Você está na página 1de 49

RECLAMATÓRIA

TRABALHISTA
Estágio Trabalhista
RECLAMANTE/RECLAMADO

PETIÇÃO – significa o ato de


pedir, ou seja, o pedido por
escrito.
É o instrumento pelo qual se vale
o interessado para provocar a
prestação jurisdicional do Estado,
buscando uma decisão sobre uma
pretensão.
Elementos da Ação

*Sujeito – Sujeito da ação é a pessoa que pode


ingressar com um processo perante o judiciário. Ex:
Trabalhador regido pela CLT.

*Objeto – é o pedido de obtenção de um


pronunciamento judicial que pode ser favorável ou
não ao autor;

*Causa de pedir – pressupõe a existência de um


direito material assegurado ao autor o qual gerou a
pretensão resistida. A causa de pedir é a base do
pedido.
CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES

As ações da justiça do Trabalho podem


ser classificadas:

- Individuais – um único autor;


- Plúrimas – vários autores no polo
passivo;
- Coletivas – como nos dissídios
coletivos que beneficiam um número
indeterminado de pessoas.
As ações de conhecimento:

Aquelas em que se busca a solução de um conflito, nessa fase


apenas vai ser assegurado se o direito é devido ou não.

As ações de conhecimento podem ser divididas:

Condenatórias- se busca a obtenção de um título


executivo assegurando o direito material pretendido; Ex:
pedido de pagamento de férias.
Constitutivas – o autor irá pretender a criação,
modificação ou extinção de uma relação jurídica. EX: pedido
para fixação salário que não foi ajustado.
Declaratória – o interesse do reclamante limita-se a que o
juízo declare a existência ou inexistência de uma relação
jurídica. EX: Que declare a existência da relação de
emprego para fins de aposentadoria.
Executórias – visam a execução daquilo já foi
determinado na fase do conhecimento. Ex:
Execução da Sentença, de acordos não
cumpridos.

Ações Cautelares – visam a concessão a certa


pessoa de uma providência jurisdicional
acautelatória, visando ser possível a propositura de
futura ação principal, na qual será discutido o
mérito. Ex: Reprodução antecipada da prova
testemunhal. Previsão CPC, arresto, seqüestro,
exibição, produção antecipada de prova.

Ações Mandamentais – visam que a autoridade


cumpra uma ordem, fazendo ou deixando de fazer
algo.
PETIÇÃO INICIAL – CLT

Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.


§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a
designação do juízo, a qualificação das partes, a breve
exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido,
que deverá ser certo, determinado e com
indicação de seu valor, a data e a assinatura do
reclamante ou de seu representante.
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em
duas vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário,
observado, no que couber, o disposto no § 1o deste artigo.
§ 3o Os pedidos que não atendam ao
disposto no § 1o deste artigo serão julgados
extintos sem resolução do mérito.
ESTRUTURA RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

1-ENDEREÇAMENTO POR EXTENSO


(COMPETÊNCIA ARTIGO 651)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA


FEDERAL DO TRABALHO DE BARRA DO GARÇAS-MT.

2-QUALIFICAÇÃO COMPLETA DO RECLAMANTE

Nome, estado civil, profissão, CTPS, PIS, RG e CPF,


e-mail e endereço.
3- MENÇÃO ADVOGADO
Endereço profissional e eletrônico

4-VERBO
Propor/Ajuizar

5- PROCEDIMENTO
Ordinário, Sumaríssimo ou Sumário

6 – IDENTIFICAÇÃO E PREVISÃO LEGAL


Artigo 840, § 1º CLT e 319 CPC

7- QUALIFICAÇÃO COMPLETA DO RECLAMADO


Nome completo, endereço, CNPJ e CEP

8- COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA


9 – FATOS (RESUMO DO CONTRATO DE TRABALHO)
Breve exposição dos fatos
NARRA
FUNDAMENTA
PEDE
10- FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO

11- PEDIDOS
Certo, determinado com indicação do valor

12-REQUERIMENTOS FINAIS
- NOTIFICAÇÃO DO RECLAMADO;
- PROTESTO DE PROVAS;
- BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA;
- PROCEDÊNCIA;
- HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS;
- CUSTAS PROCESSUAIS
13- VALOR DA CAUSA
Soma total dos pedidos

14- ENCERRAMENTO
-PEDIDO DEFERIMENTO
- LOCAL E DATA
- NOME ADVOGADO E OAB
Não é necessário declinar provas só na audiência de
instrução que as provas deverão ser levadas. (se
não levar perde o direito de produzi-las).

Art. 845 - O reclamante e o reclamado


comparecerão à audiência acompanhados das
suas testemunhas, apresentando, nessa
ocasião, as demais provas.

A Citação do reclamado é automática, recebida via


PJE a petição, o funcionário da vara deverá enviar
em 48 horas, ao reclamado notificando-o da
audiência.
DOCUMENTOS
A petição inicial deverá ser acompanhada pelos
documentos necessários a propositura da ação.

*Se pede salário família, os doctos dos filhos, e


atestado de vacinação.

*Se verbas decorrentes de convenção coletiva deve


colacionar a convenção.

Documentos novos podem ser juntados após a


propositura da ação.
PROCEDIMENTOS
É a forma, o modo como os atos processuais vão se
projetando e se desenvolvendo dentro da relação jurídica
processual.

As ações podem ser processadas sob o rito ordinário,


sumaríssimo ou especial.

ORDINÁRIO compreende as ações cujo o valor da causa é


superior a 40 salários mínimos;
Artigo 844, § 1º.
Audiência inicial (proposta acordo, contestação, prazo
impugnação, data instrução)
Audiência instrução (oitiva das partes (reclamante e
reclamado), oitiva testemunhas (até 3 para cada parte),
razões finais, última proposta conciliatória, data para
audiência de julgamento).
Audiência julgamento – publicação da SENTENÇA
SUMARÍSSIMO - o valor da causa é até 40 salários
mínimos – Artigo 852-A e ss

SUMÁRIO – valor da causa até 2 salários mínimos – Lei


5584/70.
Audiência Una – (proposta de acordo, contestação,
impugnação oral, oitiva partes e testemunhas (até 2 para
cada parte), alegações finais, última proposta de acordo,
data para julgamento).
-Pedidos certos e determinados;
-Não admite intervenção de terceiros;
-Não admite citação por edital;
-Não admite como reclamada administração pública
direta, autarquia e fundacional.(empresas públicas, e
sociedade de economia mista).
-Impugnação dos documentos;
-2 testemunhas para cada parte que deverão ser
convidadas;
-É possível realização de perícia.
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
CAUTELARES

*inquérito para apuração de falta grave


(ARTIGO 853 SS),
*dissídio coletivo (ARTIGO 856 SS)
*ação rescisória (ARTIGO 836 SS)
*mandado de segurança (Lei 12.016/2009)
MODELO
RECLAMATÓRIA
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA FEDERAL
DO TRABALHO DE BARRA DO GARÇAS-MT.

RECLAMANTE (nome, estado civil, profissão, RG e CPF, CTPS, PIS,


e-mail e endereço), por meio de seu advogado e procurador que esta
subscreve, vem à presença de V. Excelência com fulcro no art. 840
da CLT propor a presente RECLAMAÇÃO TRABALHISTA, pelo
procedimento ordinário, contra RECLAMADA, Nome completo,
endereço, CNPJ e CEP, pelos argumentos que seguem abaixo:

DA JUSTIÇA GRATUITA
A reclamante não possui condições financeiras de arcar com as
custas processuais sem prejuízo do próprio sustento como se infere
dos documentos em anexo que comprovam a situação de
desemprego (CTPS) e saldo negativo em conta bancária, extrato em
anexo (§4º do art. 790, CLT).
Ademais, percebia remuneração mensal inferior a 40% do teto
da previdência social, preenchendo, portanto, os requisitos
para concessão do referido benefício.
Assim sendo, requer a concessão das benesses da gratuidade
judiciária prevista no art. 790, §3º da CLT.

DO CONTRATO DE TRABALHO
A reclamante foi admitida pela reclamada em 01.08.2012 na
função de Auxiliar de Serviços de Higiene, com salário inicial
de R$ 710,00 mensais. Sua jornada se dava de segunda à
sexta feira das 07:00hs as 16:00hs com 1 hora e 30 minutos
de intervalo para descanso e refeição, bem como dois sábados
no mês das 07:00hs as 11:00hs entre 01.08.2012 a
20.06.2018.
Posteriormente, passou a laborar de segunda à sexta feira das
06:00hs as 13:00hs e aos sábados (dois por mês) das
07:00hs as 13:00hs até a sua dispensa.
Teve o contrato rescindido por iniciativa do empregador
sem motivo em 01.11.2016 cumprindo aviso prévio até
30.11.2016 com último salário de R$ 1.493,92.
Em suma a reclamante vem à juízo deduzir verbas que não
foram pagas durante o contrato de trabalho, assim, após
explanados os motivos de fato e de direito, requer seja a
presente reclamação, julgada procedente.

DA DOENÇA OCUPACIONAL E ESTABILIDADE


ACIDENTÁRIA
A função da obreira era de Auxiliar de Serviços de Higiene
nas dependências da reclamada que consiste em uma clínica
de análises e especialidades com atendimento diário através
de diversos profissionais em áreas específicas como
pediatria, reumatologia, neurologia, ginecologia, etc.
Atendia em torno de 53 médicos que ali atuavam, cada um em
salas reservadas destinadas ao atendimento aos pacientes,
sendo responsável pela limpeza do local e dos banheiros após
os atendimentos. Iniciava a jornada com a limpeza de todas as
salas e os banheiros, fazia o café, repunha o material que
faltava nas salas, sendo que a limpeza era feita com rodo,
vassoura, pano e produtos de limpezas diversos.
Ocorre que após o ingresso na reclamada, a obreira passou a
sentir fortes dores na coluna e nos joelhos, pois trabalhava
com movimentos repetitivos e esforço físico desmoderado para
sua idade, já que durante duas vezes na jornada, era
responsável pelo abastecimento dos bebedouros carregando
um galão de 18 litros do primeiro para o segundo andar e vice
e versa, isso durante todo o contrato de trabalho.
Por não suportar mais as dores, procurou um médico
especialista em coluna e joelhos ocasião em que constatou as
seguintes lesões:
a) Joelho Direito: Sinais de osteoartrose fêmoro-tibial
e fêmoro-patelar; Lesão osteocondral na tróclea do
fêmur na faceta lateral; Cisto cortical na borda
posterior do platô tibial lateral; Condropatia patelar;
Alterações degenerativas nos cornos anteriores e
posteriores de ambos os meniscos; Derrame articular;
Corpo livre intra-articular; Edema subcutâneo. (exame
realizado em 18.06.2014).
b) Coluna Lombar: Anterolistese grau I entre L4-L5
com redução dos espaços discais L4 a S1. Pequenos
osteófitos marginais anteriores.(exame realizado em
18.08.2015).
c) Coluna Lombar: Espondilólise de L4;
Espondilolistese grau I de L4 sobre L5; Sinais de
espondiloartrose; Discopatias degenerativas;
Abaulamentos discais nos níveis supracitados. (exame
realizado em 08.11.2016).
d) Joelho Direito: Edema subcutâneo; Derrame articular; Sinais de
osteoartrose fêmoro-tibial e fêmoro-patelar; Alterações
degenerativas nos cornos anteriores e posteriores de ambos
meniscos; Condropatia patelar grau IV. (exame realizado em
08.11.2016).
Pois bem. É evidente que a obreira sofre das patologias ora
apontadas como demonstra os laudos e que tais doenças não lhes
acometiam antes de ingressar na reclamada.
Trata-se de acidente de trabalho típico em que as condições de
labor, contribuíram diretamente para a lesão sofrida pela obreira
durante o pacto laboral.
Vejamos o disposto no art. 19 da lei 8.213/91:
“Art. 19. Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do
trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos
segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a
perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para
o trabalho”.
Ainda, extrai-se do art. 20 da referida Lei de Benefícios:
“Art. 20. Considera-se acidente do trabalho, nos termos do artigo
anterior, as seguintes entidades mórbidas:
(...)
II – doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou
desencadeada em função das condições especiais em que o
trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente,
constante da relação mencionada no inciso I.
Com efeito, estamos diante de acidente de trabalho
consubstanciado em doença do trabalho/ ocupacional
desencadeada durante o pacto laboral entre a obreira e a
reclamada.
Ao tomar conhecimento das patologias e diante da
intensidade das dores, a reclamante informou a empresa de
que não poderia mais exercer aquelas atividades e que
precisava se afastar perante o INSS para percepção do
auxílio doença.
A reclamada por sua vez, quedou-se inerte, quando deveria
emitir a CAT nos termos da Lei de Benefícios.
Ora Excelência, é clara a atitude da reclamada em obstar o direito
do reclamante a estabilidade acidentária prevista no art. 118 da lei
8.213/91, para que não fosse preenchido os requisitos da súmula
378 do C. TST, quais são, o afastamento do trabalho superior a 15
dias e percepção do auxílio doença acidentário perante o INSS.
Além do desrespeito a norma cogente de ordem pública, ou seja, a
Constituição Federal que elenca como direito fundamental o direito
à saúde e meio ambiente equilibrado, a atitude da reclamada fere
de morte o art. 22 da lei 8.213/91, que versa:
“Art. 22. A empresa deverá comunicar o acidente de trabalho à
Previdência Social até o 1º (primeiro) dia útil seguinte da
ocorrência e, em caso de morte, imediato, à autoridade
competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o
limite máximo do salário de contribuição, sucessivamente
aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência
Social.”
Pois bem, a jurisprudência tem decidido no sentido de que mesmo
que ausentes os requisitos para percepção da estabilidade
acidentária, se o motivo da ausência foi por impedimento malicioso
do empregador, considera-se implementada tais condições por
aplicação do art. 129 do CC/2002.
Mister se faz a aplicação do art. 9º da CLT no caso em tela,
considerando que ao furtar-se da emissão da CAT a reclamada
buscou impedir a garantia de emprego do reclamante.
Não há o que se falar também que o empregado ou entidade
sindical poderia emitir a CAT na ocasião, o que na prática
aplicaria a percepção do auxílio doença B31 ao invés do
auxílio doença acidentário, B91, requisito para estabilidade.
Portanto, deve ser considerada a implantação dos requisitos
para percepção da estabilidade acidentária nos termos da
fundamentação, condenando a reclamada à imediata
reintegração da reclamante bem como pagamento dos
salários e demais verbas pelo período afastado até a
reintegração.
Caso V. Excelência entenda de forma diversa pela reintegração
da reclamante, requer a condenação da reclamada ao
pagamento de indenização substitutiva considerando o
período estável previsto na lei 8.213/91.
DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS
Em decorrência das patologias ora apontadas, a reclamante teve
considerável redução da capacidade laborativa, o que será
comprovado através da perícia médica.
Havendo a redução da capacidade laborativa em decorrência de ato
omissivo ou comissivo do empregador, nasce para a reclamante o
direito a reparação com supedâneo nos arts. 7º inciso XXVIII da
CF/88 e 186 e 927 do Código Civil de 2002.
Nesse liame, a responsabilidade civil da reclamada é extracontratual,
uma vez que ocorreu infração a deveres previstos em normas gerais
de direito à proteção do trabalhador, norma não prevista no contrato
de trabalho.
Ainda, a responsabilidade é subjetiva, que demanda comprovação da
culpa além do nexo causal e o dano sofrido pelo reclamante.
No presente caso o dano emerge das patologias que acometem a
obreira, a culpa é demonstrada pela omissão da reclamada em não
tomar medidas para redução dos riscos a acidentes de trabalho cujo
direito é consagrado no art. 7º, inciso XII da Carta Maior.
Por fim, o nexo causal deve ser considerado como causalidade direta,
ou seja, aquela em que há vinculação imediata entre a prestação de
serviço e consequente doença do trabalho, o que será comprovado
através da perícia médica.
Por derradeiro, configurada a responsabilidade civil da reclamada,
deve esta indenizar a reclamante por danos materiais decorrente da
redução da capacidade laborativa, seja emergentes ou lucros
cessantes.
Nesse liame, o Código Civil prevê que em caso de a “a ofensa resultar
defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou
profissão ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização,
além das despesas do tratamento e lucros cessantes até o fim da
convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do
trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu”,
consoante art. 950 do referido diploma.
Ainda no diploma civil no art. 950, parágrafo único, faculta ao
prejudicado o direito de receber a indenização arbitrada de uma só
vez.
Cumpre salientar que o reclamante não poderá realizar
qualquer atividade laboral, sendo assim, deve ser
considerado que a lesão sofrida acarreta a redução da
capacidade de trabalho, o que lhe enseja o direito ao
pagamento de indenização por danos materiais cujo o
quantum indenizatório deve corresponder a extensão do
dano segundo o art. 944 do CC.
Para fins de liquidação do pedido, a reclamante se
socorre da tabela da Superintendência de Seguros
Privados (SUSEP) utilizada para cálculo de indenização
em casos de invalidez permanente, que, para o caso
em tela, prevê o percentual de 25% de redução da
capacidade laboral, pela “imobilidade do segmento
tóraco-lombo-sacro da coluna vertebral”.
Neste mesmo sentido, prevê a tabela em caso de
repercussão em partes de membros superiores e
inferiores, como a perda completa da mobilidade do
joelho com percentual de redução em 25% da
capacidade laboral, v.g. tabela em anexo.
Pelo, requer a reclamante a condenação da reclamada ao
pagamento de indenização por danos materiais,
correspondente a 25% ou outro percentual que for apurado
em perícia, aplicado sobre o último salário da obreira e pagos,
levando em conta sua estimativa de vida até os 74 (setenta e
quatro anos), sob a forma do art. 950, § único do Código Civil,
ou seja, de uma só vez.

DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS


Em consequência das doenças adquiridas durante o pacto
laboral e por intermédio deste, a reclamante teve redução
significativa da sua capacidade laboral, o que lhe causa sérios
danos de ordem íntima, bem como intranquilidade e
sofrimento.
Nos dias atuais, muito se fala em “indústria do dano moral”
decorrente do crescente número de ações aventureiras,
acreditando o autor que o mero aborrecimento significa lesão
aos direitos imateriais.
Esta situação muitas vezes atrapalha o cidadão que
realmente foi lesado, que busca no judiciário a reparação do
dano sofrido, porquanto os magistrados tendem repelir as
aventuras judiciais, acabam por julgar o quantum
indenizatório de forma ínfima prejudicando aquele que teria
direito real de reparação.

Daí porque, importante se faz a obrigação do advogado


fundamentar o pedido, esclarecer e apontar o dano sofrido,
para que não seja entendido pelo magistrado que a ação em
debate é mais uma das aventuras judiciais em busca do
enriquecimento fácil pela “indústria do dano moral”.
Primeiramente, cabe trazer à baila o conceito de dano moral,
nos dizeres do professor Yussef Said Cahali (O Dano Moral –
ed. Revista dos Tribunais), vejamos:
“O dano moral é a privação ou diminuição daqueles bens que têm
um valor precípuo na vida do homem e que são a paz, a
tranqüilidade de espírito, a liberdade individual, a integridade
individual, a integridade física, a honra e os demais sagrados afetos,
classificando-se desse modo, em dano que afeta a parte social do
patrimônio moral (honra, reputação, etc) e dano que molesta a
parte afetiva do patrimônio moral (dor, tristeza, saudade, etc), dano
moral que provoca direta ou indiretamente dano patrimonial
(cicatriz deformante etc.) e dano moral puro (dor, tristeza,
etc.)”.(grifo nosso).
Na legislação atual o dano moral está previsto no art. 5º inciso V e X
da Constituição Federal, vejamos:
“art. 5º...
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
além de indenização por dano material, moral ou à imagem;
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem
das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material
ou moral decorrente de sua violação;”
Acrescentando, o Código Civil prevê que aquele que comete ato
ilícito causando dano a alguém, tem o dever de repará-lo,
inteligência dos artigos 186 e 927.
Nessa toada, a jurisprudência vem decidindo que a doença
ocupacional adquirida em decorrência do pacto laboral, enseja
a indenização por danos morais, vejamos:
HÉRNIA DE DISCO. NEXO CAUSAL. DEVER DE INDENIZAR
DANO MORAL E MATERIAL. Esforço excessivo ao erguer
objeto, com resultado danoso (Hérnia de Disco) que
comprometeu a saúde do reclamante, invalidando-o para as
atividades anteriores e reduzindo parcialmente sua capacidade
para o trabalho em geral, de tudo acarreta o dever da
empresa de indenizar os manifestos prejuízos materiais e
morais daí decorrentes,inclusive sob a forma de
pensionamento (grifo nosso) (incidência dos artigos 186 e 927
do Código Civil). Recurso do reclamante ao qual se dá parcial
provimento para acrescentar à condenação indenização por
dano moral, além do dano material já deferido pela origem.
(TRT-2 - RECORD: 395200708202005 SP 00395-2007-082-
02-00-5, Relator: RICARDO ARTUR COSTA E TRIGUEIROS,
Data de Julgamento: 02/03/2010, 4ª TURMA, Data de
Publicação: 12/03/2010).
DOENÇA OCUPACIONAL. HÉRNIA DE DISCO. CONCAUSA.
INDENIZAÇAO POR DANOS MATERIAL E MORAL. CABIMENTO.
Havendo prova da ocorrência do dano alegado, bem assim do nexo de
causalidade entre a moléstia e o trabalho, excluída a hipótese de
culpa exclusiva do empregado, ao empregador incumbe a obrigação
de indenizar, prevista no art. 927 do CC, por danos causados ao
empregado. A existência de causa concorrente à doença ocupacional
não afasta a responsabilidade civil do empregador, para a qual é
desnecessário nexo etiológico exclusivo. (...)(TRT-4 - RO:
990003720065040030 RS 0099000-37.2006.5.04.0030, Relator:
MILTON VARELA DUTRA, Data de Julgamento: 10/02/2010, 30ª Vara
do Trabalho de Porto Alegre).

Pois bem, consoante narrado os dizeres do professor Yussef Said


Cahali, a privação ou diminuição de bens que tem valor precípuo a
vida do homem, incluindo a integridade física, ocorre o dano moral,
nascendo o direito a reparação do dano para o ofendido.
No caso em tela, a reclamante teve sua integridade física
comprometida, reduzida consideravelmente, algo que levará
para o resto da vida, lhe causando sérios constrangimentos e
sofrimento de ordem íntima.
Através da lei 13.467/17 a CLT fora alterada para
inclusão dos critérios de fixação da indenização por
danos morais a depender da gravidade do dano.
Dispõe o art. 223-A da CLT que à reparação de danos
de extrapatrimoniais decorrentes da relação de
emprego, aplica-se o texto consolidado, o qual define
a responsabilidade do empregador em caso de
omissão ou ação que resulte ofensa na esfera moral do
empregado.
Com efeito, a CLT no art. 223-G, prevê o valor a ser
arbitrado pela gravidade da lesão, sendo:
I - ofensa de natureza leve, até três vezes o último
salário contratual do ofendido;
II - ofensa de natureza média, até cinco vezes o último
salário contratual do ofendido;
III - ofensa de natureza grave, até vinte vezes o último
salário contratual do ofendido;
IV - ofensa de natureza gravíssima, até cinquenta
vezes o último salário contratual do ofendido.
É certo que, diante da lesão à saúde do empregado e
sua integridade física, sendo permanente a redução da
capacidade laboral, a ofensa é de natureza gravíssima,
devendo a reclamada ser condenada nos termos do
inciso IV supracitado.

Por estas razões, requer de V. Excelência, a condenação


da reclamada ao pagamento de indenização por danos
morais no montante de 50 vezes o último salário
contratual da reclamante.
DAS HORAS EXTRAS NÃO PAGAS
No mês de Janeiro/2016, a obreira cobriu férias da
empregada Maria, quando sua jornada passou a ser de
segunda à sexta feira das 07:00hs as 19:00hs com 1 hora e
30 minutos de intervalo intrajornada.
Extrai-se da jornada narrada que a reclamante extrapolava o
limite diário previsto no art. 7º inciso XIII da CF de 8 horas e
semanal de 44 horas, cujo excesso resultava em 15 horas
extras semanais, porém não foram pagas com o acréscimo
previsto na cláusula 10ª da CCT em anexo (2015/2016) no
importe de 100% para após 2 horas extras diárias.
Portanto, requer a condenação da reclamada no pagamento
de 15 horas extras semanais com acréscimo de 100% no
período em que a obreira cobriu férias da empregada Maria,
além dos reflexos em DSR e com este, aviso prévio, férias
acrescidas de 1/3, 13º salário e FGTS acrescido de multa de
40%.
DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
Muito embora a obreira recebesse adicional de insalubridade,
o grau apurado estava em dissonância com a realidade do seu
local de trabalho. Percebia o percentual de 20% (grau médio).
No Perfil Profissiográfico, verifica-se que o risco em que a
obreira estava exposta é de grau médio pela exposição a
agentes biológicos “microorganismos”.
Importante destacar que a reclamante realizava limpeza da
clínica, exposta a resíduos biológicos de procedimentos
cirúrgicos realizados nas salas dos médicos em que a obreira
era responsável pela limpeza e recolhimento desse material.
Ficava exposta a sangue, seringas usadas, curativos, gesso
dos pacientes.
Ademais, os pacientes atendidos na clínica portavam câncer,
AIDS, dentre outras doenças transmissíveis. Ressalta-se que a
obreira laborava utilizando-se de máscaras e luva látex para
evitar o contato físico com os agentes biológicos.
Muito embora recebesse o adicional de 20% previsto no art.
192 da CLT, as condições de trabalho da reclamante se
assemelham aos empregados que trabalham em contato
permanente com objetos de uso de pacientes com doenças
infecto contagiosas, bem como a coleta de lixo urbano, dada a
rotatividade de uso dos banheiros de cada sala onde os
pacientes eram atendidos, cujo grau de nocividade é
considerado máximo segundo o anexo 14 da NR 15 do M. T. E,
fazendo jus ao percentual de 40%.
Assim sendo, requer a condenação da reclamada no
pagamento do adicional de insalubridade no importe de 40%
sobre o salário mínimo com reflexos em aviso prévio, férias
acrescidas de 1/3, 13º salário e FGTS acrescido de multa de
40%.
A fim de evitar o enriquecimento ilícito da obreira, requer
desde já, o abatimento dos valores pagos a mesmo título
durante o pacto laboral.
DO DESCONTO INDEVIDO NO TRCT
Prática muito rotineira que vem sendo adotada pelas empresas
em imputar ao empregado o pagamento da complementação
de 10% sobre a multa do Fundo de Garantia, utilizando-se o
Termo Rescisório para mascarar a fraude trabalhista.
Vejamos no item 95.5 do TRCT da obreira o crédito de R$
2.631,60 a título de 50% sobre o FGTS. Já nos descontos,
infere-se do campo 115.5 o desconto de R$ 2.866,27 cuja
diferença, segundo as empresas é o pagamento do FGTS do
mês da rescisão como se vê no campo 95.4 no valor de R$
234,67.
Entretanto, ao verificar o extrato analítico, vemos que a multa
de 40% sobre o FGTS da obreira totaliza o valor de R$
2.105,28, sendo que se somada a multa com o valor
depositado do FGTS do mês da rescisão, totaliza o valor de R$
2.339,95, sendo este o valor que deveria ser creditado (campo
95.5 + 95.4) e logo após descontado na mesma proporção.
Ocorre que a reclamada, imputou a obreira o pagamento dos
10% que lhe cabia pagar, sendo a diferença de R$ 526,32 que
se trata da contribuição social nos termos do demonstrativo
em anexo. Em suma, a reclamada lançou como crédito no
TRCT da obreira, a multa do FGTS de 40% acrescido dos 10%
a título de contribuição que lhe cabia.
Em outras linhas, se consignou no TRCT o crédito da multa do
FGTS de 40% acrescido do FGTS do mês da rescisão, não
poderia proceder o desconto considerando os 10% da
contribuição que lhe era obrigação pagar. É manifesta a fraude
que a reclamada comete no caso dos autos.
Assim sendo, requer a sua condenação no ressarcimento à
obreira ao desconto indevido de R$ 526,32 nos termos da
fundamentação.
Requer ainda seja expedido ofício ao Ministério do Trabalho e
Emprego para que fiscalize a reclamada se esta vem
cometendo algum ilícito na prática aqui denunciada.
DA MENSALIDADE SINDICAL
Sem ser sindicalizada ou vinculada ao sindicato de
classe, a obreira sofria descontos reiterados no
seu salário no valor de R$ 25,50 a título de
mensalidade sindical, o que fere de morte o
disposto na súmula 666 do TST e no PN 119 do
TST.
Logo, requer a condenação da reclamada no
pagamento de R$ 25,50 descontados
mensalmente durante todo o pacto laboral.
DAS DIFERENÇAS DAS VERBAS RESCISÓRIAS
O campo 23 do TRCT informa a remuneração da obreira que
deve ser considerada para fins de cálculo das verbas
rescisórias, vez que percebia parcelas habituais de natureza
salarial como o adicional de insalubridade.
Ocorre que a reclamada realizou o pagamento das verbas
rescisórias considerando o salário base da obreira sem o
adicional de insalubridade pago habitualmente, o que contraria
a súmula 139 do C. TST.
Vejamos o campo 50 (saldo salarial) cujo valor resultou R$
1.101,50 (30 dias) quando deveria ser a remuneração
considerando as verbas de natureza salarial pagas
habitualmente que resultou no mês da rescisão o valor de R$
1.493,92.
Assim, requer a condenação da reclamada no pagamento das
diferenças das verbas rescisórias pagas sobre a remuneração
da reclamante e não sobre o salário base, a saber, o aviso
prévio, férias acrescidas de 1/3, 13º salario, FGTS acrescido
de multa de 40%.
MULTAS DOS ARTIGOS 467 E 477 DA CLT
Requer a condenação da reclamada ao pagamento
da multa prevista no art. 467 da CLT em caso de
não adimplemento das verbas incontroversas em
audiência.
Outrossim, requer a condenação ao pagamento da
multa prevista no § 8º do art. 477 da CTL pelo
atraso no pagamento das verbas rescisórias.
DOS PEDIDOS:
Ante todo o exposto requer:

1-A condenação da reclamada à imediata reintegração da


reclamante bem como pagamento dos salários e demais verbas pelo
período afastado até a reintegração OU caso V. Excelência entenda
de forma diversa pela reintegração da reclamante, requer a
condenação da reclamada ao pagamento de indenização substitutiva
considerando o período estável previsto na lei 8.213/91
correspondentes aos salários e reflexos em aviso prévio, férias
acrescidas de 1/3, 13º salário e FGTS acrescido de multa de
40%.........................R$ 18.356,22 (dezoito mil trezentos e
cinquenta e seis reais e vinte e dois centavos).

2- A condenação da reclamada ao pagamento de indenização por


danos materiais, correspondente a 25% ou outro percentual
apurado em perícia, aplicado sobre o último salário da obreira e
pagos, levando em conta sua estimativa de vida até os 74 (setenta
e quatro anos), sob a forma do art. 950, § único do Código Civil, ou
seja, de uma só
vez.......................................................................................R$
58.227,00 (cinquenta e oito mil duzentos e vinte e sete reais).
3-A condenação da reclamada ao pagamento de indenização
por danos morais...................................................R$
74.650,00 (setenta e quatro mil seiscentos e cinquenta reais).

4- A condenação da reclamada no pagamento de 15 horas


extras semanais com acréscimo de 100% no período em que
a obreira cobriu férias da empregada Maria, além dos reflexos
em DSR e com este, aviso prévio, férias acrescidas de 1/3,
13º salário e FGTS acrescido de multa de
40%................................................................................
....R$ 8.234,65 (oito mil duzentos e trinta e quatro reais e
sessenta e cinco centavos).
5- A condenação da reclamada no pagamento do adicional de
insalubridade no importe de 40% sobre o salário mínimo com
reflexos em aviso prévio, férias acrescidas de 1/3, 13º salário
e FGTS acrescido de multa de
40%..................................................................R$
30.358,80 (trinta mil trezentos e cinquenta e oito reais e
oitenta centavos).
6- A condenação da reclamada no ressarcimento à obreira ao
desconto indevido.........................................................R$ 526,32
(quinhentos e vinte e seis reais e trinta e dois centavos).

7- A condenação da reclamada no pagamento de R$ 25,50


descontados mensalmente durante todo o pacto laboral........R$
1.530,00 (um mil quinhentos e trinta reais)

8- A condenação da reclamada no pagamento das diferenças das


verbas rescisórias pagas sobre a remuneração da reclamante e não
sobre o salário base, a saber, o aviso prévio, férias acrescidas de
1/3, 13º salario, FGTS acrescido de multa de
40%...........................................R$ 3.567,09 (três mil quinhentos
e sessenta e sete reais e nove centavos).

9- Multas dos artigos 467 e 477 da


CLT........................................................................................R$
4.356,80 (quatro mil trezentos e cinquenta e seis reais e oitenta
centavos).
REQUERIMENTOS FINAIS
A-A citação da reclamada para que, querendo, apresente
defesa no momento oportuno sob pena de incorrer em revelia
e seus efeitos jurídicos.
B- A concessão dos benefícios da justiça gratuita nos termos
do art. 790, §3º e 4º da CLT.
C- Sendo julgada procedente esta reclamação, requer seja a
reclamada condenada no pagamento de honorários
sucumbenciais no percentual de 15% nos termos do art. 791-
A da CLT.
D- Protesta provar o alegado por todos os meios de prova
admitidos em direito, em especial provas documental e
testemunhal sem prejuízo de outra que se fizer necessária
durante a instrução processual.
E - Requer em caso de condenação, seja os valores corrigidos
e atualizados segundo o art. 883 da CLT e súmulas 200 e 381
do TST, aplicável o índice da TR nos termos do art. 879, §7º
da CLT.
F- Outrossim, em caso de sucumbência no objeto da perícia,
requer a isenção dos honorários periciais, uma vez que a
reclamante comprova a insuficiência de recursos financeiros
para tal encargo agravado pelos parcos créditos trabalhistas
aqui deferidos, ou, caso V. Excelência entenda de forma
diversa, requer sejam os honorários arbitrados no mínimo
previsto pelo CSJT, disposição do art. 790-B, §1º da CLT.
Por derradeiro requer seja a reclamada compelida a trazer nos
autos todo e qualquer documento relativo a relação de
emprego sob pena de confissão nos termos do art. 400 do
NCPC.

Dá-se a causa o valor de R$ 199.806,88 (cento e noventa e


nove mil oitocentos e seis reais e oitenta e oito centavos).

Termos em que
Pede deferimento
Barra do Garças-MT, 03 de março de 2018

Advogado – OAB/MT

Você também pode gostar