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FACULDADE AGES DE SENHOR DO BONFIM

CURSO DE LETRAS
CRÍTICA LITERÁRIA
PROFª FERNANDA CAROLINE SANTOS

INTRODUÇÃO À CRÍTICA
LITERÁRIA
 Inicialmente, partimos do fato de que a obra é a
denúncia de um vazio no mundo. É a denúncia de
um vazio porque só se pode colocar algo em um
espaço em aberto, ou seja, não preenchido,
portanto, vazio. Se o sentido do mundo estivesse
completo, não haveria mais lugar para se pensar,
para se refletir, para se criar. A arte é sempre a
revelação de um sentido novo, logo, denuncia
lacunas no mundo, visto esse mundo ser uma
organização de linguagem, de signifcações.

 A obra enquanto abertura do mundo se completa
em cada leitura, e como as possibilidades de
leitura são infinitas isso redunda na
incompletude perene da obra, em sua dimensão
literária. É através desse vazio posto e imposto
pela dimensão signifcante que a obra abre espaço
para que a crítica seja uma outra criação, pois se
a crítica por um lado não se faz “ex-nihilo”, por
outro, a matéria de que ela dispõe não lhe oferece
outro conteúdo senão o signifcante da falta,
abrindo-lhe o espaço do vazio.

 Ex-nihilo:
Expressão latina para indicar que nada se faz a
partir do nada


 O objetivo da crítica é penetrar na obra enquanto
lugar de abertura do mundo, naquele lugar onde
a falta de sentido se instaura.

 Tomar a crítica como a verdade completa da obra


signifca mutilar a obra naquilo que ela tem de
força criadora, é reduzir o texto ao plano político-
ideológico
 Segundo Massaud Moisés (1967), a palavra
“crítica” deriva do grego Krínein significando
julgar. Ao longo de sua evolução enriqueceu-se e
tornou-se universalmente usada como sinônimo
de interpretação, análise e julgamento da obra de
arte ou de qualquer outro objeto, ou ainda como
sinônimo de modos de julgamento: crítica
histórica, crítica oral, crítica de processos penais.
A palavra “crítica” foi ainda corrompida pelo uso
corrente, sendo empregada vulgarmente com
sentido negativo e por vezes pejorativo.

 Com o passar dos séculos, este vocábulo acabou
por adquirir um sentido polissêmico, pois,
atualmente, apresenta uma configuração
semântica muito elástica, e envolve atividades
diferenciadas desde o artigo de jornal, incluindo a
resenha, até a tese universitária, passando
pelas monografias, ensaios, artigos de revistas,
conferências, enfim, tudo isso recebe
indistintamente o nome de crítica.

 A crítica literária, especificamente, tem a missão
de apreciar o valor estético de uma obra em todas
as fases de sua realização, julgando, inclusive,
sua literariedade, sua excelência e a hierarquia
do seu valor.
 O histórico da crítica literária está longe de ser
uma reta e de ser composto por uma sucessão de
obras escritas segundo um mesmo padrão
Intelectual. Ao contrário, sua progressão acontece
de forma irregular, como um ziguezague,
absorvendo o máximo possível de áreas
intelectuais ao longo de sua evolução. Devido a
essa irregularidade não há um único método para
a abordagem de um texto literário e não há
métodos que possam servir para todos os textos.
 A obra é que determina o método a ser
empregado e este deve ser ainda, se necessário,
adaptado à obra, para não exigirmos que ela se
acomode artificialmente a um esquema
predeterminado. Caberá ao crítico observar o que
predomina ou o que é importante em cada caso,
aplicando o método correspondente
ou a adaptação desse método.

 O crítico literário tem como objeto constante de
estudo e avaliação a obra literária. Essa relação,
segundo Enrique Anderson Imbert (1971), gera
uma mútua dependência entre o escritor e o
crítico, já que ao escritor interessa, em muitos
casos, a divulgação e o alcance proporcionado
pela análise de sua obra, e ao crítico interessa a
obra propriamente dita. Mas a crítica, apesar de
depender da obra de arte, é também a criação de
uma nova obra que prolonga e completa a obra
criticada, além de analisá-la e avaliá-la.
 A crítica, segundo Massaud Moises (1967), pode
ser dividida de acordo com o seu objetivo restrito,
em dois tipos: a crítica descritiva ou analítica,
que seria a fase de pesquisa e análise do texto
literário, com enfoque em sua compreensão; a
crítica avaliativa ou justificativa, que pretende
erguer juízo de valor. Um dos ideais da crítica
literária seria a junção dessas duas formas
de aproximação do texto: o julgamento
erguido sobre dados fornecidos pela
análise.

 A crítica literária tem a função de caracterizar a obra,
uma atividade de investigação, através dos elementos
que a compõem, identificando suas diferenças.
Sempre atenta aos processos estruturadores da obra e
articulada com a história e a literatura, ela seria o
lugar de encontro entre o texto e o público, em épocas
e espaços diferentes. Conjuga o modo de ser da obra
com o modo de ver do crítico, ambos envolvidos pela
historicidade. As abordagens críticas, por terem
trajetórias irregulares, apresentam diferentes
comportamentos ao longo do tempo e priorizam
diferentes aspectos (contexto social/histórico, autor,
obra e público) em seus vários momentos, conforme
divisão de Rogel (1997).

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