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Morfologia Cristalina

Forma dos Minerais


Mineralogia
Aula Nº.3.
Morfologia Cristalina (Forma dos Minerais).
Sumário:
Morfologia Cristalina. Lei de Steno. Redes de Bravais. Formas
cristalinas. Formas simples. Combinação de formas simples.
Panorâmica geral das formas simples. Descrição das principais
formas simples por sistemas. Lei de Haüy. Índices de Miller. Zona.
Maclas.
Periodicidade e Simetria

• A malha, a célula unitária e o


motivo
• Arranjo geométrico de pontos
• Célula unitária escolhida
• Parâmetros da malha
• Eixos cristalográficos
Velocidade de crescimento
Ângulos Interfaciais

A esquerda temos um hexágono regular. A direita um hexágono


deformado. Não existe deformação angular, cada um dos
ângulos permanece igual a 60o (suplementar de 120º ).
Medição de Ângulos num Cristal
Goniómetro de contacto
A estrutura Interna dos Cristais
O facto mais importante e fundamental relativo a uma substância
cristalina é que suas partículas são dispostas de maneira ordenada,
em unidades tridimensionais que se repetem indefinidamente,
formando o retículo cristalino, assim como os tijolos formam uma
calçada. Essas unidades formadoras do cristal são chamadas células
unitárias. O retículo é definido pelas três direcções e pelas distâncias,
ao longo delas, nos quais a célula unitária se repete. Experiências
realizadas por Bravais, em 1848, demonstraram que,
geometricamente, são possíveis apenas 14 tipos de retículos
espaciais. Outras combinações de pontos destroem aquilo que o
retículo exige: que a vizinhança em torno de cada ponto seja idêntica
àquelas em torno de todos os outros pontos.
Os tipos de células unitárias existentes.
Redes/Malhas de Bravais.
As 14 possíveis e
diferentes Malhas
espaciais tri-
dimensionais e
sua distribuição
pelos 7 sistemas
de cristal.

AS 14
MALHAS DE
BRAVAIS
AS 14
MALHAS DE
BRAVAIS

Todos sólidos
cristalinos
podem ser
descritos por
células unitárias
que pertencem à
um destes 14
tipos
Periodicidade e Simetria
SIMETRIA PONTUAL
Bi-dimensional Tri-dimensional
Plano de reflexão
Linha de reflexão

7 Sistemas Cristalinos
Eixos de rotação
4 Sistemas Cristalinos
Ponto de rotação
+Eixos de inversão

Combinações possíveis Combinações possíveis

10 Grupos Pontuais 32 Grupos Pontuais


SIMETRIA DA MALHA
Bi-dimensional Tri-dimensional
5 Malhas 14 Malhas de Bravais
SIMETRIA TOTAL
Bi-dimensional Tri-dimensional
14 Malhas de Bravais
Operação de linha deslizante
32 Grupos Pontuais
+ 10 Grupos Pontuais
+ Eixo Helicoidal
+ 5 Malhas
+ Planos deslizantes
Combinações possíveis Combinações possíveis
17 Grupos Espaciais 230 Grupos Espaciais
Formas de Cristal
Uma forma consiste de um grupo de faces de
cristal, das quais todas têm a mesma relação
aos elementos de simetria e mostram as
mesmas propriedades físicas e químicas,
porque todas são consistidas na base de
átomos iguais no mesmo arranjo atómico.
Formas de Cristal

A forma de duas faces


para a classe de cristal
C é designada como
uma forma aberta,
porque ela consiste de
faces paralelas que não
encerram espaço
Formas de Cristal

A forma de oito faces na


classe de cristal 4/m-
3 2/m é uma forma
fechada, porque as oito
faces em conjunto
encerram espaço.
Formas de Cristal

• Um cristal mostrará habitualmente várias formas em


combinação uma com outra, mas pode ter apenas
uma, tomando que seja uma forma fechada.
• Uma vez que qualquer combinação de formas deve
encerrar espaço, é necessário no mínimo de duas
formas abertas. As duas podem existir em conjunto
ou podem estar em combinação com outras formas
fechadas ou abertas.
Formas de Cristal

• Em cada classe de cristal existe uma forma,


cujas faces intersectam todos os eixos
cristalográficos a comprimentos diferentes;
esta é a forma geral.

• Todas outras formas que podem estar


presentes são formas especiais.
Nomes de Formas
• A nomenclatura de formas adoptada foi
originalmente proposta por Groth em 1895 e
modificada por A. F. Rogers em 1935. Este esquema
reconhece 48 tipos diferentes de formas de cristal
distinguidas pelas relações angulares das faces de
cristal. Destas 48 formas, 32 são formas gerais
encontradas nas 32 classes de cristal (ou grupos
pontuais); 10 são fechadas, especiais do sistema
isométrico; e seis são formas abertas, especiais
(prismas) dos sistemas hexagonal e tetragonal.
Nomes de Formas
Nomes de Formas
Descrição de Formas
• Pedion (monoedro). Uma única face compreendendo uma forma

• Pinacóide (paraleloedro). Uma forma aberta formada de duas faces


paralelas

• Domo (diedro). Uma forma aberta consistindo de duas faces não paralelas
simétricas com relação à um plano reflector (m)

• Esfenóide (diedro). Duas faces não paralelas simétricas com relação à um


eixo de rotação 2 (binário). No sistema de nomenclatura recomendada
internacionalmente tanto o domo e o esfenóide são designados como um
diedro. Isto porque as duas formas consistem de faces intersectantes e
porque a nomenclatura não reflecte o elemento de simetria responsável
pela forma
Formas Cristalográficas
Descrição de Formas

• Prisma.
Uma forma aberta composta de 3, 4, 6,
8 ou 12 faces, todas elas são paralelas
ao mesmo eixo. Excepto para certos
prismas no sistema monoclínico, o eixo
é um dos eixos cristalográficos
principais.
Formas Cristalográficas: Prismas
Formas Cristalográficas: Prismas

Prisma. Uma forma aberta composta de 3, 4, 6, 8 ou 12 faces, todas elas


são paralelas ao mesmo eixo. Excepto para certos prismas no sistema
monoclínico, o eixo é um dos eixos cristalográficos principais
Descrição de Formas: Pirâmides e Bipirâmides

Pirâmide. Uma forma aberta composta de 3, 4, 6, 8 ou 12 faces não


paralelas que se encontram num ponto.
Formas Cristalográficas: Bipirâmides

Bipirâmide: Forma fechada tendo 6, 8, 12, 16 ou 24 faces.


Formas Cristalográficas: Bipirâmides
Descrição de Formas: Trapezoedros

• Trapezoedro. Uma forma fechada que tem 6, 8 ou 12 faces no


total, com 3, 4 ou 6 faces superiores deslocadas de 3, 4 ou 6
faces inferiores. Essas formas são resultado de eixos de rotação
de grau 3, 4 ou 6 combinados com eixos de grau 2
perpendiculares. Existe adicionalmente um trapezoedro
isométrico (tetragon-trioctaedro), uma forma de 24 faces. Num
cristal bem desenvolvido cada face é um trapézio.
Descrição de Formas
• Escalenoedro. Uma forma
fechada com 8 ou 12 faces,
agrupadas em pares simétricos.
No escalenoedro tetragonal
(escalenoedro rômbico), pares de
faces superiores estão
relacionados por um eixo de
rotoinversão 4 aos pares de faces
inferiores. As 12 faces do
escalenoedro hexagonal
(escalenoedro ditrigonal), mostra
três pares de faces superiores e
três pares de faces inferiores em
posições alternantes
Descrição de Formas: Romboedro e
Biesfenóides

• Romboedro. Uma forma fechada composta de seis faces das quais


três faces em cima alternam-se com três faces em baixo. As duas
séries de faces encontram-se deslocadas e 60º .
• Biesfenóides (tetraedro tetragonal ou rômbico). Formas fechadas
consistindo de duas faces superiores que se alternan com duas faces
inferiores, deslocadas de 90º.
Descrição de Formas isométricas

As formas do sistema de cristal cúbico/isométrico são todas especiais.


Formas Cristalográficas isométricas
INTERSECÇÕES DE FACES

• As faces de cristal são definidas pela indicação das


suas intersecções sobre os eixos cristalográficos.
• na descrição de uma face de cristal é necessário
determinar se:
– é paralela a dois eixos e intersecta o terceiro
– é paralela à um eixo e intersecta os outros dois
– ou intersecta todos os três e
– deve-se determinar a distância relativa que a face
intersecta os diferentes eixos.
INTERSECÇÕES DE FACE

Intersecções de alguns planos numa malha Intersecções de algumaas faces de cristal


ortorrômbica na metade superior de um cristal
ortorrômbico
INTERSECÇÕES DE FACE
• O plano de malha AA é paralelo aos eixos b e c
e intersecta o eixo a a uma unidade de
comprimento (tomado como comprimento
unidade) ao longo do eixo a.
• As intersecções para este plano seriam: 1a, ∞b,
∞c.
• Similarmente o plano A’A’, que é paralelo a AA
mas intersecta o eixo a a duas unidades de
comprimento, deve ter intersecções: 2a, ∞b,
∞c.
• O plano BB, que é paralelo aos eixo a e c e
intersecta o eixo b a uma distância unidade,
tem intersecções: ∞a, 1b, ∞c.
• O plano AB intersecta os dois eixos horizontais
(a e b) a uma distância unidade mas é paralelo
a c, que conduz às intersecções: 1a, 1b, ∞c.
• Um plano que intersecta todos os três eixos a
distâncias unidade deve ter intersecções 1a,
1b, e 1c.
INTERSECÇÕES DE FACE

• O desenvolvimento de faces de
cristal algumas das quais são
paralelas aos planos de malha
• As intersecções de face mostradas
são valores relativos e não
indicam qualquer comprimento
de corte real.
INTERSECÇÕES DE FACES

• A face unidade é a maior no


caso que existam várias faces
que cortam todos os três
eixos.
• A maior face (sombreada) que
intersecta todos três eixos
cristalográficos nas suas
extremidades positivas é
tomada como a face unidade.
• As suas intersecções são: 1a,
1b, e 1c
Intersecções relativas de faces num
cristal ortorrômbico, todas elas
cortam três eixos cristalográficos
Lei cristalográfica da racionalidade dos índices

• É a lei fundamental da Cristalografia, e é consequência direta da


natureza descontínua da matéria cristalina.
• Ela expressa: “Todas as faces possíveis de um cristal mostram
notações de índices racionais, geralmente reduzíveis a números
inteiros e simples” (Lei do Hauy – 1781).
ÍNDICES DE MILLER

• Vários métodos de notação têm sido usados


para expressar as intersecções de faces de
cristal sobre os eixos cristalográficos.
• O mais universalmente utilizado é o sistema
de índices proposto por W. H. Miller, que tem
muitas vantagens sobre o sistema de
intersecções apresentado acima.
ÍNDICES DE MILLER

• Os índices de Miller de uma face consiste de


uma série de números inteiros que são
derivados das intersecções pelas suas
inversões.
• Os índices de Miller são sempre dados de tal
modo que os três números (quatro no sistema
hexagonal) referem-se aos eixos a, b e c.
O índice de Miller (111) lê-se “um-um-um”
ÍNDICES DE MILLER

• Os cristais que pertencem ao sistema hexagonal têm


um único eixo de simetria que pode ser de grau 6
(senário) ou de grau 3 (ternário).
• O eixo é perpendicular ao plano que contém três
eixos idênticos marcados a1, a2, e a3.
• Devido a presença de quatro eixos cristalográficos,
foi desenvolvido o sistema de Bravais-Miller .
• Os índices são derivados das intersecções nos eixos
da mesma maneira como nos índices de Miller de
três números.
ÍNDICES DE MILLER

(a) Intersecções e índices de Miller para alguns planos de uma malha


isométrica.
(b) Intersecções e índices de Miller de algumas faces que modificam
os vértices de um cubo
ÍNDICES DE MILLER

Uma série de planos equi-distantes relativos à uma malha geral com as


repetições de malha de a, b e c ao longo dos eixos cristalográficos x, y e
z respectivamente. Os cículos pretos são pontos de malha ao longo dos
três eixos cristalográficos. Os índices de Miller de série de planos é
(112)
ÍNDICES DE MILLER

Exemplos de planos de malha e os seus índices de Miller


ÍNDICES DE MILLER
• O símbolo geral neste sistema de
índice é (hkīl), no qual as
primeiras três letras referem-se
aos eixos a1, a2 e a3 e a última
letra a c.
• Nesta notação h + k + i = 0
mantem-se invariavelmente.
• As três faces indexadas
10-10, 1 + 0 + = 0
11-20, 1 + 1 + = 0
11-21, 1 + 1 + = 0
Derivação do índice Bravais-Miller de
quatro dígitos a partir da intersecções de
três faces de cristal diferentes no sistema
hexagonal
Intercrescimentos de Cristais
• Os cristais isolados, bem formados, euédricos, e
relativamente grandes são raros e muito cobiçados por
coleccionadores de minerais e por gestores de museus.
• Existem agregados que não aparecem ao acaso na
natureza. Esses são os crescimentos paralelos de
mesma substância cristalina.
• Existem os sobrecrescimentos orientados
cristalograficamente de uma substância cristalina sobre
outra de composição química diferente. O último
fenómeno é conhecido por epitaxia.
• Um outro tipo de intercrescimento cristalograficamente
orientado ocorre quando dois cristais da mesma
substância estão relacionados por um elemento de
simetria que, normalmente não está presente em
nenhum dos cristais individuais. Esses intercrescimentos
cristalograficamente orientados são chamados de
maclas, gémeos ou cristais maclados ou geminados.
Intercrescimentos de Cristais

Um agregado de cristais idênticos com seus


eixos cristalográficos e faces paralelas é
chamado de crescimento paralelo.
Intercrescimentos de Cristais

Quando duas substâncias cristalinas


composicionalmente diferentes apresentam um
sobrecrescimento não ao acaso, isso é conhecido por
epitaxia/epitaxis.
Intercrescimentos de Cristais
• Uma macla é um intercrescimento simétrico de dois
ou mais cristais da mesma substância.
• Os dois ou mais indivíduos do agregado maclado
estão relacionados por um elemento de simetria que
se encontra ausente num único cristal não-maclado.
• Muitas vezes é necessário proceder-se a medições
morfológicas cuidadosas, pelo goniómetro de
reflexão, bem como estudos de difracção de raios-X,
para distinguir uma macla de um crescimento ao
acaso de cristais.
Intercrescimentos de Cristais

• Os elementos de macla que podem relacionar


um cristal com a sua contraparte maclada são:
o (1) Reflexão por um plano de simetria ou plano de
macla

o (2) Rotação em torno em uma direcção comum a


ambos cristais, o eixo de macla, com uma rotação
angular normalmente de 180o;

o (3) Inversão em torno de um ponto, o centro de


macla
Intercrescimentos de Cristais

A superficie sobre a qual se unem dois individuos é


conhecida como superfície de composição. Se esta
superficie for um plano, então é chamada de plano
de composição. O plano de composição é
normalmente, mas invariavelmente, o plano de
macla.
O plano de macla é sempre paralelo a uma face
possível de cristal, mas nunca paralela a um plano de
simetria.
Perguntas de autoavaliação
1) A que se devem as formas dos cristais?
2) O que é uma forma simples? Quantas há?
3) O que é uma forma simples aberta? E uma fechada?
4) O que é uma combinação? Quantas existem?
5) Qual é o enunciado da Lei de Steno? diga sua
importância. Qual é o enunciado da Lei de Hauy?
6) O qué são os índices de Miller?
7) O que é uma zona?
8) Nomeie formas importantes de cada sistema cristalino e
descreva-as.
9) O que é um crescimento paralelo? E uma epitaxia?
10)O que é uma macla? Quantos tipos há? Descreva
exemplos da cada sistema cristalino. Explique como se
originam as maclas.

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