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Direito Internacional Público 1

O Direito Internacional
na
Enciclopédia jurídica
Direito Internacional Público 2

• O conceito de Direito Internacional


– Como delimitar o DIP, podemos recorrer a três critérios:
• Critério dos sujeitos intervenientes;
• Critério das matérias reguladas
• Critério das fontes normativas
Direito Internacional Público 3

• O Critério dos sujeitos intervenientes;


– Define o DIP a partir da inserção internacional dos
respetivos sujeitos. Porém, este fundamento tem evoluído
• Primeiro o DIP regulava as relações entre Estados
• Num segundo momento o DIP passou a regulas os sujeitos das
relações internacionais, já os não identificando apenas como
Estados (v.g. as organizações regionais de Estados ou as
organizações internacionais como a União Postal Internacional
ou a Cruz Vermelha)
– Tal dificulta a utilização deste critério. Acresce que se trata de
uma petição de princípio. Se é o DIP que nos diz quais são os sujeitos de
DIP, como é que podemos querer delimitar o DIP a partir dos sujeitos.
Direito Internacional Público 5

• O Critério das matérias reguladas;


– Define o DIP a partir das matérias objeto da respetiva
regulação, o DIP ocupar-se-ia das matérias trans-
estaduais, pertinentes às relações internacionais
– A CNU distingue o âmbito da regulação internacional do
âmbito do foro doméstico dos Estados
– Persiste com este critério o problema de saber por onde
passa a linha divisória entre o Dto Interno e o DIP pois
cada vez mais matérias passam do foro interno para o
foro internacional
Direito Internacional Público 6

• O Critério das fontes normativas;


– Define o DIP a partir do teor das suas fontes normativas
(tratados).
– Segundo a doutrina o DIP é o conjunto de normas
jurídicas criadas por processos de produção jurídica
próprios da comunidade internacional e que
transcendem o âmbito estadual.
– Também este critério sofre críticas por reduzir o DIP a
uma dimensão formal como se não houvesse dimensões
materiais e subjetivas a levar em consideração
Direito Internacional Público 7

• Adotamos o seguinte critério:


– O DIP é o conjunto de princípios e normas, de natureza
jurídica, que disciplinam os membros da sociedade
internacional, ao agirem numa posição jurídico pública,
no âmbito das suas relações internacionais.
– Este conceito tem 4 elementos constitutivos
Direito Internacional Público 8

• Elementos constitutivos do conceito de DIP adotado


– Elemento formal
• Conjunto de princípios e normas articuladas entre si formando
um ordenamento normativo
– Elemento subjetivo
• Referência aos membros da sociedade internacional
– Elemento funcional
• O estatuto jurídico público das pessoas jurídicas envolvidas
– Elemento material
• As matérias abrangidas pela regulação escapam ao domínio
interno (v.g. delimitação de fronteiras)
Direito Internacional Público 10

• Elemento formal
– Conjunto de princípios, entendendo-se por
princípios as orientações gerais que indicam
sentidos valorativos e técnicos para a decisão
jurídica
– E normas com uma estrutura dualista
distinguindo-se a previsão da estatuição
Direito Internacional Público 11

• Elemento subjetivo
– Atendemos agora ao conjunto de entidades que compõem a
sociedade internacional
– Estas entidades estabelecem entre si relações de:
• Coordenação (corrente hobbesiana – Thomas Hobbes – os
Estados são todos inimigos recíprocos daí a necessidade de se
coordenarem para não se destruírem mutuamente)
• Reciprocidade (corrente – grocciana – Hugo Grocius – propõe
relações internacionais numa base de cooperação e de
reciprocidade)
• Subordinação (corrente Kantiana – Immanuel Kant – que
propõe a construção de um Direito Internacional universalista
e solidário, com subordinação dos interesses individuais
Direito Internacional Público 12

• Elemento funcional
– Reflete a importância de os sujeitos de direito
internacional se posicionarem no âmbito do Direito
Público
– Ele elemento distintivo compreende-se em virtude de a
maior parte destes sujeitos de direito internacional
poder atuar ao abrigo de outros setores normativos
Direito Internacional Público 13

• Elemento material
– Seleciona nas relações internacionais aquelas que se
submetem ao Direito Internacional
– O Direito Internacional não pode regular tudo o que é
atinente às relações internacionais, há matérias que são
domínio reservado dos Estados (por exemplo as regras
que em cada Estado disciplinam a conclusão de tratados
internacionais)
Direito Internacional Público 14

• Elemento material
– Seleciona nas relações internacionais aquelas que se
submetem ao Direito Internacional
– O Direito Internacional não pode regular tudo o que é
atinente às relações internacionais, há matérias que são
domínio reservado dos Estados (por exemplo as regras
que em cada Estado disciplinam a conclusão de tratados
internacionais)
Direito Internacional Público 15

• Terminologia
– A designação Direito Internacional tem a sua origem
numa obra de Jeremy Bentham an introduction to the
Principles os Moral na Legislation que refere a
international law em oposição à nacional law.
– Esta expressão foi adotada por diversos países: Droit
International, Diritto Internazionale, Derecho
Internacional. Na Alemanha utiliza-se a expressão antiga
völkerrecht.
Direito Internacional Público 16

• Crítica à terminologia:
– Ao referir-se a nações pode dar-se a entender que não se
distingue Nação de Estado, o que não é verdade pois são
conceitos bem diferenciados como se disse no Direito
Constitucional
– Os sujeitos internacionais não são apenas os Estados
como se demonstrará.
Direito Internacional Público 17

• Características do Direito Internacional:

– Parcela do Direito Público


– Topocêntrico nas suas fontes e nos seus sujeitos
– Fragmentário nas matérias abrangidas pela sua
regulação.
Direito Internacional Público 18

• Divisões do Direito Internacional:

– Direito da Guerra e Direito da Paz

– Direito internacional Comum e Direito Internacional


Particular (de carácter regional).
Direito Internacional Público 20

• A evolução histórica do Direito Internacional

– A periodificação do Direito Internacional


– O período pré-fundacional do Direito Internacional
– O período clássico do Direito Internacional
– O período moderno do Direito Internacional
Direito Internacional Público 21

• A periodificação do Direito Internacional

– Os critérios relevantes para essa divisão

• O número e a qualidade dos sujeitos internacionais


• A importância e a qualidade das fontes internacionais
• A abrangência regulativa do Direito Internacional em
comparação ao Direito Interno
Direito Internacional Público 22

• A periodificação do Direito Internacional


– A delimitação dos períodos a considerar
• Período pré-fundacional
– De Heródoto (Século IV a.C.) até ao Tratado de Vestefália
• Período clássico
– Do Tratado de Vestefália (1648) até ao final da 1.ª Guerra Mundial
• Período moderno
– Do final da 1.ª Guerra Mundial (1918) até à actualidade
Direito Internacional Público 23

• A periodificação do Direito Internacional


– A delimitação dos períodos a considerar
• Período pré-fundacional
– De Heródoto (Século IV a.C.) até ao Tratado de Vestefália
• Período clássico
– Do Tratado de Vestefália (1648) até ao final da 1.ª Guerra Mundial
• Período moderno
– Do final da 1.ª Guerra Mundial (1918) até à actualidade
Direito Internacional Público 24

• Período pré-fundacional
– Período clássico
• Antiguidade clássica
– Desde Heródoto até à queda do Império Romano do Ocidente (V a.C. a
V d.C.)
• Idade média
– Desde a queda do Império Romano do Ocidente até à queda do
Império Romano do Oriente
• Idade moderna numa primeira fase
– Desde o fim da idade média até 1668
Direito Internacional Público 25

• Período Clássico
– 1.º Sub-período
• Desde a Paz de Westefália até ao fim das guerras napoleónicas
– 2.º Sub-período
• Desde o Tratado de Viena até à 2.ª Guerra Mundial
Direito Internacional Público 26

• Período Moderno (desde o século XX) 1


– Caracteriza-se por
• Consolidação das organizações internacionais no âmbito do
supra-nacionalismo e do multilateralismo
• A afirmação de novos Estados, designadamente com a
descolonização
• A protecção dos direitos humanos e a proscrição do uso da
força pelos Estados
• As novas explorações dos espaços internacionais
Direito Internacional Público 27

• Período Moderno 2

– Neste período há uma “tensão dialéctica” entre

• O princípio clássico da soberania estadual e

• O princípio da solidariedade internacional


Direito Internacional Público 28

• Período Moderno 3
– Quanto às organizações internacionais
• A SDN 1919-1945
– Organização essencialmente inter-governamental
– Destinada à conciliação e coordenação dos interesses estaduais
• A ONU
– Organização supra-nacional
– Dispõe de poderes amplos e de mecanismos de subordinação da
vontade dos Estados a decisões por maioria
– As suas normas são automaticamente incorporadas nos direitos
nacionais
Direito Internacional Público 29

• Período Moderno 4
– A ONU
• Descolonização
– O movimento de descolonização na América (George Washington, Simon Bolivar)
– O movimento de descolonização
– O Direito à autodeterminação dos povos (e o marxismo)
• Protecção dos Direitos Humanos
– A DUDH de René Cassin (ONU, 1948)
– Proscrição geral do uso da força pelos Estados
• Aproveitamento dos Espaços Internacionais
– Direito Internacional do Mar (Com a CNUDM, Montego Bay, na Jamaica em 1982)
– Direito Internacional dos Espaços Aéreos
– Direito Internacional dos Espaços Exteriores (com o desenvolvimento das
explorações espaciais)
Direito Internacional Público 30

• A juridicidade e o fundamento
do
Direito Internacional
Direito Internacional Público 31

• A juridicidade e o fundamento do Dto. Internacional


– A juridicidade do Dto. Internacional
– Há quem negue o carácter jurídico do Dto. Internacional
– Os argumentos dos que negam a existência deste direito
têm duas origens distintas:
• As explicações de índole filosófica;
• As explicações de índole técnico jurídicas
Direito Internacional Público 32

• A juridicidade e o fundamento do Dto. Internacional


Há quem negue o carácter jurídico do Dto. Internacional
– As explicações de índole filosófica;
• Jusnaturalismo, radical e pessimista de Thomas Hobbes
• Filosofia de cunho hegeliano
– As explicações de índole técnico jurídica

• Observemos separadamente estas doutrinas:


Direito Internacional Público 33

• A juridicidade e o fundamento do Dto. Internacional


Há quem negue o carácter jurídico do Dto. Internacional
– Jusnaturalismo, radical e pessimista de Thomas Hobbes
• Para Hobbes o estado de natureza seria um estado de guerra
generalizada entre os homens .
• A única solução seria criar um Estado todo poderoso – o
Leviatã – para garantir a paz entre as pessoas
• Por conseguinte nada poderia existir que fosse superior ao
Estado
Direito Internacional Público 34

• A juridicidade e o fundamento do Dto. Internacional


Há quem negue o carácter jurídico do Dto. Internacional
– Filosofia de cunho hegeliano
• O poder estadual tem primazia sobre todos os outros poderes
• Assim, não seria admissível que o poder do Estado na sua
vocação de incarnar o absoluto, suportasse quaisquer
limitações que decorressem de outras estruturas de poder
• Situação ainda mais patente face à menor dimensão das
estruturas eventualmente criadas a nível internacional.
Direito Internacional Público 35

• A juridicidade e o fundamento do Dto. Internacional


Há quem negue o carácter jurídico do Dto. Internacional
– Razões de natureza técnico jurídica
• No âmbito internacional não há estruturas de coerção capazes
de por si só imporem o respeito pelo direito internacional.
• Debilidade dos mecanismos de aplicação coactiva de sanções
internacionais.
Direito Internacional Público 36

• A juridicidade e o fundamento do Dto. Internacional


Crítica à doutrina que nega o carácter jurídico do Dto.
Internacional
– Naturalmente que não se pode deixar de ser sensível às
violações mais flagrantes de normas de Dto. Internacional nos
domínios do uso da força ou da protecção dos direitos
humanos, que chocam qualquer consciência;
– Porém, esta realidade não está apenas presente no Dto.
Internacional, mas também surge no contexto dos Dtos.
Internos.
Direito Internacional Público 37

• A juridicidade e o fundamento do Dto.


Internacional
O fundamento do Dto. Internacional
– Trata-se agora de saber qual o fundamento da
obrigatoriedade do Dto. Internacional
– Em nome de que postulados pode este sector
jurídico fazer impor as respectivas determinações.
Direito Internacional Público 38

• A juridicidade e o fundamento do Dto. Internacional


O fundamento do Dto. Internacional
– Fundamentos voluntaristas
• Teoria do Dto. Estadual Externo
• Teoria da auto-limitação do Estado
• Teoria da vontade comum ou colectiva
– Fundamentos não voluntaristas
• Doutrina do positivismo normativista
• Teorias sociológicas e institucionalistas
• Teoria jusnaturalista
Direito Internacional Público 39

• A juridicidade e o fundamento do Dto.


Internacional
O fundamento do Dto. Internacional
– Teoria do Dto. Estadual Externo
• O Dto. Internacional é apenas uma projecção do seu direito único e
indivisível
• Assim, o Dto. Internacional integrar-se-ia no quadro geral de um direito
que permaneceria estadual
• O Dto. Internacional seria como que um Direito Constitucional Externo
Direito Internacional Público 40

• A juridicidade e o fundamento do Dto.


Internacional
O fundamento do Dto. Internacional
– Teoria da auto-limitação do Estado
• A vinculação externa do Estado deve-se à vontade manifestada pelo próprio
Estado no estabelecimento de relações com outros sujeitos internacionais
(Georg Jellineck)
• A vinculação assumida perante outros interlocutores só é viável se e na
medida em que tiver sido aceite pelo próprio Estado.
Direito Internacional Público 41

• A juridicidade e o fundamento do Dto.


Internacional
O fundamento do Dto. Internacional
– Teoria da vontade comum ou colectiva
• Defendida por Heinrich Tripel
• Há como que um acordo colectivo, já não há uma auto limitação
individual de cada Estado
• Há a afirmação de uma vontade em conjunto com as dos outros
Estados relativamente à adopção de normas de Dto. Internacional
Direito Internacional Público 42

• A juridicidade e o fundamento do Dto.


Internacional
O fundamento do Dto. Internacional
–Crítica às teses voluntaristas
• Assentam numa falsa concepção de que as normas de Dto.
Internacional radicam nos próprios Estados
– O que não é verdade quer no plano das fontes
– Quer no plano dos sujeitos
Direito Internacional Público 43

• A juridicidade e o fundamento do
Dto. Internacional
O fundamento do Dto. Internacional
–Vejamos agora os fundamentos de raiz
não voluntarista
–São os mais recentes
Direito Internacional Público 44

• A juridicidade e o fundamento do Dto.


Internacional
O fundamento do Dto. Internacional
– Doutrina do positivismo normativista
• Origem consuetudinária do Dt. Internacional (Hans Kelsen)
– Pacta sunt servanda
– Consuetudp est servanda (uma norma pressuposta de feição lógica não criada)
• O costume dos Estados como facto gerador do Dto. Internacional
Direito Internacional Público 45

• A juridicidade e o fundamento do Dto.


Internacional
O fundamento do Dto. Internacional
– Teorias sociológicas e institucionalistas
• O direito é uma projecção biológica da ordem social, assim
aplicada à ordem internacional
• De acordo com a sociabilidade internacional
• Há um desejo natural de ordenação
Direito Internacional Público 46

• A juridicidade e o fundamento do Dto.


Internacional
O fundamento do Dto. Internacional
– Teoria jusnaturalista
• De inspiração humanista ou teológica faz assentar o Dto.
Internacional em valores e princípios do direito natural
• Sediado acima dos Estados que lhe devem obediência
Direito Internacional Público 47

• A juridicidade e o fundamento do Dto. Internacional


Conclusão I
– É a teoria jusnaturalista, ao sublinhar a dignidade
da pessoa humana, que verdadeiramente pode
corresponder aos anseios e às aspirações do
Homem e, consequentemente
– Ao homem enquanto reflectido em estruturas
colectivas, no casos os sujeitos internacionais que
actuam ao abrigo deste Direito Internacional
Direito Internacional Público 48

• A juridicidade e o fundamento do Dto.


Internacional
Conclusão II
– O Dto. Internacional é obrigatório, não porque tenha sido
formalmente querido,
– mas porque se conforma com os ditames supra positivos que a
dignidade da pessoa humana permite deslindar,
– numa vocação universalista e permanente,
– que atenda à sua importância singular no contexto da
convivência social internacional
Direito Internacional Público 49

A Personalidade Jurídica Internacional da


Santa Sé
Direito Internacional Público 50

A Personalidade Jurídica Internacional da Santa Sé I

Até 1870 a península itálica não formava uma unidade


política, existiam no seu interior vários Estados

Só em 1870 o território da península itálica passa a constituir


o território do Estado Italiano.

-
Direito Internacional Público 51

A Personalidade Jurídica Internacional da Santa Sé II

No final do Século XVIII existiam os seguintes Estados em Itália:


-O Reino da Sardenha;
-A República de Veneza (que veio a ficar nas mãos dos Austriacos);
-O Ducado de Modena;
-O Ducado de Parma;
-O Bispado de Trento;
-A República de Génova;
-O Grão Ducado da Toscânia;
-OS ESTADOS PONTIFÍCIOS;
-O Reino de Nápoles e duas Sicílias;
-Ao Norte uma parte de Itália que pertencia ao império Austro-Hungar
Direito Internacional Público 52
A Personalidade Jurídica Internacional da Santa Sé III

Em 1847 há um movimento político liberal e reformador favorável


à unificação e independência de Itália, iniciando-se a publicação do
jornal Risorgimento.

Entre 1859 e 1870 os territórios dos Estados Pontifícios passam a


integrar o novo Estado Italiano

Em 1870, no final de uma longa luta, o Reino da Sardenha,


também conhecido por Piemonte reunificou a Itália extinguindo os
antigos Estados que foram “libertados” .
Direito Internacional Público 53

A Personalidade Jurídica Internacional da Santa Sé IV

Surge então o Reino de Itália, com a capital em Roma sendo


seu primeiro monarca o Rei Vitor-Emanuel II da Casa de
Saboia.

O Papa não aceita a situação e publica a Encíclica Quanta


Cura e o seu anexo Syllabus
Direito Internacional Público 54

A Personalidade Jurídica Internacional da Santa Sé IV

Surge então o Reino de Itália, com a capital em Roma sendo


seu primeiro monarca o Rei Vitor-Emanuel II da Casa de
Saboia.

O Papa não aceita a situação e publica a Encíclica Quanta


Cura e o seu anexo Syllabus
Direito Internacional Público 55

A Personalidade Jurídica Internacional da Santa Sé V


Syllabus
Condenação do princípio do Estado laico
Condenação da liberdade de consciência
Condenação da soberania popular
Direito da Igreja de educar a juventude
Independência da Igreja face ao Estado
Plenitude da Autoridade Pontifical
Direito Internacional Público 56

A Personalidade Jurídica Internacional da Santa Sé VI

Depois de 1870 Papa considerou-se prisioneiro em Roma

Todavia, o Rei Vítor Emanuel e o Parlamento italiano


aprovaram a lei das garantias a 2 de Maio de 1871.
Esta lei assegura a liberdade da Igreja e a independência do
Sumo Pontificie.
Direito Internacional Público 57

A Personalidade Jurídica Internacional da Santa Sé VII

– Só em 1929, com a assinatura do Tratado de Latrão as relações


entre a Santa Sé e o Estado Italiano foram regularizadas:
– O tratado de Latrão reconhece:
• O Estado da Cidade do Vaticano sob a soberania do Sumo Pontifície
(artigo 26.º)
• A soberania e jurisdição exclusiva da Santa Sé sobre o território da
Cidade do Vaticano
• A independência da Santa Sé passa a ter uma base visível
Direito Internacional Público 58

A Personalidade Jurídica Internacional da Santa Sé VIII

– Atualmente o artigo 7.º da Constituição Italiana dispõe:


• O Estado e a Igreja Católica são, cada um na sua esfera,
independentes e soberanos.
• As suas relações regem-se pelos acordos de Latrão. As
modificações a estes Acordos, aceites pelas duas partes, não
requerem revisão constitucional.
Direito Internacional Público 59

A Personalidade Jurídica Internacional da Santa Sé IX

– Doutrinas que consideram que a Santa Sé é um Estado


• Entendem que existem os três elementos do Estado:
– Um território, delimitado pelo Tratado de Latrão
– A população, os que têm a residência em Roma e os Cardeais
– O poder político do sumo pontíficie
Direito Internacional Público 60

A Personalidade Jurídica Internacional da Santa Sé X


– Doutrinas que não consideram que a Santa Sé é um
Estado
• Falta o elemento humano, pois a nacionalidade vaticana não é
um vínculo político entre o cidadão e o Estado, mas uma mera
qualificação funcional, que só dura enquanto o individuo exerce
funções no Vaticano e não faz desaparecer a sua verdadeira
nacionalidade.
• Em qualquer caso a Santa Sé é um sujeito de Direito
Internacional
Direito Internacional Público 61

A Personalidade Jurídica Internacional da Santa Sé X


– Doutrinas que não consideram que a Santa Sé é um
Estado
• Falta o elemento humano, pois a nacionalidade vaticana não é
um vínculo político entre o cidadão e o Estado, mas uma mera
qualificação funcional, que só dura enquanto o individuo exerce
funções no Vaticano e não faz desaparecer a sua verdadeira
nacionalidade.
• Em qualquer caso a Santa Sé é um sujeito de Direito
Internacional
Direito Internacional Público 62

A Personalidade Jurídica Internacional da Santa Sé X


– Doutrinas que não consideram que a Santa Sé é um
Estado
• Falta o elemento humano, pois a nacionalidade vaticana não é
um vínculo político entre o cidadão e o Estado, mas uma mera
qualificação funcional, que só dura enquanto o individuo exerce
funções no Vaticano e não faz desaparecer a sua verdadeira
nacionalidade.
• Em qualquer caso a Santa Sé é um sujeito de Direito
Internacional
Direito Internacional Público 63

A Personalidade Jurídica Internacional da Santa Sé XI


– A capacidade da Santa Sé traduz-se sobretudo
• No ius legationis
• No ius tractum
• Na participação (por vezes com o estatuto de observador ou
outro) em certas organizações internacionais
• Na resolução de conflitos
Direito Internacional Público 64
A Personalidade Jurídica Internacional da Santa Sé XII
– Alguma doutrina afirma que
• Existem concordatas entre os Estados e a Santa Sé que pretendem
assegurar um estatuto jurídico internacional privilegiado para a Igreja
Católica no seio desses Estados violando princípios constitucionais
de igualdade
• Na sua essência a Santa Sé é uma entidade religiosa ao serviço de
uma missão religiosa.
• Na 4.ª conferência mundial sobre as mulheres em Pequim, 1995, foi
subscrita uma Petição às Nações Unidas com o objetivo de proceder
à reconsideração do Estatuto da Santa Sé junto das Nações Unidas.
Direito Internacional Público 66
A sistematicidade do Direito Internacional – I
p.196

• Trata-se de saber qual o tipo de relação que pode


existir entre:
– As normas de Direito Internacional
– E entre as próprias fontes de Direito Internacional
• O nosso objetivo é particularmente importante se
estas normas:
– Dispuserem em sentido diferente
– Forem contraditórias
Direito Internacional Público 67
A sistematicidade do Direito Internacional – II
p.197

• As relações entre as normas podem ser de diversos


tipos:
– A situação mais comum é a de que a cada grupo de
factos corresponde uma regulação normativa própria
– Há porém casos em que surge uma pluralidade de
fontes e de normas aplicáveis
Direito Internacional Público 68
A sistematicidade do Direito Internacional – IV
p.196

• Essas relações (de concurso aparente) podem assumir


uma das seguintes categorias:
• Relações de subsidiariedade
• Relações de especialidade
• Relações de excepcionalidade
• Relações de consumpção
Direito Internacional Público 69
A sistemacidade do Direito Internacional – V
p.197

• Relações de subsidiariedade:
– É a relação que se estabelece entre uma norma que
regula um certo instituto e a norma que genericamente
se aplica, sendo esta subsidiária por funcionar na falta
daquela norma
Direito Internacional Público 70
A sistematicidade do Direito Internacional – VI
p.197

• Relações de especialidade:
– É a relação que se estabelece entre a norma especial,
que está particularmente adaptada a certas situações e
norma geral. A norma especial ganha preferência sobre
a norma geral.
Direito Internacional Público 71
A sistematicidade do Direito Internacional – VII
p.197

• Relações de excecionalidade:
– É a relação que se estabelece entre a norma excecional
que está singularmente dirigida a certas situações,
fixando um regime substantivo oposto ao da norma
genericamente aplicável. A norma excecional prefere à
norma geral
Direito Internacional Público 72
A sistematicidade do Direito Internacional – VIII
p.197

• Relações de consumpção:
– É a relação que se estabelece entre duas normas com
âmbitos de aplicação fatual coincidentes mas em que a
norma mais ampla absorve a norma menos ampla. A
norma mais ampla prevalece.
Direito Internacional Público 73
A sistematicidade do Direito Internacional – IX
p.197

• Quando se verifica a aplicabilidade de duas ou mais


normas, com soluções diferentes para uma mesma
situação de facto, podemos estar perante uma
– Relação de cumulação ou
– Relação de conflito
Direito Internacional Público 74
A sistematicidade do Direito Internacional – X
p.197

• Relação de cumulação
– É a relação que se estabelece entre duas
normas que se aplicam simultaneamente ao
mesmo grupo de casos, sendo dotadas de
efeitos que são complementares entre si
Direito Internacional Público 75
A sistematicidade do Direito Internacional – XI
p.197

• Relação de conflito
– É a relação que se estabelece entre duas
normas que disciplinam divergentemente um
mesmo grupo de casos, nenhuma delas se
podendo aplicar por ambas traduzirem
orientações antinómicas (entre si incompatíveis).
– Na verdade uma conduta não pode ser
simultaneamente proibida e permitida
Direito Internacional Público 76
A sistematicidade do Direito Internacional – XII
p.198

• Relação de conflito
– Contradição lógica
» Impossibilidade de duas regras, entre si
incompatíveis poderem ser simultaneamente
aplicáveis porque têm sentidos normativos
inconciliáveis
– Contradição valorativa
» Entre duas normas incompatíveis entre si,
uma delas deve ser preferida por refletir
valores normativos eticamente prevalecentes
Direito Internacional Público 77
A sistematicidade do Direito Internacional – XIII
p.198

• A relação de conflito origina uma antinomia


normativa que pode ser resolvida com base
em quatro critérios
– O critério ético valorativo
– Critério hierárquico
– Critério lógico
– Critério cronológico
Direito Internacional Público 78
A sistematicidade do Direito Internacional – XIV
p.202

• O critério ético valorativo


– a prevalência do
» ius cogens e dos (artigo 53.º da
Convenção de Viena sobre o Direito dos
Tratados)
» direitos humanos (Declaração Universal
dos Direitos Humanos)
Direito Internacional Público 79
A sistematicidade do Direito Internacional – XV
p.204

• Critério hierárquico
• As normas de DIP de valor inferior não podem
contrariar as normas de DIP de valor superior.
• Há três níveis de normas
• Os costumes e os tratados universais (ver
artigo 103.º da Carta das Nações Unidas)
• Os costumes e os tratados regionais
• Os costumes e os tratados bilaterais
Direito Internacional Público 80
A sistematicidade do Direito Internacional – XVI
p.201

• Critério lógico
– Prefere a fonte ou a norma que especificamente
regula certa situação em relação a fonte ou a
norma que apenas genericamente incida sobre a
mesma situação - specialia generalibus derogant
Direito Internacional Público 81
A sistematicidade do Direito Internacional – XVIII
p.206

• Critério cronológico
– A vontade normativa que foi manifestada em
último lugar, por razões de maior vizinhança em
relação ao problema político social subjacente
– lex posterior priori derogat
Direito Internacional Público 82
A sistemacidade do Direito Internacional – XIX
p.197-198

Subsidiariedade

Especialidade
Concurso
Aparente Excecionalidade
Concurso de
normas Consumpção

Cumulação

Concurso Real Contradição lógica


Conflito
Contradição valorativa
Direito Internacional Público 84
A Convenção de Viena sobre o
Direito dos Tratados – I
EDI 446

• Os Tratados
– Tratado é um conceito genérico que designa
 um ajuste de vontades,
 De expressão internacional
 Criando direitos e obrigações jurídicas
 Concluído por escrito entre Estados,
organizações internacionais ou entre Estados
e organizações internacionais
 Regido pelo Direito Internacional
 Consignado num instrumento ou em vários
Direito Internacional Público 85
A Convenção de Viena sobre o
Direito dos Tratados – II
EDI 447

• Textos internacionais aplicáveis aos tratados


– A Convenção de Viena sobre o Direito dos
Tratados, adotada a 23 de Maio de 1969;
– A Convenção sobre a Sucessão de Estados em
Matéria de Tratados, assinada em Viena a 23 de
Agosto de 1978;
– A Convenção sobre o Direito dos Tratados entre
Estados e Organizações Internacionais ou entre
Organizações Internacionais, adotada em Viena,
a 21 de Março de 1986.
Direito Internacional Público 86
A Convenção de Viena sobre o
Direito dos Tratados – III
229

• A Convenção de Viena sobre o Direito dos


Tratados, adotada a 23 de Maio de 1969;
– A Convenção entrou em vigor no 30.º dia
seguinte ao momento do depósito do 35.º
instrumento de ratificação ou de adesão, o que
já ocorreu em 27 de Janeiro de 1980;
– Mesmo para os Estados que não retificaram ou
aderiram à Convenção, o seu texto é vinculativo
como repositório de costumes internacionais
gerais ou até, nalguns casos de princípios gerais
de direito.
Direito Internacional Público 87
A Convenção de Viena sobre o
Direito dos Tratados – IV
231

• A Esta Convenção oferece-nos na alínea a) do n.º


1 do artigo 2.º considera o Tratado como;

– “Um acordo internacional concluído por escrito


entre Estados e regido pelo Direito Internacional,
quer esteja consagrado num instrumento único,
quer em dois ou mais instrumentos conexos e
qualquer que seja a sua denominação particular”
Direito Internacional Público 88
A Convenção de Viena sobre o
Direito dos Tratados – V
233

• O Conceito de tratado internacional incluí três


elementos

– O ELEMENTO MATERIAL

– O ELEMENTO SUBJETIVO

– O ELEMENTO FORMAL
Direito Internacional Público 89
A Convenção de Viena sobre o
Direito dos Tratados – VI
233

• O Conceito de tratado internacional incluí três


elementos
– O ELEMENTO MATERIAL – há um acordo de
vontades de cariz plurilateral.
 Há a expressão de uma vontade, produto de
uma intenção de criação de normas jurídicas
 Há uma manifestação intencional
geneticamente combinada entre dois ou mais
sujeitos
Direito Internacional Público 90
A Convenção de Viena sobre o
Direito dos Tratados – VII
233

• O Conceito de tratado internacional incluí três


elementos

– O ELEMENTO SUBJETIVO tem em atenção as


entidades que produzem o acordo de vontades
» Devem ser sujeitos de Direito Internacional por
este reconhecidos a outorgar nesta fonte
normativa
Direito Internacional Público 91
A Convenção de Viena sobre o
Direito dos Tratados – VIII
233

• O Conceito de tratado internacional incluí três


elementos
– O ELEMENTO FORMAL consiste na especial
configuração da vontade manifestada segundo três
caraterísticas:
 Ser uma vontade normativa
 Ser uma vontade que se destina à produção de efeitos
colocados ao abrigo do Direito
 Serem efeitos normativos regulados pelo Direito
Internacional
Direito Internacional Público 92
A Convenção de Viena sobre o
Direito dos Tratados – IX
234-235

• Os tratados recebem as seguintes designações:


– Constituição, Carta ou Estatuto para textos que instituem
organizações internacionais
– Convenção e pacto para textos declarativos de direitos do homem e
para tratados
– Concordatas para tratados com a Santa Sé
– Protocolos para textos de modificação aditamento ou revisão dos
tratados inicialmente elaborados
– Ata Geral ou ata final para o texto celebrado no final de uma
conferência internacional
– Modus Viventi para um texto que reflita um acordo temporário ou
provisório
– Compromisso, acordo relativo ao funcionamento de um tribunal arbitral
Direito Internacional Público 93
A Convenção de Viena sobre o
Direito dos Tratados – X
242-243

• Fases de elaboração dos tratados bilaterais:

– A negociação do tratado
– A adoção do texto do tratado
– A vinculação internacional ao tratado
– A entrada em vigor do tratado
– O registo e a publicação do tratado
Direito Internacional Público 94
A Convenção de Viena sobre o
Direito dos Tratados – XI
245

• A fase da negociação do tratado tem três momentos


distintos
– A pré-negociação
 Acordo sobre as regras aplicáveis ao processo negocial
 Identificação das partes negociadoras
 Indicação das matérias objeto da negociação
– O momento do quadro da negociação
 Definição dos sub-temas
 Calendarização das negociações
– O momento da particularização da negociação
 Consulta direta e recíproca entre os negociadores
Direito Internacional Público 95
A Convenção de Viena sobre o
Direito dos Tratados – XII
245

• Na fase da negociação do tratado à que atender à


questão dos plenos poderes
– A negociação só pode ser levada a cabo por uma pessoa com
plenos poderes que apresente uma carta-patente que indica a
pessoa do representante bem como os atos para que está
autorizado
– Este documento é escrito e é assinado pelas entidades que são
internacionalmente responsáveis pela vontade do Estado
Direito Internacional Público 96
A Convenção de Viena sobre o
Direito dos Tratados – XIII
245

• Ainda na fase da negociação esta habilitação de plenos


poderes pode ser:
– Uma habilitação funcional
 Habilitação funcional geral: Chefes de Estado, Chefes de Governo e
os Ministros dos Negócios Estrangeiros
 Habilitação funcional específica diplomática: os chefes de missão
diplomática, no estrito âmbito da negociação de tratados
(embaixadores)
 Habilitação funcional específica institucional: os representantes
acreditados dos Estados numa conferência internacional
– Uma habilitação específica
 Decorre de o sujeito internacional conferir uma cara de plenos
poderes a alguém para, em seu nome, negociar a elaboração de um
texto de um tratado internacional
Direito Internacional Público 97
A Convenção de Viena sobre o
Direito dos Tratados – XIV
245

• A Fase da Adoção do Texto do Tratado:


– A aprovação do texto
 Ato que expressa o encerramento das negociações
tendo estas tido exito
– A autenticação do texto
 Ato que lhe atribuí um valor de veracidade e
definitividade
 Assinatura
 Assinatura ad referendum
 Rúbrica
 Qualquer outro esquema acordado
Direito Internacional Público 99
Relevância do DIP no Direito Interno
407

• Ponto de partida da questão:


– O Direito Internacional só se torna verdadeiramente
efetivo pela sua inserção na ordem jurídica interna
de cada Estado
– Mas qual a relação entre o DIP e o Dto. interno?
– A doutrina tradicionalmente oferece duas respostas
» A TEORIA DUALISTA e a
» TEORIA MONISTA
Direito Internacional Público 100
Relevância do DIP no Direito Interno
409

• Para a Teoria Dualista:


– O DIP e o Dto. Interno são duas ordens jurídicas
radicalmente distintas, não se confundindo, porque:
» Têm fontes de direito diferentes:
• No plano interno a principal fonte é a lei;
• No plano internacional a principal fonte é o tratado;
• A lei é um ato jurídico público de natureza unilateral;
• O tratado tem uma natureza contratual e não unilateral.
» Têm sujeitos diferentes:
• O Dto. Interno aplica-se a milhares de pessoas públicas e
privadas;
• O DIP aplica-se aos Estados e a outras pessoas institucionais
Direito Internacional Público 101
Relevância do DIP no Direito Interno
409

• Para a Teoria Dualista:


– O DIP e o Dto. Interno são duas ordens jurídicas
radicalmente distintas, não se confundindo, porque:
» Têm mecanismos garantísticos diferentes:
• No plano interno os mecanismos de coação
funcionam “eficazmente”, com tribunais e polícia;
• No plano internacional a estrutura jurisdicional (TIJ)
ainda é frágil e são fracos os mecanismos de
aplicação de sanções.
Direito Internacional Público 102
Relevância do DIP no Direito Interno
410

• Para a Teoria Monista:


– Os que defendem a TEORIA MONISTA consideram
que o DIP e o Dto. Interno têm a mesma natureza,
utilizando os mesmos argumentos:
» Proximidade das fontes, porque também no direito
interno há sinais de contratualização legislativa (v.g.
conselho económico e social, artigo 92.º da CRP);
» Coincidência dos sujeitos porque atualmente a pessoa
humana é também destinatária do DIP
» Tem havido um reforço do mecanismos de garantia do
DIP, quer pelo recurso a soluções arbitrais, quer pela
consolidação de estruturas jurisdicionais (v.g. TPI)
Direito Internacional Público 103
Relevância do DIP no Direito Interno
411

• Na Teoria Monista há duas correntes:


– O monismo com primado de Dto. Interno
» Consideram que o DIP é uma emanação do direito
estadual
– O monismo com primado do Direito Internacional
» Afirma a prevalência do Direito Internacional que deste
modo limita o poder dos Estados
Direito Internacional Público 104
Relevância do DIP no Direito Interno
411

• Na corrente que perfilha aTeoria Monista com primado


do DIP há ainda três tendências:
– Radical
» Implica a prevalência absoluta da norma internacional
– Moderada
» Afirma a prevalência do Direito Internacional mas admite
que o Dto. Interno, nalguns casos pode prevalecer. Esta
tendência é a que melhor se ajusta às relações entre o
Direito Internacional e o Direito Constitucional
A crise da Líbia
Direito Internacional Público 106

• Pesolução 1973 da ONU


– 17 March 2011
– Security Council
– SC/10200
– Department of Public Information • News and Media Division •
New York
– Security Council
– 6498th Meeting (Night)
– SECURITY COUNCIL APPROVES ‘NO-FLY ZONE’ OVER LIBYA,
AUTHORIZING ‘ALL NECESSARY
– MEASURES’ TO PROTECT CIVILIANS, BY VOTE OF 10 IN FAVOUR
WITH 5 ABSTENTIONS
Direito Internacional Público 107

• Demanding an immediate ceasefire in Libya, including an end to the current


attacks against civilians, which it said might constitute “crimes against
humanity”, the Security Council this evening imposed a ban on all flights in
the country’s airspace — a no-fly zone — and tightened sanctions on the
Qadhafi regime and its supporters.

• Adopting Resolution 1973 (2011) by a vote of 10 in favour to none against,


with 5 abstentions (Brazil, China, Germany, India, Russian Federation), the
Council authorized Member States, acting nationally or through regional
organizations or arrangements, to take all necessary measures to protect
civilians under threat of attack in the country, including Benghazi, while
excluding a foreign occupation force of any form on any part of Libyan
territory — requesting them to immediately inform the Secretary-General
of such measures.
Direito Internacional Público 108

• Recognizing the important role of the League of Arab States in the


maintenance of international peace and security in the region, and
bearing in mind the United Nations Charter’s Chapter VIII, the
Council asked the League’s member States to cooperate with other
Member States in implementing the no-fly zone.

• The Council stressed the need to intensify efforts to find a solution to


the crisis that responded to the legitimate demands of the Libyan
people, noting actions being taken on the diplomatic front in that
regard. It further demanded that Libyan authorities comply with
their obligations under international law and take all measures to
protect civilians and meet their basic needs and to ensure the rapid
and unimpeded passage of humanitarian assistance.
Direito Internacional Público 109

• In that connection, the Council specified that the flight ban would not apply to
flights that had as their sole purpose humanitarian aid, the evacuation of foreign
nationals, enforcing the ban or other purposes “deemed necessary for the benefit
of the Libyan people”.

• It further decided that all States should deny permission to any Libyan
commercial aircraft to land in or take off from their territory unless a particular
flight had been approved in advance by the committee that was established to
monitor sanctions imposed by resolution 1970 (2011).

• In tightening the asset freeze and arms embargo established by that resolution,
the Council this evening further detailed conditions for inspections of transport
suspected to be violating the embargo, requesting States enforcing the embargo
to coordinate closely with each other and the Secretary-General on the measures
they were taking towards implementation.
Direito Internacional Público 110

• It requested the Secretary-Secretary to create an eight-member panel of experts to assist the


Security Council committee in monitoring the sanctions.

• Introducing the resolution, the Foreign Minister of France, Alain Juppé, said “the situation on
the ground is more alarming than ever, marked by the violent re-conquest of cities that have
been released”. The Security Council could not stand by and “let the warmongers flout
international legality”. The world was experiencing “a wave of great revolutions that would
change the course of history”, but the will of the Libyan people had been “trampled under
the feet of the Qadhafi regime”. Earlier Council measures had been ignored and violence
against Libyan civilians had redoubled.

• He said that the urgent need to protect the civilian population had led to the elaboration of
the current resolution, which authorized the Arab League and those Member States wishing
to do so to take all measures to protect areas that were being threatened by the Qadhafi
regime. “We have very little time left — perhaps only a matter of hours,” he said, adding that
each hour and day that passed “increased the weight” on the international community’s
shoulders.
Direito Internacional Público 111

• Speaking after the vote, representatives who had supported the text
agreed that the strong action was made necessary because the
Qadhafi regime had not heeded the first actions of the Council and
was on the verge of even greater violence against civilians as it
closed in on areas previously dominated by opposition in the east of
the country. They stressed that the objective was solely to protect
civilians from further harm.

• Lebanon’s speaker stressed that the text would not result in the
occupation of “one inch” of Libyan territory by foreign forces. The
representative of the United Kingdom pledged that partners in the
North Atlantic Treaty Organization (NATO) and the Arab League were
now ready to act to support the text.
Direito Internacional Público 112

• The representative of the United States said that today, the Council had responded
to the Libyan peoples’ cry for help. The Council’s purpose was clear: to protect
Libyan civilians. The Security Council had authorized the use of force, including
enforcement of a no-fly zone, to protect civilians and civilian areas targeted by
Colonel Muammar Al-Qadhafi, his allied forces and mercenaries.

• The representatives of China and the Russian Federation, explaining their
abstentions, prioritized peaceful means of resolving the conflict and said that
many questions had not been answered in regard to provisions of the resolution,
including, as the Russian representative put it, how and by whom the measures
would be enforced and what the limits of the engagement would be. He said the
resolution included a sorely needed ceasefire, which he had called for earlier.
China had not blocked the action with a negative vote in consideration of the
wishes of the Arab League and the African Union, its representative said.
Direito Internacional Público 113

• The delegations of India, Germany and Brazil, having also


abstained, equally stressed the need for peaceful resolution
of the conflict and warned against unintended
consequences of armed intervention.

• Statements were also made made by the representatives of
Bosnia and Herzegovina, Colombia, Portugal, Nigeria and
South Africa.

• The meeting was opened at 6:25 p.m. and closed at 7:20
p.m.
Direito Internacional Público 114
• A resolução 1973 (2011) contém os seguintes pontos principais:
– A procura do estabelecimento imediato de um cessar-fogo e o fim completo da
violência e de todos os ataques contrários, e abusos de civis;
– A imposição de uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia;
– Autoriza todos os meios necessários para proteger civis e áreas povoadas por civis,
excepto para uma "força de ocupação externa";
– Reforça o embargo de armas e age particularmente contra os mercenários, através
de autorização de inspecções forçadas de navios e aviões;
– Impõe uma proibição a todos os voos de aeronaves líbias;
– Impõe o congelamento de bens em propriedades pertencentes à autoridades líbias
e reafirma que, desta maneira, os bens precisam ser usados em benefício do povo
líbio;
– Estende a proibição de viagens e congelamento de bens aprovados na Resolução
1970 do Conselho de Segurança das Nações Unidas a um número de indivíduos e
entidades adicionais da Líbia;
– Estabelece um quadro de especialistas para observar e promover a implementação
de sanções.
Direito Internacional Público 115

• Hipótese 1:
– Em 2007, na cidade da Praia, Portugal e os Palop
celebraram um acordo que permite a utilização dos
aeroportos e aeródromos de qualquer um desses
países por aeronaves militares.
– Um dos países signatários declarou que não aceitava
a utilização das suas instalações aéreo portuárias se
as aeronaves militares estivessem em acção bélica.
Direito Internacional Público 116

• Hipótese 1:
– A) qual o processo que tem de obedecer este acordo
para entrar em vigor relativamente ao Estado
português;
– B) como caracteriza a declaração daquele Estado
signatário que não aceita a utilização dos aeródromos
por aeronaves em missão bélica.
Direito Internacional Público 117

• Hipótese 2:
– Em 18 de Janeiro de 2010, Portugal e Espanha adoptaram o
texto de um acordo internacional sobre a rectificação de
fronteiras na área da barragem do Alqueva.
– Nos termos desse acordo, Portugal passaria a exercer a sua
soberania numa zona onde se sediaria a lagoa artificial,
comprometendo-se todavia a assegurar um fluxo regular de
água da mesma, tendo em vista a irrigação de extensas
plantações localizadas em território espanhol.
Direito Internacional Público 118

• Hipótese 2:
– O Acordo foi, nos termos da CRP, aprovado e assinado pelos
órgãos julgados competentes, respectivamente a 18 de Março
e 2 de Abril do mesmo ano, tendo no dia 1 de Junho sido
materializada, pelos dois países a expressão definitiva do seu
consentimento, através de um acto de adesão.
– Portugal ficou como país depositário da Convenção.
– Em 22 de Março de 2011, Portugal exprimiu uma reserva ao
texto do acordo, dando a entender que o mesmo não
salvaguardaria uma cláusula relativa à modificação das
obrigações, por alteração das circunstâncias, temendo a esse
respeito Lisboa que uma seca, prevista para aquele ano,
impedisse o transporte de água para Espanha.
Direito Internacional Público 119

• Hipótese 2:
– Em 6 de Abril, também de 2011, Madrid objectou à reserva,
alegando que a mesma não tinha sido formulada em tempo
útil.
– Em 20 de Novembro do mesmo ano, a Espanha, depois de
constatar que uma seca tinha reduzido para menos de 2/3 o
volume de água da Lagoa e impedido a irrigação das suas
áreas agrícolas nos termos da Convenção, invocou uma
alteração fundamental de circunstancias para por fim ao
tratado, exigindo a reposição do traçado fronteiriço
anteriormente existente à celebração do Acordo.
Direito Internacional Público 120

• Hipótese 2:
– Responda às seguintes questões:
• Aprecie à luz do articulado da Convenção de Viena, o
processo de autenticação, vinculação e depósito do
acordo celebrado entre Portugal e Espanha;
• Concorda com a argumentação de Madrid, expendida a
propósito da objecção feita às reservas formuladas por
Lisboa? Justifique a resposta.
• Serão procedentes os fundamentos invocados por
Espanha para por termo à Convenção?
Direito Internacional Público 121

• Hipótese 3A:
– Em 2 de Janeiro de 2007, Portugal, Itália, Espanha,
Marrocos e Tunísia, Estados Europeus e Africanos
da bacia do Mediterrâneo, acordaram no texto de
uma convenção internacional para a repressão do
tráfico de estupefacientes naquela área geográfica,
tendo na mesma sido cominadas penas agravadas
para os agentes da referida infracção.
– Portugal ficou encarregue da guarda do texto
original do tratado e titular implícito dos poderes e
direitos que daí decorrerem.
Direito Internacional Público 122

• Hipótese 3B:
– Em 21 de Março de 2008, o Governo português
aderiu à referida convenção, tendo esta sido
ulteriormente aprovada por aquele órgãos a 2 de
Abril e4 assinada pelo PR a 18 desse mês.
– A adesão do Estado Português não se fez contudo,
sem que fossem levantadas pelo Estado algumas
reservas que foram rejeitadas liminarmente pela
Espanha e pela Tunísia.
Direito Internacional Público 123
• Hipótese 3C:
– Em Janeiro de 2009, um novo executivo português
dissolveu a Brigada Policial de Combate à Droga e
determinou um moroso processo de reforma dos serviços
que lhe estão conexos.
– Em consequência, declarou junto da Espanha o recesso
da Convenção alegando nomeadamente:
• Que teria ocorrido uma alteração fundamental no processo de
execução do tratado, decorrente da dissolução do corpo policial
acima referido, o que obstaria ao seu cumprimento;
• Que a Espanha e a Tunísia tinham objectado às reservas
formuladas, pelo que, nos termos da Convenção de Viena de
1969, essa objecção obstaria a que Portugal fosse parte na
Convenção referida.
Direito Internacional Público 124

• Hipótese 3D:
– A Espanha recorreu como forma de resolução da
controvérsia, ao Tribunal Internacional de Justiça
Direito Internacional Público 125

• Hipótese 4A:
– Em reunião de Ministros da Justiça dos países
ibero-americanos, realizada em Dezembro de 1982,
em Montevideu, os ministros presentes aprovaram
o texto de um Tratado sobre a circulação no
território dos Estados contratantes dos cidadãos de
outros Estados partes no Tratado. Previu-se no
respectivo texto que o tratado ficasse aberto à
adesão da Organização dos Estados Americanos, o
que mais tarde teve lugar.
Hipótese 4B:
• Tendo, poucas semamas após, tomado posse
um novo Governo em Lisboa, este começou
por sustentar que o anterior Ministro da
Justiça agira sem poderes bastantes ao
rubricar o texto do Tratado no termo da
aludida reunião, visto que o anterior Governo
não soubera antecipadamente que a ordem
de trabalhos da reunião de Montevideu incluia
um tal acto.
Hipótese 4C:
• Sob a pressão diplomática de outros Estados
interessados, o novo Governo acabou porém, por
aprovar o Tratado por resolução do Conselho de
Ministros. E o Presidente da Republica ratificou-o.
• O texto do Tratado foi publicado no Diário da
República de 5 de Maio de 1983. Na mesma folha
oficial, foram sucessivamente publicados os avisos
de ratificação dos diversos Estados representados na
reunião de Montevideu, o último dos quais em 20
de Outubro de 1984.
Hipótese 4C:
• Entre outras disposições relevantes, o Tratado contém
cláusulas que estatuem nos seguintes termos:
• A) Uma cláusula A, que admite que, em caso de crime de
participação em certas associações criminosas, os Estados
procedam à extradição dos seus próprios cidadãos para
outro Estado parte do Tratado;
• B) Uma cláusula B, que prevê que, ao fim de dez anos de
residência permanente num dos Estados partes no Tratado,
os cidadãos de outros Estados parte possam adquirir a
cidadania do Estado de residência sem perder a cidadania
de origem.
Direito Internacional Público 129

• Hipótese 5A10-05-2012:
– Em Fevereiro de 2009, os representantes de 35
Estados ribeirinhos negociaram e adoptaram em
Brasília, uma convenção internacional em forma
simplificada, com vista à adopção de medidas de
combate à poluição marítima, com a criação de um
Serviço Internacional de Despoluição Marítima
(SIDM) e o agravamento de coimas e prisões por
actos anti-ecológicos.
Direito Internacional Público 130

• Hipótese 5B10-05-2012:
– Tendo em conta a complexidade das questões, a
Convenção só entraria em vigor a 17 de Outubro.
Os vários exemplares do acordo foram
depositados, registados e publicados nos serviços
diplomáticos do Estado da Tanzânia.
– Um mês depois, a convenção foi aprovada pela
Assembleia da República, tendo sido
posteriormente promulgada e referendada. A sua
publicação ocorreu a 1 de Julho de 2010.
Direito Internacional Público 131

• Hipótese 5C10-05-2012:
– Durante o mês de Agosto, uma assiciação
ecologista accionou judicialmente o Estado
português por não ter punido, nos termos da
convenção, o capitão do navio que derramara
petróleo, em 29 de Julho do mesmo ano, ao largo
de Porto Covo. A sentença do Tribunal foi favorável
à associação, tendo por base a superioridade do
Direito Internacional Convencional sobre o Direito
Interno Português.
Direito Internacional Público 132

• Hipótese 5D10-05-2012:
– Em 4 de Dezembro seguinte, o Estado do Uruguai
considerou-se desvinculado da Convenção, uma
vez que as suas águas apresentavam níveis de
poluição normais. Os restantes Estados
protestaram alegando que o Uruguai só poderia
desvincular-se após o termo da vigência da
Convenção, fixado em 2021
Direito Internacional Público 133

• Hipótese 5E10-05-2012:
– Em 10 de Maio de 2012, o Tribunal Constitucional
considerou a convenção inconstitucional do ponto
de vista formal, não a aplicando na ordem jurídica
portuguesa.

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