Você está na página 1de 30

Desreplicação de alcaloides aporfínicos e oxoaporfínicos de Unonopsis

guatterioides por ESI-IT-MS

Aluna: Alline de Matos


Disciplina: Análise Espectroscópica
de Compostos Orgânicos

2018
Introdução

 A família Annonaceae possui 130 gêneros,


incluindo a Unonopsis guatterioides ainda
pouco estudado quimicamente.

Apenas 6 entre aproximadamente 50 espécies


de Unonopsis registradas foram estudadas.

Ocorre no Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia


e no Brasil (Norte, Centro-Oeste e Sudeste).
Introdução

 A madeira é utilizada em obras provisórias no meio rural, principalmente


como viga, caibro e estaca para cercados; e eventualmente é usada para
confeccionar plataformas de tamancos, formas para calçados e obras de entalhe.

As folhas são usadas no tratamento disenterias e


úlceras estomacais.
O fruto pode ser usado como bálsamo para tratar
furúnculos e úlceras, ainda apresenta ação anti-
inflamatória prevenindo a artrite.
Introdução
 Pelletier definiu alcalóide como
substância orgânica, de origem
natural, cíclica contendo um átomo
de nitrogênio em um estado de
oxidação negativo e cuja
distribuição é limitada dentro dos
organismos vivos.

 É uma substância de caráter Codeína


básico derivada principalmente de
plantas, mas podendo ser também
derivadas de fungos, bactérias e até
mesmo de animais
Introdução

A origem biossintética dos alcalóides


isoquinolínicos inicia-se pela rota do ácido
chiquímico a partir de carboidratos.
Ácido Chiquímico

O ácido chiquímico é responsável pela formação do


aminoácido aromático L-tirosina, sendo esse o
principal precursor dos alcalóides isoquinolínicos
(derivados dos benzilisoquinolínicos.)
L-tirosina
Introdução

A formação biossintética
tem início com a reação de
condensação de duas
unidades fenólicas.
Introdução
• Os alcalóides isoquinolínicos
do tipo benzilisoquinolínico são
frequentemente encontrados na
família Annonaceae, sendo
rotineiramente subdivididos nas
seguintes classes: berberinas,
aporfínicos, oxoaporfínicos,
fenantrenos, cularinas,
morfinandienonas,
isoquinolonas e os
bisbenzilisoquinolínicos.
Introdução
Esqueleto Oxaporfínico
 Alcalóides aporfínicos caracterizam-
se por uma estrutura contendo quatro
anéis, sendo os anéis A e D
aromáticos e o anel B heterocíclico.

Esqueleto Aporfínico
Os alcalóides oxoaporfínicos,
derivados dos aporfínicos, possuem
um estrutura totalmente aromática e
um grupo carboníla na posição C-7.
Objetivo

 Estudar a localização dos alcalóides na planta bem como analisar informações


químicas e a importância do gênero U. guatterioides tem em relação a
potencialidade da técnica de desreplicação (LC-MS e LC-NMR) para a
identificação de alcaloides aporfínicos em misturas complexas.
Parte Experimental
Parte Experimental

 Os espectros de massas foram registrados em espectrômetros do tipo Íon-trap


modelo LCQ Fleet (Thermo scientific) operando com fonte de eletrospray
(ESI) e triplo-quadrupolo modelo TSQ Quantum Acess operando com fonte de
ionização química à pressão atmosférica (APCI).
Parte Experimental

 Equipado com uma fonte de eletrospray,


operando no modo positivo e programado
para monitorar a faixa de m/z 200-400,
adequada aos alcalóides aporfínicos.

Especialmente projetado para realizar


identificações rápidas e confiáveis
Espectrômetro íon trap LCQ Fleet™ por MS/MS de compostos em matrizes
complexas.
Parte Experimental
Compostos de massa molecular maior
e/ou maior polaridade e menor
volatilidade, o acoplamento entre LC-MS
é a técnica de preferência.

As fontes de ionização para o


acoplamento, foram baseadas no EI e IQ.

Novas fontes de ionização foram


desenvolvidas as quais são capazes de
combinar duas características: facilitar a
transferência da amostra que sai da
coluna para a fase gasosa e a ionização da
amostra
Parte Experimental

• A ionização por ESI permite a


criação de íons na pressão
atmosférica ao invés de vácuo.

• No modo positivo, as gotículas


que saem do “spray” terão
carga positiva e o eletrodo
receberá os elétrons, ocorrendo
Íons formados no processo de Eletrospray. um processo de oxidação.
Parte Experimental
Funcionam acumulando íons no seu
interior, manipulando correntes alternada
e de radiofrequência simultaneamente.
A captura permite a liberação controlada
de íons, o que permite analisar sua
separação controlada e com uma resolução
muito grande.
Além disso, é utilizada para experimentos
múlti-acoplados (MSn ), que permitem
estudar mecanismo de fragmentação de
moléculas relativamente complexas, além
de fornecerem espectros com alta Analisador do tipo Íon-trap

sensibilidade.
Parte
Experimental

Um espectrômetro de massas triplo quadrupolo é


um espectrômetro de massas Tandem consistindo de dois
analisadores de massas quadrupolares em série com uma
frequência de rádio (RF) de quadrupolo-apenas entre eles
para atuar como uma célula para a dissociação ativada
por colisão.
Parte Experimental
• Técnica hifenada (LC-APCI-MS)
Fonte de Ionização: APCI- Ionização Química à Pressão Atmosférica
 Utilizada principalmente na análise de moléculas não polares e mais voláteis,
as quais não apresentam as características desejáveis para serem convertidas em
íons na fase gasosa a partir de uma fase condensada.

No caso do acoplamento LC(APCI)MS, o efluente da coluna, ao sair da sonda,


conterá vapores do analito, da fase móvel e gás nitrogênio; a fase móvel será
ionizada pelo efeito corona descrito, reagindo com o analito em fase gasosa.
Parte Experimental
 Pode-se operar tanto no modo positivo (PCI, Positive Chemical Ionization),
quanto no modo negativo (NCI, “Negative Chemical Ionization”).

 O sucesso do processo dependerá basicamente da afinidade protônica do


analito.

 No modo positivo, o analito (M) precisa ter uma afinidade por prótons maior
do que o eluente (BH+), de maneira que o analito irá abstrair o próton dele,
formando uma espécie denominada “íon quase-molecular” (“quasi-molecular
ion”).
Parte Experimental

 No modo negativo, a afinidade por prótons da


fase móvel (eluente) deverá ser menor do que
o analito, de maneira que o analito irá doar o
próton para o eluente.

Neste caso, o “quase-molecular íon”


corresponderá ao analito desprotonado, ou
seja, com uma unidade de massa a menos que
o íon molecular, o que permite a determinação
da massa molecular do analito.
Interface do tipo APCI (Ionização Química à Pressão
Atmosférica)
Parte Experimental
Para a confirmação da natureza do íon quase-molecular em m/z 282 ([M+H]+)
foi utilizado um sistema LC-APCI-MS.

Utilizou-se na corrida cromatográfica o modo isocrático de eluição com


MeOH/H2O (7:3) como fase móvel durante 15 min; um espectrômetro de
massas TSQ™ Quantum Acess™ (Thermo Scientific) acoplado ao
cromatógrafo através de uma fonte APCI.
Resultados e Discussão
([M+H]+)

NH3

CH2O

Espectro: Galhos
Resultados e Discussão

A perda inicial do grupo amina e as


sucessivas perdas dos grupos
substituintes, CH2O e CO são coerentes
para o alcalóide aporfínico anonaína

Anonaína
Resultados e Discussão

Nornuciferina
Asimilobina
Resultados e Discussão
 As perdas sucessivas de fragmentos de massa 15 e 18, atribuídos a grupos
substituintes da molécula e a perda do fragmento de massa 28, compatível com
a presença de um grupo carbonila, possibilitaram supor a ocorrência do
alcaloide do tipo azafluorenona, 5,8-dimetóxi-7-hidróxi-1-metil-4-azafluore-9-
ona
Resultados e Discussão

NH3

CH3OH

Asimilobina

Espectro: Folhas
Resultados e Discussão

Com base nas fragmentações chave


observadas e com o auxílio de um artigo de
revisão desta classe de alcaloides, chegou-
se ao alcaloide nornuciferina como sendo o
possível alcaloide de massa nominal 281.
Resultados e Discussão

• Sua confirmação foi feita


através de experimento de LC-
APCI-MS e da comparação
das fragmentações do padrão
autêntico dessa substância
com as fragmentações dos
íons de m/z 282 presentes nas
frações alcaloídicas dos
galhos, cascas do tronco e
folhas.
Resultados e Discussão
Analisando a fração alcaloídica do extrato das cascas de U. guatterioides foi
possível observar a predominância dos alcaloides oxoaporfínicos liriodenina e
lisicamina, através da verificação de seus íons quasi-moleculares de massa
nominal em m/z 276 e 292, respectivamente.

Liriodenina Lisicamina
Resultados e Discussão
Dos alcaloides aporfínicos identificados em galhos e folhas, apenas a
nornuciferina foi identificada na casca.
Conclusão
Os resultados do presente estudo, incluindo a hipótese da presença de um
alcaloide do tipo azafluorenona na planta e a detecção da maioria dos alcaloides
aporfínicos isolados anteriormente da espécie U. lindmanii, reforçam o
potencial da técnica para a investigação química de plantas desse gênero e
ratificam o consenso botânico de similaridade entre esta espécie e U.
guatterioides.

Você também pode gostar