Como é o início dos atendimentos em psicanálise?
Clínica Psicanalítica
O que buscamos, como analistas, nos atendimentos
iniciais? Que perguntas são feitas nos atendimentos iniciais? Por que a regra da associação livre é importante?
“Quando menor nossa intervenção na
escolha e na organização do que falamos, tanto mais a lógica interna poderá nos levar a dizer coisas inesperadas por nós mesmos, a descobrir algo que estava em nossos pensamentos sem que soubéssemos” (CALLIGARIS, 2004, p. 106) Como apresentar a regra da associação livre?
“Você me pergunta se, no começo de um
tratamento, é bom dar alguma indicação ao paciente ou mesmo explicitar algumas regras. Sei que você está pensando, por exemplo, no que se chama em psicanálise, a regra da associação livre. (...) É importante que a regra, se for dita, não seja recitada, como uma reza que a gente conheceria de cor e repetiria sempre do mesmo jeito, melhor improvisar de cada vez(...)” (CALLIGARIS, 2004, p. 105). Que perguntas são feitas nos atendimentos iniciais?
“(...) aquelas que ajudam o paciente a
contar sua história e suas dores e nos ajudam a construir um primeiro esboço do problema” (Calligaris, 2004, p. 115-116). Começo
“O material com que se inicia o tratamento é, em
geral, indiferente - a história da vida do paciente, ou a história de sua doença, ou suas lembranças de infância. Mas, em todos os casos, deve-se deixar que o paciente fale e ele deve ser livre para escolher em que ponto começará”. (Freud- O Início do Tratamento). Como receber os pacientes?
“Haverá os pacientes que não conseguem
sentar nem deitar, mas só podem falar caminhando. Haverá os que devem ficar silenciosos durante semanas, para se convencerem de que não é proibido calar-se. Haverá os que só querem vir de vez em quando porque não toleram obrigação em suas vidas. (...) Haverá os que não falam, mas perguntam o que você acha, porque querem ouvir sua voz e pouco importa o que você dirá. Haverá os que se irritam porque você os abraça e os que não aguentam ser tocados” (Calligaris, 2004, p. 154). Como receber os pacientes?
“Eles querem mudar, e você também junto
com eles, pode querer que eles mudem. Mas uma mudança não é coisa que possa ser imposta. Ela não virá da imposição do rigor abstrato da técnica que você aprendeu (...). Ao contrário, para que uma mudança aconteça um dia, é preciso que uma relação comece; e uma relação só pode começar nas condições que são irrenunciáveis por seu paciente. Em suma, avance desarmado” (Calligaris, 2004, p. 155). Sobre a escuta
Muitas pessoas se perguntam por que procurariam
um(a) psicoterapeuta quando poderiam falar pelo tempo que quisessem e sem que precisassem pagar nada para um(a) amigo(a). Mas há diferenças em como a escuta acontece em uma relação de amizade e em uma relação psicoterapêutica. Sobre a escuta
Com amigos(as), não compartilhamos tudo: pode ser
por vergonha, por desejo de agradar, por consideração. Há, inclusive, o que não admitimos nem para nós mesmos(as), às vezes porque não conseguimos reconhecer, compreender, nomear, às vezes porque é algo que nos assusta, é difícil pensar, nos traz dores, nos traz culpas. Sobre a escuta
Enquanto nas relações de amizade as pessoas
tendem a prestar mais atenção em certos aspectos, porque são mais interessantes, porque se identificam, porque é o que mais conhecem, os(as) psicanalistas desenvolvem a habilidade, que envolve preparo, cuidado e sensibilidade, de escutar com menos filtros, sem selecionar previamente nem focar diretamente em questões específicas, para que mais elementos, que não são notados com facilidade por quem ouve ou por quem diz, possam emergir e possam se tornar tema de análise. Sobre a escuta
Há também, na formação em psicologia, o preparo
para elaborar perguntas, para que essas perguntas não sejam direcionadoras, enviesadas, para que as interrogações possuam construir um espaço aberto, em que a pessoa sinta que possa responder sobre o que for importante para ela. Sobre a escuta
Há também, na formação em psicologia, o preparo
para elaborar Entre o que é importante, está o que a pessoa pretende e escolhe falar, mas também o processo de deixá-la progressivamente mais à vontade para entrar em temas que costuma evitar, que a inibem, que são difíceis. Construir esse espaço e esse vínculo de conforto e confiança e também algo que requer preparo, requer formação. A escuta terapêutica favorece que sejam desenvolvidas novas formas de comunicação. Sobre a escuta
A confidencialidade da terapia é uma característica
fundamental, que possibilita uma honestidade que pode não estar presente em outras relações, não porque necessariamente a pessoa escolha não contar, mas porque, em relações afetivas e de outras ordens, há mais elementos que atravessam a dinâmica entre a pessoa. O sigilo é muito importante para que o espaço de confiança e fortalecimento da expressividade se forme. Sobre a escuta
Também segundo Castañeda: “Em muitas pessoas, há
uma falta de consciência significativa sobre seus próprios sentimentos. (...) Parte da tarefa da psicoterapia é ajudar a poder sentir e verbalizar suas emoções com maior precisão, não apenas para se conhecer melhor mas também para poder manejar melhor sua vida afetiva”. Quanto tempo?
“Para falar claramente, a psicanálise é sempre
questão de longos períodos de tempo, de meio ano ou de anos inteiros - de períodos maiores do que o paciente espera. É nosso dever, portanto, dizer-lhe isso antes que ele se decida finalmente sobre o tratamento. Considero muito mais honroso, e também mais conveniente, chamar sua atenção - sem tentar assustá-lo, mas bem no começo - para as dificuldades e sacrifícios que o tratamento analítico envolve, e, desta maneira, privá-lo de qualquer direito de dizer mais tarde que foi enganado para um tratamento de cuja extensão e implicações não se deu conta” (Freud- O Início do Tratamento). Efeitos
“O analista é certamente capaz de fazer muito, mas não
pode determinar de antemão exatamente quais os resultados que produzirá. Ele coloca em movimento um processo, o processo de solucionamento das repressões existentes” (Freud- O Início do Tratamento). - Como receber os pacientes?
“Haverá os pacientes que não conseguem
sentar nem deitar, mas só podem falar caminhando. Haverá os que devem ficar silenciosos durante semanas, para se convencerem de que não é proibido calar-se. Haverá os que só querem vir de vez em quando porque não toleram obrigação em suas vidas. (...) Haverá os que não falam, mas perguntam o que você acha, porque querem ouvir sua voz e pouco importa o que você dirá. Haverá os que se irritam porque você não os abraça e os que não aguentam ser tocados” (Calligaris, 2004, p. 154). Como receber os pacientes?
“Eles querem mudar, e você também junto
com eles, pode querer que eles mudem. Mas uma mudança não é coisa que possa ser imposta. Ela não virá da imposição do rigor abstrato da técnica que você aprendeu (...). Ao contrário, para que uma mudança aconteça um dia, é preciso que uma relação comece; e uma relação só pode começar nas condições que são irrenunciáveis por seu paciente. Em suma, avance desarmado” (Calligaris, 2004, p. 155). Concluindo...