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ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO

MECÂNICA DOS SOLOS 1


RESISTÊNCIA NÃO DRENADA DAS ARGILAS
A resistência não drenada das argilas
Os ensaios de compressão triaxial do tipo CD e CU mostram
como varia a resistência dos solos argilosos, em função da tensão
efetiva.
Existem situações, entretanto, em que se deseja conhecer a
resistência do solo (a tensão cisalhante de ruptura) no estado em que
o solo se encontra. É o caso, por exemplo, da análise da estabilidade
de um aterro construído sobre uma argila mole.

Figura 1 – Análise da estabilidade de


um aterro sobre argila mole, em que a
resistência que interessa é a
resistência não drenada, Su da argila.
RESISTÊNCIA NÃO DRENADA DAS ARGILAS
Uma eventual ruptura ocorreria antes de ocorrer qualquer drenagem.
Portanto, a resistência que interessa é aquela que existe em cada
ponto do terreno, da maneira como ele se encontra. É a resistência
não drenada do solo.
A argila no estado natural se encontra sob uma tensão vertical
efetiva que depende de sua profundidade, da posição do nível d’água e
do peso específico dos materiais que estão acima dela. Seu índice de
vazios depende da tensão vertical efetiva e das tensões que já atuaram
sobre ela.
Para se conhecer a resistência não drenada do solo, pode-se
empregar três procedimentos, que serão apresentados no decorrer
desta aula: (a) por meio de ensaios de laboratório; (b) por meio de
ensaio de campo; e (c) por meio de correlações.
RESISTÊNCIA NÃO DRENADA DAS ARGILAS
Resistência não drenada a partir do ensaio UU
Em ensaios de compressão triaxial do tipo UU, com amostras
saturadas, a tensão confinante efetiva após a aplicação da pressão
confinante será sempre a mesma e igual à pressão confinante efetiva
que existia na amostra, que é igual, em valor absoluto, à pressão
neutra negativa da amostra, e que é igual, ainda, à média das tensões
principais efetivas que existia no terreno na posição em que a amostra
foi retirada.
Os círculos de Mohr em tensões totais terão os mesmos
diâmetros, e a envoltória será uma reta horizontal, como se mostra na
Figura 2. A ordenada desta reta é a resistência não drenada da argila,
que é uma constante, também chamada de coesão da argila.
RESISTÊNCIA NÃO DRENADA DAS ARGILAS

Figura 2 – Envoltória de resistência de argilas em ensaio UU.


RESISTÊNCIA NÃO DRENADA DAS ARGILAS
Resistência não drenada a partir do ensaio de compressão
simples
Ensaios de compressão não confinados, também chamados
ensaios de compressão simples, ensaios U, são ensaios em que o
corpo de prova é carregado axialmente sem que se aplique um
confinamento. Geralmente, estes ensaios são feitos com uma
velocidade de carregamento que provoca uma ruptura em cerca de 10
a 15 minutos. Neste tempo, não há condições de drenagem, ou seja,
de dissipação das tensões neutras que o carregamento provoca.
Assim sendo, o ensaio de compressão simples pode ser
considerado como um caso particular do ensaio UU, em que a pressão
confinante é igual a zero.
RESISTÊNCIA NÃO DRENADA DAS ARGILAS
Resistência não drenada a partir de ensaio de campo
Diversos tipos de ensaios de campo são disponíveis para a
determinação da resistência não drenada das argilas. Deles, o mais
comum é o ensaio de cisalhamento de campo por meio de palhetas,
muito conhecido pelo nome original Vane Test.
O ensaio faz o uso de uma palheta constituída por quatro
lâminas retangulares, fixadas num eixo. Formando uma cruz, como se
mostra na Figura 3. Cravada no terreno, a palheta é submetida a uma
rotação, por meio de um torquímetro mantido na superfície, medindo-
se o torque à medida que a rotação é forçada.
Quando a palheta gira no interior do solo, ela tende a cortar o
solo segundo um cilindro definido pelas dimensões da palheta. Na
superfície deste cilindro, a resistência oferecida ao torque é a
resistência não drenada do solo.
RESISTÊNCIA NÃO DRENADA DAS ARGILAS
O Vane Test é
Figura 3 – Palheta de
extremamente simples e usado ensaio de
com muita frequência, por ser cisalhamento um situ
muito econômico. (Vane Test).
Mas o Vane Test tem
também os seus problemas. O
principal deles é que a rotação
das palhetas tem que ser feita
com elevada velocidade, para
evitar que as pressões neutras se
dissipem, o que faria com que a
resistência não fosse mais a
resistência não drenada. Portanto
a resistência do do Vane deve
sofrer uma redução de um fator
de segurança (ver figura 3).
RESISTÊNCIA NÃO DRENADA DAS ARGILAS

Figura 4 – Coeficientes de
segurança obtidos em
análises de ruptura de
aterros com resistência
não drenada de vane test
e fator de correçãopara
transformar resistência
de vane em resistência
para projeto.
RESISTÊNCIA NÃO DRENADA DAS ARGILAS

RESISTÊNCIA NÃO DRENADA DAS ARGILAS

RESISTÊNCIA NÃO DRENADA DAS ARGILAS

Figura 5 – Resistências não drenadas


determinadas por vane test num local do
mangue da Baixada Santista.
RESISTÊNCIA NÃO DRENADA DAS ARGILAS

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