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DIREITO CIVIL III

AULA 8: CONTRATO DE DOAÇÃO


Direito Civil III
Contrato de Doação

CONCEITO EFEITOS

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PASSOS

AULA 8: CONTRATO DE DOAÇÃO


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Doação (arts. 538 a 564, CC)

Doação, segundo o art. 538, CC, é o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu
patrimônio bens ou vantagens para o de outra. É, portanto ato inter vivos.

O Código Civil adotou a concepção contratualista.

Partes:
Doador: quem realiza o ato de liberalidade, transferindo bens de seu patrimônio;
Donatário: quem recebe a doação.

A doação é contrato:
Consensual;
Em regra gratuito, mas excepcionalmente admite a onerosidade;
Unilateral;
Formal (exige forma escrita, art. 541, CC; exceto as doações de bens móveis de pequeno valor que
podem ser verbais)
Inter vivos.

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Doação (arts. 538 a 564, CC)

Podem ser objeto do contrato de doação: bens móveis ou imóveis; fungíveis ou infungíveis; corpóreos
ou incorpóreos.

A aceitação exige aceitação do donatário.

A aceitação da doação pode ser:


a) Express: pode ser escrita, verbal ou gestual;
b) Tácita: revela-se a partir de um comportamento do donatário;
c) Presumida: decorre de presunções estabelecidas pela lei – ex. arts. 539 e 546,CC;.
d) Ficta: decorre da doação feita a incapaz, conforme art. 543, CC.

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Doação (arts. 538 a 564, CC)

Regras gerais:

I. O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem está sujeito às consequências da evicção
ou dos vícios redibitórios (art. 552, CC);

II. Sendo doação remuneratória o doador responderá pela evicção na parte equivalente ao valor do
serviço prestado;

III. Sendo doação modal o doador responderá pelos vícios redibitórios;

IV. Sendo doação para casamento futuro com certa e determinada pessoa, o doador responde pela
evicção, salvo disposição expressa em contrário (art. 552, CC);

V. Sendo pura e simples poderá ser feita ao nascituro, aos incapazes e à prole eventual (arts. 542,
543, 546, CC).

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Doação (arts. 538 a 564, CC) - Espécies

Doação pura e simples (típica ou vere et absoluta)


Ocorre quando o ato não está subordinado a nenhum elemento eficacial (termo, condição ou
encargo).

Doação onerosa (modal, com encargo, gravada)


Ocorre quando o doador impõe ao beneficiário um dever que pode decorrer de um encargo ou de
uma condição suspensiva. Trata-se, portanto, de doação onerosa. O encargo pode ser estabelecido
em favor do próprio doador; de terceiros ou de interesse geral (art. 553, CC). O cumprimento do
encargo pode ser exigido judicialmente, sob pena de seu descumprimento acarretar a revogação da
doação (art. 562, CC).

Doação remuneratória
Ocorre quando a liberalidade é realizada em retribuição de serviços prestados e cujo pagamento
não pode ser exigido pelo donatário (art. 540, CC).

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Doação mista
Decorre de liberalidade inserida em alguma modalidade diversa de contrato.

Doação em contemplação de merecimento (contemplativa ou meritória)


Ocorre quando o doador menciona expressamente o motivo da liberalidade (não tendo por
pressuposto um favor ou serviço) (art. 540, CC).

Doação feita ao nascituro


É doação cujos efeitos estão condicionados ao nascimento com vida (art. 542, CC).
A aceitação será realizada pelo representante legal do nascituro.

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Doação em forma de subvenção periódica


É forma de constituição de auxílio pecuniário estabelecido como favor pessoal ao donatário e cujo
pagamento cessará com a morte do doador, salvo estipulação expressa em contrário (art. 545, CC).

Doação em contemplação de casamento futuro


Ocorre em benefício do donatário que casar (civilmente) com certa e determinada pessoa.
Pode ser feita pelos nubentes ou por terceiros, a um dos nubentes ou a ambos (art. 546, CC).
A doação ficará sem efeito apenas se o casamento não se realizar.

Doação entre cônjuges


É realizada após o casamento e importa adiantamento da legítima (art. 544, CC).
Não pode ser feita por pessoas casadas no regime de separação obrigatória de bens, quando os
bens pertencerem exclusivamente ao patrimônio particular de um dos cônjuges.

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Doação conjuntiva
Ocorre quando a doação é feita em comum a várias pessoas (art. 551, CC).
Não havendo disposição em contrário, presumem-se as quotas proporcionais.
Pode o doador estabelecer que, no caso de morte de um dos donatários, a sua cota seja
acrescentada a dos demais. Se os donatários forem casados entre si a regra é o direito de acrescer à
cota do sobrevivo, salvo disposição expressa em contrário.

Doação de ascendentes a descendentes


A doação de ascendente a descendente importa adiantamento de legítima e, por isso, não exige
autorização dos demais descendentes ou cônjuges (art. 544, CC).

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Doação com cláusula de reversão ou de retorno


Ocorre quando o doador estabelece expressamente que o bem deverá retornar ao seu patrimônio
caso o donatário faleça antes (art. 547, CC). Trata-se de condição resolutiva expressa.
É hipótese típica de doação intuitu personae.

Doação manual
É a doação de bens móveis de pequeno valor (art. 541, parágrafo único, CC).
Pode ser realizada verbalmente, desde que lhe siga imediatamente a entrega do bem.

Doação a entidade futura


A doação à entidade futura (pessoa jurídica) caducará em 2anos se esta não for regularmente
constituída (art. 554, CC).

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Doação inoficiosa
Excede o limite que o doador, no momento em que realizou a liberalidade, podia dispor em
testamento (art. 549, CC). Fundamento: proteção da legítima dos herdeiros necessários (art. 1846,
CC). A parte que ultrapassar o limite será considerada nula (ação de redução).

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Limitações à doação:

I. São vedadas as doações pelo devedor já insolvente ou por ela reduzido à insolvência (art. 158,
CC – fraude contra credores);

II. São nulas as doações inoficiosas;

III. São nulas as doações de todos os bens sem reserva do necessário à própria subsistência
(doação universa, art. 548, CC);

IV. São anuláveis as doações do cônjuge adúltero ao cúmplice de adultério (art. 550, CC);

V. O menor de idade (não emancipado) não pode doar, mas se autorizado a casar poderá fazer
doações ao nubente no pacto antenupcial (com aprovação do representante legal).

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Revogação da doação

A revogação da doação é direito potestativo do doador, mas só pode ser realizada se verificadas as
causas expressas em lei.

São causas de revogação:


I. As causas comuns da todos os contratos, como os vícios do consentimento (art. 541, CC);
II. Por descumprimento de encargo (art. 555, CC);
III. Por ingratidão do donatário (art. 555, CC).

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Ingratidão do donatário

São causas de ingratidão do donatário (art. 557, CC):


I. Se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu homicídio doloso, independente
de prévia condenação criminal;
II. Se o donatário cometeu ofensa física contra o doador;
III. Se o donatário injuriou gravemente ou caluniou o doador;
IV. Se o donatário, podendo ministrar alimentos necessários ao doador, recusou-se a fazê-lo
injustificadamente.

Quanto o ofendido for cônjuge, ascendente, descendente ou irmão do doador este também poderá
revogar a doação (art. 558, CC).

A revogação é direito potestativo doador, por isso, não pode ser previamente renunciada
(art. 556, CC).

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Doação (arts. 538 a 564, CC)

O pedido de revogação deve ser proposto no prazo de 1 ano a contar do conhecimento do fato pelo
doador, e de ter sido o donatário o autor do fato (art. 559, CC).

No caso de homicídio do doador, terão legitimidade para propor a ação os seus herdeiros (art. 561,
CC).

A revogação gera efeitos ex tunc (art. 563, CC).

Não se revoga por ingratidão (art. 564, CC):


I. A doação puramente remuneratória;
II. A doação modal com encargo já cumprido;
III. A doação feita em cumprimento de obrigação natural.
IV. A doação feita para determinado casamento.

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CONTEÚDO DA PRÓXIMA AULA

Do contrato de locação de coisas.

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