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ABOLIÇÃO 130 ANOS

• Irmandades de “Homens Pretos”, fenômeno em todo o mundo atlântico : no

Brasil desde o século XVII (por volta de 1639 Rosário e São Benedito no RJ)

• Lisboa (1551 – Convento de São Domingos)

• São Tomé (1526) – Angola região de Matamba (1663). Concomitantes.

• Finalidade reunião de grupos étnicos ou diaspóricos, mútuo auxílio,

cuidados com a morte, espaços de sociabilidade e circulação devoção aos

santos
ABOLIÇÃO 130 ANOS
• Espaços de assimilação X espaços conquistados de sociabilidade

• Minha trajetória de pesquisa (irmandades da região rural no Vale do Café)

circulação captada por João José Reis

• Irmandade de São Benedito dos Pretos Cativos de Guaratinguetá (fundada

em 1758)

• Documentação registra dois momentos: sua fundação (metade do século

XVIII) e sua atuação no período pré-abolição (1875)


Coleta para manutenção da Igreja do Rosário. Jean Baptiste Debret.
Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil.
Festa de Nossa Senhora do Rosário. Johann Moritz Rugendas, 1835.
.

Enterro do filho de um rei negro. 1826. Jean Baptiste Debret


Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil.
• Cap. 1º
• Serão admitidos nesta Santa Irmandade todos os Pretos assim ho- mens, como molheres, pardos, assim forros,
como cativos. q. a Meza admitir conforme seu bom procedimento. Não se admitindo quem for escandalozo no
viver, e viciozo: e se algum depois de admitido viver com escandalo será pella Meza admoestado, e penitenciado
primeira, segunda, e terceira vês, e não se emendando, será expulso da Irmandade. E querendo algua pessoa
branca entrar nesta irman- dade, com parecer da meza será admitida, mas não poderá ter voto, nem cargo algu,
senão o q. abaixo se declara

• Ao Rey como principal Cabeça compete a mayor zello e cuidado ad- vertindo e emendando as faltas dos maes
Irmãos, e penitenciandos, quando forem omissos, ou por si so ou com a Meza, dando bom exemplo,
confessandose a Meudo, e fazendo q. os mes Irmãos se con- fesse, e assitão ao Terço de Nossa Snrª e a
doutrina com devoção
• Cap. 3º
• No Domº antecedente a festa, ou noutro dia q. a mesa conveniente for se fará eleição dos Irmãos q. hão de
servir na forma seguinte. Juntos em meza o Rey, Escrivam, Juizes, Procurador, Thezoureiro, com R. Vigário,
proporão três irmãos para cada cargo, e depois darão os maes irmãos seus votos per si, tendo o Rey dous
votos, e havendo empate tera maes o Rey o seo decisivo,
• Art. 5º
• No dia 12 de Fevereiro de cada anno as 4 horas da tarde, no Consistorio da Matriz, eleitoz os outroz empregados pela
forma de- terminada no Compromisso, a Meza procederá ao sorteio de que trata o art. 3º.
• P. 1º Para este fim serão recolhidos á urna tantas cédulas escriptas em papel igual e fechadas com o mesmo formato,
sem rotulo, marca ou signal exterior, quantos forem os contribuintes do sexo feminino
• contendo cada uma o nome com as declarações convenientes d’uma destas; á outra urna serão recolhidas da mesma
forma tantas cédulas quantos forem os contribuintes do outro sexo, contendo cada uma o nome com as mesmas
declarações d’um destes.
• P. 2º Um menor extrahirá alternadamente das duas urnas começando pela do sexo feminino tantas cédulas quantos
forem os libertandos; a primeira designará a Rainha, a 2ª o Rei, a 3ª a Juiza de Vara, a 4ª o Juiz de Vara, a 5ª a Juíza
de Ramalhete, a 6ª o Juiz de Ramalhete.
• Art.6º
• No intervalo que decorrer do sorteio á posse dos novos empregados, a Meza por intermédio do thesoureiro tratará de
obter a libertação do escravo ou escravos sorteados por alguns dos seguintes meios:
• P. 1º Exhibição judicial depois da avaliação verificando-se alguns dos casos do artigo 90 parágrafo 2º do Regulamento
n. 5.135 de 13 de novembro de 1872, e não sendo possível obter a libertação com con- dições menos onerozas por
meio de accordo extra-judicial com os interessados.
• P. 2º Accordo amigável com o Senhor ou os Senhores ainda no caso de não haver avaliação judicial que dispense o
albitramento.
• P. 3º Exhibição do valor do libertando ou libertandos albitradoz pela Mesa pª ser pelo Juiz de Orphãos collocado como
pecúlio devido á liberalidade da irmandade.

• Art. 7º
• Na hippothese do paragrapho 3º do artigo antecedente, se for reque- rido o albitramento judicial, e este exceder a
importância do pecú- lio, a Meza mediante nova doação completará a quantia precisa para a indennização a fim de que
a libertação não deixe de effectuar-se por insufficiência do peculio.
• Art. 8º
• A Meza empregará todos os esforços ao seu alcance para obter com tempo a Carta ou Cartas de liberdade do escravo
ou escravos sor- teados, afim de lhes serem entregues no dia e acto da sua posse de empregado da Irmandade.

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