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POESIA CONTEMPORÂNEA

Turma: R
Professora Sara Pinto
2017/2018
 MIGUEL TORGA

 EUGÉNIO DE ANDRADE

 ANA LUÍSA AMARAL


MIGUEL TORGA
• Pseudónimo de Adolfo Correia Rocha;

• Um dos mais influentes escritores e poetas

do séc. XX;

• 1907-1995
Linhas temáticas da poesia de Miguel Torga

A criação poética ( sonho, solidão, rebeldia, rito, liberdade)


A condição humana (terrena, animal, mortal)
A revolta da imanência humana contra a transcendência divina
O desespero humanista
A Obsessão Telúrica (com a Terra)
A dimensão telúrica da Natureza ( a Terra , corpo vivo; A terra, centro do Cosmos; o abraço Terra Céu, o
anseio Terra/Mar; A Terra-Pátria-Ibéria)
Apego aos limites carnais, terrenos e a revolta espontânea contra esses limites
Apologia de um sentido terreno
Miguel Torga reatualiza diversos mitos clássicos: Prometeu, Ícaro, Tântalo, Narciso, Orfeu, Anteu e

Sísifo.
Recomeça…
Se puderes,
1 de 4 Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.

Sísifo De nenhum fruto queiras só metade.


E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.
O título - “Sísifo”

Sísifo diz respeito à personagem principal de um mito


grego. Neste mito, Sísifo, que era considerado o mais
habilidoso e perspicaz de todos os homens, dizia-se “pai de
Ulisses”. Ele despertou a ira de Zeus quando contou ao deus
dos rios, Asopo, que Zeus tinha sequestrado a sua filha Egina
e este mandou que fosse perseguido até à morte. Ao
aperceber-se de que o seu fim estava perto pediu à mulher
que não lhe fizesse qualquer tipo de honras fúnebres.
Quando chegou ao mundo dos mortos, queixou-se a Hades
O MITO da “negligência da mulher que nenhuma honra lhe tinha
concedido” e pediu para voltar ao mundo dos vivos, por um
curto período, para a castigar; mas quando cá chegou, não
quis mais voltar ao mundo dos mortos. Por esse motivo,
Hermes (o deus mensageiro) aplicou-lhe um castigo mais
pesado que a própria morte: Sísifo foi condenado, para
todo o sempre, a empurrar uma pedra desde o sopé da
montanha até ao seu cume, caindo a pedra pela
montanha cada vez que atingia o seu cume. Este
processo seria repetido por toda a eternidade.
Divida e classifica as orações
presentes nos seguintes versos
retirados do poema:
PARA
RESPONDER: «Se puderes,/ Sem angústia e sem pressa.»
Se puderes – Oração subordinada adverbial
condicional
«Enquanto não alcances/Não descanses.»
Enquanto não alcances – Oração subordinada
adverbial temporal
SÍSIFO -
Questionário
Conhecendo
melhor o
autor…
Conhecendo
melhor o
autor…
Conhecendo
melhor o
autor…
 Importância do trabalho técnico do
verso e do poema;

Linguagem,  Presença de rima;


estilo e
estrutura
 Uso de imagens irradiantes: a
semente, a seiva, a colheita, a água,
a terra, o vento, (…).
Mãe:
Que desgraça na vida aconteceu,
2 de 4 (Miguel Que ficaste insensível e gelada? Quintilha
Torga) Que todo o teu perfil se endureceu
Numa linha severa e desenhada?

Como as estátuas, que são gente nossa


Cansada de palavras e ternura,
Assim tu me pareces no teu leito.
Presença cinzelada em pedra dura,

Mãe Que não tem coração dentro do peito.

Chamo aos gritos por ti — não me respondes.


Beijo-te as mãos e o rosto — sinto frio.
Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes
Quadra

Por detrás do terror deste vazio.

Mãe:
Abre os olhos ao menos, diz que sim!
Diz que me vês ainda, que me queres.
Que és a eterna mulher entre as mulheres.
Que nem a morte te afastou de mim!
Como se faz um poema?
3 de 4 (Miguel
Torga)

PLATEIA
4 de 4 (Miguel
Torga)

A LARGADA

Diálogo com
Camões e com
Pessoa.
Questionário
sobre poemas 3 e
4 de Miguel Torga
Proposta de correção

«Plateia»

1. Trata-se de pessoas capazes de colocar em causa um presente classificado como «farsa», isto é, pessoas
capazes de resistir e lutar contra essa realidade.
2. Esta estrofe divide-se em duas partes lógicas: na primeira, que termina no verso 9, o sujeito lírico aponta
para dois factos sobre os quais não temos qualquer controlo – o nascimento e a morte; na segunda estrofe,
por contraste – e daí a presença da conjunção referida -, o sujeito poético aponta para o que podemos
mudar, através do nosso espírito crítico: não temos de ser passivos, podemos agir para mudar, transformar.
3. Este «mundo» é caracterizado, no verso 5, como uma «farsa»; mas, na última estrofe, a indignação do «eu»
relativamente a este «mundo» sobe de tom e ele é classificado como «(…) mentira / quotidiana», uma « (…)
comédia desumana / e triste,», que tudo cobre de «maldição», mesmo os que lhe procuram resistir.
4. Versos 14 a 18.
«A largada»

1. O poema progride partindo dos «pinhais», que deram madeira para construir as «frágeis caravelas».
Segue-se a partida das caravelas, as despedidas. Ainda nas despedidas, além das vozes de tristeza,
ouviram-se também as de descrença, de desânimo, que não vingaram, pois as «velas enfunadas»
partiram e, como se lê na última estrofe, o «grande sonho» foi em frente.
2. Trata-se da anáfora «Foram», que ocorre sistematicamente no início de cada estrofe.
3. Na última estrofe, contrasta-se o receio e o medo com a coragem e a valentia, através do paradoxo «Que
a nau tremesse sem ninguém tremer».
EUGÉNIO DE
ANDRADE
Pequeno apontamento biográfico
 Eugénio de Andrade (1923 - 2005) desenvolve a parte
mais importante da sua obra no Porto, para onde foi viver
relativamente jovem por razões profissionais. Recebeu
diversas distinções e prémios nacionais e internacionais.
 Nasceu José Fontinhas, mas adotou o nome artístico de
Eugénio de Andrade, nome pelo qual ficará conhecido. A sua
vida começa no Fundão. Segue depois para Lisboa e Coimbra,
antes de se fixar no Porto, como inspetor administrativo do
Ministério da Saúde.
AGORA AS
PALAVRAS
ADEUS
AGORA AS
PALAVRAS

ADEUS
ADEUS

AGORA AS
PALAVRAS
ARTE POÉTICA
No poema «A sílaba», o poeta passa toda uma manhã à procura de uma sílaba
Escrever… um  o ato de escrever é obsessivo: “Por isso a procurei com obstinação.”. De
forma concomitante, escrever é um processo demorado, paciente, que exige
ofício artesanal! cuidado:“ Toda a manhã…”

As letras/os poemas (vogais, consoantes  sílabas) são a salvação do poeta


(“A salvação.”), uma vez que o protegem e defendem da passagem do tempo:
“Só ela me podia defender do frio de janeiro, da estiagem do verão” 
estações do anos simbolizam a passagem do tempo.

No poema «Sílaba a sílaba», o título e o primeiro verso confirmam o lento


processo de elaboração da escrita.

Os quatro elementos, tão comuns da poesia de Eugénio de Andrade, surgem


de forma direta e indireta. Terra: «trevo» |ar: «o ar dói» | água: «a linha de
água» | fogo: «mãos acesas».

Último verso: «as próprias mãos acesas»  METONÍMIA

ARTE POÉTICA As mãos referem-se, como instrumento de escrita, ao próprio poeta.


ANA LUÍSA
AMARAL
 Nasceu em Lisboa, em 1956;

Ana Luísa  Poetisa, tradutora e professora de


Amaral Literatura e Cultura inglesa e americana,
na Faculdade de Letras da Universidade
do Porto.
Se for preciso, irei buscar um sol
para falar de nós:
ao ponto mais longínquo
do verso mais remoto que te fiz

Devagar, meu amor, se for preciso,


cobrirei este chão
de estrelas mais brilhantes
que a mais constelação,
para que as mãos depois sejam tão
As pequenas brandas
como as desta tarde
gavetas do Na memória mais funda guardarei
amor em pequenas gavetas
palavras e olhares, se for preciso:
tão minúsculos centros
de cheiros e sabores

Só não trarei o resto


da ternura em resto desta tarde,
que nem nos foi preciso:
no fundo do amor, tenho-a comigo:
quando a quiseres.
Proposta de correção – “As pequenas gavetas do amor”
O TÍTULO:

«Visitações» - por um lado, da filha; por outro, da inspiração. (o


«estar entre».)

«ou poema que se diz manso» - o poema surge personificado.


Diz-se manso, porque foi contagiado pela mansidão da filha
do poeta.

INDETERMINAÇÃO DO EU LÍRICO (Figurações*)

Apresenta-se como mãe. Apresenta-se como poeta.

Comparação entre a filha e o ato de escrever poemas.


COMPARAÇÃO: A filha é comparada a
um ladrão furtivo que se aproxima sem
se denunciar e rouba secretamente a
atenção da vítima.

Conseguiu roubar a atenção da mãe e


desviou-a da escrita do seu poema.

O adjetivo «manso» reveste-se de muito significado. Presente


ao longo do poema, refere-se à forma como a filha entrou, mas
também à forma como surge a inspiração para o poeta, ou seja,
de forma calma, daí o «poema que se diz manso».
O
«estar entre»

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