Você está na página 1de 22

UNIPÊ

CURSO DE DIREITO
DIREITO DO TRABALHO II
PROF.: UBIRATAN M. DELGADO

TÉRMINO DO CONTRATO DE TRABALHO


NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
LIMITES AO LIVRE TÉRMINO DA RELAÇÃO DE EMPREGO

• Embora a legislação brasileira, como regra geral, não impeça a terminação do


contrato de trabalho sem justa causa, nosso direito impõe alguns ônus e limites ao
empregador que resolve, unilateralmente, por fim à relação de emprego:
• PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO – em caso de extinção do
contrato, presume-se que o empregado foi despedido sem justa causa, cabendo ao empregador
provar o contrário
• IMPOSIÇÃO DE COMPENSAÇÃO PECUNIÁRIA À DESPEDIDA SEM JUSTA CAUSA
• RESTRIÇÕES À CELEBRAÇÃO DO CONTRATO A TERMO
• RESTRIÇÕES À DISPENSA DE EMPREGADOS EM CERTAS CONDIÇÕES ESPECIAIS (garantias de
emprego)
DIREITO CONSTITUCIONAL À PROTEÇÃO CONTRA
DESPEDIDA SEM JUSTA CAUSA

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de


outros que visem à melhoria de sua condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou
sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização
compensatória, dentre outros direitos;
EFEITO IMEDIATO DA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL
ADCT

Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7º, I, da
Constituição:
I - fica limitada a proteção nele referida ao aumento, para quatro vezes, da porcentagem
prevista no art. 6º, "caput" e § 1º, da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966;
II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:
a) do empregado eleito para cargo de direção de comissões internas de prevenção de
acidentes, desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato;
b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.
IMPOSSIBILIDADE DE RUPTURA IMEDIATA DO CONTRATO, SE NÃO
HOUVER JUSTA CAUSA (AVISO PRÉVIO)

Constituição Federal
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais... :
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos
da lei;
Lei 12.506/2011
Art. 1o O aviso prévio, de que trata o Capítulo VI do Título IV da Consolidação das Leis do
Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º da maio de 1943, será concedido na
proporção de 30 (trinta) dias aos empregados que contem até 1 (um) ano de serviço na mesma empresa.
Parágrafo único. Ao aviso prévio previsto neste artigo serão acrescidos 3 (três) dias por ano de
serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60 (sessenta) dias, perfazendo um total de até 90
(noventa) dias.
AVISO PRÉVIO
Art. 477...
§ 1º - A falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo
do aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço.
§ 2º - A falta de aviso prévio por parte do empregado dá ao empregador o direito de descontar os salários
correspondentes ao prazo respectivo.
§ 3º - Em se tratando de salário pago na base de tarefa, o cálculo, para os efeitos dos parágrafos anteriores, será feito
de acordo com a média dos últimos 12 (doze) meses de serviço.
§ 4º - É devido o aviso prévio na despedida indireta.
§ 5o O valor das horas extraordinárias habituais integra o aviso prévio indenizado.
§ 6o O reajustamento salarial coletivo, determinado no curso do aviso prévio, beneficia o empregado pré-avisado da
despedida, mesmo que tenha recebido antecipadamente os salários correspondentes ao período do aviso, que integra seu tempo de
serviço para todos os efeitos legais.
Art. 488 - O horário normal de trabalho do empregado, durante o prazo do aviso, e se a rescisão tiver sido promovida
pelo empregador, será reduzido de 2 (duas) horas diárias, sem prejuízo do salário integral.
Parágrafo único - É facultado ao empregado trabalhar sem a redução das 2 (duas) horas diárias previstas neste artigo,
caso em que poderá faltar ao serviço, sem prejuízo do salário integral, por 1 (um) dia, na hipótese do inciso l, e por 7 (sete) dias
corridos, na hipótese do inciso lI do art. 487 desta Consolidação.
MODALIDADES DE EXTINÇÃO CONTRATUAL

Existem diversas classificações propostas por vários autores. Todas com alguma deficiência.
Délio Maranhão, por exemplo, resumia sua classificação desta forma:
• Resilição - extinção do contrato provocada por exercício lícito da vontade das partes;
• Resolução - extinção decorrente de ato faltoso praticado por qualquer das partes;
• Rescisão - extinção decorrente da nulidade do contrato.
No entanto, a CLT trata todas as modalidades de extinção como rescisão do contrato de trabalho.
MODALIDADES DE EXTINÇÃO CONTRATUAL
VISÃO PANORÂMICA

• EXTINÇÃO DO CONTRATO PELO EXERCÍCIO LÍCITO DA VONTADE DAS PARTES


• DESPEDIDA SEM JUSTA CAUSA
• EXTINÇÃO DO ESTABELECIMENTO OU DA EMPRESA POR DECISÃO DO EMPRESÁRIO
• PEDIDO DE DEMISSÃO
• DISTRATO
• EXTINÇÃO NATURAL DO CONTRATO A TERMO

• EXTINÇÃO POR FATORES ALHEIOS À VONTADE DAS PARTES


• EXTINÇÃO DO ESTABELECIMENTO OU EMPRESA POR FORÇA MAIOR
• EXTINÇÃO DO ESTABELECIMENTO OU EMPRESA POR FACTUM PRINCIPIS
• MORTE DO EMPREGADO
• MORTE DO EMPREGADOR, PESSOA NATURAL, SEM CONTINUIDADE DO NEGÓCIO
MODALIDADES DE EXTINÇÃO CONTRATUAL
VISÃO PANORÂMICA
• EXTINÇÃO EM RAZÃO DA CONDUTA FALTOSA DAS PARTES
• DESPEDIDA POR JUSTA CAUSA
• DESPEDIDA INDIRETA
• CULPA RECÍPROCA

• EXTINÇÃO POR DECLARAÇÃO DA NULIDADE DO CONTRATO DE TRABALHO


EFEITOS DA EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO

• Extinto o contrato de trabalho, salvo na hipótese de nulidade declarada pelo


Judiciário, o empregador deverá providenciar a anotação da baixa na CTPS do
empregado e preparar um Termo de Rescisão Contratual (TRCT), no qual serão
discriminadas todas as verbas pagas, conforme o caso. As férias já adquiridas, o
saldo de salário e quaisquer créditos não diretamente ligados à extinção
contratual vencem imediatamente e, se existirem, devem ser pagos juntamente com
as parcelas rescisórias.
EFEITOS, CONFORME A CAUSA EXTINTIVA
CONTRATO POR TEMPO INDETERMINADO

• DISPENSA SEM JUSTA CAUSA, DESPEDIDA INDIRETA (ART. 483, CLT) E


EXTINÇÃO DA EMPRESA POR DECISÃO EMPRESARIAL –
O empregado tem direito a sacar os depósitos do FGTS e a receber o aviso
prévio, além do 13º salário proporcional, das férias proporcionais com o terço, a
indenização de 40% sobre os depósitos do FGTS. Deve, também, receber a guia
própria para o processamento do seguro-desemprego, sob pena de indenização
compensatória. Se for dispensado no período de trinta dias que antecede a data-
base de sua categoria, tem direito à indenização adicional estabelecida na Lei
7.238/84.
EFEITOS, CONFORME A CAUSA EXTINTIVA
CONTRATO POR TEMPO INDETERMINADO

• PEDIDO DE DEMISSÃO –
Neste caso, é do empregado o dever de conceder ou pagar o aviso prévio,
se não for dispensado pelo empregador. O empregador deverá efetuar o
pagamento das férias proporcionais e do 13º salário proporcional. O empregado
não poderá sacar os depósitos do FGTS nem terá direito ao seguro-desemprego.
EFEITOS, CONFORME A CAUSA EXTINTIVA
CONTRATO POR TEMPO INDETERMINADO

• DESPEDIDA POR JUSTA CAUSA (ART. 482, CLT) –


O empregado não receberá férias proporcionais ou 13º salário proporcional
nem qualquer outra verba estritamente rescisória (FGTS, aviso prévio, indenização
rescisória). Fará jus, apenas, às verbas não diretamente ligadas à rescisão do contrato
(saldo salarial, férias vencidas, etc.).
Para os que defendem a aplicação da Convenção 132 da OIT, serão devidas
as férias proporcionais (embora não seja esse o entendimento do TST).
EFEITOS, CONFORME A CAUSA EXTINTIVA
CONTRATO POR TEMPO INDETERMINADO

• EXTINÇÃO POR MÚTUO CONSENTIMENTO (DISTRATO) – ART. 484-A, CLT


Caso ambas as partes resolvam, por comum acordo, extinguir o contrato de trabalho,
serão devidos a indenização rescisória do FGTS e o aviso prévio pela metade. As demais
verbas (frações de férias e 13º salário) e a liberação dos depósitos do FGTS deverão ser
integrais. Não há previsão de recebimento do seguro-desemprego.
No caso de Planos de Demissão Voluntária (PDV), as verbas rescisórias serão aquelas
ajustadas por negociação coletiva (geralmente, são pagas todas as verbas integralmente e
ainda acrescidas de um valor adicional).
EFEITOS, CONFORME A CAUSA EXTINTIVA
CONTRATO POR TEMPO INDETERMINADO

• EXTINÇÃO POR CULPA RECÍPROCA (ART. 484, CLT; SÚMULA 14, TST)
Caso reconhecido, em juízo, que ambas as partes cometeram infrações suficientes
para provocar o rompimento do contrato (culpa recíproca), o empregado poderá sacar
integralmente os depósitos do FGTS, mas receberá a indenização rescisória, o aviso prévio,
as frações de férias e de 13º salário pela metade.
Há quem defenda uma solução idêntica à do distrato, de forma que as frações de
férias e 13º salário sejam pagas integralmente.
EFEITOS, CONFORME A CAUSA EXTINTIVA
CONTRATO POR TEMPO INDETERMINADO

• EXTINÇÃO POR MOTIVO DE FORÇA MAIOR – ART. 501, CLT


Devem ser pagas as mesmas verbas decorrentes da despedida sem justa causa,
mas a indenização rescisória é reduzida para 20% (art. 18, § 2º, Lei 8.036/90).

• EXTINÇÃO POR ATO GOVERNAMENTAL (FACTUM PRINCIPIS) – ART. 486, CLT


O empregado deverá receber integralmente todas as verbas rescisórias, mas a
indenização rescisória (40% do FGTS) deverá ficar a cargo do ente governamental
responsável pela extinção da empresa.
EFEITOS, CONFORME A CAUSA EXTINTIVA
CONTRATO POR TEMPO INDETERMINADO

• MORTE DO EMPREGADO –
Os dependentes ou sucessores do empregado falecido (Lei 6.858/1980)
poderão sacar o FGTS e farão jus ao 13º salário proporcional e às férias
proporcionais, além das demais parcelas não diretamente ligadas à extinção do
contrato (férias vencidas, saldo salarial, etc.). Não há pagamento de indenização
rescisória, nem de aviso prévio.
Caso a morte tenha decorrido de acidente do trabalho, o empregador
também poderá ser obrigado a pagar uma indenização por danos morais.
EFEITOS, CONFORME A CAUSA EXTINTIVA
CONTRATO POR TEMPO INDETERMINADO

• MORTE DO EMPREGADOR PESSOA FÍSICA –


Caso o negócio tenha continuidade e o empregado opte por não seguir
trabalhando para os sucessores (art. 483, § 2º, CLT), deverá ele receber as mesmas
verbas decorrentes de um pedido de demissão, sem ter que conceder aviso prévio.
Caso a morte do empregador implique a efetiva cessação do negócio, o
empregado fará jus às mesmas verbas devidas na hipótese de dispensa sem justa
causa.
EFEITOS, CONFORME A CAUSA EXTINTIVA
CONTRATO POR TEMPO INDETERMINADO

• EXTINÇÃO POR DECLARAÇÃO DE NULIDADE –


• Nulidade por incapacidade da parte (empregado menor) ou por vício de consentimento
(trabalho análogo à condição de escravo) – devidas todas as verbas correspondentes a
uma despedida sem justa causa, como se válido fosse o contrato (teoria clássica das
nulidades no direito do trabalho);
• Nulidade por ilicitude do objeto – conforme jurisprudência do TST, nenhuma verba
rescisória, indenizatória ou salarial é devida;
• Nulidade por desrespeito ao art. 37, II, CF - são devidos o saque do FGTS e os salários
retidos, observado o mínimo legal (súmula 363 do TST).
EFEITOS, CONFORME A CAUSA EXTINTIVA
CONTRATO A TERMO
• EXTINÇÃO NORMAL (TÉRMINO DO PRAZO) – o empregado poderá sacar os depósitos
do FGTS e receberá o 13º salário proporcional e as férias proporcionais.

• EXTINÇÃO ANTECIPADA
• Com cláusula prevendo a rescisão antecipada – devidas as mesmas verbas como se
por tempo indeterminado fosse

• Não havendo cláusula de rescisão ante tempus –


• DESPEDIDA SEM JUSTA CAUSA OU INDIRETA – liberação do FGTS e das guias do seguro-
desemprego; pagamento de férias e 13º proporcionais; indenização do art. 479, CLT;
• PEDIDO DE DEMISSÃO – férias e 13º proporcionais; o empregado deverá pagar a indenização do
art. 480, CLT.
SITUAÇÃO JURÍDICA DA APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA

• Após muita dissensão jurisprudencial, o STF terminou decidindo que a


aposentadoria voluntária não é causa de extinção do contrato de trabalho. No
entanto, o empregado que se aposenta pode pedir afastamento do emprego
(demissão), hipótese em que terá ele direito ao recebimento das férias
proporcionais, do 13º salário proporcional, além da liberação do FGTS
depositado (em decorrência da própria aposentadoria).
PENALIDADES POR ATRASO NO PAGAMENTO DAS PARCELAS RESCISÓRIAS

• Multa do art. 477, §§ 6º e 8º, da CLT – atraso no pagamento das


verbas rescisórias

• Multa do art. 467 da CLT – falta de pagamento das verbas


rescisórias incontroversas até a audiência trabalhista.

Você também pode gostar