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ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO

Prof. Célia Jordão


ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO
 O envelhecimento biológico,
senescência é o processo de
mudança no organismo, que
com o tempo diminui a
probabilidade de sobrevivência
e reduz a capacidade:

 fisiológica de auto-regulação,
reparação;

 de adaptação às exigências
ambientais

(BIRREN e ZARIT, citado por SPAR, 1997)


ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO

 ALTERAÇÕES NOS TECIDOS E ÓRGÃOS:

 Advêm das alterações celulares que por sua vez levam a uma
modificação da secreção das moléculas dos tecidos intersticiais e a
uma evolução contínua das interacções celulares;

 Conduzem ao declínio das funções físicas a vários níveis ---


lentificação do comportamento motor, redução da capacidade
autonômina e adaptativa.
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO

 ÓRGÃOS

a. células especializadas do fígado (os hepatócitos);


b. unidades de filtração dos rins (os glomérulos);
c. glândulas endócrinas;
d. gastrointestinal;
e. músculo cardíaco;
f. cérebro

(ROBERT, 1995)
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO
 SISTEMA IMUNITÁRIO
 Perde a sua eficácia quanto à
mensagem – receptor
 As alterações no sistema imunitário
podem ser atribuídas à perda da função
do timo e consequentemente dos
linfócitos T

 SISTEMA NEUROENDÓCRINO
 Alterações a nível da célula e da
interacção mensagem - receptor
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO

 COMPOSIÇÃO GLOBAL DO CORPO


E PESO CORPORAL

 20 - 80 anos

 a massa magra do corpo diminui em 17%;


 a gordura aumenta 25%;
 A massa de água no corpo diminui 17%;
 O volume plasmático aumenta 80%

(ARCAND e HÉBERT,1997; BERGER e MAILLOUX


POIRIER,1995; MEIR –RUGE, 1989; BIZZE e
VALLIER, 1985)
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO
 ALTURA
 Reduz a partir dos 40 anos, devido
 ao encurtamento da coluna
vertebral (1,2 a 5 cm), associado ao
estreitamento das vértebras;
 ao aumento da curvatura da coluna

As alterações que ocorrem na


coluna vertebral proporcionam
 desvio superior do tórax
 cifose (aumento da curvatura
natural da coluna vertebral)
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO

 EQUILÍBRIO
 O idoso inclina-se para a frente de forma a manter o
centro de gravidade;
 PESO
 Estabiliza entre os 65 – 70 anos, mas a proporção do
tecido gordo aumenta, ficando este acumulado entre
a fibra muscular e à volta das vísceras.

 Região abdominal e anca


ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO
 TERMORREGULAÇÃO
 a manutenção da temperatura interior
faz-se cada vez com mais dificuldade;
 o efeito da temperatura afecta mais os
idosos com idades ≥ 70 anos;
 Nota:
 a temperatura no quarto do idoso deve
rondar os 18,3º C;
 a hipotermia ocorre em idosos que
 vivem em ambiente frio;
 têm restrição da mobilidade;
 sofrem de hipotensão postural.
 o golpe de calor no idoso pode
promover
 hiperpirexia, desidratação,
delírio e coma.
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 ADAPTAÇÃO

 Ao esforço começa a declinar a partir dos 40 anos ( a aceleração


do ritmo cardíaco diminui, os músculos deixam de receber a
quantidade de oxigénio e de glicose necessária ao aumento de
dispêndio de energia).

 Às agressões exteriores sofre alterações ( o mecanismo que coloca


em jogo o conjunto hipofisessupra - renal deixa de responder
correctamente às diversas agressões).
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 SISTEMA NERVOSO E SENSORIAL
 A densidade neuronal começa a diminuir ao nível do córtex cerebral, antes de atingir a
fase final do crescimento. Os estudos efectuados evidenciam que a involução
neuronal não é homogénea;
 As células do sistema nervoso central não se regeneram, por volta dos 80 anos o
número de células cerebrais diminuem, embora as reservas do encéfalo possam
compensar esta deficiência;
 O peso do cérebro decresce 5% entre os 30 – 70 anos; 10% pelos 80 anos e 20%
pelos 90 anos (VAZ-SERRA, 1999);
 Atrofia das circunvoluções;
 Aumento do tecido conjuntivo;
 Redução do aporte sanguíneo e do consumo de oxigénio pelo cérebro;
 progressivo aumento da resistência vascular cerebral;
 A diminuição do número de neurónios proporciona a redução das fibras e dos feixes
nervosos e a diminuição da capacidade de transmissão ou de recepção dos influxos
nervosos ao cérebro;
 A alteração dos proprioceptores e a diminuição do número de sinapses contribui para
que o tempo de reacção aumente e a resposta aos estímulos seja mais lenta.
 NOTA: As modificações que ocorrem ao nível do sistema nervoso central podem
explicar a perda de memória a curto prazo, o alongamento do tempo de reacção
e as diversas alterações
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 AS MODIFICAÇÕES QUE OCORREM AO NÍVEL DO SISTEMA


NERVOSO CENTRAL PODEM EXPLICAR A PERDA DE MEMÓRIA A
CURTO PRAZO, O ALONGAMENTO DO TEMPO DE REACÇÃO E AS
DIVERSAS ALTERAÇÕES:

 Na motricidade – os movimentos globais são mais lentos e os


movimentos são menos precisos; a marcha modifica-se, tornando-
se mais lenta e o comprimento do passo diminui;
 No equilíbrio;
 Na eficácia do funcionamento mental;
 Nas funções sensoriais.
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 ÓRGÃOS DOS SENTIDOS

 É a partir da 3ª década de vida


humana que o envelhecimento
da maioria dos órgãos dos
sentidos se torna mensurável.
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 ALTERAÇÕES VISUAIS
 O limiar da visão fica alterado, devido à:
 diminuição do tamanho da pupila;
 Modificação do cristalino;
 À alteração no metabolismo da retina

 Susceptibilidade ao encadeamento, devido a uma


maior dispersão da luz em todos os meios oculares;
 Declínio na capacidade de ler as letras mais pequenas
na escala de Snellen;
 Diminuição da acomodação conduz à presbiopia
(inicia por volta dos 40 anos e resulta de alterações na
estrutura do cristalino);
 Diminuição do campo visual;
 Diminuição nocturna;
 Redução da acomodação aos clarões e à iluminação
súbita;
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 ALTERAÇÕES VISUAIS (continuação)


 Dificuldade de adaptação à luz fraca;
 A diminuição do diâmetro das pupilas modifica a quantidade de luz
que chega à retina (a contracção e a dilatação da pupila à mudança
de luz é menos eficaz);
 A percepção das cores modifica-se, devido ao amarelecimento do
cristalino – o olho capta melhor a cor viva (vermelho, amarelo,
laranja) e capta com maior dificuldade (azul, violeta, verde);
 Arco senil (descolaração pigmentar da íris / depósitos
esbranquiçados ou acinzentados na periferia da córnea);
 Diminuição das secreções das glândulas lacrimais (confere ao olho
um aspecto baço);
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 PÁLPEBRAS

 Relaxamento das pálpebras


(devido às modificações atróficas
na elasticidade e no tecido
conjuntivo das pálpebras);

 Inversão da pálpebra (entropion


ou entropia);

 Eversão da pálpebra (ectropio ou


ectropia)
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 ALTERAÇÕES ANATÓMICAS NO
OUVIDO

 Entre os 40 - 50 anos

 Ouvido Externo
 Pavilhão auricular cresce alguns milímetros
ao longo da vida;
 Atrofia nas paredes de suporte do canal
auditivo externo;
 Acumulação do cerúmen no canal auditivo
pode desencadear a surdez de condução;
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 Ouvido médio

 Rigidez na membrana do tímpano;

 Os três ossos que constituem a cadeia ossicular


(martelo, bigorna e estribo) podem sofrer alterações
artríticas e contribuir para a redução da transmissão de
altas frequências)
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 Ouvido interno
 A cóclea sofre no mínimo quatro alterações:
 Perda sensorial devido à redução da elasticidade da
membrana basilar que por sua vez reduz a amplitude e
a pressão de força do órgão de corti;
 Perda de neurónios em toda a cóclea, sendo superior
essa perda ao nível da extremidade basal que transmite
as altas frequências;
 A estria vascular (um anel de tecidos com diferenciação
específica existente na cóclea) atrofia-se com a idade;
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO

 As alterações estruturais e fisiológicas relacionadas


com a idade são conducentes ao seguinte declínio:
 Na localização e origem dos sons de mais alta frequência;
 Na discriminação das consoantes de mais alta frequência
(s, z, t, f, g,);
 Na percepção das frequências elevadas.
 Nota: o declínio da audição é determinada:
 Por factores genéticos;
 Pela exposição do ruído sonoro;
 Pelas substâncias ototóxicas
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 CAUSAS DA PERDA DA
ACUIDADE AUDITIVA

 Cerúmen no canal auditivo


 Rigidez na membrana do
tímpano
 Alterações osteoartríticas do
ouvido médio
 Perda de elasticidade da
membrana basilar do ouvido
interno
 Defeitos dos receptores
 Perda de neurónios
 Otosclerose coclear
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO

 SITUAÇÕES INCOMODATIVAS NO IDOSO

 Acúfenos

 Ruído tipo campainha ou zumbido intenso no ouvido, devido:

 Ao processo degenerativo do envelhecimento;


 À exposição a ruídos excessivos;
 Ao efeito secundário de fármacos;
 Ao stress
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 TACTO

 Diminuição da sensibilidade dos


receptores tácteis da pele por
volta dos 40 anos;

 60 – 70 anos, perda de
sensibilidade na palma da mão e
na planta do pé;

 A percepção da dor e dos


estímulos dolorosos está alterada
(Sturgis)
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 PALADAR

 A deterioração do reconhecimento do
paladar progride da porção anterior
para a porção posterior da língua;
 Sensibilidade à percepção do doce e
do salgado;
 Para a maioria dos idosos os
alimentos sabem a ácido ou amargo;
 Diminuição na produção da saliva
contribui para a redução da
percepção do sabor

Nota: a diminuição do paladar contribui


para a diminuição do apetite e da
sede
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 O declínio da sensibilidade ao nível do


gosto não depende apenas da idade, mas
também pode ser causado pelo:

 Tabaco;
 Déficesdietéticos e metabólicos (B3 –niacina;
B12 – zinco)
(MEIR – RUGE, 1989)
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 OLFACTO

A perda do olfacto é
superior à perda do
paladar.
Causas?
 Atrofia
 Aumento do número
de pêlos nas narinas
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 MODIFICAÇÕES RESPIRATÓRIAS
 Contribuem para a diminuição da
capacidade e da eficácia pulmonar

 Perda de elasticidade e permeabilidade dos


tecidos que envolvem os alvéolos e as condutas
alveolares, reduzindo a taxa de absorção do
oxigénio no sangue;
 Bronquíolos e alvéolos tornam-se menos
numerosos e maiores;
 Estrutura do pulmão alterada (pulmões rígidos
pela perda de elasticidade e há um aumento das
ligações reticuladas no tecido pulmonar);
 Capacidade inspiratória diminui, devido:
o À calcificação da cartilagem intercostal;
o À diminuição da contractilidade dos músculos
inspiratórios;
o À perda de elasticidade do tecido pulmonar;
o Ao enfraquecimento dos músculos do diafragma e
intercostais;
o
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 MODIFICAÇÕES RESPIRATÓRIAS (continuação)

 Capacidade residual (volume de ar que se mantém no


sistema respiratório no fim da expiração normal) aumenta
 Capacidade vital (conjunto das possibilidades
expiratórias e inspiratórias) diminui 25%;
 Capacidade respiratória total (capacidade residual +
capacidade vital) avaliada no decurso de uma inspiração
forçada baixa 50% entre os 20 – 80 anos;
 Actividade das membranas brônquicas diminui
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 ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES
 Surgem na pessoa saudável a partir da 6 década

 O volume do coração diminui ligeiramente devido à atrofia das células


musculares e à acumulação de lipofuscina (lipoproteina – subproduto da
oxidação dos lipídos não saturados) no tecido cardíaco;

 Músculo cardíaco perde eficácia e contractilidade, diminuindo assim a


capacidade máxima do coração;

 Ritmo cardíaco mantém-se mais ou menos idêntico, excepto no período de


repouso em que o número total de batimentos por vezes diminui;

 Miocárdio apresenta: depósitos de lipofuscina; alterações do tecido


conectivo da parede miocárdica bem como o aumento da espessura das
paredes desencadeando a hipertrofia cardíaca que por sua vez conduz ao
progressivo aumento da pressão arterial sistólica;
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 Aorta apresenta: fragmentação da lâmina elástica, aumento do


tecido colagénio que por sua vez conduz à dilatação da aorta
descendente com diminuição da sua distensibilidade + aumento da
tensão arterial sistólica e dos depósitos de cálcio.

 Artérias coronárias e epicárdicas alterações na lâmina


elástica e deposição de cálcio na arteriosclerose.

 Vasos Sanguíneos
 Artérias e arteríolas perdem a elasticidade;
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO
 ALTERAÇÕES GASTROINTESTINAIS
 mastigação e digestão podem estar afectadas
pelo estado dos dentes e maxilares

 Queda de dentes devido à perda das


estruturas dos ligamentos fibrosos e
elásticos que ligam os dentes ao osso e à
inflamação + reabsorção por
desmineralização similar à osteoporose do
osso
 Atrofia do maxilar dá a impressão de
que os dentes são mais compridos e
espaçados;
 A reabsorção óssea dos maxilares e da
mandíbula acentua-se com a queda dos
dentes;
 Gengivas retracção, devido à
rarefacção das fibras e da substância
fundamental
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO

 Língua pode tornar-se atrófica ou atónica. Papilas gustativas menos


numerosas
 Saliva a secreção salivar diminui e torna-se mais espessa ( esta
alteração contribui para a secura da boca);
 Reflexo da deglutição alterado;
 Ptialina diminui;
 Volume do suco gástrico após a refeição diminui ( 60%);
 Acidez do suco gástrico livre total diminui;
 Diminuição da concentração de pepsina (o seu nível no estômago diminui a
partir dos 40 anos);
 Dificuldade na digestão das proteínas;
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO
 Atrofia gástrica reduz o factor intrínseco;
 Lipases (gástrica, pancreática e intestinal diminuem, dificultando a digestão de
grandes quantidades de alimentos que contem lipídos)
 Atrofia do fígado alterações celulares e dificuldade na absorção das gorduras
(desencadeiam deficiências em vitaminas lipossolúveis, flatulência e retardamento
na acção antitóxica do fígado);
 Intestino
 O seu peso diminui a partir dos 40 anos;
 A mucosa intestinal atrofia-se, comprometendo a sua função “ membrana de
trocas”;
 A musculatura das paredes diminui;
 A motilidade intestinal diminui;
 Tendência a “ meteorismo”;
 Deterioração da superfície de absorção intestinal;
 Eliminação intestinal alterada (o esfíncter interno do intestino grosso
perde a tonicidade muscular, podendo suscitar problemas: incontinência fecal;
fecalomas e obstipação)
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO
 ALTERAÇÔES NAS GLÂNDULAS ENDÓCRINAS E METABÓLICAS
 Metabolismo da Glicose
 Resposta insulínica diminui
 Níveis elevados de pró –insulina (insulina menos activa) de glucon:
 Actividade da Tiróide
 Baixa ligeiramente, porque o volume da tiróide diminui depois dos 50 anos;
 A taxa de hormona tirodeia circulante mantém -se constante, mas a utilização
periférica da tiroxina diminui 50% entre os 20 e 80 anos;
 Actividade corticossupra – renal
 A produção de cortisona – glucocorticóide das glândulas supra-reais diminui ±
25%
 Hipófise
 A sua actividade reduz ± 20%
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO
 ALTERAÇÕES RENAIS E URINÁRIAS
 A arteriosclerose das artérias renais
diminui o aporte de sangue aos rins em
53%, reduzindo a função renal e o
número de nefrónios aptos a funcionar;
 A filtração tubular diminui e dificulta a
“clearence renal” (coeficiente de
depuração pelos rins), ficando reduzida
em 50% após os 70 anos;
 Redução da massa renal, devido à
atrofia dos rins;
 Redução da massa nefrónica (afecta
sobretudo os glomérulos);
 A taxa de filtração glomerular começa a
declinar a partir da 3ª década;
 A eliminação de detritos torna-se menos
eficaz, o controlo do equilíbrio ácido-
base e da homeostasia revela-se mais
difícil
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO

 Bexiga

 Alterações bioquímicas ( o aumento do colagénio a nível da bexiga


diminui as suas propriedades mecânicas e contrácteis,
especificamente a sua capacidade viscoelástica. Este facto
influencia a fase de armazenamento de urina e o grau de
contrabilidade vesical);
 Alterações neurofisiológicas ( apesar dos estudos serem pouco
conclusivos não evidenciaram haver diminuição dos
neurorreceptores vesicais, mas demonstraram uma redução
variável do número de nervos autónomos),
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO
 Síntese das alterações urinárias (bexiga/uretra)
 A capacidade de retenção diminui;
 Tonus vesical baixa;
 Aumento do resíduo vesical pós-micção (> 50 ml), devido as modificações
histológicas (maior concentração de colagéneo);
 Retardamento dos influxos nervosos involuntários responsáveis pela
micção e esvaziamento vesical;
 Esfincter da uretra enfraquece, conduzindo a micções involuntárias e
incontinência. A diminuição da taxa de estrogénios na menopausa conduz
a uma série de alterações a nível da uretra feminina, diminuindo a
pressão de encerramento desta e predispondo ao aparecimento de
incontinência urinária.
 Nota: As micções são mais frequentes e menos abundantes. A hipertrofia
prostática pode condicionar o esvaziamento vesical, devido à obstrução
directa do tracto urinário
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO
 ALTERAÇÕES
GENITAL / GLÂNDULAS SEXUAIS
FEMININAS

 Menopausa → actividade reprodutora cessa


e o envelhecimento endócrino proporciona
as seguintes alterações:
 Atrofia do útero;
 Atrofia dos ovários;
 Involução da vagina (diminuição do
comprimento e da largura; o revestimento
interno da vagina fica menos humidificada e
atrófica);
 A secreção do muco diminui podendo
desencadear dispareunia (relação sexual
dolorosa);
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO

 Após os 60 anos o estradiol e o estrogénio


diminuem para estabilizar aos 70 anos.
 Nota: as modificações hormonais proporcionam
modificações:
 Da voz;
 Da pele;
 Do sistema piloso;
 Da repartição das gorduras;
 Dos órgãos genitais internos e externos.
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO
 ALTERAÇÕES
GENITAL / GLÂNDULAS SEXUAIS
MASCULINAS
o A produção de testosterona começa a
diminuir entre os 50 - 60 anos
desencadeando as seguintes modificações
fisiológicas:
o Atrofia dos testículos (tornam-se menos
firmes e produzem espermatozóides em
menor número, a partir dos 50 anos);
o Líquido seminal (mais claro e menos
abundante);
o A erecção e a ejaculação modificam (pode
levar mais tempo a ser atingida)
o Próstata aumenta de volume e esclerosa,
devido à alteração que ocorre na
produção hormonal androgénica
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO
 SEXUALIDADE

Não se circunscreve à
genitalidade: ela é também vida
sentimental …..

(BIZZE e VALLIER, 1985)

Nota: Os estudos demonstram que a


actividade sexual do idoso depende
muito do seu comportamento, das
experiências sexuais anteriores e da
disponibilidade do parceiro.
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO
 ALTERAÇÕES DO APARELHO
LOCOMOTOR

 Modificam a aparência e a
estrutura, assim como, o
funcionamento do organismo.
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO

 Músculos
 Atrofiam-se (em especial os do tronco e das extremidades)
conduzindo à deterioração do tonus muscular; à perda de potência,
à diminuição da força muscular nos antebraços, pernas, dorso,
mandíbula e lábios e à diminuição da endurance e da agilidade;

 Peso total dos músculos diminui metade entre os 30 – 70 anos:

 Nota: as alterações que ocorrem nos músculos estão associados à


atrofia das fibras musculares e do aumento do tecido gordo no seu
interior.
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO

 Articulações

 Umas tornam-se menos flexíveis e outras


mais flexíveis e hiperelásticas;
 Reduzem de tamanho (porque as
superfícies articulares sofrem erosão);
 Os ligamentos calcificam-se;
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO

 Ossos
 Desequilíbrio no processo de reabsorção
do cálcio;
 Tecido ósseo torna-se mais poroso e mais
frágil, devido há desmineralização
constante da massa e da densidade
óssea, desencadeando a osteoporose
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO

 PELE

 O estado da pele depende do


que está inscrito nos
cromossomas e das múltiplas
agressões (radiações,
doenças, radicais livres) que
alteram a estrutura do ADN,
modificando-a ou
desencadeando uma pausa
nas sínteses celulares e um
envelhecimento acelerado

(FRANCESCHINI, 1997)
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO

 Síntese dos aspectos que contribuem para o envelhecimento da pele

 A síntese da elastina diminui, por outro lado o tabaco e os fumos industriais


agravam o defeito na síntese da elastina;
 Os fibroblastos diminuem em número e a sua actividade reduz
progressivamente, os receptores na superfície dos fibroblastos diminuem, as
enzimas segregadas por estes são menos numerosas e por sua vez não
asseguram correctamente a renovação das fibras colagénicas e elásticas;
 Os radicais livres produzidos não são eliminados correctamente, dando
efeitos nocivos aumentados;
 A diminuição do apetite no idoso, reduz a ingestão de alimentos e a
quantidade diária de vitaminas, oligo-elementos e proteínas em proveito dos
açucares feculentos (estes aspectos reduzem as defesas contra os radicais
livres e favorecem a acumulação da lipofuscina).
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO

 ALTERAÇÕES DA PELE

 O envelhecimento da pele
decorre da perda importante
de elastina que por sua vez
diminui a tonicidade; as
fibras elásticas são
substituídas por fibras de
colagénio desprovidas de
flexibilidade.
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO

 Epiderme
 Depois dos 70 anos o teor de água das células diminui em 10% dando à pele uma
consistência flácida;
 As divisões celulares da camada basal diminuem e a epiderme torna-se cada vez
mais fina; aos 70 anos a espessura da pele é de 0,7 a 0,9 milímetros;
 Células córneas – o tempo da sua renovação alonga - se, a maturação destas
células é imperfeita e a queratinização não proporciona uma camada córnea regular
e homogénea, mas sim uma descamação irregular tornando – a seca e áspera;
 A junção dermo-epidérmica sofre aplanamento;
 O número de células de langerhans é menor;
 Forma-se montes de queratina (queratoses) tornando a pele rugosa;
 A barreira epidérmica altera-se porque as células têm dificuldade em conservar os
líquidos e hidratar a pele;
 O número de melanócitos diminui, estes perdem a capacidade de sintetizar a
melanina, daí a dificuldade de bronzeamento nos idosos, por outro lado as células
malpighianas perdem a capacidade de reduzir a melanina;
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO

 Derme
 Confere à pele consistência, firmeza e resistência. Com o passar dos anos
surgem as seguintes alterações na derme:
 O teor em fibras quer em qualidade e em quantidade modifica-se
 As fibras elásticas deixam de ser renovadas após os 20 anos;
 As fibras oxitalanas desaparecem entre os 30 – 40 anos;
 As fibras de reticulina desaparecem após os 30 anos
O teor de água diminui, uma vez que os polissacarídeos produzidos pelos
fibroblastos são insuficientes para fixar toda a água, isto porque os fibroblastos
são em menor número e a sua actividade fica também diminuída. As alterações
que ocorrem nos fibroblastos contribuem para que a pele se torne fina, com
aparência de papel de seda transparente, menos resistente, enrugada, sem
elasticidade, pondo a descoberto a rede vascular subjacente.
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO

 Derme (continuação)
O número de vasos sanguíneos que atravessa a derme diminui;
Os mastócitos são em menor número, logo o poder macrófago reduz,
por outro lado os constituintes dos mastócitos (heparina, bradicinina,
histamina e slow reactive, são também em menor número), razão
porque os idosos apresentam equimoses e maior hipersensibilidade
cutânea.
Nota:
A derme atrofia, perde consistência firme e elástica. Quando sujeita a
traumatismos fica mais exposta a lacerações e a hematomas sob a
epiderme.
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO
 Hipoderme
As fibras conjuntivas diminuem com
a idade

Rugas na pele (achatamento do


panículo adiposo, uma vez que
deixa de ser apoiado por fibras) e
contribuindo para que a pele
descaia nos seios, na face
interna dos braços, nas coxas e
nas nádegas.
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO
MODIFICAÇÕES NA PELE DO IDOSO
Queratoses
 Seborreicas (lesões hiperplásticas benignas da epiderme,
caracterizada por uma superfície descamativa, irregular de bordos
distintos e com uma cor que varia entre o bronze, castanho e preto);
 Actínicas (surgem nas áreas expostas ao sol);
Purpura senil (nos braços e pescoço) surge da atrofia cutânea
generalizada;
Elastose senil (espessamento e fragmentação das fibras elásticas da
pele devido à exposição prolongada ao sol)
Fibrose (as fibras elásticas são substituídas por fibras de colagénio não
extensivas em todos os tecidos e incluindo na derme, hipoderme e na
parede dos vasos sanguíneos)
Lentigo senil (manchas coloridas na epiderme)
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO
NOS ANEXOS DA EPIDERME (glândulas
sudoríparas, pêlos, cabelos, unhas)

Glândulas Sudoríparas
 atrofiam, mas não diminuem em número
 o número de glândulas em actividade sofre uma
redução, devido há diminuição dos estímulos
das hormonas sexuais e dos neuromediadores
 a sudação diminui com a idade (por volta dos 50
anos e é nula a partir dos 70 anos)
 A hidratação superficial pela sudação
enfraquece, tornando a pele seca;
 Modifica-se também o processo de controlo da
temperatura corporal pela sudação.
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO
NOS ANEXOS DA EPIDERME (glândulas
sudoríparas, pêlos, cabelos, unhas)

 Glândulas sebáceas
 No homem, os níveis de gordura (sebo)
mantém-se inalterados desde a idade
adulta até os 80 anos
 Na mulher, a secreção sebácea diminui
após a menopausa, mantendo-se
inalterada após os 60 anos
 Nota: glândulas sebáceas o
número e a actividade diminuem, bem
como os seus estímulos pelas
hormonas sexuais.
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO

 CABELOS
 A partir dos 50 anos

 começam a mudar de
tonalidade (brancos)
tornam-se mais finos,
e menos densos
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO

 PÊLOS
 A partir dos 50 anos

 Diminuem (nas axilas, púbis, nas extremidades dos dedos dos pés
e das mãos) e aumentam (nas orelhas, nas narinas do sexo
masculino, no queixo e por cima do lábio superior no sexo
feminino);
 Começam a mudar de tonalidade (brancos) e perdem a sua
ondulação;
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO
 UNHAS

 Tornam-se baças e quebradiças;


 Perdem flexibilidade;
 O crescimento é lento;
 Apresentam estrias longitudinais.

 Alterações nas unhas


 Onicogrifose (crescimento bizarro
das unhas, frequentemente ao nível
do dedo grande do pé);
 Onicimicose (fungos)
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO
FACE

• Os ossos dos maxilares retraem-se;


• A altura da arcada dentária sob o
nariz diminui;
• O lábio superior apresenta
apagamento do contorno ao nível das
comissuras e tem tendência a cobrir o
lábio inferior;
• O lábio inferior apresenta um contorno
achatado;
• O queixo avança para a frente;
• O nariz retrai-se, devido às alterações
da estrutura óssea.
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO

 SONO

 Torna-se mais fragmentado e


mais leve;
 Diminuição na média das
horas de sono;
 Dificuldade em adormecer e
readormecer;
bibliografia
 ARCAND, M. e HÉBERT – Précis Pratique de Gériatrie. Canadá:
Edisem, 1997.

 BERGER, Louise e Maillox – Poirier, Danielle – Pessoas Idosas: uma


abordagem global. Lusodidacta, 1995.

 ELIOPOULOS, Charlotte – Enfermagem Gerontológica. 5 ª ed.Porto


Alegre: Artmed, 2005.

 FRANCESCHINI, Philippe – A Pele e o seu Envelhecimento. Lisboa:


Instituto Piaget, 1997.

 MEIR – RUGE, W – Medicina Geriátrica: Aspectos Teóricos e


Práticos. Lisboa: Sandoz, 1989.

 ROACH, Sally – Introdução à Enfermagem Gerontológica. Rio de


Janeiro : Guanabara / Koogan, 2001.

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