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BREVE HISTÓRIA DA

DISCIPLINA DE
LÍNGUA PORTUGUESA
FORTALECIMENTO DA GRAMATIZAÇÃO MUNDIAL

• Num período que vai do século V, passando pelo Renascimento, até o século XIX, ou
movimento de grande importância foi a gramaticalização maciça das línguas do
mundo, a partir de uma só tradição linguística inicial – a tradição greco-latina.

• Essa preocupação com a construção do saber (também sobre a língua) resultou, no


Brasil, no aumento da construção de grandes colégios, como o Colégio Pedro II, em 2
de dezembro de 1837, no Rio de Janeiro e a Escola normal, em 4 de março de 1880,
que funcionava no Seminário Episcopal da Conceição (primeiro estabelecimento de
ensino secundário da província de Mato Grosso)
• 1822 o Império do Brasil cria uma cadeira de disciplina Geografia e Eloquência no
Colégio Dom Pedro II
• “logo que os respectivos Seminaristas se acharem promptos e approvados no estudo
de gramática latina” (BRASIL, 1887, p.41)
• Com a mesma preocupação, em 05 de março de 1823 o governo publica o Decreto que
cria “uma cadeira de grammatica latina para instrucção da mocidade”. (BRASIL,
1887b, p.43).
• Mais tarde, em 15 de outubro de 1827, sancionou-se o Decreto Imperial que
determinava que “todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de
primeiras letras” (BRASIL, 1878, p.71), onde em seu Art.6º determinou-se que:
• Os professores ensinarão a ler, escrever, as quatro operações de arithmetica, pratica
de quebrados, decimaes e proporções, as noções mais geraes de geometria pratica, a
grammatica de língua nacional, e os principios de moral christã e da doutrina da
religião cathólica e apostolica romana, proporcionados á comprehensão dos meninos;
preferindo para as leituras a Constituição do Imperio e a Historia do Brazil. (BRASIL,
1878, p.72, grifo meu)
• 1823 o Império estabelece uma Constituição, logo criou-se, em 1834, os Liceus
nas províncias,
• O modelo seguido para seu regulamento foi o francês, cujo currículo escolar
contemplava entre outras disciplinas: gramática nocional e gramática latina (7ª e
8ª séries) para a qual, conforme ORLANDI & GUIMARÃES (2002), dois anos eram
suficientes, uma vez que se destinavam a uma elite que já dominava a norma
culta.
• As humanidades ganhavam cada vez mais expressão. Em 1841, instituiu-se o
estudo da gramática geral e nacional (no 1º de sete anos). Mais tarde, em 1854,
um novo regulamento determina o estudo da gramática nocional, entre outras
matérias, como obrigatório, estendendo-se, em 1855, aos quatro primeiros anos
(dos sete) para obtenção do diploma de Bacharel no Colégio Pedro II.
• Como instrumento de ensino, são publicadas no Brasil Império ou trazidas de
Portugal algumas gramáticas e dicionários. Damos destaque às gramáticas da
língua brasílica.
• Continuamos sob a influência da gramática geral até o ano de 1882,
• quando é adotada a gramática de Júlio Ribeiro, possibilitando o conhecimento da
gramática expositiva.
• A esse momento segue-se a busca pelo rompimento com a tradição gramatical
portuguesa, variando entre a filiação normativa de gramática e a nova proposta
de gramática descritiva expositiva, que incitava a busca por uma concepção de
gramática não-normativa.
• No entanto, criou-se mesma a gramática normativa por se tratar de uma gramática
prática.
• será, então, possível somente com Said Ali em sua Gramática Secundária da Língua
Portuguesa (1924), que acaba por instalar o lugar da gramática descritiva
(histórica - científica) na história da gramática no Brasil.
• No final da década de 1880, cria-se um rígido sistema do Colégio e Seminário
Caraça no período da Monarquia (1808-1889) que previa, entre outras
determinações, o uso intensivo de gramáticas e dicionários. A Educação era
apenas para a Elite brasileira.
• Nesse cenário, o conhecimento da língua do Brasil ocorreu pela gramaticalização
da mesma.
• Orlandi e Guimarães (2002) apontam que, observando o funcionamento do
Colégio Caraça “em termos de regulamento, de currículo, de programas, de
didática, de atividades extra-classe”(p. 96), puderam apreender os modos de:

afirmação, difusão e transmissão de uma língua portuguesa,


oral e escrita, no Brasil – de construção de uma língua nacional
– ao mesmo tempo em que se silencia e apaga uma outra
língua portuguesa, a do Brasil (...) conjugando norma moral,
preceito social e regra política e linguística(...) Neste
funcionamento, um ponto de honra do Caraça era falar e
escrever corretamente a língua portuguesa, o que chegou ao
século XX.(ORLANDI; GUIMARÃES, 2002. p. 96).
• Essas palavras de Orlandi e Guimarães nos remetem à reflexão de
que a língua incipiente verdadeiramente nacional era
marginalizada, sendo a variante européia do português a de
verdadeiro prestígio. Ainda assim, ensinar e aprender a bem falar e
bem escrever a língua portuguesa parecia perder espaço diante do
ensino do latim, do grego, do francês e do inglês.

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