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Universidade Federal do Rio Grande – FURG

Instituto de Ciências Humanas e da Informação - ICHI


Curso de Psicologia
TTP TCC – Teoria e Técnicas de Psicoterapia Cognitivo-Comportamental

Conhecendo o Mindfulness

1 Loredana Amaral Marzocchella- 45901


Gessyka Wanglon Veleda – 45889

Professora: Marilene Zimmer

Rio Grande, 31 de julho de 2013


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Quem não tem a sensação de que viver implica em um grande trabalho?


Não parece que viver se tem tornado uma grande e continua luta?
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Afinal, o que é Mindfulness?
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 Mindfulness é um termo traduzido do idioma Pali (em que foram


registradas as escrituras do Budismo), que engloba três conceitos
interligados. Um deles, “sati”, significa consciência, atenção e lembrança,
não no sentido de recordação mas de nos lembrarmos de estar
conscientes e atentos ao que ocorre dentro de nós e à nossa volta
(Siegel, Germer & Olendzki, 2009).

 “Mindfulness significa prestar atenção, de forma particular: de propósito,


no momento presente e sem julgamentos” (John Kabat-Zinn, 2003).
O que é Mindfulness?
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 O primeiro objetivo da prática de mindfulness ainda é


aquietar a mente, torná-la serena e tranquila.

 Para fazer isso, é preciso treinar a mente para que ela fique
centrada em um ponto único, num único estímulo, de forma
constante, e ininterruptamente.

 O estímulo selecionado normalmente recebe o nome de


"objeto" de meditação. O objeto de meditação usada por
excelência é a própria respiração.

(Mañas, 2009)
Origem do Mindfulness
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 Mindfulness é o coração do ensinamentos originais de


Siddhartha Gautama Sakyamuni, popularmente conhecido
como Buda (563 a.c.);

 A origem do mindfulness é o budismo, mais especificamente,


o Budismo Theravada. Mindfulness corresponde a um tipo de
meditação chamada meditação Vipassana bhavana;

 É a mais antiga de todas as práticas budista de meditação.

(Mañas, 2009)
 Mindfulness tornou-se importante para a clínica contemporânea
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e sua origem vem de duas distintas tradições de pensamento.

 A primeira emergiu de pesquisas de Ellen Langer em Psicologia


experimental. A segunda teve início com o trabalho de Jon
Kabat-Zinn, que introduziu a meditação budista na prática
clínica.

 Pesquisadores como Lisabeth Roemer e Susan M. Orsillo


desenvolveu e testou diversos programas de prevenção e
tratamento que integram mindfulness e aceitação com
abordagens comportamentais baseadas em evidências.

(Roemer & Orsillo, 2010)


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• Nome dado a

Mindfulness
• Conjunto de
Budismo preceitos que
integram uma
meditação no
ocidental;
filosofia/religião;
• Técnica específica;
• Objetivo: alcançar a
plenitude espiritual; • Objetivo: mais
voltada para
aspectos de saúde
física e psicológica.

(Mañas,2009)
Quando posso utilizar o Mindfulness?
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 Mindfulness pode ser praticado de inúmeras e diferentes formas. E


a sua aplicação não é exclusiva para pacientes ou para
psicopatologias ou patologias, como também para o próprio
terapeuta.

 As áreas de aplicação do Mindfulness são diversificadas, sendo


utilizado na medicina, na educação, psicologia, entre outras.

(Mañas, 2009; Siegel, Germer & Olendzki, 2009; Mace, 2008)


10  São cada vez maiores as evidências da eficácia desta terapia
em diferentes patologias orgânicas (como a diabetes, o câncer,
a AIDS, dor crônica) e psicológicas (Depressão, Transtorno de
Hiperatividade e Déficit de Atenção, Transtorno de Ansiedade);

 Essa prática pode ser realizada em ambiente clínico individual,


em grupos ou ainda em instituições como hospitais, escolas;

(Siegel, Germer & Olendzki, 2009; Mace, 2008).


Mindfulness e a TCC
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O Mindfulness Baseado na Terapia Cognitiva faz parte das


“Terapias Cognitivo-Comportamentais de Terceira Geração” (third
wave of cognitive-behaviour therapies) (Mace, 2008).

 Neste novo paradigma, o terapeuta ajuda o paciente a moldar uma


nova visão face ao problema que experiência, depois de o aceitar
e estar incondicionalmente consciente dele, em vez de mudar
diretamente padrões cognitivos, emocionais e comportamentais
mal adaptativos (Siegel, Germer & Olendzki, 2009).

“Awereness and acceptance first, change second”


Programas de Mindfulness
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 Programa Mindfulness de redução de estresse - MBSR

 Programa Mindfulness para dor e doença – MBPI

 Programa Mindfulness para prevenção de recaída – MBRP

 Mindfulness Baseado na Terapia Cognitiva – MBCT

(Wells, 2006)
Mindfulness Baseado na Terapia Cognitiva - MBCT
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 A MBCT foi desenvolvida em 2002, por Siegel, Williams e


Teasdale, com base no programa Mindfulness Based Stress
Reduction (MBSR) de Kabat-Zinn.

 Combina práticas de meditação Mindfulness com técnicas da


Terapia Cognitiva e surgiu para ajudar indivíduos que sofriam de
recaídas recorrentes de Depressão.

 Os autores chegaram à conclusão que o mecanismo central para


prevenir estas recaídas é a capacidade de descentralização
cognitiva: os pensamentos são vistos como objetos na mente,
distintos da realidade. (Wells, 2006)
Mindfulness Baseado na Terapia Cognitiva - MBCT
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 Na depressão: o objetivo é capacitar para


aprender a estar consciente das sensações
corporais, pensamentos e emoções e responder de
forma adaptativa – descentralizando-se,
monitorando e analisando o pensamento
disfuncional e a relação com as sensações
corporais e com o humor aos primeiros sinais de
recaída (Wells, 2006 & Mace, 2008).

 Hoje em dia existem outras aplicações da


MBCT (Mace, 2008; Crane, 2009).
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Especificidades da MBTC

• Ensinado em grupos pequenos;


• Grupo de +/- doze participantes;
• Duração de 8 semanas;
• Não dar ênfase aos movimentos corporais;
• Prática guiada pelo terapeuta;
• Praticar em casa, nos intervalos entre as
sessões

(Burke, 2010; Mace, 2008)


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Com as técnicas de MBCT pretende-se mudar a natureza da
relação que a pessoa tem com os seus pensamentos, em vez
de tentar removê-los ou mudá-los (Mace, 2008).
Neurobiologia envolvida no Mindfulness
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 Com o desenvolvimento das neurociências, surgiram evidências


orgânicas dos benefícios da prática de Mindfulness, com
alterações a curto e a longo prazo ao nível neurológico, maior
ativação de regiões cerebrais implicadas nos processos:
- aprendizagem e memória;
- regulação emocional;
- processamento auto-referencial;
- tomada de decisão;
- imunológico (aumento da produção de anticorpos);
- endócrino (diminuição dos níveis de cortisol) nos seus
praticantes.

(Davidson et al., 2003)


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Principais Resultados
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1. Regiões do cérebro associadas com a atenção, interocepção e


processamento sensorial eram mais espessos nos participantes
que praticavam meditação do que controles pareados, incluindo o
córtex pré-frontal e insula anterior direita;

2. Diferenças na espessura cortical pré-frontal foram mais


pronunciados nos participantes mais velhos, o que sugere que a
meditação pode compensar “afinamento” cortical, resultante do
envelhecimento.

(Lazar et al., 2006)


Enfim...
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 Os resultados sugerem que a meditação pode estar associado


com alterações estruturais em áreas do cérebro que são
importantes para o processamento sensorial, emocional e
cognitivo. Os dados sugerem ainda que a meditação pode afetar
declínios relacionados a idade na estrutura cortical (Lazar et al., 2006).
Crianças e o Mindfulness
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 Benefícios:
- melhoria da capacidade mnésica, uma vez que recordam mais
facilmente a informação se estiverem atentas, focadas e conscientes;
- auto controle;
- maior conhecimento do funcionamento da própria mente e dos
processos cognitivos;
- melhor compreensão de si e do mundo

 Consciência Mindfulness ajuda a integrar a criatividade do


hemisfério direito com os processos analíticos e lineares do
hemisfério esquerdo.

(Hooker & Fodor, 2008)


Crianças e o Mindfulness
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 Os exercícios devem ser progressivos, ir desde a atenção mais


concreta ao ambiente exterior, às experiências do corpo, para depois
ser introduzida a atenção à mente e exercícios de meditação.

 Feedback é bastante importante. Caso a criança continue a relatar


uma experiência negativa não deve ser forçada a continuar.

(Hooker & Fodor, 2008).


A partir de que idade?
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 Não há um acordo quanto a um ponto de corte, por isso a


solução poderá ser a adaptação.

 Essa adaptação para os mais novos requer atenção às


características específicas desta faixa etária. O pensamento
concreto, ciclos de atenção menores, dificuldade em
permanecerem muito tempo sentadas ou paradas, o
desenvolvimento motor, da linguagem e da memória devem ser
considerados.

(Hooker & Fodor, 2008)


Como explicar o mindfulness para as crianças?
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 Explicar que as emoções dolorosas são como ondas na água,


provocam agitação, dificultam a visão da superfície e faz com que a
gente se sinta confusos. A prática Mindfulness nos ajuda a ver e a
acalmar a agitação emocional, permitindo que a nossa mente seja
refletida com clareza na superfície da água (Goodman & Kaiser-Greenland, 2009).
Mindfulness no Brasil
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 No Brasil, os programas de Mindfulness ainda estão numa etapa


bastante inicial e poucos centros acadêmicos estão envolvidos
com o estudo dessa técnica;

 Instituições, como a UNIFESP e a UFRGS, estão abrindo espaço


para o estudo rigoroso da técnica.

 Expoentes: Stephen Little, Dra. Elisa Kozasa (G​emte com saúde)


Dr. Marcelo Demarzo ​(Mente Aberta).

(Iniciativa Mindfulness, 2013


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Eventos Mindfulness

Visita da Prof. Phd Tamara Russell - King´s


College/Londres

• Quando: 12 à 16 de agosto/2013

• Onde: Porto Alegre

Workshop sobre pesquisa e prática de


Meditação em ciência - com Elisa Kozas

• Quando: 31 de agosto/2013

• Onde: Porto Alegre


Opções de Livros
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28 Referências
 Burke, C.(2010). Mindfulness-Based Approaches with Children and Adolescents: A preliminary review of current research in a
emergent field. Journal of Child and Family Studies.

 Crane, R. (2009). Mindfulness-Based Cognitive Therapy. London: Routledge.

 Davidson, R.J., Kabat-Zinn, J., Schumacher, J., Rosenkranz, M., Muller, D., Santorelli, S.F., Urbanowski, F., Harrington, A.,
Bonus, K. & Sheridan, J.F. (2003). Alterations in brain and immune function produced by mindfulness meditation. Psychosomatic
Medicine

 Hooker, K. e Fodor, I. (2008). Teaching Mindfulness to Children. Gestalt Review.

 Goodman, T. & Kaiser-Greenland, S. (2009). Mindfulness with Children: Working with Difficult Emotions. In Didonna, F. (Ed.),
Clinical Handbook of Mindfulness. New York: Springer.

 Lazar. S. W. (2006). Meditation experience is associated with increased cortical Thickness. Neuroreport. National Institutes of
Health.

 Mace, C. 2008. In Mindfulness and Mental Health- Therapy, Theory and Science.New York:Routledge.

 Mañas, I. M., (2009). Mindfulness (Atención Plena): La meditación en Psicología Clínica. Gaceta de Psicología. Revista del
Ilustre Colegio Oficial de Psicólogos de Andalucía Oriental. Almería, España.

 Roemer, L. & Orsillo, S. M. (2010). A prática da terapia cognitivo comportamental baseada em mindfulness e aceitação. Porto
Alegre: Artmed.

 Siegel, R. D., Germer, C. K. & Olendzki, A. (2009). Mindfulness: What is it? Where did it come from? Didonna, Fabrizio (Ed),
(2009). Clinical handbook of mindfulness. New York, NY, US: Springer Science.

 Wells, A. (2006). Detached Mindfulness in Cognitive Therapy: A Metacognitive Analysis and Ten Techniques. Journal of
Rational-Emotive & Cognitive-Behavior Therapy.

 Williams, J. (2010). Mindfulness and Psychological Process. Emotion.


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