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Planejamento Familiar

Dr. Alan François Cardoso


Planejamento Familiar ou Controle
de Natalidade?
Planejamento Familiar: é o conjunto de ações de
regulação da fecundidade que garante direitos iguais
de constituição, limitação ou aumento da prole pela
mulher, pelo homem ou pelo casal.
Controle de Natalidade: é a situação onde o Estado
intervém ativamente no sentido de controlar a taxa de
natalidade de uma população, impedindo seu livre
crescimento.
Vantagens do Planejamento Familiar
Diminuição da mortalidade materna.
Diminuição da mortalidade infantil.
Diminuição da pobreza.
Diminuição das despesas intradomiciliares.
Melhor estruturação familiar.
Maior estudo e capacitação dos filhos.
Diminuição das diferenças sociais.
1. Métodos Comportamentais
Definição: Consiste na observação dos sinais do ciclo
menstrual com conseqüente abstinência nos períodos
férteis.
Observação: Deve ser evitado próximo à menopausa,
próximo a menarca (primeira menstruação) e em
mulheres com ciclos menores que 26 dias ou maiores
que 32 dias.
 Princípio do método: Os espermatozóides vivem
em média 72 horas dentro da mulher e a vida média
do ovulo é 48 horas assim deve-se manter abstinência
por 3 a 4 dias antes da ovulação e 3 dias após.
1. Métodos Comportamentais
1)Tabelinha
Consiste em calcular através de um calendário o
período fértil para não manter relações neste período.
Os últimos 6 ciclos menstruais devem ser conhecidos.
Só deve ser aplicado em mulheres com ciclos
regulares.
A ovulação geralmente ocorre 14 dias antes do inicio
da menstruação.
Observação: Doenças, viagens, depressão e estresse
podem alterar o ciclo menstrual, provocando
ovulações fora do período esperado.
1. Métodos Comportamentais
1)Tabelinha
Como usar (Ogino-Knaus):
Anotar o primeiro dia da menstruação por 6 meses
Subtrair 18 dias do ciclo mais curto  Este é o inicio do
período fértil
Subtrair 11 dias do ciclo mais longo  Este é o final do
período fértil
1. Métodos Comportamentais
1)Tabelinha
 Exemplo:
JMS quis utilizar a tabelinha por isso anotou os seguintes primeiros dias
de sua menstruação por 6 meses:
07/jan – 03/fev – 02/mar – 29/mar – 25/abr – 23/mai

28 dias 29 dias 28 dias 26 dias 29 dias


Usando a regra recém explicada temos:
26 – 18 = 8 este é o inicio do período fértil
29 – 11 = 18 este é o final do período fértil
Portanto JMS deve manter abstinência a partir do 8º dia do seu ciclo
ate o 18º dia. No exemplo acima seria do dia 30/mai até 09/jun.
1. Métodos Comportamentais
2)Temperatura Basal

Consiste em prever, através da aferição da


temperatura, o período da ovulação para não manter
relações neste período.
Princípio: Após a ovulação há um aumento da
temperatura basal entre 0,3 e 0,8 °C
Observação: Não deve ser utilizado na presença de
infecções.
1. Métodos Comportamentais
2)Temperatura Basal
Como Usar:
Deve-se medir a temperatura oral pela manhã, com a
mulher deitada, antes de ter realizado qualquer
atividade.
A mulher deve manter abstinência do inicio do ciclo até
3 dias após o aumento da temperatura.
1. Métodos Comportamentais
3)Muco Cervical (Billings)
Princípio: O muco após a menstruação é cristalino e
elástico e vai se tornando cada vez mais cristalino e
elástico (Filante) até o dia da ovulação quando passa a
se tornar cada vez mais esbranquiçado e grumoso.
1. Métodos
Comportamentais
3)Muco Cervical (Billings)
Como Usar:
Deve-se manter abstinência
do inicio da menstruação até
4 dias após o ultimo dia de
muco cristalino.
1. Métodos Comportamentais
4)Sintotermico
É a utilização conjunta dos métodos citados.
Reunindo a tabelinha, temperatura basal e o muco
cervical, aumentando a eficácia.
1. Métodos Comportamentais
5)Coito Interrompido (Ejaculação
extra-vaginal)
Consiste na retirada do pênis de
dentro da vagina antes de ejacular.
Este método aumenta a ansiedade
e depressão de seus praticantes.
Observação: O índice de falha é
alto, visto que o liquido seminal
eliminado durante a relação
contem espermatozóides.
2. Métodos de Barreira
Definição: Consistem em métodos que visam evitar o
contato do sêmen com o canal cervical.

A Camisinha, tanto
masculina quanto feminina,
são os únicos métodos
disponíveis para se evitar
DSTs.
2. Métodos de Barreira
1) Preservativo Masculino (Condom)
É um envoltório para o pênis confeccionado em látex.
É o melhor método para se evitar DSTs.
Existem em diferentes formatos e até sabores.
2. Métodos de Barreira
1) Preservativo Masculino (Condom)
2. Métodos de Barreira
2) Preservativo Feminino
É uma capa de poliuretano que
recobre a cérvice uterina, paredes
vaginais e parte da vulva.
Protege contra AIDS e a maioria
das DSTs.
Pode ser associada a lubrificantes e
espermicidas (Aumentando sua
eficácia).
Pode ser colocada antes do intercurso
sexual.
2. Métodos de Barreira
2) Preservativo Feminino
2. Métodos de Barreira
3) Diafragma
É um dispositivo de borracha que
recobre o colo uterino.
Sua eficácia é melhorada quando
associada a espermicidas.
Pode ser inserido varias horas antes da
relação sexual (O ideal é que seja
inserido logo antes da relação).
Deve ser removido de 6 a 8 horas após o
ato para aumentar o tempo de exposição
dos espermatozóides ao espermicida.
2. Métodos de Barreira
4) Espermicidas
Agentes químicos que inativam os
espermatozóides.
Possuem Baixa eficácia quando usados
isolados.
2. Métodos de Barreira
5) Esponja Espermicida
É constituída de poliuretano com
espermicida.
É descartável e de fácil colocação.
É importada e de alto custo.
3. Dispositivo Intra-Uterino
É o método mais utilizado no mundo principalmente em
países do primeiro mundo e na china.
Age causando uma reação inflamatória que impede a
nidação do ovo,
Podem ser removidos quando a mulher desejar.
Preferencialmente devem ser introduzido no inicio da
menstruação.
Deve-se realizar ultrasons a cada 3 meses para avaliar a
posição no primeiro ano.
A fertilidade é rapidamente restaurada após a remoção.
3. Dispositivo Intra-Uterino
3. Dispositivo Intra-Uterino
1) DIU de cobre
Apresenta ação espermicida e irritativa
Existem vários tipos e formatos que
podem ser utilizados de 5 a 10 anos.
3. Dispositivo Intra-Uterino
1) DIU de progesterona
É um dispositivo em forma de T que
libera levonorgestrel diariamente
Tem duração de 5 anos
Leva a uma diminuição da
menstruação e até ausência desta após
1 ano de uso.
3. Dispositivo Intra-Uterino
Contra Indicações:
 Doença Inflamatória Pélvica
 Tuberculose pélvica
 Suspeita de gravidez
 Cervicite purulenta
 Sangramento vaginal sem diagnostico
 Alterações anatômicas do útero
 Câncer de colo de útero, do endométrio e coriocarcinoma.
 Fortes cólicas menstruais
 AIDS
 Nuliparidade
 Ter vários parceiros
3. Dispositivo Intra-Uterino
Intercorrências com o uso do DIU:
Penhez ectópica
Cólica menstrual
A expulsão do DIU é mais freqüente no primeiro mês.
4. Contracepção Hormonal
São constituídos de um estrógeno e uma
progesterona. Eventualmente são constituídos por um
progestogênio isolado.
São confeccionados em formulações orais, vaginais,
transdérmicas, injetáveis e na forma de implantes.
Os Principais estrógenos são: Etinilestradiol e
Etonogestrel
As Principais progesteronas são: Levonogestrel,
Noretindrona, desogestrel, ciproterona, Gestodeno,
Dropirenona e Depomedroxiprogesterona
4. Contracepção Hormonal
Mecanismo de ação:
 Contraceptivos combinados:
bloqueiam o eixo hipotalamo-
hipofise suprimindo a produção de
LH e FSH inibindo o
amadurecimento dos folículos
ovarianos.
 Contraceptivos contendo apenas
progestogênios: Age atrofiando o
endométrio e tornando o muco
cervical hostil à penetração pelo
espermatozóide além de parecer
alterar a mobilidade tubária.
4. Contracepção Hormonal
Principais efeitos colaterais:
Dos estrógenos: Dor de cabeça, tonteira, vômitos, dor
nas mamas, inchaço, irritabilidade e manchas
acastanhadas.
Dos progestogênios: Depressão, cançaso, alterações
no libido, amenorréia, acne e ganho de peso.
Observação: Os efeitos colaterais dos ACO estão
cada vez mais raros devido as baixas dosagem
existentes hoje.
4. Contracepção Hormonal
1) Anticoncepcionais Orais (ACO)
São as famosas pílulas.
Sua eficácia total é conseguida a partir do 3º ciclo de uso.
A pílula oferece proteção a partir do primeiro ciclo de uso,
pode ser utilizada em qualquer idade e sem pausas para
“descanso”
Tipos de ACO:
 Alta dosagem = maior que 50 mcg de etinilestradiol.
 Media dosagem = 50 mcg de etinilestradiol.
 Baixa dosagem = 30 a 35 mcg de etinilestradiol.
 Muito baixa dosagem = 15 a 20 mcg de etinilestradiol.
4. Contracepção Hormonal
1) Anticoncepcionais Orais (ACO)
Modo de usar:
 Iniciar no primeiro dia da menstruação, usando por 21 dias
consecutivos, fazer intervalo de 7 dias entre as cartelas e
reiniciando no 8º dia uma nova cartela.
 O horário de para a tomar a pílula deve ser sempre o
mesmo.
 O ACO deve ser iniciado até 5 dias a partir do 1º dia da
menstruação e deve-se associar um método de barreira nos
primeiros 7 dias , sendo recomendado seu uso no primeiro
ciclo.
 Existem Pílulas de 22 e 24 dias (nestes casos o intervalo deve
ser de 4 dias) e 28 dias (Uso ininterrupto).
4. Contracepção Hormonal
1) Anticoncepcionais Orais (ACO)
Situações especiais:
 A troca da dosagem ou mesmo da marca da pílula é
acompanhada por uma diminuição de sua eficácia sendo
recomendado o uso de um método de barreira por 1 ciclo.
 Nos casos de esquecer de tomar a pílula, esta deve ser
tomada o mais rápido possível de preferência até 12 horas do
período habitual.
 No caso se mais de 24 horas entre 2 pílulas recomenda-se
utilizar método de barreira neste ciclo.
Observação: Os ACO de baixa dosagem podem ter
sangramentos de escape, sendo que estes melhoram com o
tempo ou com aumento da dosagem.
4. Contracepção Hormonal
1) Anticoncepcionais Orais (ACO)
 Principais contra-indicações absolutas:
 Neoplasia hormônio dependente
 Lactantes com menos de seis semanas
 No puerpério
 Cirurgia de grande porte com imobilização prolongada
 Câncer de mama declarado ou suspeito
 Tromboflebite ou doença tromboembólica
 Sangramento uterino anormal não diagnosticado
 Gravidez confirmada ou suspeita
 HAS (Estagio II)
 Enxaqueca com aura
 Diabetes mellitus descompensado
 Tumor hepático
 Idade superior a 35 anos com tabagismo
 Cirrose hepática
 LES
 Cardiopatias
4. Contracepção Hormonal
2) Minipílula
É constituída de uma baixa dosagem de progestogênio.
É mais apropriada para o período de lactação devido a sua
eficácia menor ser compensada pelo efeito anticoncepcional da
lactação.
É recomendada em lactantes(tem que estar amamentando) a
partir de 6 semanas após o parto até o bebê completar 6 meses.
Atrasos maiores que 3 horas da hora programada de tomar a
pílula aumentam o índice de falha.
Deve-se ter cuidado com o uso concomitante de substâncias
anticonvulsivantes.
Contra-Indicações: Câncer de mama e sangramento vaginal
anormal.
4. Contracepção Hormonal
3) Contraceptivos Injetáveis Trimestrais
 É constituído principalmente por Depomedroxiprogesterona
(Depo-provera®).
 Mecanismo de ação: Inibe picos de estradiol e LH evitando a
ovulação.
 Suprime a ovulação por 14 semanas.
 Efeitos colaterais:
 Atraso no retorno da fertilidade em até 9 meses.
 Queda de cabelo
 Sangramento irregular
 Ganho de peso
 Depressão
 Alteração do humor e libido.
 Não possuem contra indicações absolutas.
4. Contracepção Hormonal
4) Contraceptivos Injetáveis Mensais
É constituído por um estrógeno natural mais um
progestogênio.
Deve ser tomada sempre no mesmo dia do mês.
No Brasil os principais são a Mesigyna®, o Perlutan® e
a Ciclofemina®.
Tem efeitos adversos, eficácia e retorno da fertilidade
iguais aos do ACO.
Modo de Usar: Devem ser iniciadas até o 5º dia da
menstruação ou a qualquer tempo se houver certeza
da ausência de gravidez.
No caso do dia de tomar a dose caia num sábado esta
poderá ser tomada na segunda sem problemas.
4. Contracepção Hormonal
5) Contraceptivos na Forma de Implantes
Consiste na implantação de uma haste
de 4 cm de etonorgestrel na parte de
dentro do braço.
Tem como vantagens a duração de 3
anos, amenorréia, diminuição das
cólicas menstruais e melhora da TPM.
Sua eficácia é maior que a do ACO.
4. Contracepção Hormonal
6) Contraceptivos na Forma de Adesivos
Transdérmicos
Consiste num adesivo composto por
etinilestradiol e norelgestromin.
Tem duração de uma semana
Não deve ser aplicado em mamas, área
genital, cabeça, pescoço e extremidades
inferiores.
Agem de forma similar ao ACO
Modo de Usar: Aplicar em pele limpa e
seca por 3 semanas (1 adesivo por semana)
com a interrupção do uso na 4º semana
para que ocorra a menstruação.
4. Contracepção Hormonal
7) Anel Vaginal
É um anel leve, flexível, transparente fabricado em etileno vinil
acetato com liberação continua de etinilestradiol ou
etonogestrel e possui diâmetro de 5,4 cm.
O anel é posicionado no fundo da vagina pela própria mulher e
deixado por 3 semanas quando então deve ser removido e
descartado. Durante uma semana o anel não deve ser utilizado
para que ocorra a menstruação.
As Contra-indicações são as mesmas do ACO.
Desvantagens são o desconforto vaginal e que não deve ser
usado em casos de infecção vaginal.
Observação: Em caso de saída do anel com permanência maior
de 3 horas fora da vagina recomenda-se utilizar método de
barreira por 1 ciclo.
4. Contracepção Hormonal
7) Anel Vaginal
5. Contracepção de Urgência
Consiste em pílulas com levonogestrel em intervalo
de 12 horas.
Os principais no Brasil são: Postinor-2®, Pozato®,
Norleva®, Poslov®, Pilem® e Prevyol 2®.
Deve ser usada após intercurso sexual desprotegido
ou após falha de um método.
Mecanismo de ação: Agem inibindo ou atrasando a
ovulação, alterando a função do corpo lúteo,
interferindo na capacitação dos espermatozóides,
tornando o endométrio hostil à implantação e
também interferindo no transporte ovular
5. Contracepção de Urgência
Não deve ser usada como método usual e
não protege contra DSTs.
Se for utilizada de forma rotineira, tem sua
eficácia diminuída em cada uso.
Quando menos tempo entre o intercurso e a
tomada da pílula maior a efetividade da mesma:
 95% se usada até 24hs do intercurso
 58% se usada até 48hs do intercurso
 48% se usada até 72hs do intercurso
Pode ocorrer descontrole do ciclo menstrual
após o uso e caso a menstruação atrase mais
que 1 semana deve-se realizar teste de gravidez.
Não há contra-indicações.
6. Contracepção Cirúrgica
É uma técnica muito empregada nos casais brasileiros
sendo uma procura cada vez maior pela vasectomia.
6. Contracepção Cirúrgica
1) Esterilização Feminina
 Pode ser realizada no momento de uma cesariana ou cirurgia de
abdômen.
 Pode ser realizada por minilaparotomia ou por laparotomia.
 Consiste no secção ou clampeamento da tuba uterina
bilateralmente.
6. Contracepção Cirúrgica
2) Esterilização Masculina
 É realizada sob anestesia local e dura em torno de 20 a 40 minutos.
 Consiste na ressecção do ducto deferente.
 Deve-se utilizar algum outro método anticoncepcional durante 3 meses
após a cirurgia, pois ainda pode haver espermatozóides presentes no
ejaculado.
 Observação: O procedimento não causa disfunção sexual.

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