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Aula 11

DEONTOLOGIA OU ÉTICA DO DEVER


Referências
CHAUI, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2010. pp.
392-396
SANDEL, M. J. Justiça, O que é fazer a coisa certa. São Paulo:
Civilização Brasileira, 2012, pp. 135-174
Ética
Normativa

Teleológica Deontológica
o correto de acordo com a finalidade Outros padrões do que é
correto

Ética das Virtudes Ética do Dever


Consequencialista
Ênfase sobre o caráter regras para o
virtuoso moralmente correto

Egoísmo Ético Utilitarismo


agir em interesse próprio o maior bem para
todos

http://tvg.globo.com/novelas/avenida-brasil/capitulo/2012/8/8/carminha-bate-com-o-carro.html
DEONTOLOGIA
Immanuel Kant (1724-1804)

 Seres humanos são naturalmente egoístas, ambiciosos,


destrutivos e ávidos de prazer.

 Ilusão de quem acredita ser livre quando age por


interesse: não sou livre nem racional se minha ação é
fruto de um impulso cego determinado por uma
causalidade natural que me constrange.

 Uma motivação física, psíquica e vital, como nos


animais, não é uma ação livre e decidida, mas uma
resposta a determinações naturais.
 Por ser prazerosa, uma coisa
pode ser considerada correta?

 A liberdade de escolha quando


queremos comprar ou vender
envolve a satisfação de desejos
que, muitas das vezes, não
escolhemos...

 Dificilmente a contingência dos


desejos servirá como base de
princípios morais.
CRÍTICA AO UTILITARISMO

 Quando satisfaço meus desejos, tudo o que faço é voltado para


alguma finalidade além de mim mesmo (uma determinação exterior).
Faço isso para aplacar minha fome, para aliviar minha sede... Estou
atendendo a um desejo que não escolhi ter.

 A moral não diz respeito ao aumento do prazer ou felicidade


(utilitarismo). Ela fundamenta-se no respeito às pessoas como fins em
si mesmas: “fazer um homem feliz é diferente de fazer dele um homem
bom”.

 Diferentemente de Bentham, prazer e dor não são “nossos mestres


soberanos”: o fato de a maioria concordar com uma lei (pelo prazer
que ela proporciona) não a torna justa
Universalidade da razão prática

 Podemos atingir o princípio da moralidade pelo exercício


da “pura razão prática” livre de ditames da natureza,
inclinações e convenções sociais

 Exercício da liberdade é o poder racional que institui ações


e fins éticos, bem como a lei moral, que é a mesma para
todos os indivíduos, em todos os tempos e lugares

QUERO CUMPRIR O DEVER EM NOME DO PRÓPRIO DEVER


O CUMPRIMENTO DO DEVER NOS TORNA SERES MORAIS E
ATESTA A NOSSA RACIONALIDADE
O dever não é...

 ...um conteúdo fixo que define a essência de cada


virtude

 ...um catálogo indicativo de virtudes: faça isso, não


faça aquilo...

O DEVER é uma forma imperativa que vale para


qualquer ação moral: “uma lei prática que detém o
comando absoluto, sem quaisquer outros motivos”
O dever é...

 Imposição de fins e normas que a razão prática


estabelece para nossa vontade livre

 Expressão de nossa liberdade e da lei moral em


nós (não uma imposição externa à nossa vontade)

Obedecer ao dever é obedecer a si próprio como ser


racional que dá a si mesmo a lei moral

NOSSA MAIS ELEVADA MANIFESTAÇÃO DA HUMANIDADE!


Ordem incondicional

FÓRMULA GERAL DO IMPERATIVO CATEGÓRICO:


“Aja apenas segundo um determinado princípio que, na sua
opinião, deveria constituir uma lei universal”

Agir de acordo com princípios que podemos universalizar sem


entrar em contradição

O IMPERATIVO CATEGÓRICO ORDENA


INCONDICIONALMENTE EM QUAISQUER CIRCUNSTÂNCIAS
OS SERES RACIONAIS, INDEPENDENTEMENTE DOS NOSSOS
OBJETIVOS PARTICULARES
Três máximas

1. Age como se a máxima de tua ação devesse ser erigida por


tua vontade em lei universal da natureza (universalidade da
conduta ética)

2. Age de tal maneira que trates a humanidade, seja na tua


pessoa seja na pessoa de outrem, sempre como um fim em
si mesmo e nunca como um meio (dignidade dos seres
humanos)

3. Age como se a máxima de tua ação devesse servir de lei


universal para todos os seres racionais (reino de seres
morais porque racionais, dotados de uma vontade
legisladora livre e autônoma)
Por que mentir é imoral

Porque, ao mentir, o mentiroso viola as três máximas morais:

 Não respeita a primeira máxima. Não se pode imaginar que a


generalização da mentira seja possível (inviabilidade do contrato)

 Não respeita a segunda máxima, pois, pratica uma violência escondendo


de um outro ser humano uma informação verdadeira e, por meio do
engano, usa a boa-fé do outro (tratado como meio).

 Não respeita a terceira máxima, pois se a mentira pudesse se


universalizar, o gênero humano deveria abdicar da razão e do
conhecimento, da reflexão e da crítica, da capacidade para deliberar e
escolher, vivendo na mais completa ignorância, no erro e na ilusão

Uma boa ação não é boa devido ao que dela resulta: “mesmo que
a ação não concretize suas intenções, que não seja bem-
sucedida, o seu valor lhe é inerente...” (ela é boa por si mesma)
Conclusão
Agir moralmente é agir por dever em obediência à lei moral: fazer a
coisa certa pelo motivo certo (por dever)

Dever e autonomia só caminham juntos quando sou o autor da lei à


qual devo obedecer.

Para ser livre, preciso ser obrigado pelo dever de ser livre, do
contrário, ajo como um animal

A ideia de que podemos agir livremente, assumir responsabilidade


moral por nossos atos e fazer com que outros se responsabilizem por
seus atos requer que nos vejamos do ponto de vista do agente moral,
e não meramente como um objeto

SÓ AGIMOS LIVREMENTE QUANDO AGIMOS DE ACORDO COM


O IMPERATIVO CATEGÓRICO
Conclusão

ISTO É AUTONOMIA!
FIM

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