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Reações transfusionais tardias

DIVISÃO DE HEMATOLOGIA E HEMOTERAPIA


Assuntos abordados

• Conceito de Reação Transfusional Tardia

• Classificação das Reações Transfusionais Tardias

• Reação Hemolítica Tardia

• Refratariedade à Transfusão de Plaquetas

• Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro Pós Transfusional

(DECH-PT)

• Sobrecarga Transfusional de Ferro

• Transmissão de Agentes Infecciosos

Divisão de Hematologia e Hemoterapia


Conceito

Qualquer efeito indesejável advindo


da transfusão sangüínea que ocorre
após as primeiras 24 hs da transfusão

Divisão de Hematologia e Hemoterapia


Reações transfusionais tardias

• Hemolítica tardia • Sobrecarga de ferro


• Refratariedade à • Transmissão de
transfusão de plaquetas doenças infecciosas
• Doença do enxerto
contra o hospedeiro pós-
transfusional (DECH-PT)
• Púrpura pós-transfusional
• Imunomodulação
Em negrito os temas desenvolvidos nesta aula
Divisão de Hematologia e Hemoterapia
Reação hemolítica tardia
 Incidência
• 1:11650 – 1:1500 U/T
 Máxima destruição dos eritrócitos
• 4 a 13 dias pós Tx
• 24 a 48h após Tx : resposta anamnéstica
 lenta

Divisão de Hematologia e Hemoterapia


 Antígenos (Ag) imunogênicos
• Ag membranas celulares
 HLA
• Ag de grupos sangüíneos eritrocitários
 Rh, Kell, Duffy e Kidd
 Pacientes sob maior risco
• Gestação
• Transfusão prévia
 Anemia falciforme
 Talassêmicos
 Cirróticos
 Renais crônicos
Divisão de Hematologia e Hemoterapia
Reação hemolítica tardia
 Quadro clínico
• Assintomático  sintomas leves/moderados
• Aproveitamento transfusional inadequado
• Raramente  óbito
 Hemólise extra-vascular
 Reação sorológica tardia
• Novos anticorpos
• Sem sinais/sintomas

Divisão de Hematologia e Hemoterapia


IgG
Sinais e sintomas
• Fraqueza •  Ht lenta
• Mal estar •  Bilirrubinas
• Cefaléia •  Hb livre
• Icterícia • Hemoglobinúria
• Febre moderada • Insf. renal rara
• TAD +/-

Divisão de Hematologia e Hemoterapia


Reação hemolítica tardia
 Diagnóstico
• Suspeita clínica
• Exames laboratoriais
 PAI (pesquisa de anticorpos irregulares)
 TDA (teste direto da antiglobulina – antigo COOMBS
Direto)

 Presença de um novo Anticorpo no soro (PAI


+) ou ligado às hemácias (TDA +)

Divisão de Hematologia e Hemoterapia


Reação hemolítica tardia
 Conduta
• Monitorar
 Diurese
 Função renal
 Hemostasia
• Transfusões futuras antígenos negativas para o
anticorpo identificado
• Avaliação caso-a-caso se anticorpo não
identificado
 Transfusão fenótipo idêntico
Divisão de Hematologia e Hemoterapia
Reação hemolítica tardia
 Prevenção
• Reduzir exposição a doadores
• Auto-transfusão

• Otimização testes detecção de Anticorpos


 Transfusão Antígeno negativa
 Fenotipagem eritrocitária pré transfusional

Divisão de Hematologia e Hemoterapia


 Incremento plaquetário inadequado após a Transfusão de
Concentrado de Plaquetas (CP)
 Incidência
• 20 - 70% dos pacientes plaquetopênicos politransf.
 Etiologia
 Não imune  Imune
• Febre • Aloimunização
• Infecção • HLA – ABC
• Sepse • HPA
• Esplenomegalias • Transfusão plaquetas
• CIVD ABO incompatível
• Medicamentos
Divisão de Hematologia e Hemoterapia
 Diagnóstico
• Incremento plaquetário (ICP) inadequado
 2 a 3 ocasiões diferentes
 Precisa ter sido transfusão de CP ABO compatível
ICP = (Plaq pós-transf. – Plaq.pré-transf.) x superfície corporal (m2)
Número de plaquetas transfundidas (x 1011)

 Transfusão de CP é ineficaz se:


 ICP 15-60min: < 7.500-10.000/mm3
 ICP 18-24h: < 4500/mm3.
Divisão de Hematologia e Hemoterapia
 Se refratariedade, preferir:
 CP ABO-idêntico / < 48h
 Dobrar a dose
 Intervalo de 2h entre a Anfo B e a transfusão
 Se transfusões ainda ineficazes
 Suspender transfusões profiláticas
 Transfundir apenas se sangramento
• Imunoglobulina EV
 Se refratariedade imune
 Transfusão plaquetas compatíveis
• Prova cruzada
• Doadores com fenótipo HLA compatível
Divisão de Hematologia e Hemoterapia
 Complicação rara
 Letalidade > 90%
 Ocorre se
• Presença de linfócitos T viáveis no hemocomp.
 CH, CP, PF não congelado, etc
• Inabilidade do receptor em rejeitar estes linfócitos
 Imunocomprometidos
 Semelhanças HLA doador/receptor
• Parentes 1º grau
• Grupos populacionais
Divisão de Hematologia e Hemoterapia
 Quadro clínico – 7 a 10 dias após a Tx
• Febre alta
• Rash cutâneo (tronco e extremidades)
 Eritrodermia  bolhas  úlceras
• Disfunção hepática : colestase intra-hepática
  TGO, TGP e FA
• Alterações gastrointestinais
 Dor abdominal  diarréia difusa intensa
• Hipoplasia MO
 Pancitopenia (16 dias)  infecções
Divisão de Hematologia e Hemoterapia
 Diagnóstico
• Clínico
• Presença de linfócitos do doador no receptor
• Biópsia de pele / MO

Agbaht et al. Transfusion 2007 e Hemoterapia


Divisão de Hematologia
 Tratamento  de suporte clínico e transfusional,
>90% FATAL
 Prevenção  Irradiação
• RN prematuros extremos
• Transfusão intra-útero
• Pacientes onco-hematológicos em QT
• Portadores de neuroblastoma em QT
• Portadores de imunodeficiências congênitas;
• Doadores relacionados (pai/mãe/irmão)
• Portadores de AAG
• Pacientes transplantados
• Pacientes gravemente imunossuprimidos
Divisão de Hematologia e Hemoterapia
Reações transfusionais
tardias não-imunológicas

Divisão de Hematologia e Hemoterapia


 Características
• Acúmulo progressivo de ferro
• Pacientes politransfundidos (50 a 100 U/CH)
1U CH  200 a 250 mg de ferro
 Acometimento sistêmico
• Coração  ICC, podendo levar a óbito
• Fígado  insuficiência hepática
• Glândulas endócrinas  DM, insuf. adrenal
• Pigmentação da pele
Divisão de Hematologia e Hemoterapia
 Dados laboratoriais
•  ferritina sérica
•  saturação da transferrina
•  ferro hepático e outros tecidos
 RNM
 SQUID

 Tratamento
• Agentes quelantes de ferro
 Uso subcutâneo ou endovenoso (desferoxamina)
 Uso oral (deferiprona e deferasirox)
Divisão de Hematologia e Hemoterapia
 Drástica redução da transmissão
• Seleção doadores
• Exames sorológicos
 Sangue mais seguro de todos os tempos, porém:
• Microorganismos desconhecidos
• Janela infecciosa
• Outras reações transfusionais

Divisão de Hematologia e Hemoterapia


Aubuchon J. Transfusion, 2004
 Risco que ainda resta de se contaminar uma bolsa
de sangue
 Razões
• Doações no período prévio à soroconversão
 Janela sorológica
 Soroconversão tardia
• Doadores com infecção crônica
 Imuno-silenciosos
• Variantes genéticas não captadas
• Erros dos ensaios laboratoriais
Divisão de Hematologia e Hemoterapia
 HIV I e II  CMV
 HTLV I e II  Vírus B19
 Hepatite B  Plasmodium sp
 Hepatite C  Babésia
 D. Chagas  WNV (vírus do
oeste do Nilo)
 Sífilis
 vCJD (príon- variante da
doença da vaca louca)

Divisão de Hematologia e Hemoterapia


Agente Teste Janela Risco
sorológica residual
D. Chagas Elisa indireto 57 – 100 dias 0,44 – 2,75 /
100mil comp.
Sífilis VDRL 5-6 semanas
Testes trepon. 30-45 dias
Hepatite B Elisa HBsAg 59 dias 1/63.000 D
< 1/100.000 UT
Hepatite C Elisa anti-HVC 70 dias 1/103.000 D
< 1/100.000 UT
Elisa combinado 3 – 4 dias > NAT
NAT 11 dias
HIV Elisa anti-HIV 3ª g. 22 dias 1/493.000 D
Elisa p24 16-17 dias 1/679.000 D
NAT 11-12 dias 1,01U/M D
HTLV Elisa 36 – 72 dias
 Suspeitar
• Pacientes com sorologia prévia negativa  quadro
clínico de infecção passível de transmissão
sangüínea ou conversão sorológica.

 Após confirmação (soroconversão do receptor)


• Informar ao hemocentro responsável
 Investigação do doador implicado na doação
contaminada

Divisão de Hematologia e Hemoterapia


Obrigada pela atenção !

Dra. Ana Cristina Silva Pinto


Hematologista responsável pela Agência
Transfusional do Campus
acristina@hemocentro.fmrp.usp.br
3602-2251

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