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APROFUNDAMENTO - FOFOCA

Letícia Coleone Pires


DOIS CAMINHOS

- “Defender” a fofoca poderia observar que a ela na


verdade reflete uma curiosidade natural do ser
humano em relação ao outro – bastaria como
exemplo lembrar a infinidade de revistas e
programas de televisão especializados em detalhar
a vida alheia, sobretudo de personagens famosos,
seja para distração dos curiosos, seja para consolo
ou compensação de suas frustrações.
Prejudicial poderia destacar os sentimentos
negativos que caracterizariam “os indivíduos
tomados pela fofoca”, como a inveja e a ausência de
compaixão. A avançada tecnologia de comunicação
e informação hoje disponível poderia ser utilizada
para ilustrar o sofisticado aparato de que se vale
sobretudo o segmento juvenil para promover
ataques a colegas e professores, em sua maioria
impotentes para reagir às difamações e agressões
virtuais de que têm sido vítimas.
ESTUDOS
 Um estudo recente da Universidade de
Northeastern, em Boston, descobriu não só que o
nosso subconsciente valoriza a fofoca, como nossa
mente e nossos olhos prestam atenção particular
quando estão em jogo informações negativas.

 Nosso cérebro está sempre procurando


informações que possam ajudar a nos proteger de
indivíduos potencialmente perigosos que
poderiam nos prejudicar no futuro.
 Seja doce ou cruel, a fofoca deixa as pessoas se
sentindo mais próximas umas das outras,
aumentando a sensação de “suporte social”, diz a
pesquisa.

 Se um boato se espalha é porque encontra eco nos


ouvintes, ou seja, para eles, naquele instante, a
história faz algum sentido – não soa como
mentira, mas sim como algo crível. Os
pesquisadores que estudam o tema não têm
dúvidas: trata-se de um fenômeno universal,
permanente e necessário para a organização
social.
 “Na origem, o termo se referia a passar o tempo
conversando com os amigos”, diz o antropólogo
Robin Dunbar, da Universidade de Liverpool, na
Inglaterra. A fofoca foi uma estratégia que a
evolução encontrou para favorecer a troca ampla e
rápida de informações entre os membros de um
grupo. “A linguagem evoluiu a fim de permitir que
nossos ancestrais fofocassem”, diz Dunbar. “Só
assim eles poderiam viver em grupos maiores e
permanecer unidos sem depender exclusivamente
dos meios usados pelos primatas – o toque e a
observação.”
 A fofoca também faz parte do aprendizado das
normas do grupo: aparece para lembrar o
indivíduo daquilo que é digno de louvor e do que
pode ser passível de punição naquela sociedade.
“Trata-se um modo efetivo de controlar as
pessoas que se sentem tentadas a transgredir as
regras”, diz psicólogo americano Frank
McAndrew, professor da Faculdade Knox, em
Illinois. Cada sociedade apresenta um diferente
grau de tolerância à fofoca. “A cultura determina
que tipos de fofoca são permitidos, quais são
considerados de mau gosto e quanto cada um
pode fofocar sem arranhar a própria reputação”,
afirma.
 O ser humano, na essência, é movido a histórias.
Elas atiçam a imaginação tanto do ouvinte
quanto do narrador, entretêm os amigos,
conferem um poder mágico. Por isso, fofocas e
boatos são tão irresistíveis.
REPORTAGENS
 https://www.papodehomem.com.br/a-fofoca-e-uma-aptidao-social-nao-um-
defeito-de-carater

 http://www.methodus.com.br/artigo/395/a-seducao-da-fofoca.html

 http://super.abril.com.br/blog/como-pessoas-funcionam/por-que-nao-resistimos-
a-uma-fofoca/

 http://super.abril.com.br/blog/cienciamaluca/fofocar-faz-bem-pra-voce/

 http://super.abril.com.br/historia/boatos-e-fofocas-ouvi-dizer-que/

 https://agencia.fiocruz.br/cyberbullying-e-casos-de-suic%C3%ADdio-aumentam-
entre-jovens

 https://novaescola.org.br/conteudo/1530/cyberbullying-a-violencia-virtual

 http://oglobo.globo.com/cultura/livros/historiador-investiga-origem-do-habito-
de-falar-mal-dos-outros-19145951
QUAL A DIFERENÇA ENTRE CALÚNIA, INJÚRIA E
DIFAMAÇÃO?

 Crimes contra a honra.

 Calúnia (art. 138) é acusar alguém publicamente


de um crime (6 meses a 2 anos preso, além de
pagar uma multa);
 Difamação (art. 139), de um ato desonroso
(Detenção de 3 meses a 1 ano e multa);
 Injúria (art. 140) é basicamente uma difamação
que os outros não ouviram: é chegar e dizer para
um sujeito algo que esse sujeito considere
prejudicial ( 1 a 6 meses ou ter que pagar uma
multa).
PENSAMENTOS

 “Fofoca não é escândalo e não é algo


simplesmente malicioso. Não passa de conversa
sobre a raça humana, praticada por aqueles que a
amam” (Phyllis McGinley – poeta e escritora
norte-americana).

 “Qualquer pessoa que tenha obedecido à natureza


ao transmitir uma fofoca experimenta o alívio
explosivo que acompanha a satisfação de uma
necessidade primária” (Primo Levi - químico e
escritor italiano).
 “ ‘Eu nunca repito nada’. Essa é a frase
ritualística dos integrantes da alta sociedade, por
meio da qual a fofoca é sempre garantida.”
(Marcel Proust – romancista francês).

 “A fofoca é o ópio dos oprimidos.” (Erica Jong –


educadora e escritora norte-americana).

 “Mantenha-se em silêncio durante a maior parte


do tempo, e fala apenas quando for
absolutamente necessário, e, então, seja breve”
(Epiteto, filósofo estóico grego).
 “A fofoca é um charme! História não passa de
fofoca. Mas o escândalo é fofoca transformada em
algo tedioso pela moralidade.” (Oscar Wilde,
dramaturgo, romancista e poeta inglês).

 “Ao mesmo tempo em que a fofoca entre mulheres


é ridicularizada de maneira universal como algo
baixo e trivial, a fofoca entre os homens,
principalmente se for relativa a mulheres, é
chamada de teoria, ideia ou fato.” (Andrea
Dworkin – feminista e crítica norte-americana).
 “A fofoca é a ferramenta do poeta, o papo de
trabalho do cientista e o consolo da dona de casa,
do espertinho, do magnata e do intelectual.
Começa no berçário e termina quando o discurso
fica no passado.” (Phyllis McGinley – poeta e
escritora norte-americana).

 “Três pessoa podem guardar um segredo se duas


delas estiverem mortas” (Benjamin Franklin,
inventor norte-americano).
 “Mostre-me alguém que nunca faz fofoca e eu lhe
mostrarei alguém que não se interessa pelas
pessoas.” (Barbara Walters, jornalista televisiva.)

 “Não testemunhe com a boca aquilo que você não


viu com os olhos” (Provérbio judaico).
FILMES, SÉRIES, LIVROS
 A mentira (filme)
 Gossip Girl (seriado)

 Thirteen Reasons Why (filme e seriado)

 Janela indiscreta (filme)

 Meninas malvadas (filme)

 A letra escarlate (livro)

 Tratado geral sobre a fofoca: uma análise da


desconfiança humana (livro)

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