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Análise Comportamental das

Emoções

Roberto Alves Banaco


PUC-SP
Paradigma: Núcleo de Análise do Comportamento
CRÔNICA
DE
MARIO PRATA
Saudade é quando o momento tenta fugir
da lembrança para acontecer de novo
e não consegue.
Lembrança é quando,
mesmo sem autorização, seu pensamento
reapresenta um capítulo.
Angústia é um nó muito apertado bem
no meio do sossego.
Preocupação é uma cola
que não deixa o que ainda não aconteceu,
sair de seu pensamento.
Indecisão é quando você sabe muito bem
o que quer mas acha que devia querer
outra coisa.
Certeza é quando a idéia cansa
de procurar e pára.
Intuição é quando seu coração dá um
pulinho no futuro e volta rápido.
Pressentimento é quando passa em você
o trailer de um filme que pode ser que nem
exista.
Vergonha é um pano preto que você quer
pra se cobrir naquela hora.
Ansiedade é quando sempre faltam
muitos minutos para o que quer que seja.
Interesse é um ponto de exclamação ou
de interrogação no final do sentimento.
Sentimento é a língua que o coração usa
quando precisa mandar algum recado.
Raiva é quando o cachorro que mora em
você mostra os dentes.
Tristeza é uma mão gigante
que aperta seu coração.
Felicidade é um agora que não
tem pressa nenhuma.
Amizade é quando você não faz questão
de você e se empresta pros outros.
Culpa é quando você cisma que podia ter
feito diferente, mas geralmente, não podia.
Lucidez é um acesso de
loucura ao contrário.
Razão é quando o cuidado aproveita que a
emoção está dormindo e assume o
mandato.
Vontade é um desejo que cisma que você
é a casa dele.
Paixão é quando apesar da palavra
¨perigo¨ o desejo chega e entra.
AMOR é quando a paixão não tem outro
compromisso marcado.
Não... Amor é um exagero... também não. Um
dilúvio, um mundaréu, uma insanidade, um
destempero, um despropósito, um descontrole,
uma necessidade, um desapego?
Talvez porque não tenha sentido, talvez porque
não tem explicação, esse negócio de Amor, não
sei explicar.
O que são
emoções?
Emoções

 Muitos nomes, muitas explicações


 Emoções
 Paixões
 Afetos
 Sentimentos
 Estados de ânimo
 Estados subjetivos
Engelmann, A (1978). Os estados subjetivos: uma
tentativa de classificação de seus relatos verbais.
São Paulo: Ática.
Emoção e Ciência
 Tem sido descrita como:
 Conjunto de respostas reflexas (especialmente as
que são de interesse prático para as outras pessoas)
 Operações de motivação (ou estabelecedoras)
 Interferência sobre o comportamento operante em
ação
 Tendência a certas respostas
 Expressões (que sofrem efeito operante e podem ser
distintas em diferentes culturas).
Nomenclatura das Emoções
(continuação)

RESPOSTAS EMOCIONAIS
= topografia

COMPORTAMENTO EMOCIONAL
= relações funcionais entre estímulos e respostas.
Comportamento emocional
 Traz vantagens claras para a análise do
comportamento já que localiza a(s)
resposta(s) emocional(is) em contingências
de três termos.
Santecedente  R  Sconseqüente

Reflexo
(incondicionado e condicionado)

Operante
(ontogenético e cultural)
Seleção por
contingências
1. Nível filogenético
2. Nível ontogenético
3. Nível cultural
Skinner
1º nível de seleção:
filogenético
Seleção: garante que seja comum a
todos os membros da espécie
Variação: intensidade que atinge cada
membro da espécie pode ser diferente
Emoção
 Conjunto de reflexos (portanto, estímulos que
provocam -eliciam- respostas).
 Incondicionados
• “em algumas espécies, morder, golpear e arranhar
parece ter sido fortalecido durante a raiva antes
que o condicionamento pudesse ter lugar. Essas
respostas geram gritos de dor e outros indícios de
dano” no oponente

• Esta característica deve ter sido selecionada no


nível filogenético
1º nível de seleção: filogenético
Explicações respondentes para
a Emoção
Três emoções básicas:
Emoção Eliciadores Respondentes
RAIVA IMPEDIR OS MOVIMEN- CHORAR, GRITAR,
TOS DA CRIANÇA SE- ENDURECER O CORPO.
GURANDO SUA FACE MOVIMENTOS
OU CABEÇA; OU SEGU- COORDENADOS DE
RAR SEUS BRAÇOS GOLPEAR E BATER DE MÃOS
FORTEMENTE JUNTO E BRAÇOS. LEVANTAR E
AO CORPO ABAIXAR PÉS E PERNAS.
Definição watsoniana PRENDER A RESPIRAÇÃO.
das emoções de uma
criança como padrão
reflexo, compilada por Millenson, J.R. (1967/1975) Princípios da Análise do
Tolman (1923). Comportamento. Brasília: Coordenada
Explicações respondentes
para a Emoção
Três emoções básicas:
Emoção Eliciadores Respondentes
MEDO REMOVER SUBITAMEN- RETENÇÃO SÚBITA DA
TE TODOS OS MEIOS RESPIRAÇÃO. SEGURAR-SE.
DE SUSTENTAÇÃO PISCAR OS OLHOS. FRANZIR
(DEIXAR CAIR). SOM OS LÁBIOS. CHORAR.
ALTO. EMPURRAR DE
REPENTE OU BALAN-
ÇAR LEVEMENTE (LO-
GO QUE ADORMECER).
PUXAR DE REPENTE O
COBERTOR (QUANDO
ESTÁ ADORMECENDO)
Explicações respondentes
para a Emoção
Três emoções básicas:
Emoção Eliciadores Respondentes
ALEGRIA ACARICIAR OU MANIPU- SE ESTIVER CHORANDO,
LAR ZONA ERÓGENA. PARA DE CHORAR. APARECE
FAZER CÓCEGAS, BA- UM SORRISO. EMITE SONS.
LANÇAR, EMBALAR
SUAVEMENTE. DAR TA-
PINHAS LEVES. COLO-
CAR EM DECÚBITO
VENTRAL NO JOELHO
DO ASSISTENTE
Apresentação de estímulo
aversivo

Terror
Apresentação de
Ansiedade
estímulo positivo

Apreensão

Ira Raiva Aborr Prazer Êxtase

Retirada de
estímulo positivo Alívio

Sossego

Calma

Retirada de estímulo
aversivo
Ansiedade como conjunto de reflexos:
reação fisiológica a eventos incertos, mas potencialmente
aversivos
 Reações fisiológicas descritas para ansiedade:
 Alta freqüência cardíaca com reações na
respiração, transpiração e pressão sanguínea
 Também são vistas em várias outras situações:
 Perigo real (medo)
 Presença de reforçador depois de extrema
privação (“fissura”)
 Na busca de vários tipos de reforçadores (sexo;
drogas; alimento)
 Esportes radicais

 Portanto, não são suficientes para definir


ansiedade
2º nível de seleção:
ontogenético
Adapta os indivíduos a mudanças rápidas
no ambiente
Diferenças observadas no nível
filogenético tornam-se mais marcantes
Individualiza ainda mais a análise possível
Relações emocionais
operantes
 Skinner (1974)
 O processo de condicionamento operante
suplementa a seleção natural
 indivíduo deve ser “sensível” a estímulos
que o mantenham vivo
• “trabalhar” por “reforçadores primários”
• “evitar” estímulos “danosos”
Emoção
 Conjunto de reflexos (portanto, estímulos que
provocam – “eliciam” – respostas).
 Condicionados
• Treinar um soldado é em parte condicionar respostas
emocionais. Se retratos do inimigo, sua bandeira, etc., forem
associados a histórias ou fotografias de atrocidades, uma
reação agressiva semelhante provavelmente ocorrerá
quando o inimigo for encontrado. As reações favoráveis são
obtidas em geral da mesma maneira. Respostas a alimentos
apetecíveis são facilmente transferidas para outros objetos.
Assim como "detestamos" a bebida ou o fumo que nos
deixam doentes, também "gostamos" dos estímulos que
acompanham alimentos agradáveis.
 Selecionada nos níveis filo e ontogenético
O que é ansiedade?

Ansiedade é quando sempre faltam


muitos minutos para o que quer que
seja.
Um passo além no
entendimento das emoções:
2º nível de seleção: ONTOGENÉTICO

 interações de relações respondentes sobre


operações operantes
 Paradigma da ansiedade:
 Supressão condicionada
Sentimentos no nível
ontogenético
 Diz-se que os sentimentos são as
causas do comportamento
 Thorndike  Lei do efeito
• Organismos se aproximam do que é
sentido como agradável
• Organismos se afastam do que é sentido
como desagradável
“Ser sensível” = sentir...
Aparentemente:
R
SE SENTE NA PELE
E
F PARECE AOS OLHOS
O
SOA
R COMO
CHEIRA
Ç “BOM”
A SE EXPERIMENTA NO
D GOSTO
O
R
No entanto:

 ... Do ponto de vista da teoria evolucionista,


a susceptibilidade ao reforçamento é
devida ao seu valor de sobrevivência, e
não a qualquer sentimento a ele
associado.
 ... Os sentimentos são meramente
produtos colaterais das condições
responsáveis pelo comportamento
Uma interpretação para a
evolução...
O mesmo pode ser dito sobre os reforçadores
operantes.

Sal e açúcar são elementos críticos [para a


sobrevivência], e indivíduos que foram
especialmente reforçados por eles aprenderam
mais efetivamente onde e como obtê-los

e por conseguinte, foram mais provavelmente


passíveis de sobreviverem e transmitirem essa
susceptibilidade para a espécie.
Uma interpretação para a
evolução...
Tem sido apontado freqüentemente que competição
por uma parceira tende a selecionar os membros da
espécie mais hábeis e fortes, mas [tal competição]
também seleciona aqueles mais susceptíveis a
reforçamento sexual.

Como um resultado, a espécie humana, tanto quanto


as outras, é fortemente reforçada por açúcar, sal e
contato sexual.

Isso é muito diferente de afirmar que essas coisas


reforçam porque são gostosas ou agradáveis.
Sentimentos e reforçamento
Estou satisfeito saciação
B Parecem sentimentos
Eu gosto de
R São probabilidades
Eu amo
A de ação:
Eu aprecio
Ouvir o rádio quando está tocando
H Brahms ao invés de desligá-lo
Eu me agrado
Comprar CDs de Brahms
com M
Ir a concertos nos quais se toca
S Brahms.
Sentimentos e reforçamento

 Dizer “Eu amo minha mulher”


(parece ser um relato de sentimentos)

Envolve uma probabilidade de ação:


 Disposição para fazer o que ela gosta
 Gostar de ter feito o que ela gosta

 O inverso é verdadeiro:
 Não estamos dispostos a fazer nada para/com alguém de
quem “não gostamos” (ou especialmente a quem
“odiamos”)
Sentimentos e reforçamento

 Probabilidade de ação depende da


história de reforçamento

 Condições corporais podem ser sentidas


ou observadas introspectivamente (depois
falaremos mais disto).
Sentimentos e reforçamento

 Quando uma ação é quase sempre


reforçada
= confiança
~= fé
~= certeza
= senso de poder e/ou potência
= onipotência, e
= interesse
Sentimentos e reforçamento
 Sob extinção (ou quando o reforçamento
acontece muito infreqüentemente)
= perda de confiança, certeza, ou senso de
poder
= desde falta de interesse
passando por desapontamento,
falta de coragem,
impotência, e
até depressão
Sentimentos e reforçamento
 Extinção logo depois de história de
reforçamento
= frustração
raiva
Ou
= saudade de casa (ausência de condições
para responder)
nostalgia (literalmente querer voltar para
casa e não poder) e
sentir-se abandonado, solitário
Sentimentos e reforçamento

 Esquemas intermitentes de reforçamento:


 Quando razão entre respostas e reforço é
favorável:
= zelo, diligência, ambição
determinação, obstinação, persistência
excitação ou entusiasmo
dedicação e
compulsão
Sentimentos e reforçamento

 Esquemas intermitentes:
 Razão “esticada”

ao término da razão:
abulia (falta de vontade) e
exaustão (incapacidade de começar novo
trabalho)
Sentimentos e reforçamento

 Esquemas intermitentes:
 Razão grande (ou custo da resposta
grande) e reforço de pequena magnitude
= preguiça
Sentimentos e reforçamento

 Esquemas intermitentes
 Razão variável

= força de vontade
= persistência
= excitação, domínio, vontade de vencer
= persistência (exploração científica, obras
de arte, música, invenção)
= compulsão (jogar patológico) e
... = esperança
Sentimentos e reforçamento

 Punição e controle aversivo

 = Coerção ou controle coercitivo do


comportamento
Problemas decorrentes do
controle aversivo:
 Respostas emocionais intensas, elas
próprias aversivas (ansiedade e raiva)
 Redução de repertório (no caso da fuga e da
esquiva)
 Não ensina o que deve ser feito, apenas o
que não deve ser feito (no caso da punição)
 Debilitação do organismo (privação intensa)
 Procrastinação e preguiça (custo de resposta
elevado)
Respostas emocionais
intensas
COMPORTAMENTO EMOCIONAL:

 Comportamento incompatível com


aprendizagem de outros repertórios
desejáveis.
 Ansiedade -> apresentação de estímulo
aversivo (paralisia)
 Raiva -> retirada de estímulo reforçador
positivo (tendência à destruição)
Redução de repertório
 Fuga e esquiva
 Poucas respostas são capazes de
eliminar os estímulos aversivos
• Mentiras
• Doenças psiquiátricas
• Funções distorcidas (estudar para não
tirar nota baixa)
 Aparecem apenas na presença do
agente punidor
 Não eliminam a relação reforçadora
original
Ensinam apenas o que não deve
ser feito
 Restringe repertório (relação de fuga ou
esquiva aprendida será reproduzida)
 Incompatível com aprendizagem de novos
repertórios (afetam a possível relação
reforçadora entre as novas respostas e
seus estímulos mantenedores)
 O que deve ser feito é indiscriminável
(como não possibilita a ocorrência de
respostas alternativas, comprometem o
processo de discriminação)
O que são Raiva e
Tristeza?
Raiva é quando o cachorro que
mora em você mostra os dentes.
Tristeza é uma mão gigante
que aperta seu coração.
F
r Apresentação do estímulo dependente da
e resposta do indivíduo
q
u Depressão Depressão Depressão Depressão Depressão
ê (suicídio)
n Vergonha Baixa auto- Depressão Depressão Depressão
estima
c Impotência Culpa Angústia Depressão Depressão
i Inabilidade Vergonha Culpa Angústia Depressão
a Raiva de si Revolta Raiva Culpa Angústia
Contrariedade Inconformismo Vergonha Raiva Culpa
aborrecimento Contrariedade Inconformismo Raiva de si
intensidade do estímulo S+ ou S-
F
r Apresentação do estímulo independente da
e resposta do indivíduo
q
u
ê
Depressão Depressão Depressão Depressão Depressão
(suicídio)
n Cólera Depressão Depressão Depressão Depressão
Ira (“azar”) Tristeza Depressão Depressão Depressão
c Raiva Angústia Tristeza Depressão Depressão
i (“perseguição
“Bronca” Revolta Angústia Depressão Depressão
a Contrariedade Inconformismo Raiva Angústia Angústia
aborrecimento Contrariedade Inconformismo Choque Tristeza
Impacto

intensidade do estímulo S+ ou S-
Extinção Início Meio Fim

SD - R1- S1+ SD - R1- S1+ SD - R1- S1+


Hist.
Reforçamento

Forte Ira Inconstância Tristeza

Média Raiva Desânimo Tristeza

Incerteza
Fraca Paralisação Tristeza Depressão
Insegurança
Conflito Aproximação- Aproximação- Esquiva-
aproximação esquiva esquiva

R1- S1+ S+ R1- S1-


SD SD– R – e SD
Hist. R2 – S2+ S- R2 – S2-
Reforçamento
“pena” Incerteza Raiva

Forte perda Dúvida

Incerteza Incerteza Raiva


Média
Dúvida Paralisação Angústia

Incerteza
Fraca Paralisação Tristeza Paralisação
Insegurança
Reforçamento Punição Ref. Ref.
e Punição R agress R triste

SD - R1- S1+ SD – Ragress- S+ SD – Rtriste – S+


Hist. S-
Reforçamento

Forte Ira Diversão “Manha”?

Média Raiva Diversão “chatice”?


“ansiosa”

Incerteza
Fraca Paralisação Ansiedade? Apatia?
Insegurança
Uma análise
comportamental
completa das emoções
O 3º nível de seleção: cultural
3º nível de seleção:
cultural
Comportamento social surge (na história filogenética) porque um
organismo é importante para o outro como parte de seu ambiente

Muitos dos reforços requerem a presença de outras pessoas =


Reforço Social
Alimento= reforçador primário
Mãe alimentar a criança= reforço social
3o. nível de seleção

 O “outro” como parte importante do


ambiente
 Ambiente social

 Comportamento social

 Cultura
O ambiente social
 Especial importância ao reforço generalizado:
 Atenção
 Aprovação
 Afeição
 Submissão
 Reforço negativo
 Estimulação aversiva incondicionada (p.ex. “surra”)
 Desaprovação
 Desprezo
 Ridículo
 Insulto
O episódio social
 Episódios
verbais
 “Emoções sociais”
 Amor, amizade, favor = tendência a
reforçar o outro
O que é amor?

Amor é um exagero... também não. Um dilúvio, um


mundaréu, uma insanidade, um destempero, um
despropósito, um descontrole, uma necessidade, um
desapego?
Talvez porque não tenha sentido, talvez porque não
tem explicação, esse negócio de Amor, não sei
explicar.
Vida
É o Amor existencial.
Razão
É o Amor que pondera.
Estudo
É o Amor que analisa.
Ciência
É o Amor que investiga.
Filosofia
É o Amor que pensa.
Religião
É o Amor que busca Deus.
Verdade
É o Amor que se eterniza.
Ideal
É o Amor que se eleva.

É o Amor que se transcende.
Esperança
É o Amor que sonha.
Caridade
É o Amor que auxilia.
Fraternidade
É o Amor que se expande.
Sacrifício
É o Amor que se esforça.
Renúncia
É o Amor que se depura.
Simpatia
É o Amor que sorri.
Trabalho
É o Amor que constrói.
Indiferença
É o Amor que se esconde.
Desespero
É o Amor que se desgoverna.
Paixão
É o Amor que se desequilibra.
Ciúme
É o Amor que se desvaira.
Orgulho
É o Amor que enlouquece.
Sensualismo
É o Amor que se envenena.
Finalmente, o Ódio, que julgas ser a antítese do Amor,
não é senão o próprio Amor que adoeceu gravemente.
Francisco Cândido Xavier
Amor
(Skinner, 1989)

 Crítico do behaviorismo
“Eu te amo” = “Você me reforça”

 Bons Behavioristas diriam


“Você reforça meu comportamento”
Gregos: três palavras para
“Amor”
 Eros:
 Parte do amor derivada da seleção natural
 Partilhamos com outras espécies

 Amor sexual
• Sofre influências do reforçamento operante
• Variações sexuais

 Amor parental
• Erótico diferente de sexual
Gregos: três palavras para
“Amor”
 Philia
 Um amor de condicionamento operante
 Somos reforçados a procurar
• Obras de arte (pintura, literatura, música)
• Estudos (filosofia = amor à sabedoria)
• Autores, Lugares, Personagens de ficção,
Assuntos, tipos de pessoas
• Amigos (nenhum interesse erótico)
Gregos: três palavras para
“Amor”
 Ágape
 Processo de evolução cultural
 Não é o nosso comportamento, mas o
comportamento de quem amamos que é
reforçado
 O efeito é sobre o grupo
 Ao demonstrar que sentimos prazer pelo
que a pessoa fez, reforçamos o fazer, e
assim, fortalecemos o grupo
Natureza reversa do
reforçamento
 Ocorre em Eros (agrada-se um amante
porque nosso próprio prazer é aumentado)
 Ocorre também em Philia (ajudamos a
salvar Veneza porque podemos desfrutar
de sua beleza)
 Em Ágape, são artificiais: são inventadas
pela cultura – reforçamento é indireto.
Emoções como
subprodutos culturais

Homens “sentem” diferente de


Mulheres?
Atração sexual E. Frio S. relaxado ira pudor Carinho
Apesar das
diferenças
Contingências são semelhantes

Algumas emoções nos três níveis


Inveja e Ciúme
 Inveja:
1. Desgosto ou pesar pelo bem ou pela felicidade de
outrem
2. Desejo violento de possuir o bem alheio

 Ciúme:
1. Sentimento doloroso que as exigências de um amor
inquieto, o desejo de posse da pessoa amada, a
suspeita ou a certeza de sua infidelidade fazem nascer
em alguém;
2. Emulação, competição, rivalidade;
3. Despeito invejoso; inveja;
4. Receio de perder alguma coisa; cuidado, zelo.
Inveja e Ciúme

 Elementos comuns para a análise:


1. Existência de outrem, portanto, as
contingências envolvidas são sociais
1. Inveja: outrem que possui algo desejável (coisa,
habilidade, situação)
2. Ciúme: outrem que ameace a posse de alguém
ou alguma coisa
2. Posse
1. Inveja: de “algo” que não se tem
2. Ciúme: de algo ou alguém que já se “tem”
Inveja

 Outrem possui algo “desejável”


 Privação que pode ser satisfeita
 Alguém já satisfez tal privação
 Privação e existência de reforçador no
meio social
 Existem meios de obtenção de tal
reforçador
 Por meio de respostas
 Por meio de ambientes mais favoráveis
Inveja

 Existem meios de obtenção de tal


reforçador por meio de respostas
 Aumento de repertório (imitação)
 Procura por ambientes mais favoráveis
 Competição
 Roubo
 Eliminação do “possuidor”
Ciúme

 Ameaça da posse de algo ou alguém que


já se tem
 Risco de perda por falta de habilidade
 Risco de perda por habilidade maior de
concorrente
 Risco de perda por falta de controle sobre
a posse
 Risco de perda pela infidelidade

Fidelidade = constância, firmeza


nas afeições, nos sentimentos
Inveja e Ciúme

Controle filogenético
 Inveja: Busca de melhores condições de
sobrevivência
• Competição (combate)
• Roubo
• Eliminação do “possuidor”

 Ciúme: Defesa de território (para si e para


prole)
• Competição
• Eliminação do “possuidor”
Inveja e Ciúme

Controle ontogenético
 Históriascom reforçamento mais
intenso, freqüente e bem sinalizado
tenderão a ser menos prováveis de
apresentarem tais sentimentos
Inveja: Contingências

A R S+ ou S+ ou S-
Sd
B R S+

A Sd R ou R A Sd ou Sd

B Sd R S+ B Sd
Ciúme: Contingências

A R S+ R S+ ou S+ ou S-

C Sd R S+ R S+ ou não

B R S+ R ou não
Inveja
Controle Social
 Inveja “boa” (cobiça)
 tentar obter reforçadores através de
respostas socialmente aceitas
 Alguns tipos de competição

 Inveja “má” (lesa comunidade)


 Obter reforçadores através do roubo
 Destruição do outro (material ou
moralmente)
 Outros tipos de competição
Ciúme
Controle Social
 Evidências de infidelidade e/ou
competição
 Obrigatoriedade de defesa “do que é seu”
 Várias respostas “extremas” recebem
atenuantes
 Justificada por outros sentimentos
(orgulho-próprio, honra, lealdade, etc.)
 Ausência de evidências
 Críticas exacerbadas e punições
Mais
genericamente...
Emoção não é causa de comportamento

... Mas, se não é causa, por que terapeutas


analítico-comportamentais continuam investigando
a respeito de comportamentos emocionais?
Evento Encoberto

 Entendido como evento sob a pele


 Em relação com estimulação externa
 Colateral à resposta aberta
 Implica em questão de acessibilidade
 Apenas o indivíduo teria acesso direto a ele

 No entanto, sua discriminação e nomeação


dependeriam da comunidade verbal
“SIGNIFICADO” DO SENTIMENTO

 Tato sobre evento encoberto é modelado pela


comunidade verbal
 Observação de eventos públicos correlacionados
• Estímulos públicos
• Respostas públicas
 Operante verbal: tato
 Tatear e discriminar os sentimentos não alcançam
a mesma confiabilidade do tatear objetos públicos
 Eventos públicos ganham controle parcial sobre o
tato
Expressando sentimentos

 Propósito: informar o ouvinte sobre os


sentimentos do falante
 Informa probabilidade de ação do
falante
 Cria “intimidade” e “empatia”

 Indicativa de contato com variáveis


importantes
Expressando sentimentos
 Um continuum
Expressão de sentimentos
(respondentes não verbais)
Expressões falsas de sentimentos
ou
Controle operante sobre expressão de sentimentos
(respondentes que sofreram tbém controle operante)

Comunicação de sentimentos
(operantes verbais)
Eint
parou de digerir o almoço
Eext
rubor
R SA R C
Fez Crítica no FalouFalou
secamente Colegas afastam
não afastam
trabalho emprego brandamente
Bateu porta Grande
Não faz ruído
ruído
Fechou porta
Chutou gato Gato foge
não foge
Acariciou gato
Assistiu luta É envolvido na briga
Evita briga
Evitou luta

Rverbal CC
- +

Está com Raiva


Estou com Raiva
Expressando sentimentos

 Desvantagens:
 Possibilidade da comunicação sofrer o efeito
operante
(Vantagem: Revela história de vida)
 Comunicação ser idiossincrática
(Vantagem: Dá pistas sobre cultura do cliente)
 Vantagens
 Controle sobre o respondente é bastante limitado
(terapeuta deve ter conhecimento dos
respondentes abertos e “apurar” observação)
 Aponta o contato com variáveis de controle
Evitando sentimentos

 Há interesse na cultura em limitar a


expressão de afetos
 Pessoa “fora de serviço”
 Não está atendendo à tarefa que lhe foi
designada
 Necessária a demonstração de estar “no
controle”.
Evitando sentimentos

 Punição sobre expressão e comunicação


também pune contato com variáveis
controladoras
 Diminui oportunidade para discriminação de
aspectos relevantes do controle de
comportamento
 Mais um efeito das agências controladoras que a
terapia deve desfazer.
Sentimento
fundamental na
terapia: confiança
Quais seriam as variáveis de
controle do “sentimento de
confiança” ?
 “sentimento de confiança” =
 tendência maior para apresentar, na
sessão, as respostas punidas fora da
sessão
 acompanhada ou não por uma sensação
de tranqüilidade experimentada pelo
cliente
Sentimento de Confiança
Skinner (1978):
 Absoluta de que a cadeira e a  Escrivaninhas e cadeiras
escrivaninha o sustentarão similares sempre o
enquanto escreve sustiveram

 Moderada de que o texto escrito o Escritos similares usualmente


chegará aos leitores têm sido publicados

 Mediana de que os leitores o Muitos leitores terminaram


chegarão ao final do texto de ler seus artigos, nem todos

 Pequena de que os leitores o Leitores algumas vezes


comportar-se-ão com base no mudaram seus comporta-
texto mentos por causa daquilo
que ele escreveu
Sentimento de Confiança
Skinner (1978):
 “Estou escrevendo um artigo na minha escrivaninha
neste momento porque tenho feito o mesmo tipo de
coisa com algum sucesso em ocasiões
razoavelmente similares. Pelas mesmas razões eu
tenho certos sentimentos de confiança. Mas eu
estou escrevendo por causa das conseqüências,
não por causa dos sentimentos. Meus sentimentos e
meu comportamento são produtos colaterais
(paralelos) da minha história pessoal”.
Skinner, B.F. (1978) Reflections on Behaviorism and
Society. N.J. - Englewood Clifts: Prentice Hall
“Confiança”

 Gradação
 Supor
 Acreditar
 Pensar (no sentido de ter uma opinião)
 Saber
 Dependentes da história de reforçamento (freqüência)
 Freqüência com a qual o comportamento foi reforçado
e/ou punido
 [na presença de determinados estímulos – terapeuta]

Skinner, B.F. (1980). Contingências do reforço. São Paulo: Abril


Cultural
Contingências que levam à
Confiança
 Ausência de punição
 Aumenta probabilidade do cliente emitir
respostas previamente punidas
• Inicialmente as “mais distantes” da resposta punida
• Gradativamente aparecem as mais próximas da
resposta punida
• Dentre elas, o falar sobre antecedentes, respostas e
conseqüências punitivos
 Sessão terapêutica sinaliza, gradativamente,
local de segurança (empatia e aceitação)
Contingências que levam à
Confiança
 Garantia de que o resultado do falar valeria a pena
 Sigilo das informações apresentadas (todas as
terapias propõem)

 Qualidade da análise que o terapeuta propõem


• Levantamento de variáveis controladoras sobre o
problema (diferencial)
• “Guia” deve ser o conhecimento de relações
comportamentais
• O que perguntar / observar
• Processos comportamentais
• Previsão e controle
Outras contingências que
levam à Confiança
 Farta apresentação de informações relevantes
 “Contrato” de fidelidade a respeito das
informações advindas de pessoas relevantes
 Reforçamento de outras respostas não
submetidas à punição
 Respostas “desejadas”
 Habilidades sociais
 Comportamentos clinicamente relevantes
A investigação de
eventos encobertos na
sessão terapêutica
A investigação sobre os
eventos encobertos na sessão
terapêutica
 Hoyt (1980) apud Meyer e Vermes (2001):
“...sessões nas quais houve maior número de verbalizações do
terapeuta e do cliente referentes a eventos privados
(emoções, sentimentos e pensamentos) foram aquelas
melhor avaliadas” (pág. 103)
 Dados de Souza e Banaco (não publicados) apontam que a
cliente avaliou igualmente sessões que investigavam
eventos privados e sessões que investigaram apenas
relações entre eventos e respostas abertas.
A investigação sobre os
eventos encobertos na sessão
terapêutica

 Ainda assim, a investigação é importante


porque:
 Clientes tendem a explicar seus
comportamentos como originados por
eventos privados
A investigação sobre os
eventos encobertos na sessão
terapêutica

 Repertório discriminativo dos eventos


privados é bem estabelecido pela
comunidade verbal
 Via de acesso às variáveis de controle,
inclusive sobre as formas de expressão
punidas na comunidade verbal (Zamignani,
2000)
A investigação sobre os
eventos encobertos na sessão
terapêutica
 Ainda que os eventos encobertos façam parte de uma
cadeia de eventos (cf. possibilidades apontadas por
Tourinho, 1977 e Kovac, 2000)
“...existem várias formas de obtermos explicações
contingenciais para os sentimentos e emoções relatados
por nossos clientes, e é apenas por conta dessa
possibilidade que é-nos útil perguntarmos a respeito dos
eventos encobertos. (...) Apenas com uma análise
externalista estaremos sendo coerentes com a
abordagem skinneriana”. Banaco, 1999, pág. 141.
Emoções e pensamentos do
terapeuta durante a sessão

 Podem ter uma interferência no processo


terapêutico
 Emoções parecidas podem ser eliciadas
por contingências de reforçamento
semelhantes
• “Transparência” do terapeuta pode ser
material de análise
Exigências sobre o
terapeuta na sessão

 Que seja isento de sentimentos e


preconceitos em relação aos clientes
 Que seja “aberto” a todo e qualquer
material apresentado
 “entender” o cliente
• Entender =/= Aceitar
 No entanto: terapeuta também tem sua
história de reforçamento
História de reforçamento do
terapeuta

 Regras que deve seguir para atender:


 Pensamentos
 Difícil discriminação de “quando” usar o
que a regra descreve
 Incompatível com “prestar atenção” ao
conteúdo do que é dito pelo cliente
 “lembrar-se das regras e “ouvir discurso
do cliente” são concorrentes
Formação teórica:
“...devido às suas raízes no behaviorismo radical, a PFA não
possui quaisquer posturas racistas ou sexuais. Não existem
modelos de como uma pessoa saudável deveria ser, ou quais
os tipos de comportamentos-alvo deveriam estar no
repertório... não existem bases teóricas para decidir quais
comportamentos deveriam estar nos repertórios de uma
pessoa sobre ser membro de grupos raciais, sexuais ou
quaisquer outros. A teoria é neutra com respeito a essas
questões”.
Kohlenberg e Tsai (1987)
Solução de problemas

 Conhecimento teórico não é suficiente


 Conhecimento de técnicas e seus
resultados também é imprescindível...
 “Consumo” de pesquisas básicas e
pesquisas aplicadas
 Atualizam o terapeuta com os novos
avanços tecnológicos da área
 Auxiliam na escolha de técnicas
adequadas a cada caso em atendimento.
Habilidades terapêuticas
 Tendo “em mãos” teoria e técnicas:
1. Saber “escutar” a queixa
2. Saber investigar aspectos relevantes da
queixa
3. Saber fazer uma avaliação da queixa
apresentada
4. Saber formular intervenção
Cinco habilidades básicas
(Kohlenberg e Tsai, 1991) :

1. Observar comportamentos
relevantes para o problema
que ocorram dentro da
sessão
Comportamentos
clinicamente relevantes
a. exemplos reais de comportamento que são
ocorrências do problema clínico

b. respostas de baixa probabilidade de ocorrência, da


classe que solucionaria o problema, emitidas
durante a sessão

c. respostas verbais de descrições funcionalmente


válidas entre os estímulos do ambiente e as
respostas-problema ou respostas-solução.
Cinco habilidades básicas
(Kohlenberg e Tsai, 1991) :

2. Construir ambiente terapêutico que


favoreça o aparecimento do
comportamento - problema.
 Não aversividade;
 Instalação de “confiança”
Cinco habilidades básicas
(Kohlenberg e Tsai, 1991) :

3.Reforçar positivamente o
aparecimento de comportamentos
de baixa probabilidade de
ocorrência e que sejam “caminho”
para a solução do problema.
(modelagem)
Modelagem do comportamento

 Saber fazer uma análise das respostas que compõem o


comportamento-alvo
 Saber classificá-las numa “cadeia” de aquisição – do
mais simples e mais provável de ser emitido e
reforçado, até o mais complexo (e menos provável de
ser emitido).
 Saber sinalizar a oportunidade de reforçamento,
identificando mudanças sutis no ambiente do cliente;
 Se detiver reforçadores dentro da sessão, utilizá-los
contingentemente ao aparecimento das respostas
necessárias e utilizar suspensão do reforçamento
quando for necessário (Extinção provoca variabilidade.)
Cinco habilidades básicas
(Kohlenberg e Tsai, 1991) :

4. Verificar que respostas emite


que são capazes de reforçar
respostas do seu cliente.
Cinco habilidades básicas
:
(Kohlenberg e Tsai, 1991)

5. Saber descrever relações


funcionais entre as variáveis
relevantes e as respostas-
queixa e respostas-alvo do
cliente.
História de reforçamento do
terapeuta

 Emoções fortes: também entram em


concorrência com o atender

 Comportamento do terapeuta fica sob


controle da emoção sentida e não sob
controle do comportamento do cliente
Alguns temas de impacto

 Valores morais, éticos, religiosos do cliente


muito diferentes dos do terapeuta

 Identificação com o problema do cliente

 Desrespeito por parte do cliente


Alguns temas de impacto

 Identificação de erro do terapeuta na


condução da sessão e/ou na interpretação
apresentada

 Inveja da situação do cliente


ASPECTOS QUE O TERAPEUTA
BEHAVIORISTA DEVE CUIDAR:
 DEIXAR DE LADO CONCEITOS E AVALIAÇÕES
SOBRE OS FENÔMENOS

 SUPERVISÃO (TREINAMENTO DE HABILIDADES


PARA ATENDIMENTO CLÍNICO)

 FORMAÇÃO PESSOAL
• AUMENTAR CULTURA GERAL
• APRENDER COM POSSÍVEIS ERROS

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