41

Vigilância

Epidemiológica da
Hanseníase
III Curso de Dermatologia na Atenção Básica

Jorgete Maria e Silva


Núcleo Hospitalar de Epidemiologia
HC-FMRP-USP
22/06/2009
Hanseníase
 É uma doença antiga

 Originária da Ásia, China e India, no século VI


a.C.

 Nas Américas, acredita-se que a hanseníase


deve ter chegado com os colonizadores, entre
os séculos XVI e XVII

(JOPLING, 1991; OPROMOLLA, 1981).


Hanseníase

 Doença infecciosa de evolução crônica

 Agente etiológico: Mycobacterium leprae, bacilo


álcool ácido resistente, intracelular, alta
infecciosidade e baixa patogenicidade, afinidade
por células cutâneas e nervos periféricos

 Diagnóstico clínico/epidemiológico/laboratorial
Hanseníase

 O homem é a principal fonte de infecção

 Transmissão principal por vias aéreas

 O controle da hanseníase é baseado no


diagnóstico precoce de casos, seu tratamento
e cura, visando eliminar fontes de infecção e
evitar seqüelas
Hanseníase – Problema de Saúde
Pública
 1912 a 1920 – passa a ser considerada
problema de saúde pública

 Em 1920 (Emílio Ribas e Oswaldo Cruz)


Criação do Departamento Nacional de
Saúde Pública, e a Inspetoria de Profilaxia
da Lepra e Doenças Venéreas.
Hanseníase - 1991

 Doença endêmica – > 1/10.000 habitantes


122 países do mundo

44ª Conferência Mundial da Saúde, a


Organização Mundial da Saúde estabelece a
meta de
< 1 caso/10.000 habitantes até o ano de 2000
Hanseníase 2000

 Angola, República Centro Africana, Congo,


Madagascar, Moçambique, Nepal, Tanzânia,
Índia e Brasil - não conseguiram cumprir a
meta
Como vem ocorrendo o controle desta
doença milenar?

O que acontece no Brasil e no mundo?


O Brasil é o primeiro no mundo em
prevalência da doença
Em segundo lugar aparece o Nepal: o país está próximo dos 10 casos a
cada 100 mil pessoas.

Ato público 13/05/2009


Brasília
WHO, 2007
A hanseníase do século passado e seu estigma até os dias atuais
Hanseníase

 A substituição do termo “lepra” por hanseníase


foi iniciativa pioneira do Brasil. Tal medida, não
tem se mostrado suficiente para eliminar o
estigma; sua adoção não foi universal, além de
não ter sido acompanhada de um esforço
educativo, no sentido de mudar as atitudes
diante da doença.

(BRASIL-MS, 1989)
A hanseníase do século passado e seu estigma até os dias atuais

 O isolamento dos doentes foi uma


iniciativa que não foi capaz de
controlar a endemia e contribuiu para
aumentar o medo e o estigma
associados à doença dificultando o seu
controle

(BRASIL-MS, 1989).
A hanseníase do século passado e seu estigma até os dias atuais

Leprosario de Ubá, MG, 1939


A hanseníase do século passado e seu estigma até os dias atuais

matraca
A hanseníase do século passado e seu estigma até os dias atuais

Os doentes dependiam de caridade


Controle da Hanseníase no Brasil
Novas metas para 2011
 Educação
 Informação
 Notificação dos casos - SINAN
 Controle do tratamento – cura/poliquimioterapia
 Busca ativa dos comunicantes de todos os
casos detectados, principalmente <15 anos
Indicadores epidemiológicos de
avaliação da hanseníase
PARÂMETRO

- COEFICIENTE DE 20 ou mais: hiperendêmico


PREVALÊNCIA
entre 20 e 10: muito alto

Casos notificados 31 de dezembro X 10.000 entre 10 e 5: alto


População em 31 de dezembro
entre 5 e 1: médio
- Estimar o impacto atual
da endemia. 1 ou menos: baixo

21,94 Brasil, 2007


Indicadores epidemiológicos de
avaliação da hanseníase

COEFICIENTE DE PARÂMETRO
DETECÇÃO
Casos novos detectados no ano X 10.000 4 ou mais: hiperendêmico
População em 1o de julho
entre 4 e 2: muito alto
- Verificar a tendência entre 2 e 1: alto
histórica da endemia; entre 1 e 0,2: médio
- Estimar a intensidade 0,2 ou menos: baixo
das atividades de
detecção.

21,08 Brasil, 2007


Indicadores epidemiológicos de
avaliação da hanseníase
COEFICIENTE DE DETECÇÃO EM
MENORES DE 15 ANOS PARÂMETRO

Casos novos detectados no ano em < 15 anos X 1 ou mais: hiperendêmico


10.000
População de menores de 15 anos em 1o de julho
entre 1 e 0,5: muito alto
- Verificar a tendência histórica da
entre 0,5 e 0,25: alto
endemia;
- Estimar a intensidade da entre: 0,25 e 0,05: médio
transmissão recente.
0,05 ou menos: baixo
Epidemiologia e Serviços de Saúde ● Volume 16 - Nº 2 - abr/jun de 2007
Epidemiologia e Serviços de Saúde ● Volume 16 - Nº 2 - abr/jun de 2007
Coeficiente de detecção geral e em menores
de 15 anos/10.000 hab, por região do Brasil, 2001-2006

Tabela 1 - Coeficiente de detecção geral e menor


de 15 anos por 104, região, Brasil 2001-2006
Coeficientes de detecção de casos novos de hanseníase por
100.000 habitantes, regiões e Brasil, 2001 - 2007
Coeficiente de detecção de casos novos de hanseníase
por 100.000 habitantes, estados da Federação, Brasil, 2007
Distribuição dos casos novos de hanseníase na população de 15
anos e mais de idade,segundo grau de escolaridade, Brasil, 2007.
Percentuais de contatos examinados dos
casos novos de hanseníase, regiões e Brasil, 2000 - 2007.
Percentuais de cura de hanseníase nas coortes de
paucibacilares e multibacilares, regiões e Brasil, 2006 e 2007.
1024 municípios com taxa de
detecção média de 96,6
60% em < 15 anos
53,5% do total de casos
notificados
17,5% do total da população
Os 10 primeiros clusters de casos de hanseníase, identificados por meio
do coeficiente de detecção de casos novos no período de 2005 a 2007,
Brasil*.
Estudo da tendência da hanseníase por regiões do Brasil, 1980-2010
Hanseníase
A Hanseníase apresenta tendência de
estabilização dos coeficientes de detecção
no Brasil, mas ainda em patamares muito
altos nas regiões Norte, Centro-Oeste e
Nordeste. Essas regiões concentram
53,5% dos casos detectados em apenas
17,5% da população brasileira.
Coeficiente de Prevalência de Hanseníase, Estado de São Paulo, 1985-2006.

14,00

12,00
Coef.Prev.(p/10.000hab.)

10,00

8,00

6,00

4,00

2,00

0,00
85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06

Prev_p 12,5 13 12,5 11,9 12 11,6 11,8 8,8 7,44 5,86 4,32 2,93 2,24 1,85 1,74 1,61 1,52 1,41 1,31 1,22 1,04 0,78
Prev_emC 12,5 13 12,5 11,9 12 11,6 11,8 8,8 7,44 5,86 4,32 2,93 2,24 1,85 1,74 1,61 1,52 1,41 1,31 0,44 0,49 0,37
Ano

Fonte: CVE-SP
Prevalência anual dos casos de hanseníase em
residentes no município de Ribeirão Preto,
1991 a 2006.

prevalência
25

19,52
20

13,89
15
13,77

10 8,65
7,42
4,393,44
5 2,72 1,97
1,8 1,73 1,71,44 1,14
0,870,62 0,82
0
91

92

93

94

95

96

97

98

99

00

01

02

03

04

05

06

07
19

19

19

19

19

19

19

19

19

20

20

20

20

20

20

20

20
Fonte – Sinanw –
Notificações de Hanseníase do HCFMRP

Fonte: SINAN/NHE
SITUAÇÃO ATUAL DA ENDEMIA EM
RIBEIRÃO PRETO, 2007

PREVALÊNCIA
menos de 1 caso por 10.000 habitantes desde 2005.
(BAIXO)

DETECÇÃO DE CASOS NOVOS


declinante, em ritmo lento, sem tendência definida com nitidez.
(MÉDIO)

DETECÇÃO DE CASOS NOVOS EM MENORES DE 15 ANOS


Entre zero e 0,02 nos últimos 3 anos
(BAIXO)
Controle da Hanseníase
 Manutenção de serviços de saúde para:
.diagnóstico precoce
.tratamento adequado

 Vigilância epidemiológica com ênfase no


controle dos contatos
Obrigado!

Você também pode gostar