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reforço da globalização

O homem e o espaço: mundo conhecido e mundo ignorado


Preâmbulo
O primeiro passo a dar é voltar ao ponto de partida, isto é, cerca de duzentos anos atrás.
Precisamos menos de memória do que de imaginação para concebermos o mundo tal como
era por volta de 1750, tudo o que os homens desde então lhe acrescentaram em obras
(construções, organização do espaço), assim como as modificações das suas estruturas
mentais.
Como se apresenta o mundo em meados do século XVIII?

1.1 O mundo não está unificado


Impõe-se à partida uma verificação carregada de consequências: em 1750, para a humanidade, o mundo
não existe como uma unidade; não é concebido como tal e, se o é para alguns espíritos, não é vivido como
experiência. Compreenderemos melhor o alcance desta observação por comparação. Atualmente, um
acontecimento, por pouco interesse que apresente, é imediatamente propagado, levado ao conhecimento
do mundo inteiro, que deste modo se torna espectador e ao mesmo tempo ator. Todo o planeta está
coberto de uma densa rede de informações que põe em contacto todas as partes do mundo. No plano do
conhecimento, através do canal da informação e dos meios de comunicação, o mundo constitui
presentemente uma unidade efetiva e basta um curto período para que todos os homens — ou quase —
sejam informados de um dado acontecimento.
O homem e o espaço: mundo conhecido e mundo ignorado
Preâmbulo

Outro exemplo: as relações económicas e a interdependência que se estabeleceu progressivamente entre os


diferentes países. A determinação dos preços correntes, tanto dos géneros alimentícios como dos produtos
industriais, depende de dados que ultrapassam o quadro de um mercado nacional, por muito desenvolvido
que seja.
O criador de gado na Argentina, ou o agricultor da Costa do Marfim, depende dos mercados mundiais quanto
ao montante da sua remuneração, ao seu nível de vida, às suas possibilidades de existência e, por vezes,
mesmo à sua subsistência.

As crises propagam-se de um país para os outros. A primeira grande crise que expôs de forma evidente este
carácter universal foi a que teve origem em Outubro de 1929 em Nova Iorque; em poucos anos afetou a vida
económica de todos os países do mundo. Não se tratou de um caso isolado; desde então assistimos ao
desencadear, ainda que com menos intensidade, de fenómenos análogos.
A guerra da Coreia, em Junho de 1950, provocou uma subida em flecha dos preços, à qual nenhuma economia
escapou.
É o sinal de que atualmente as oscilações dos preços e as crises económicas se propagam num meio
relativamente homogéneo, contínuo e consideravelmente unificado. Apercebemo-nos por este meio da
universalidade em que o mundo contemporâneo vive.
O homem e o espaço: mundo conhecido e mundo ignorado
Preâmbulo

Um terceiro exemplo vem apoiar esta afirmação: os conflitos. No século passado havia ainda a
possibilidade de os limitar geograficamente: no século XIX não há ainda um conflito mundial
propriamente dito. O século XX é, pelo contrário, o século dos conflitos mundiais.

Poderíamos ainda alargar a demonstração - a causa seria ainda mais convincente - aos movimentos de
ideias.
As filosofias políticas são atualmente postas em prática e despertam simpatias ou suscitam
contestações no mundo inteiro, quer se trate da experiência comunista, quer do nacionalismo: são
fenómenos universais.

Verificou-se portanto - e essa é uma das linhas de evolução da história nos dois últimos séculos – a
passagem de um mundo fragmentado e compartimentado para um mundo que apresenta uma
unidade relativa: universalidade e simultaneidade.

O mundo de 1750 não apresenta nada de semelhante…


O homem e o espaço: mundo conhecido e mundo ignorado
O antes …
…O mundo de 1750 não apresenta nada de semelhante.
Não existe simultaneidade. E não podia deixar de ser assim. As invenções técnicas que permitiram essa
instantaneidade estão ainda para chegar: não se conhece a revolução dos meios de comunicação, tornada
possível pela descoberta da eletricidade e das ondas, nem a revolução dos transportes. Em meados do século
XVIII o homem desloca-se a passo, no seu passo ou no da sua montada.
É o passo do cavalo e a velocidade dos navios à vela que condicionam as comunicações, ritmam a transmissão
das notícias ou das ideias, medem a distância.
Com efeito, ao lado da distância objetiva, que se mede em números, a distância relativa, que varia segundo
as facilidades e as condições materiais, é muito mais importante para as relações entre grupos de homens; o
essencial não é que 5000 ou 6000 km separem a Europa dos Estados Unidos, mas o facto de hoje bastarem
apenas algumas horas para transpor essa distância, enquanto nos finais do século XVIII eram necessários dois
longos meses para a ida e a vinda da correspondência, das notícias e das instruções diplomáticas. Será assim
até meados do século XIX.
Esta passagem de uma duração longa para uma duração breve mostra bem a amplitude da transformação.
Do facto de o navio ser mais rápido (não sendo essa a única razão) advêm o avanço, a superioridade
comercial e frequentemente política dos Estados marítimos em relação aos Estados continentais: o mar
facilita muito mais a comunicação do que a terra.
O homem e o espaço: mundo conhecido e mundo ignorado
O antes …

Em certa medida, o mundo surge portanto aos contemporâneos de 1750 incomparavelmente


mais extenso e vasto do que atualmente.

Pode-se mesmo dizer, para caracterizar esta relação entre o homem e o espaço, entre a humanidade e
a terra que ocupa, que o homem se encontrava então mais longe do homem . Tal verificação
implica todo o género de consequências:

Consequências políticas: devido a este distanciamento, é mais difícil constituir associações políticas duráveis, mais
complicado para os governantes administrarem os seus povos.

Consequências sociais: os indivíduos não saem de um círculo estreito. Vivem num quadro restrito: aldeia, paróquia,
uma região geograficamente limitada.

Consequência económica: como se sabe, os mercados são limitados. As unidades de produção devem bastar-se
a si próprias. É ainda a economia de subsistência, em que se deve produzir praticamente tudo aquilo de que se
precisa, pois as trocas são quase totalmente inexistentes.
O homem e o espaço: mundo conhecido e mundo ignorado
O antes …

O mundo do século XVIII também não conhece a unidade. As diferentes partes do Globo não entraram ainda
em relação umas com as outras. Ignoram-se mutuamente; chegam mesmo a ignorar a existência alheia.
Muito poucos homens têm uma visão de conjunto do planeta. Os Japoneses ou os Chineses conhecem bem os
seus vizinhos e podem mesmo ter uma ideia do que é o Extremo Oriente, mas não sabem quase nada do resto.
Mesmo os Europeus só têm ainda uma visão fragmentária e confusa do conjunto da humanidade.

O mundo parece formado por humanidades separadas.

Desde então o mundo encolheu.


Principais Rotas do Comércio Global, 1400-1800

Hiperligação: O comércio marítimo no séc. XVIII


Tráfego marítimo global na atualidade (hiperligação no mapa)
Rede de cabos de telecomunicações (em 1901 e na atualidade)
As fronteiras fazem sentido? A MUNDIALIZAÇÃO E A GLOBALIZAÇÃO

Hiperligação - Mapeando o futuro dos países


Um intervalo:
O AGORA … A MUNDIALIZAÇÃO E A GLOBALIZAÇÃO
1- Identifica as modificações ocorridas no final do século XX que permitiram acelerar a mundialização.

2- Explica o contributo da rede social


Facebook na globalização
O AGORA … A MUNDIALIZAÇÃO E A GLOBALIZAÇÃO
O AGORA … A MUNDIALIZAÇÃO E A GLOBALIZAÇÃO

A mundialização/globalização tem implicações nas dimensões económica, social, política, cultural, jurídica, …
O AGORA … A MUNDIALIZAÇÃO E A GLOBALIZAÇÃO

Enumera uma consequência da globalização para cada uma das dimensões referidas na figura
Fonte para o texto principal:
- REMOND, Renné; Introdução à História do Nosso Tempo
https://vdocuments.mx/introducao-a-historia-do-nosso-tempo.html
- VVAA, Visão do Mundo – 12º ano, Porto Editora

Outras fontes:

https://www.thoughtco.com/globalization-positive-and-negative-1434946

Principais Rotas do Comércio Global, 1400-1800 - https://transportgeography.org/?page_id=4023

Mapas históricos rotas marítimas


https://www.theguardian.com/news/datablog/2012/apr/13/shipping-routes-history-map

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