Você está na página 1de 40

2) MOVIMENTO DE PARTÍCULAS EM FLUIDOS

• O movimento de partículas em fluidos tem importância para:

– Dimensionar processos de classificação de sólidos (p/ex. elutriação)

– Dimensionar/caracterizar alguns processos de separação sólido/fluido


(centrifugas, ciclones, hidrociclones)

– Fornecer base teórica para outros processos de separação


(sedimentação)

– Fornecer base teórica para processos de transporte de sólidos


(transporte pneumático e hidráulico)
2.1) PARTÍCULA ESFÉRICA

Pressupostos

• Partícula
– esférica
– Rígida
– não porosa.

• Fluido
– incompressível,
– em repouso
– de extensão infinita

• Movimento livre (movimento de uma partícula não deve ser afectado por
outras)
du
2ª Lei de Newton: m   F  P  I F a
dt
Fa
I P = peso I = impulsão Fa = força de atrito

A partícula acelera e o atrito aumenta


P até equilibrar peso menos impulsão:
No equilíbrio:

du
F a P  I  F  m dt  0
u = um = constante = velocidade terminal
F a P  I  D 3 6   S    g  Fa  0

1
A força de atrito é dada por : Fa  f   u 2  AP
2

onde AP   D 2 4 e f é o coeficiente de atrito

Simplificando e rearranjando e, vem:

4  S    g D
f 
3  u2

ou:

4  S    gD
um 
3 f
4  S    gD
um 
3 f

f
f

Re
 Du
Re 

f

f
f

(a) (b) (c) (d)

• Regimes Re

 Du
• Região (a): Re < 0,2 - Regime laminar Re 

• Região (b): 0,2 < Re < 500-1000 - Regime intermédio

• Região (c) – 1000 < Re < 105 - Regime turbulento

• Região (d) - Re > 105 - Regime altamente turbulento


f

f
f

(a)

Re

Região (a): Re < 0,2 - Regime laminar

24 4  S    gD  S    g D2
f  um  um 
Re  3 f 18 

Lei de Stokes
f

f
f

(b)

Re

Região (b): 0,2 < Re < 500-1000 - Regime intermédio

4  S    gD
f 
24
Re

1  0,15 Re 0, 687   um 
3 f
f

f
f

(c)

Re

Região (c) – 1000 < Re < 105 - Regime turbulento

4  S    gD 3  S    gD
f  0,44 um  um 
 3 f 

Lei de Newton
f

f
f

(d)

Re

Região (d) - Re > 105 - Regime altamente turbulento

4  S    gD 40  S    gD
f  0,1  um  um 
3 f 3
4  S    gD
um 
3 f

f
f

Re
Para uma partícula esférica de pirite d= 0,005 m que cai livremente em água à temp. de 20ºC,
calcule um.  S = 4840 kg/m3.  = 0,001 kg/ms

 Du 4  S    gD
Re   um 
 3 f

f
Velocidade terminal desconhecendo o nº de Reynolds

 Du 4  S    gD
Equações: f  f (Re)  Re   um 
 3 f
Incógnitas: um , Re , f

Hipótese: solução iterativa: por exemplo

(i) pressupor um
(ii) calcular Re
(iii) calcular f
(iv) corrigir um
(v) etc.

No entanto há outra solução, melhor:


Método de Heywood (I – um)

 Du 4  S    gD
A partir de: Re   um 
 3 f

4  S    g D
 Du f 
Ou seja: Re   3  u2

4  S     g D 3 4
Define-se: f  Re   
2
 Ga
3 2
3

em que o nº de Galileu,  S     g D3 tem a vantagem de


Ga 
2 não depender de um

Heywood publicou log (/2) = f(Re)

Método: (i) Calcular /2; (ii) Obter Re (iii) Calcular um


R
 Re 2  
 ú2 2

ou
R
 Re 1  
ú 2 2

Re
Heywood 1949 (do Coulson, vol. II)
Para uma partícula esférica de pirite d= 0,005 m que cai livremente em água à temp. de 20ºC,
calcule um.  S = 4840 kg/m3.  = 0,001 kg/ms

 Du 4  S    gD
Re   um 
 3 f

Por exemplo, pressupor:

f=1
um = 0,50 m/s
Re = 2500

f = 0,44
um =0,76
Re =3800

f = 0,44 OK
Considere uma partícula esférica de pirite d= 0,005 m
que cai livremente em água à temp. de 20ºC. Calcule
um.  S = 4840 kg/m3.  = 0,001 kg/ms

 2  S     g D 3

2 3 2 R
 Re 2  
ú 2 2

 /2 = 3,1 . 106

Re = 4000

um = 0,8 m/s

Re
Método de Heywood (II – D)

Pode ser necessário calcular o diâmetro, D, a partir da velocidade terminal


(no âmbito de métodos de medição de diâmetro, por exemplo, ou de
métodos de classificação de partículas) :

 Du 4  S    g D
A partir de: Re   f 
 3  u2

Define-se: f 4  S  não
g 
   que depende de D
Re 3 u2 3

Heywood publicou log (/2) = f(log (Re))

Método: (i) Calcular  /2; (ii) Obter Re; (iii) Calcular D


Calcule o diâmetro de uma partícula esférica de pirite
que atinge a velocidade de 1 m/s em água à temp.
de 20ºC.  S = 4840 kg/m3.  = 0,0010 kg/ms

2  S    g 
 /2 
3  2u 3 R
 Re 1  
 ú2 2

 /2 =2,5. 10-5

Re = 10000

D = 0,01 m

Re
2.2) PARTÍCULA NÃO-ESFÉRICA
Pressupostos

• Partícula
– esférica
– Rígida
– não porosa.

• Fluido
– incompressível,
– em repouso
– de extensão infinita

• Movimento livre (movimento de uma partícula não deve ser afectado por outras )

Métodos
• Método de Heywood modificado
• Método de Brown
2.2.1) Método de Heywood modificado

0) Determinar diam equivalente, De

De = Diam. círculo com área projectada igual ao da partícula em posição


mais estável
Exemplo: Anel de Raschig com Dext= 0,5 cm; Dint= 0,29 cm; h = 0,75 cm.

De=0,69 cm

1) Determinar factor de forma em volume,  V

Vp
V 
De3

 V = 0,3
2) Determinar o grupo adimensional apropriado:  /2 ou  /2

A definição de /2 e /2 é uma generalização da definição para esferas:

 4 V   S     g D 3

2  2

4 V   S    g 
 /2 
  2u 3

NOTA: Para esferas, o factor de forma toma o valor V= /6 e as expressões acima
reduzem-se às que foram deduzidas para esferas.
3) Estimar o nº de Re a partir de  /2 ou  /2 usando gráfico para esferas

4) Determinar o nº de Re corrigido para partículas não esféricas

Heywood publicou factores correctivos para partículas não esféricas, para


log(Re) em função de log(/2) e log(/2):
k´ = v

log ReCORRIGIDO   log Re  correcção

5) A partir do Re corrigido calcular um ou dP consoante o problema


Exemplo: Para o anel de Raschig com Dext= 0,5 cm; Dext= 0,29 cm; h = 0,75,
calcular a velocidade terminal em glicerina a 20ºC ( = 14,9 p ;  = 1,26
g/cm3). O anel é cerâmico (S = 2,3 g/cm3)
_____________________________________________________________
Já foram determinados De=0,69 cm e V =0,3
 4 V   S     g D 3

2  2

/2 = 0,73 Re = 0,06 (gráfico Heywood p/ esferas)

log (0,73) = - 0,14 factor correctivo = - 0,005 k´= V

log (ReCORRIGIDO) = log (Re) + correcção = log (0,06) - 0,005 = -1,23

um = 1,0 cm/s
2.4) PARTÍCULA NÃO-RÍGIDA (bolha ou gota)

Pressupostos

• Partícula
– esférica
– Rígida
– não porosa.

• Fluido
– incompressível,
– em repouso
– de extensão infinita

• Movimento livre (movimento de uma partícula não deve ser afectado por
outras)
2.3) Correcções à velocidade terminal

Efeito de parede: As paredes do recipiente atrasam a queda.


ucorrigido = u x Q

Correcções de Francis e Monroe

2 , 25
 Dp 
Regime laminar Q  1  
 D t 

1, 5
 Dp 
Regime turbulento Q  1  
 Dt 

Dp é o diâmetro da partícula
Dt é o diâmetro do recipiente
Efeito do fundo: A velocidade de queda também baixa, quando a partícula se
aproxima do fundo do recipiente.
1
 Dp 
O factor correctivo é 
Q  1  1,7 
 L 

Onde L’ é a distância ao fundo.

Efeito de “escorregamento”: Partículas muito finas ( Dp < 1 m ) são afectadas


por correntes de convecção natural no fluido e por movimento browniano.

 J 
O factor correctivo de Cunningham para este efeito é: Q  1  
 D p 

onde  é o livre percurso médio das moléculas e

 D 
J  1,764  0,562 exp  0,785 p 
 
EXEMPLO DE EFEITO PAREDE - para uma partícula esférica com diâmetro de 0,01 m
que atinge a velocidade de 1 m/s em água a 20ºC num recipiente muito grande.

1, 5
 Dp 
Re = 10000  Turbulento  Q  1  
 Dt 

Dt (cm) um (m/s)
100 0,99
30 0,95
20 0,93
10 0,85
5 0,72
3 0,54
2 0,35
1,5 0,19
1,2 0,07
1,1 0,03
1,05 0,01
2.4) PARTÍCULA NÃO-RÍGIDA (bolha ou gota)
Pressupostos

• Partícula
– esférica
– Rígida
– não porosa.

• Fluido
– incompressível,
– em repouso
– de extensão infinita

• Movimento livre (movimento de uma partícula não deve ser afectado por
outras)
Diferenças em relação às partículas rígidas
1 Circulação interna vs bolhas rígidas
A interface move-se em relação ao fluido, diminuindo o atrito
e aumentando a velocidade terminal.
Este movimento só acontece para bolhas/gotas em ascensão ou queda em
líquidos puros, sem vestígio de tensioactivos.

2  Deformação
Bolhas grandes em ascensão deformam-se, alterando a velocidade.

Esferas < Elipsóides < Calotes esféricas

3)  Oscilação

 Estes fenómenos tornam difícil a previsão teórica da velocidade terminal.


http://footage.shutterstock.com/clip-275426-stock-footage-bubbles-inside-oil.html?src=rel/956725:0/gg
http://www.shutterstock.com/video/clip-630412-stock-footage-water-
bubbles.html?src=recommended/275426:5
Ref.: Clift et al, Bubbles, drops and
particles, Academic Press, 1978

 g L2
Eo 

Ref.: Clift et al, Bubbles, drops and
particles, Academic Press, 1978

Spherical
Ellipsoid
cap

Para pequenas bolhas esféricas em ascensão em regime laminar, num líquido


puro, Hadamard propôs a seguinte correção (em relação a esferas rígidas):
3  3 l
Q
2 onde
 3 l

 - é a viscosidade do fluido contínuo


l - é a viscosidade do fluido que constitui a bolha
Bolha com 0,4 mm em água (=1cP) . Calcular
velocidade terminal:
a) Particula rígida
b) Correção de Hadamard
c) Valor experimental (diagrama)

 2  S     g D 3

2 3 2

a)
 /2 = 420  Re = 12  um = 0,03 m/s

b)
(um )corr = 0,03 . Q
3  3 l
Q  1,5
2   3 l  (um )corr = 0,045 m/s

c) (um)experimental = 0,039 m/s


Re
EFEITO DA INTERACÇÃO ENTRE PARTÍCULAS
Pressupostos

• Partícula
– esférica
– Rígida
– não porosa.

• Fluido
– incompressível,
– em repouso
– de extensão infinita

• Movimento livre (movimento de uma partícula não deve ser afectado por outras)

Capítulo SEDIMENTAÇÃO
BOM FIM DE SEMANA

Você também pode gostar