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EPIDEMIOLOGIA DE DOENÇAS

VEGETAIS
EPIDEMIOLOGIA DE DOENÇAS VEGETAIS
Estudo de doenças de plantas em nível de
populações.
• Epidemia: refere-se a um aumento da doença
numa população de plantas em intensidade e/ou
extensão, i.é, um aumento na incidência-
severiadade e/ou um aumento na área geográfica
ocupada pela doença.
• Endemia: a doença sempre presente numa
determinada área e caracteriza-se por não estar
em expansão.
Epidemiologia
Conceitos:
Vanderplank (1963) – “ciência da doença em populações”
Kranz (1974) - “estudo de populações de patógenos em
populações de hospedeiros e da doença resultante desta
interação, sob a influência do ambiente e a interferência
humana”
a quantidade de doença no campo é determinada pelo
balanço entre dois processos: infecção e remoção

Zadoks e Shein (1979)

“ Epidemiologia é o estudo de populações de patógenos e de hospedeiros


Que leva algo novo: a doença. Esta pode ser considerada como uma terceira
Classe de população: a populações de lesões ou de indivíduos doentes”
Princípio básico da Epidemiologia

Balanço entre infecção e remoção = Quantidade de doença no campo

Epidemia explosiva = aumento rápido da intensidade da doença


Epidemia tardígava = aumento lento da intensidade da doença

Epidemia poliética = epidemia que necessita de anos para mostrar significativo


Aumento da doença
EPIDEMIOLOGIA DE DOENÇAS VEGETAIS

PATÓGENO HOSPEDEIRO

DOENÇA

AMBIENTE

Para os epidemiologistas o fator HOMEM é um


dos mais importantes.
Epidemias: O monociclo

Doença (definição) ?

Interação de uma única planta com uma única unidade infectiva do patógeno

O que é um ciclo de infecção ?

Todos os eventos que ocorrem desde o primeiro contato entre o patógeno e


hospedeiro até a morte da lesão.
Quais são o elementos de um ciclo de infecção?

Ex: Ferrugem

Visão simplificada
1 – Formação de esporos
2 – Liberação
3 – Germinação
4 – Penetração
5 – Colonização

Visão detalhista

1 – Formação de esporos
2 – Liberação
3 – Germinação
4 – Formação de apressório
5- Formação do peg de penetração
6 – Formação de vesícula subestomal
7- Formação de hifa a partir da vesícula
8 – Colonização
Doença envolve processos que envolve taxa de mudança; taxa de mudança
envolve tempo.

Período de incubação:

-Período de tempo decorrido entre a deposição do patógeno na superfície do


Hospedeiro e o aparecimento dos primeiros sintomas.

Período latente:

- Período de tempo decorrido entre a deposição do patógeno na superfície do


Hospedeiro e o aparecimento dos primeiros sinais.

Período infeccioso

- Período de tempo em que uma lesão permanece produzindo estruturas reprodutivas


Epidemias: O policiclo

Cadeia de infecção caracteriza-se, portanto, na ocorrência de diversos ciclos de


Infecção do patógeno durante um único ciclo de cultivo do hospedeiro.

Doenças de juros compostos (Vanderplank; 1963)

Juros compostos

Crescimento de capital aplicado em um investimento que renda juros compostos


onde juros ganhos rendem novos juros

Doenças de juros compostos

-Plantas infectadas no início do seu ciclo servirão de fonte de inóculo do patógeno


para posteriores infecções neste mesmo ciclo.
Ex: Ferrugem do feijoeiro (Uromyces appendiculatus)
Classificação epidemiológica da doença (Vanderplank, 1963)

Doenças de juros simples (Vanderplank; 1963)

Plantas infectadas no início do ciclo da cultura não servirão de fonte de inóculo


para infecções futuras.

Ex: Murchas vasculares causadas por Fusarium oxysporum e Verticillium spp

Podridões causadas por Sclerotinia sclerotiorum


• Doença de juros simples
- esporos produzidos não servem de fonte de
inóculo para o mesmo ciclo de cultivo
Ex: Doenças de solo
• Doença de juros compostos
- plantas infectadas durante o cultivo servirão de
fonte de inóculo para novas infecções durante o
mesmo ciclo
Ex. Ferrugem do trigo (1 geração a cada 10 dias)
10 lesões...
100...
1.000....
10.000...
100.000...
1.000.000.....

EXP

%
D
O
E
N
Ç
A

TEMPO
Curva de progresso da doença

Doença de juros composto= curva exponencial

Doença de juro simples = curva linear

Problema = doenças crescem para o infinito

Redução da velocidade de crescimento da doença é proporcional a redução da


oferta de tecido sadio

Doença de juros composto= curva logística

Doença de juro simples = curva monomolecular


Curvas de progresso da doença: expressa pela
plotagem da proporção de doença x tempo, sendo
assim a melhor representação de uma epidemia.
Por meio dela:
-Interações entre patógeno, hospedeiro e
ambiente,
- Estratégias de controle avaliadas,
- Níveis futuros de doença previstos e simuladores
verificados.
Curvas de progresso da doença podem ser
construídas para qualquer patossistema.
EX: hospedeiro anual (feijão)

Parâmetros importantes:
X0- quantidade de inóculo inicial
r – taxa de aumento da doença
Xmax – quantidade máxima de doença
Xf – quantidade final de doença
Taxa de infecção e doença
• Doença de juros simples
- esporos produzidos não servem de fonte de
inóculo para o mesmo ciclo de cultivo
Ex: Doenças de solo
• Doença de juros compostos
- plantas infectadas durante o cultivo servirão de
fonte de inóculo para novas infecções durante o
mesmo ciclo
Ex. Ferrugem do trigo (1 geração a cada 10 dias)
10 lesões...
100...
1.000....
10.000...
100.000...
1.000.000.....

EXP

%
D
O
E
N
Ç
A

TEMPO
QUANTIFICAÇÃO DE DOENÇAS
Necessária para:
- o estudo de medidas de controle,
- na determinação da eficiência de um fungicida,
- na caracterização da resistência varietal, como
para a construção de curvas de progresso da
doença e estimativas dos danos provocados.
- De nada adiantaria conhecer o agente causal
(patógeno) de uma doença se não fosse possível
quantificar os sintomas por ele causados.
Métodos Diretos de Avaliação de Doenças
- Estimativas da incidência e da severidade,
- Técnicas de sensoriamento remoto, utilizadas na
quantificação de doenças em áreas extensas.
Avaliação de doenças
• Incidência: é a porcentagem (frequência) de
plantas doentes em uma amostra ou população.
- Elaboração de curvas de progresso de doenças.
- Utilizada quando a epidemia está em fase inicial.
Avaliação de doenças
• Severidade: é a porcentagem da área ou do
volume de tecido coberto por sintomas.
- Muito utilizado para quantificar doenças foliares
como ferrugens, oídios, míldios e manchas.
- Chaves descritivas
- Escalas diagramáticas
- Análises de imagem de vídeo por computador.
Intensidade quantidade de doença
Incidência: percentagem de plantas doentes ou de
suas partes.
Severidade: percentagem de área atingida pelos
sintomas.
Escalas descritivas: Escalas descritivas utilizam
chaves com certo número de graus para
quantificar doenças.
- Cada grau da escala deve ser apropriadamente
descrito ou definido.
Escalas descritivas
Ramulose
1. Planta sem sintomas
2. Lesões necróticas em forma de estrela.
3. Lesões estreladas com início de
superbrotamento.
4. Lesões estreladas, superbrotamento,
encurtamento de internódios.
5. Lesões estreladas, encurtamento de internódios
superbrotamento intenso, redução de porte.
Avaliação de doenças
- Escala Diagramática: representações ilustradas
de uma série de plantas ou parte de plantas com
sintomas em diferentes níveis de severidade.
Avaliação de doenças
- Escala Diagramática
Análise de imagens de vídeo por computador
- Consiste na obtenção da imagem de uma
amostra com câmera de vídeo, transferência
desta imagem para microcomputador através de
um conversor e análise da imagem gerada com
avaliação das áreas sadia e doente.
- Com tal tipo desistem a, podem ser obtidas
estimativas não subjetivas da quantidade de
doença, mesmo com amostras de folhas
compostas de bordos recortados.
Sensoriamento remoto
-um conjunto de técnicas capaz de propiciar
informações de um objeto sem que haja contato
físico com este objeto.
- As propriedades radiantes de tecido de plantas
sadias diferem daquelas de tecidos de plantas
doentes.
-Em geral, tecidos infectados apresentam menor
reflectância na região do infravermelho
(comprimento de onda maior que 0,7 μm) quando
comparados com tecidos sadios.
- Assim a avaliação de doenças pode ser realizada
com qualquer instrumento capaz de quantificar as
diferenças de reflectância desta faixa do espectro.
Métodos Indiretos de Avaliação de Doenças
Vírus: A avaliação deste tipo de doença é feita com
técnicas de diagnose, como indexação do vírus em
plantas indicadoras ou técnicas serológicas.
- Métodos sensíveis de serologia têm permitido,
inclusive, a quantificação de partículas virais no
hospedeiro, o que está de certa forma relacionado
à severidade da doença (teste imuno-enzimático
conhecido por ELISA) .
Nematóides: a população patogênica é avaliada
através de métodos específicos envolvendo
amostragem de solo e raízes com posterior
extração e contagem de indivíduos.
- Os dados obtidos desta forma servem tanto na
orientação de medidas de controle quanto na
estimativa de danos causados por estes organismo.
CURVAS DE PROGRESSO E CLASSIFICAÇÃO
EPIDEMIOLÓGICA DE DOENÇAS
Curva de Progresso da Doença
- Usualmente expressada pela plotagem da
proporção de doença versus o tempo, é a melhor
representação de uma epidemia.
- Através dela, interações entre patógeno,
hospedeiro e ambiente podem ser caracterizadas,
estratégias de controle avaliadas, níveis futuros de
doença previstos e simuladores verificados.
- Inpendentemente da situação considerada,
vários parâmetros importantes da curva de
progresso da doença podem ser caracterizados,
em que se destacam:
- época de início da epidemia (t0),
- quantidade de inóculo inicial (y0),
- taxa de aumento da doença (r),
- forma e área abaixo da curva de progresso da
doenças,
- quantidades máxima (ymax),
- final (yf) de doença e duração da epidemia.
Avaliação de danos e perdas
Objetivos da avaliação de danos e perdas
- Decidir racionalmente quanto investir em
Controle.
- Decidir quanto à conveniência do emprego de
fungicidas visando ao controle do eventual
patógeno.
- Avaliar a conveniência dos investimentos de
pesquisas.
- Decidir quanto à viabilidade e justificativa no
desenvolvimento de variedades resistentes.
Terminologia
Produção - produto mensurável de valor
econômico de uma plantação.
Injúria - qualquer sintoma visível oriundo de danos
físicos ou causado por um organismo nocivo.
Organismo nocivo - qualquer agente biológico que
danifique uma plantação.
Dano - qualquer redução na qualidade e/ou
quantidade da produção.
Perda - redução no retorno financeiro por unidade
de área devido à ação de organismos nocivos.
Injúria (I) - leva a danos (D)
D = f (I)
Danos (D) - leva a perdas (P)
P = f (D)
Validação da Escala Diagramática
-Exercícios:
1) Observar as 8 folhas com diferentes níveis de
severidade e apresentadas para os avaliadores sem
experiência prévia na avaliação de doenças.
- Eles irão estimarão a severidade de cercosporiose
numa primeira etapa sem e, posteriormente,com a
escala diagramática.
- Acurácia e a precisão das estimativas visuais de
cada avaliador serão determinadas por regressão
linear simples, considerando a severidade real
como variável independente e a severidade
estimada como variável dependente.
Acurácia: é uma medida da correlação entre o
valor estimado e os valores das fontes de
informação, ou seja, mede o quanto a estimativa
que obtivemos é relacionada com o "valor real“.
- A precisão das estimativas será avaliada pelo
coeficiente de determinação da regressão (R2) e
pela variância dos erros absolutos (severidade
estimada menos severidade real).
A medida r2 reflete até que ponto os valores de y
estão relacionados com os de x.
Se r2 = 0, então b = 0 e o valor médio de y é a
melhor projeção para qualquer valor de x.
Se r2 é próximo de 1, isso significa que a variação
explicada responde por uma grande percentagem
da variação total.
Se r2 = 0,81, por exemplo, indica que
aproximadamente 81% da variação em y está
relacionada com a variação de x e que 19% não é
explicado por x.
1) Considerando a Escala Diagramática para
avaliação da severidade da Cercospora spp. em
folha de filodendro, analise os níveis de acurácia e
precisão das estimativas geradas. Deverá constar a
equação do gráfico e exibir o valor de R2 no gráfico.

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