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Memorial do

Convento
Contextualização
 Anos setenta
 Segundo o autor, a ideia surgiu-lhe quando passeava olhando o
mosteiro e profere a seguinte frase: “Gostava de meter um dia isto
dentro de um romance”.
 Posteriormente, tê-lo-á impressionado a leitura de
um fragmento de Camilo, no qual se refere a
construção do convento de Mafra.
 Contextualização: D. João V é aclamado rei em
1707, durante a Guerra da Sucessão de Espanha.
 A obra passa-se no Reinado de D. João V, séc. XVIII,
época de luxo e grandeza.

 D. João V é influenciado pelos diplomatas, intelectuais e


estrangeirados.
 Constrói o convento em Mafra por querer ultrapassar a grandeza do
Escorial de Madrid e para celebrar o nascimento da sua filha.
Contextualização

Memorial do Convento  narrativa histórica (30 anos da história


portuguesa) entrelaçando acontecimentos e personagens
verídicos com seres fictícios.
 Como ROMANCE HISTÓRICO, oferece-nos uma minuciosa
descrição da sociedade portuguesa da época, a sumptuosidade
da Corte, a exploração dos operários, referências à Guerra da
Sucessão, autos de fé, construção do convento, construção da
passarola pelo Padre Bartolomeu de Gusmão.
Género textual

 Como ROMANCE SOCIAL, é uma crónica de costumes


 É também ROMANCE DE INTERVENÇÃO, pois apresenta-nos o
caráter repressivo deste momento particular da história
portuguesa
 Saramago propõe um repensar da História de Portugal, através
da ficção e com a sua palavra reveladora  mensagem ética
 MEMORIAL (memórias de uma época – construção do
convento, Inquisição, passarola,…) do CONVENTO (construção
do convento de Mafra)
O Reinado de D. João V

 O reinado de D. João V, “o Magnânimo”, caracterizou-se pelo


exercício absolutista do poder monárquico.
 Era filho de D. Pedro II e sua segunda mulher, Maria Sofia Isabel
de Neuburg.
 Em 1708, 18 meses após assumir o trono, casou-se com a
arquiduquesa Maria Ana de Áustria, filha do imperador
Leopoldo I.
 Com o ouro do Brasil edificou o monumental convento de
Mafra: basílica, palácio real e convento.
O Reinado de D. João V

 Criou a biblioteca da Universidade de Coimbra, construiu o


aqueduto das Águas Livres, que abasteceu Lisboa, construiu o
Palácio e Mosteiro de Mafra e a Capela de S. João Baptista, na
Igreja de S. Roque.
 Morreu em Lisboa, em 31 de julho de 1750, e sucedeu-lhe o seu
filho, D. José I.
O Reinado de D. João V

 Durante o reinado de D. João V, houve grande afluxo de ouro.


 Foi-se adensando o atraso cultural e científico que distanciava
Portugal dos países mais evoluídos da Europa.
 Os tribunais da Inquisição começaram a funcionar em diversas
cidades, mas acabaram por subsistir apenas os de Coimbra,
Lisboa e Évora.
 A Inquisição era um organismo com poderes
extraordinariamente vastos, que atingiam todos os setores da
grei: religioso, político, social e cultural.
 A mais importante realização pessoal de D. João V foi a
construção do Palácio-Convento. de Mafra;
O Convento de Mafra

 O desenho seguido foi o de um arquiteto alemão,


João Federico Ludovice.

 O plano incluía um grande palácio real, um convento para 300


religiosos e uma basílica; o conjunto atingiu cerca de 4000 m² e
perto de 1300 dependências entre salas, quartos e celas
conventuais.
 As obras começaram em 1717 e duraram até 1750.
 Para que a obra ficasse pronta no tempo
previsto, foram enviados 45000 trabalhadores
para Mafra, além de 7000 soldados que os
obrigavam a trabalhar.
Curiosidades sobre o Convento de Mafra

• Ratos gigantes e túneis


Muitas são as lendas acerca do Palácio de Mafra.
A mais popular é a da existência de ratazanas enormes capazes de
comer pessoas, embora os subterrâneos do Palácio tenham sido
explorados e não tenham dado mostras de ser habitados por
ratazanas invulgares para aquela zona de esgotos.
Um túnel que ligaria o Convento de Mafra à Ericeira e por onde
teria escapado o rei D. Manuel II ao exílio também pertence ao
imaginário. Embora exista, o túnel não passa da Vila de Mafra,
tendo sido construído para escoar os esgotos do Palácio.
Curiosidades sobre o Convento de Mafra

• A Caranguejola
D. Maria Pia visitava frequentemente o Palácio de Mafra, tendo
mandado construir um elevador com acesso do rés do chão ao
terceiro piso. Considerado o primeiro em Portugal, podia transportar
até dez pessoas e comummente era apelidado de “caranguejola”.
• Os Carrilhões
Têm em conjunto 92 sinos e pesam cerca de 217 toneladas.
Foram encomendados por D. João V e são considerados entre os
melhores do mundo. Tocam valsas e contradanças. A forte ligação do
palácio à música mantém-se até hoje.
• Morcegos
A existência de morcegos na Biblioteca chama a atenção dos
visitantes, tanto mais que estes contribuem para a conservação dos
livros.
Memorial do Convento

 Ao longo de todo o romance, o narrador faculta várias


informações sobre o futuro, antecipando-as no tempo e num
claro anacronismo em relação à época da intriga: o reinado de
D. João V, sobretudo o período de construção do Convento de
Mafra.
 O estilo original de José Saramago é subversor da sinalética
gramatical e do tradicional lugar do diálogo no seio do texto.
 O romance revela uma especial consciência da História de
Portugal como suporte da narração.
 O estatuto do narrador é ambíguo, simultaneamente
individual e coletivo, circunstancial e intemporal.
Memorial do Convento

• O romance apresenta uma galeria de personagens trágicas e


maravilhosas, aproximando o romance português do
“realismo mágico” latino-americano.
• Surge na obra um conjunto de símbolos que envolvem o
texto, prestando-lhe uma força mítica.
• O narrador usa um duplo aspeto estilístico: um leve tom
jocoso-parodístico, que satiriza e ridiculariza o modo
tradicional de se estudar História.
Memorial do Convento

• Saramago escreve brincando com as palavras e, brincando,


narra acontecimentos sérios.
• Devido ao elemento moralista ou exemplar presente em
Memorial do Convento, o tom jocoso do estilo torna-se sério,
o patético evidencia-se como dramático e o cómico, se
comparado com os costumes e a força popular, transfigura-se
em épico.
• Eis o estilo de Memorial do Convento: um cruzamento
estilístico entre o jocoso-sério, o patético-dramático e o
cómico-épico.
• Memorial do Convento é igualmente habitado por símbolos-
força, como o algarismo “sete”, o par “Lua/Sol”, o símbolo da
ascensão da “montanha” (a serra de Monchique).
Saramago visto pelos outros

• “É um escritor comprometido com o seu tempo e cada um


dos seus romances é uma metáfora do mundo.”
Círculo de Leitores: Revista de Informação, literária e musical, março/abril, 1999.

• “Escrita extraordinariamente desenvolta, por um lado, e


investida, por outro lado, daquela exigência que é a que pede
ao leitor, a competente adesão a um ritmo de efabulação hoje
inteiramente consolidado(…).”
Carlos Reis, Jornal de Letras, 26/3/97

• “Na obra de Saramago dissolvem-se mistérios e


ambiguidades, para logo outros enigmas se gerarem, que
ulteriormente serão decifrados, sem que jamais se destrua,
nesta dobadoura de enganos, o inconsútil segredo da ficção.”
Luís de Sousa Rebelo
“Ah, se as pessoas soubessem o
trabalho que me deu o primeiro
parágrafo do Memorial…”
Cadernos de Lanzarote, Diário I, p. 94 (13/8/93)
Memorial do
Convento

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